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Safe & Sound


~Pov Annia

Chegamos em casa e vimos várias coisas espalhadas por todos os lugares. Havia enfeites de Natal, uma árvore cheia de presentes, tudo indicando que a festa deste ano seria aqui na mansão.

Minha mãe parou ao meu lado de braços cruzados olhando a casa e com um aceno de varinha as coisas foram voltando para o lugar.

–Vou até a casa da sua tia Meg, quer vir?

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–Vai me dizer o que pretendem para o Natal? –Ela riu.

–Teremos um baile.

–E a novidade de que tanto falou nas cartas senhora Malfoy? –Eu disse rindo e abraçando-a.

–Por essa você terá que esperar. –Eu resmuguei e ela fingiu não ouvir. –Vá atrás do seu irmão, diga a ele para vir também, não quero que ele exploda nada.

Fui até o quarto de Scorp e depois de muito insistir consegui convencê-lo a vir conosco. Quando perguntei mais uma vez sobre a briga que ele havia se metido o loiro simplesmente fingiu não me ouvir.

–Tia Meg! –Eu sorri correndo até ela e a abraçando quando cheguei, percebendo seus cabelos ruivos agora. –Nossa, você está maravilhosa ruiva!

–Agora posso dizer que sou mesmo uma Weasley. –Ela disse rindo enquanto ia até Scorp para abraçá-lo também.

Após eles cumprimentarem meus pais nós todos fomos para a cozinha enquanto esperávamos os outros. Ela estava nos contando da viagem que fez com o tio Rony, que estava pensando em nos levar da próxima vez e eu adorei a ideia.

Rose não tirava os olhos do meu irmão, que apenas ficava quieto concordando com qualquer coisa que o perguntavam, mas eu duvido que estava de fato escutando alguma palavra. Ronan foi o primeiro a chegar, então nós fomos juntos para a sala de estar quando todos começaram a conversar entre si, nos deixando sobrando.

–Sua mãe contou a novidade?

–Não. –Respondi. –Ela disse que vai ser um baile de Natal e que será na minha casa, mas não quis dizer o que tanto falava nas cartas. –O loiro riu.

–Acho que alguém vai ter que esperar.

–Eu estou tão curiosa! Quando ela fala sobre isso fica tão radiante, e o meu pai parece tão tenso... Ai Merlin eu preciso saber!

–Calma, logo tudo para o baile vai estar resolvido e ela vai te contar. –Ronan me abraçou sorrindo.

–Sabe que depois do Natal vai começar não é? –Murmurei e ele olhou em meus olhos me soltando.

–Annia, por favor, desista de tudo isso!

–Não. –Ele bufou.

–É loucura!

–Eu sei, mas é a loucura que vai salvar a minha família! –Ronan cruzou os braços e desviou o olhar. –Eu já falei com o James e ele vai perguntar a tia Gina sobre o feitiço, você vai me emprestar a penseira do seu pai?

–Por que quer uma penseira?

–Quero mostrar uma coisa pra você, talvez assim desista de tentar me fazer deixar o plano de lado. Eu preciso da sua ajuda, não consigo sem você Ronan!

–Vamos logo, enquanto eles estiverem aqui é melhor para entrar no escritório sem meu pai ver. –Balancei a cabeça assentindo e nós voltamos para a cozinha.

Mas quando chegamos lá vimos que James havia acabado de chegar. Eu queria que ele visse tudo também, seria bom pra fazê-lo entender.

–Oi. –Falei sorrindo enquanto me aproximava dele.

–Oi. –Ele disse fazendo o mesmo, me dando um abraço apertado e um beijo no rosto. –Oi gente.

–Vou pegar uma bebida. –Meu pai se levantou saindo de lá, nos fazendo rir. Quando ele voltou estava com uma garrafa na mão, o que fez todos arregalarem os olhos. –Agora sim, oi pra você também Potter.

–Tudo bem tio Draco? –James perguntou baixo, dando um passo pra longe de mim.

–Não sei, anda conhecendo melhor muitas pessoas?

–Sinto que tem alguma coisa acontecendo aqui... –Disse tio Rony.

–Annia e James... –Minha mãe nos idicou com um sorrisinho me deixando vermelha de vergonha quando todos nos olharam com os olhos arregalados.

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–Acho que vou te acompanhar tio Draco. –Ronan pegou um copo e bebeu um pouco.

–Podemos mudar de assunto? –O Grifinório pediu.

–Eles estão namorando? –Tia Gina olhou para James que estava tão vermelho quanto eu. –Por que não contou nada James Sirius?

–Mãe nós não...

–Foi só um beijo, não temos nada.

–É, nós não temos nada.

–E por que não? Se ficar com a filha da Chang...

–Eu não vou ficar com a Irina. –James já começava a bagunçar os cabelos.

–Vou sair com James e Ronan, nós voltamos quando as perguntas constrangedoras acabarem. Tchau, beijos e nós amamos vocês. –Falei puxando os dois e saindo enquanto fingia não ouvir as outras perguntas.

*-*

–Ao que tudo indica o seu pai ainda quer me matar. –Eu ri lhe dando um selinho. –Por que estamos aqui?

–A penseira. –Falei. –Quero mostrar uma coisa pra vocês. Acho que fará vocês pararem de tentar me fazer desistir de todo o plano.

–Sabe que será difícil nos convencer não é? –Ronan disse indo na frente, abrindo a porta do escritório.

–Sei.

Quando entramos, o loiro tocou com a varinha algumas vezes na parede fazendo algum tipo de combinação e logo ela se abriu, revelando um lugar cheio de livros, com apenas a penseira no centro.

–Nossa, parece o do meu pai. –James disse olhando ao redor quando entramos.

Prontos? –Perguntei e os dois assentiram.

Com a ponta da varinha tirei a lembrança colocando-a ali. Eu precisava que eles vissem aquilo e tinha certeza que os convenceria de que mesmo sendo perigoso era o que eu tinha que fazer.

Estávamos no lugar em que eu havia ficado quando Lucius me sequestrou, aquele lugar horrível. Só de vê-lo de novo me senti sozinha como naquele dia, e aquela era a pior sensação de todas.

–Venham comigo. –Chamei enquanto os dois olhavam o lugar.

Seguimos juntos até o porão onde meu pai estava, meio relutante eu abri a porta vendo-o ali sentado na cadeira com os braços acorrentados e completamente machucado. Os dois arregalaram os olhos enquanto os meus começavam a marejar.

–Foi Lucius que...? –James começou, mas não conseguiu terminar, assim como eu também não conseguia dizer nada então só balancei a cabeça assentindo.

A porta se escancarou revelando minha mãe comigo nos braços. Os olhos desesperados dela pousaram sobre o meu pai e ela me colocou no chão correndo até ele. Eu era apenas uma criança, mas ainda me lembrava daquela cena horrível.

–Draco! –Ela gritou, naquele momento eu me lembro de pensar que ele estava morto. –Annia, fique perto de mim. –Meio relutante eu me aproximei mais dela encarando-o, esperando que ele abrisse aqueles olhos acinzentados e me chamasse de moreninha como sempre fizera. –Draco... –Chorando mais e mais ela o sacudia. –Draco, por favor, abra os olhos!

Eu ouvia minha mãe chamando-o, mas ele não respondia. A pequena eu do passado chorava desesperadamente, assim como eu. Lancei um olhar a James e Ronan e os dois pareciam não acreditar no que estavam vendo, estavam horrorizados.

–Annia, pra dentro do armário. –Minha mãe disse soluçando ao ouvir um barulho lá em cima.

–Mas...

–Entre ali e se esconda. Eu vou tirar você daqui. –Meio a contragosto entrei e encostei a porta, olhando pelo que eu havia deixado aberto ali. Com a varinha as correntes foram tiradas do meu pai e ele caiu pra frente, sendo segurado pela minha mãe. –Draco, por favor... Eu preciso de você... Acorda!

As lágrimas caiam mais e mais enquanto eu relembrava aquilo. Meus soluços eram ouvidos de dentro do armário, e o desespero da minha mãe me causava dor. James e Ronan perceberam isso, já que os dois me abraçaram ao mesmo tempo em uma tentativa de me acalmar.

Depois de mais algumas palavras de minha mãe, meu pai finalmente abriu os olhos. Parecia fraco e eu via que sentia dor quando eu saí do armário para abraçá-lo, mas o abraço que ele me deu – mesmo gemendo ao me apertar– foi o mais firme de todos.

–Tocante. –A voz de Lucius e as palmas me fizeram estremecer, assim como olhá-lo tão de perto. –Muito tocante. Realmente achou que funcionaria, sangue-ruim?! –Ela se calou preocupada. –RESPONDA!

–Annia, fique com seu pai. –Dei alguns passos para trás e meu pai me abraçou. Lembro-me dele repetindo várias vezes baixinho pra mim que todos nós ficaríamos bem e que não importa o que aconteceria, os dois me amavam. –Você disse que a deixaria ir! Então cumpra com a sua palavra! –A morena gritou com a varinha apontada para ele, que nem se importou.

–As coisas mudaram sua imunda.

–COMO ASSIM MUDARAM?! VOCÊ DISSE QUE...!

–Disse, eu sabia que viriam se eu dissesse isso. Mas fique tranquila, não vou tocar em nenhum fio de cabelo da minha neta.

–AZKABAN O DEIXOU MALUCO?! ELA NÃO É SUA NETA!

–Se Azkaban de fato me deixou maluco isso é mais um problema pra vocês. Agora solte essa varinha, está me irritando. –Ela não obedeceu. –EU DISSE PARA SOLTAR! – A varinha dele veio na direção do meu pai, que me colocou no chão ao seu lado rapidamente. –CRUCIO!

Os gritos dele aumentavam assim como o sangue que saía dos cortes em sua pele o que fez com que eu gritasse assustada e apavorada.

–Sabe que ele está sendo torturado há algum tempo e que está exausto. Se eu continuar ele não vai aguentar e vai morrer. CRUCIO!

–PARE! EU SOLTEI!

–Agora voltando a nossa agradável conversa. Eu não vou matar ninguém.

–O que pretende?

–Que bom que perguntou sangue-ruim, vou lhe contar a parte divertida. Eu vou seguir com o meu plano e deixar a mestiça imunda para contar o que aconteceu para os seus amiguinhos. Depois disso não precisam se preocupar comigo, pelo menos não por enquanto.

–Ótimo.

–Hermione você ficou maluca?! Mate-o de uma vez! –Meu pai disse se esforçando até mesmo para falar.

Lucius torturou meu pai e minha mãe na minha frente mais uma vez e depois sua varinha foi para a minha direção, enquanto ele gritava para que eu me afastasse.

–Um dia eu te encontrarei onde quer que você esteja e vou vingar tudo o que está fazendo aos meus pais! –Gritei olhando nos olhos dele, que parecia achar engraçado.

–Eu não tenho medo de uma criança.

–Pois devia ter, eu vou crescer e me tornar uma bruxa. Depois disso você não me escapa.

–Até lá eu já consegui o que eu quero, AGORA SAIA DA FRENTE! –Mas eu não queria ir, ele faria algo com os meus pais e eu sabia disso. –EU DISSE PARA SAIR!

–Annia faça o que ele quer. –Minha mãe murmurou. –Por favor, filha tape os olhinhos, eu não quero que veja isso. -Eu me despedi dos meus pais e fui para o canto do cômodo, me sentando de costas pra eles.

–Amamos você. –Eu os ouvi dizer juntos.

–Quando isso acabar, corra até os seus tios. Nós a amamos muito, lembre-se disso e vai ficar tudo bem.

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–Obliviate. –A voz de Lucius fez com que eu me virasse.

Nos meus olhos não havia mais a inocência de uma criança normal, ali eu a perdi, mas não foi só isso. Eu perdi meus pais, perdi tudo ao achar que eles haviam morrido. Os olhos deles estavam fechados, e a possibilidade deles talvez não voltarem a se abrir e brilhar como sempre fez meu coração se apertar em meu peito.

Eu me levantei e corri até os dois sem nem me importar com o que Lucius faria, eu só queria os meus pais de volta. Mesmo sacudindo-os, gritando por eles e chorando nenhum deles reagiu.

–PAPAI! –Gritei pela última vez pegando sua mão. –MAMÃE! –Ela também não se moveu, então me virei para o causador de tudo aquilo. Ele me olhava curioso. –O QUE FEZ COM ELES?! O QUE ESSE FEITIÇO FAZ?! VOCÊ MATOU OS MEUS PAIS?!

–Não. –Lucius disse com a maior calma do mundo. –E eles não são mais os seus pais.

–SÃO SIM! TRAGA-OS DE VOLTA, POR FAVOR!

–Não criança, eles não são. Quando eles abrirem os olhos não saberão mais quem você é, não se conhecerão mais e você vai ficar sozinha porque mesmo se contarem nenhum deles vai querer você. Eles não sabem quem você é.

–ISSO É MENTIRA! ELES NÃO PODEM SE ESQUECER!

–Se o feitiço não der certo e eles não se esquecerem vão enlouquecer e podem até morrer. Como eu disse, você está sozinha.

–POR FAVOR, TRAGA-OS DE VOLTA!

–ELES NÃO VÃO VOLTAR PORQUE ELES NÃO SE LEMBRAM! –Eu me calei assustada. –Acha que eles criariam alguém tão insuportavelmente mimada quanto você só porque alguns idiotas disseram que são os pais?! Eles nunca vão te amar de novo, assim como nunca vão se amar de novo.

–Já chega. –Murmurei secando as lágrimas e logo estávamos fora daquela lembrança. James e Ronan ainda estavam em choque enquanto eu me recuperava respirando fundo. –A primeira coisa que a minha mãe me disse quando me viu depois disso foi “Quem é você, linda?”...

–Annia eu...

–Sinto muito. –Os dois se completaram.

–Ainda acham que eu não devo ir atrás dele? Não iriam se fosse com vocês?

Mas eles não responderam, apenas me abraçaram mais uma vez fazendo com que eu entendesse o que queriam dizer.

–Estamos com você. –Murmurou Ronan.

“Eu me lembro quando você disse ‘não me deixe aqui sozinho’

Mas esta noite tudo está morto, acabado e já passou

Somente feche seus olhos

O sol está se pondo

Você ficará bem

Ninguém pode te machucar agora

Ao chegar a luz da manhã

Nós estaremos sãos e salvos”