Sofia estava no trabalho quando chegou Marcos, aquele colega chato que muitas pessoas possuem, que vive dando em cima dela. O problema é que ele era um quarentão, ela não tinha nada contra, mas não gostava de sair com caras naquela idade. Fora que ele se achava o melhor redator da cidade, e todos sabiam que não era bem assim. E também era boca suja, mal educado e machista.
–Olá, linda Sofia.
–Olá.
–Seca como sempre, eh?
–Só com quem merece.
–Olha como quem fala com os mais velhos!
–Mais velho? - Sofia deu um sorriso sarcástico. - Desde que sua esposa faleceu, você só sai com as "novinhas".
–É, mas elas não resistem ao papai aqui. - ele ajeitou a postura. - A não ser você. Aliás, vai ficar solteira pro resto de sua vida?
–Te interessa tanto assim saber a minha vida? Eu só não tenho pressa pra achar alguém.
–Você já tem 25 anos, eu na sua idade minha esposa já estava grávida do segundo!
Quase todo dia que eles se viam, era sempre a mesma coisa...
–Na sua época, as pessoas casavam mais cedo, hoje em dia as pessoas casam quando quiserem. Me deixe, ok? Estou cansada dessa perseguição.
–Ok né... Mas estava pensando, que tal sairmos para jantar hoje? Só como amigos, para nos conhecermos melhor...
Sofia revirou os olhos. Sabia que ele não ia desistir tão fácil.
–Ok, apenas como amigos...
Sofia voltou para casa, tomou um banho e foi com uma roupa básica, um perfume comum. Nada especial. Agora o cara parece que estava pronto para o próprio segundo casamento!
–Você falou que era apenas um jantar entre amigos. Pra que tudo isso?
–Uma moça bonita como você precisa da companhia de um cara chique - disse, alisando o paletó. Sofia mal conseguia ficar perto, por causa do forte perfume que o cara usava!
–Sei... E esse perfume?
–É um perfume muito caro, eu usava quando era casado e minha mulher adorava.
Ela devia gostar pra deixar as mulheres longe pensou Sofia, rindo.
–Bom, vamos entrar? - Marcos perguntou.
–Sim...
O restaurante não era muito chique, mas era muito bonito, uma pequena cantina na zona Oeste de São Paulo. Sofia se sentou em uma cadeira num canto da cantina, e Marcos se sentou a sua frente, admirando-a.
–Que foi? nunca viu?
–Assim tão bonita não...
Sofia suspirou, e olhou para o menu.
–Como vou pagar por tudo isso?
–Eu recebi um aumento, pago pra você.
–Nada disso! Vou comprar as coisas mais baratas aqui... Garçom?
O garçom mais próximo se aproximou, e, para a surpresa de Sofia, era Carlos!
–Ué Sofia, você por aqui?
–Pois é... Vim passear com um amigo.
Ela olhou em direção para Marcos, que deu de ombros. Carlos anotou os pedidos, deu uma olhada na Sofia e viu que ela tinha cara de tédio, e se foi para a cozinha para levar os pedidos para o chef.
–De onde conhece esse franguinho?
–Franguinho? O nome dele é Carlos.
–Ok, e de onde você conhece esse Carlos?
–Nos... Conhecemos ao acaso no parque.
Ele levantou uma sobrancelha.
Então tá né... Não gosto de parques. - disse, tomando um gole da taça de vinho que era de cortesia.
Sofia olhou para ele. Menos um ponto. O saldo dele no conceito de Sofia era negativo.
–E gosta de olhar o ceu?
–Ta brincando? Que graça tem?
Menos um.
–E animais?
–Sujariam meu tapete.
O saldo estava tão negativo que ela nem lembrava mais quanto era.
Após aquela noite, ela evitou ao máximo falar com Marcos. E no domingo, notou que Carlos não veio ao seu encontro.

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