Regina não conseguia trabalhar naquela dia. Sua grande mesa estava abarrotada de papeis, plantas de edifícios e propostas que não conseguira colocar a mão, não parava de pensar no papelão que fizera no dia anterior.

Levantou de sua mesa e começou a dar voltas na sala. Abriu a persiana de sua enorme janela. Aquele sol iluminando toda a avenida parecia debochar de seu desespero. Fechou de volta.

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A garota, ou mulher, Regina não sabe muito bem, a idade da loira ainda era um mistério para ela, havia recusado sua oferta e fugido como se tivesse medo dela, mas também, era para ter mesmo, ela parecia uma louca oferecendo casa pra gente que nunca viu na vida. Se parasse para analisar bem, fugir, era uma reação que ela mesma teria. Esse pensamento não melhorou seus ânimos, ao contrário só a deixou mais frustrada. Regina queria desesperadamente quebrar alguma coisa, mas se conteve.

Sentou novamente em sua cadeira espalhou a papelada abrindo um espaço e colou o rosto na mesa fria para ver se seus pensamentos clareavam e não reparou que sua melhor amiga a observava da porta.

—Está de ressaca? – Zelena perguntou adentrando sua sala. – Sua cara está péssima – disse ainda sorrindo. – Não acredito que você foi uma traíra e saiu para uma noitada sem convidar sua melhor amiga.

—Você sabe mesmo animar alguém Zel – Regina levantou a cabeça e rolou os olhos para amiga/assistente/braço direito/cunhada/comadre – e eu me sinto péssima para a sua informação. – falou derrotada.

—Claro! Não teve minha agradável companhia na noitada! – Regina a fuzilou com o olhar.

—Não houve noitada!

—Por que então minha gente essa cara de porre? Porque sério, sua cara está péssima. – Zelena sentou na cadeira na frente da mesa da amiga. Regina era sua chefe, mas nunca a tratou como subordinada, a amizade sempre falou mais alto para as duas. Regina era filha de Henry Mills dono das empresas Mills, a maior no ramo de imobiliários, arquitetura e paisagismo, esses últimos adicionados por Regina.

—Você me acha doida Zelena? – A morena perguntou no que a ruiva arqueou a sobrancelha e ia responder, mas parou ao ver o olhar afiado da morena, era uma pergunta retórica. Zelena se conteve. – porque eu só posso ser doida amiga - falou encostando a cabeça na mesa novamente.

—Você já está me preocupando! – Zelena levantou – Primeiro saiu da casa de seu pai e foi alugar um apartamento naquela área em que você alugou, você, que pode ter o apartamento que quiser em toda Boston, e agora, está com essa cara de quem dormiu cem anos e acabou de ser desperta. O que está acontecendo?

—Sobre o apartamento você sabe muito bem o porquê eu fiz. Mas ontem... – ela parou – eu não fui eu. – Não havia explicação melhor para o que havia acontecido na data de ontem.

—Explique-se. – Zelena sentou novamente já muito curiosa para o que viria, Regina não sendo Regina, era algo que valia a pena se ouvir. Porque não importa o que a situação trouxesse, Regina era sempre a Regina.

A morena riu da atenção que sua amiga agora lhe dava.

—Eu conversava com o porteiro do meu novo prédio, perguntava algumas coisas básicas, coisas de engenheira que você já sabe... – Ela começou.

—Por favor a parte interessante... – suplicou juntando as mão na frente do rosto como quem fizesse uma prece.

—Muito bem curiosa, não me interrompa! Estava eu lá conversando quando chegou uma pessoa no saguão de entrada, eu não tinha visto até o porteiro pedir licença e chamar a atenção dela. Quando me virei me deparei com uma menina, sério Zelena, ela parecia uma menininha, de calça jeans, tênis, uma blusa de Harry Potter e uma mochila nas costas. Parecia tão perdida, ela estava tão sem graça, sabe quando somos pegos no flagra? – Zelena olhava sem piscar para a amiga que falava com uma voz choramingada que ela não reconhecia – ela chegou perto e começou a conversar com o porteiro falando que precisava alugar um apartamento, ele a olhou desconfiado, e eu também, pensando que era um trote, pois ela era só uma menina. Surpresa tivemos, e sim eu fiquei surpresa, quando ela explicou que fazia mestrado em Havard – Zelena arqueou uma sobrancelha – é eu também fiz essa cara, e saiu chateada quando foi informada que não havia vagas naquele prédio. – Regina olhava ansiosamente para a amiga.

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—É uma história bacana de uma garota que parece bacana, e inteligente inclusive, mas que eu ainda não entendi o que tem a ver com o fato de você não ter sido você. – Zelena não havia entendido mesmo. E olha que ela não era tão pateta assim.

Regina corou antes de falar novamente e Zelena realmente ficou preocupada. Regina Mills nunca corava envergonhada.

—Zelena, quando eu percebi, estava correndo atrás escada abaixo daquela cabeleira loira amarrada em um rabo de cavalo e estava convidando ela para dividir o apartamento comigo... – parou precisando tomar fôlego, ou coragem talvez.

—Não acredito – Zelena já ria da cara de Regina descaradamente – e ela?

—Ela? Ficou me olhando como se eu tivesse vindo de Oz e fosse verde!

Zelena não aguentou e deu uma sonora gargalhada e foi acompanhada por Regina. A morena apoiou o cotovelo no braço da cadeira e apertou os olhos.

—E eu ainda dei meu cartão para ela ligar caso mudasse de ideia. – Falou ainda com as mãos nos olhos.

—É amiga! Você não foi você mesmo, convidando alguém para sua bat caverna. – Regina só balançou a cabeça. – Você acha que ela vai ligar?

— Pelo jeito que ela correu de mim, eu tenho quase certeza que não... – respondeu simplesmente.

—Você gostaria que ela ligasse? – Zelena perguntou com um sorriso maroto nos lábios.

—Sinceramente? Não faço a menor ideia.

Começaram a rir novamente. Não pelo mesmo motivo, claro. Pois que Regina queria mesmo era chorar. De que, ela não sabia.