—Emma, como assim? – Graham passava as mãos pelos cabelos segurando o computador tão perto de sua face que chegava estar desfocado, estavam conversando já há algum tempo e o homem parecia não querer acreditar no que sua irmão estava contando, mesmo que estivesse claramente vendo tudo acontecer em sua frente.

—Papai, chega para lá, eu quero ver tia Emma, você já falou demais com ela, já tá chato. - Uma criança puxou o homem para fora do computador que foi recebido pelos braços da esposa logo atrás da criança. Dava para ver que a mulher tentava acalmá-lo. – Oi tia Emma. – A menina acenava animadamente. – Oi amiga da Emma. – disse ainda balançando sua mão.

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—É Regina o nome dela. – a loira sorriu para Regina que sorriu de volta. – Diga, Hello Regina. – Ensinou.

Hello Regina! – A garota acenava sorridente. A morena olhou para a namorada que a ensinou a responder na língua de sua sobrinha.

—Oi pequeña. – A mulher respondeu sorrindo também não reparando que tinha usado o espanhol e não o português fazendo Emma rir suavemente. Então o irmão de Emma voltou a aparecer na tela, parecia mais calmo. O sorriso fácil havia sumido do rosto das duas. As mãos de ambas as mulheres encontravam-se entrelaçadas por debaixo da mesa o tempo todo.

—Desculpe. – Ele disse suspirando pesadamente – Eu acho que esperava de tudo, menos isso, e você sabe que eu levo um tempo para processar as coisas aqui dentro. – ele coçava a nuca enquanto falava e apontou para a cabeça para ilustrar suas palavras – Eu entendo porque você não nos contou antes, nós não somos lá muito cabeças abertas assim, eu não sou cabeça aberta assim – sorriu constrangido – você sempre foi meu bebê, e sempre será, e tudo que eu sempre fiz foi te proteger do mundo, eu... eu, eu só quero te ver feliz, e eu vou colocar tudo que eu penso de lado se é assim que você vai ser feliz. – Emma sorriu para o irmão, ela sabia que não seria fácil com ele, e talvez ele nunca ficasse confortável com a situação dela, mas ele a amaria, e isso era o mais importante.

—Obrigada Graham. – A loira sorri para o irmão.

—Bem vinda à família Regina. – Disse o mesmo que David havia dito enquanto estava com elas.

—Obrigada Graham. – Respondeu com um sorriso.

—Não preciso te advertir de nada, preciso?

—Não é necessário. David já o fez.

—Ótimo! – Os três sorriram.

—Vocês já acabaram o interrogatório da menina? – A voz da idosa finalmente se fez presente, até o momento ela não havia se manifestado. – Posso agora? – Pelo computador as mulheres puderam ver todos se movimentando para a senhora sentar na frente do aparelho, olhos azuis, rugas aparentes e a descendência italiana marcante em seu rosto.

—Oi vovó. – Emma disse hesitante e sentiu o aperto de Regina em sua mão aumentar. – Eu... eu – a senhora levantou a mão para que a loira parasse de falar, e foi o que ela fez. Um nó formou em sua garganta e as lágrimas ameaçaram pairar em seus olhos.

— Eu sou velha. – ela disse apontando para si – Nasci na roça em uma família de doze irmãos. Sou da época que criança morria até de bicho de pé. O mundo mudou, as coisas mudaram e a maioria delas eu não acompanhei a evolução e nem quero. Existem milhões de coisas nesse mundo que eu não compreendo. Eu nasci sabendo que a mulher encontraria o homem e formaria com ele uma só carne. Minha filha é isso que eu sei e sou velha demais para outra coisa entrar na minha cabeça. – As lágrimas desciam pelas bochechas de Emma e Regina olhou para ela preocupada com o que a mais velha poderia estar dizendo, afinal não entendia uma só palavra, o irmão dela falava em inglês, mas aquela senhora não, e pela reação da loira, ela não podia estar falando muita coisa boa – Eu não entendo, talvez nem aceite, mas eu te respeito criança. Você sempre terá o meu respeito e o meu amor, se essa mulher que está aí do seu lado é a responsável por esse brilho em seus olhos que nem as lágrimas conseguiram apagar, então eu estou feliz por você. E você mocinha – olhou diretamente para Regina – cuida da minha pequena – a senhora gesticulava – se não eu vou aí e você vai se ver comigo. – olhava para a morena séria que olhou para Emma com a face completamente apavorada, não entendia o que estava sendo dito, mas pela cara da mais velha parecia uma ameaça.

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—Vovó, ela não te entende. – Emma repreendeu – e melhora essa cara.

—Haa ela me entende sim. – A senhora retrucou e Emma riu pois a senhora suavizou suas feições.

—Ela está te dizendo para tomar conta de mim, se não, você vai se ver com ela. – Emma explicou e Regina soltou o ar que nem sabia que estava prendendo.

—Pode deixar que eu tomo sim. – Regina deu um sorriso amplo para a mulher que retribuiu com um cheio de ternura.

—-

—Tem certeza que também quer isso? – Emma puxou as pernas de Regina que estavam no sofá para seu colo começando a fazer massagem em seus pés.

—Meu Deus, quantas vezes eu vou ter que te dizer que essas crianças já são praticamente os nossos filhos? – Regina conseguiu se segurar para não revirar os olhos mais uma vez. Os meses haviam passado com certa rapidez, Emma já começara os seus estudos do doutorado e apesar da grande responsabilidade, tinha somente dois períodos de aula por semana o que lhe garantia quase que plena dedicação à empresa que ambas levavam prosperamente. A vida corria bem para elas que desfrutavam de cada segundo com entusiasmo, cumplicidade e acima de tudo, amor.

—É que é uma mudança muito grande e sinto que podemos estar apressando as coisas, sei lá, colocando a charrete na frente do cavalo, a carroça na frente dos bois, o trenó na frente da rena, ou qualquer outro trocadilho que queira imaginar. – Gesticulava com suas mãos e procurava não encarar os olhos de Regina.

—Você tem dúvida quanto às crianças? – Regina perguntou incerta sentindo o medo se apoderar de seu coração.

—Céus! – Se exaltou – Não. Nenhuma.

—Eu não queria que tomasse isso como uma ofensa. Só fiquei confusa. – Emma assentiu - O que te aflige então?

—É que... bem... eu... elas... antes... não estamos fazendo as coisas de forma inversa? – Emma se atrapalhou nas palavras. Tudo que ela mais queria nessa vida era ter as crianças com elas o mais rápido possível, mas para isso ela queria estar encaminhada com Regina, casada com ela mais precisamente. Vinha pensando nisso constantemente e planejava com Zelena um pedido, e já havia comprado o anel e tudo. Ela queria que tudo fosse perfeito, mas a morena não estava colaborando com os planos ao querer apressar as coisas.

—Como assim Emma? Que forma inversa? – Regina franzia o cenho em sinal de confusão.

—Estou querendo dizer que devemos estar certas sobre a nossa situação e não colocar as crianças em nosso meio enquanto estamos nós mesmas nos encaixando. – Explicou de forma incerta e dando voltas, enquanto falava ia corando e deixando a morena mais confusa. Um clima estranho pairou entre as duas, então duas ideias do que estava acontecendo passou pela mente de Regina, ela só precisava saber qual era a correta. Ambas fariam ela perder os sentidos.

—Você está dizendo que tem dúvida quanto a nós duas ou que temos que casar primeiro? – Perguntou em um fôlego só, seu coração parecendo um martelo e seu peito.

—Não! – Sobressaltou-se. – Quer dizer – disse ao notar a cara da morena - Sim! - Regina arqueou as sobrancelhas. – Não para a primeira suposição. E sim para a segunda. Se você quiser claro. – Emma embolava as palavras na mesma intensidade que mexia suas mãos. Por fim enterrou seu rosto em suas mãos.

—Emma, você está tentando me pedir em casamento? – Regina perguntou sentindo cada molécula do seu corpo vibrar em puro êxtase, de repente, respirar se tornara uma missão praticamente impossível.

Emma suspirou profundamente, as mãos ainda cobriam seu rosto. Gentilmente ela retirou as pernas de Regina de seu colo e se levantou deixando uma morena estática para trás, ela mexeu em alguma coisa em sua jaqueta vermelha que estava apoiada em uma cadeira e voltou parando ajoelhada na frente de sua namorada.

—Não era para ser assim. Eu tinha planejado um final de semana perfeito na casa de sua mãe onde eu me ajoelharia na sua frente perto daquele lago maravilhoso que é seu refúgio, seu lugar preferido no mundo... – Emma parou capturando os olhos castanhos nos seus – mas... sim, ou não! – Balançou a cabeça vendo a confusão da morena. - Eu estava tentando não te pedir em casamento exatamente agora, tentando te embromar. – A loira riu vendo como não estava fazendo muito sentido. Pegou uma mão de Regina e percebeu que tremia bem como ou até mais que a sua. – Mas não teve jeito, eu.. eu estou divagando não estou?

—Sim está. – Regina respondeu em um fio de voz.

—Regina, casa comigo? – Perguntou levantando o anel que comprara há mais de um mês e que rodava com ela para todos os lados. Um soluço escapou pelos dedos de Regina que tapavam sua boca, enquanto as lágrimas escorriam por suas bochechas. Vendo que a morena não respondia Emma completou. – Eu queria que fosse mais perf...- Mas ela não terminou porque Regina tomou seus lábios praticamente pulando do sofá em cima da loira que se desequilibrou e acabou indo para o chão levando a morena junto. Ambas caíram na gargalhada.

—Sim. Sim. Mil vezes sim. – Regina disse segurando o rosto de Emma, que estava debaixo dela, em suas mãos. – Foi perfeito. É perfeito. Você é perfeita. – disse rindo e chorando ao mesmo tempo – Meu lugar preferido no mundo é onde você está. – Não foi possível pra Emma segurar as próprias lágrimas. Regina estava sentada em seu abdome, ela tomou sua mão direita e deslizou o anel em seu dedo anelar. A morena ficou contemplando o objeto em seu dedo. Por algum tempo nenhuma das duas disse nada. Palavras não eram realmente necessárias. Regina deitou por cima da loira descansando a cabeça em seu peito ouvindo o coração da outra bater contra seu ouvido. Sentia-se plena. Sim, aquele era o lugar preferido dela. Uma mão de Emma encontrava-se passeando por suas costas, sem malícia, sem pedidos, apenas carinho, contato, confiança.

Regina entrelaçou a mão que agora continha seu anel de casamento com a outra mão da loira as olhando juntas percebendo a perfeição que sua vida tinha se tornado.

—Sabe... – disse a morena preguiçosamente – eu sempre achei que eu quem te pediria em casamento.

—Que bom que eu te surpreendi então. – respondeu a loira carinhosamente.

—Sim, você me surpreendeu. – Ficaram na mesma posição por mais algum tempo até Regina se levantar devagar. – fique aqui. – Disse simplesmente.

Não demorou muito para a morena voltar, ela puxou a loira para que ela se sentasse e se ajoelhou na frente dela.

_Estou transbordando de felicidade com a surpresa, mas eu queria ter essa sensação de ver seus olhos enquanto eu... eu... eu não vou te perguntar, mas eu queria poder ver seus olhos enquanto eu deslizava o seus anel pelo seu dedo. – Regina tomou a mão de Emma que estava totalmente surpresa e ficou ainda mais quando a morena levantou um anel lindo e deslizou por seu dedo. A loira acompanhou todo o movimento e quando Regina parou no fim ela simplesmente não poderia mais deixar de encarar o anel agora bem alojado em seu dedo, combinando tanto com ela como se fosse parte de seu corpo e sempre tivesse estado ali.

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Regina levantou sua mão entrelaçando-a com a de Emma de forma que seus anéis ficaram lado a lado.

_É lindo Regina. – Emma ainda estava maravilhada com a joia em sua mão.

_Era da minha avó, ela me deu em minha juventude. Pediu que eu desse somente a pessoa que fizesse meu coração parar de bater por uns segundos só para acelerar depois, e que fizesse dessa a melhor sensação do mundo. – Emma olhava para Regina e para sua mão – Eu sinto isso várias vezes ao dia. – riu bobamente enquanto falava – Quando vejo você ressonando baixinho pela manhã. Quando sorri para mim. Quando diz alguma coisa muito idiota só para me vê sorrir...

_Eu te amo. Eu te amo. – abraçou Regina a puxando novamente para o chão, parando na mesma posição em que se encontravam.

_Eu também te amo. – disse suavemente sendo embalada pelo coração da loira.

Tudo estava, finalmente, em paz.