Powerless

Capítulo Bônus - Tirando As Próprias Conclusões


~Pov Hermione

A porta do quarto se fechou e eu me sentei na cama. A conversa que tive com Annia mais cedo sobre ser uma Auror ainda estava na minha mente. Realmente, os fantasmas do passado ainda assustavam a minha garotinha e enquanto o paradeiro de Lucius não fosse descoberto ela não teria paz e sossego, e com isso eu não teria.

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Eu só queria que ela tivesse aquela mesma inocencia que lhe foi tirada quando tinha 5 anos, quando Lucius voltou e quase acabou com as nossas vidas.

–O que foi morena? –Draco perguntou sentando-se ao meu lado e pegando minha mão. –Aconteceu alguma coisa?

–Estou preocupada com a Annia. –Ele me olhou também preocupado. –Ela me disse que escolheu a carreira que quer seguir depois que se formar. –Me levantei e peguei meu pijama, colocando-o em cima da cama.

–Isso é ótimo, não?

–Ela quer ser uma auror, Draco. –Falei soltando o ar pesadamente. –E você sabe o motivo dessa escolha.

–Se ela está achando que vou deixá-la se tornar uma auror pra caçar Lucius sabe-se lá onde ela está enganada.

–Draco!! –Chamei sua atenção. Concordamos em não falar seu nome nunca mais nessa casa pelo bem de Annia e Scorpius.

–Me desculpe... –Ele murmurou. –Mas eu a proíbo. Não vou perdê-la de novo. Ela já foi tirada de mim quando foi sequestrada.

–Meu amor, eu também sou contra essa ideia, mas não podemos proibi-la. Eu disse para pensar em outra coisa que goste... Ela me prometeu que tentaria escolher outra coisa.

–Hermione, enquanto Lucius estiver solto nós temos que tomar cuidado até com a nossa própria sombra. Deixa-la se tornar auror é entregá-la a ele e isso eu não vou fazer.

–Eu sei que não está feliz com isso Draco! Nem eu estou, mas não podemos obrigá-la a fazer outra coisa! –Ele soltou o ar pesadamente e se levantou vindo até mim e me abraçando.

–Sei que não podemos obrigá-la, mas mesmo que ela tenha que me odiar pra isso eu não vou deixá-la ir atrás dele. Eu sei que ele está vivo e que está esperando o momento certo pra tirar ela e Scorp de nós.

–Eu não quero que aconteça como no hospital quando Scorp nasceu! – Falei molhando sua camisa com minhas lágrimas. –Você sabe que eu não enlouqueci Draco!

Rapidamente a dor, o desespero, tudo o que senti naquele dia voltou a mim...

Flashback On

Estava na hora de amamentar Scorpius, que havia nascido há alguns dias. O pequeno tinha os cabelos loiros platinados, a pele pálida e os olhos acinzentados, todos identicos aos do pai. Sentei-me na cama e a medi-bruxa foi até o berço pegar o pequeno. Draco tinha ido pra casa tomar um banho e descansar um pouco depois de eu muito insistir.

O pequeno ainda estava enrolado em uma manta e pela primeira vez não estava chorando por estar com fome. Ela o colocou em meus braços e eu tirei a toalhinha que protegia seu rosto da claridade. Minhas mãos então ficaram tremulas e meus olhos marejaram assim que eu a tirei e olhei bem para o bebê.

–Algum problema senhora Malfoy? –A enfermeira perguntou vendo meu estado.

–E-esse n-não é o meu filho...

–O quê? –Ela se aproximou de mim olhando a criança. –Senhora Malfoy, esse é sim o seu filho.

–Não! Esse não é o meu filho! Eu sei que não é! ELE NÃO É O MEU FILHO! –Olhei bem para a criança, tinha os cabelos loiros também, e era muito parecida com ele, mas os olhos verdes... Não eram os olhos do meu pequeno Scorp.

A enfermeira foi até o corredor e eu a ouvi chamando pela medi-bruxa. Quando voltou ela parou ao lado de minha cama. O bebê se assutou e começou a chorar.

–Senhora Malfoy, me dê a criança.

–O quê?!

–Por favor, senhora... –Eu a entreguei o bebê e ela o colocou de volta no berço.

Eu estava desesperada, precisava encontrar Scorpius rápido, eu não iria perdê-lo. Sabia bem quem era o responsável por tudo aquilo.

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–Algum problema Felícia? –A medi-bruxa perguntou à enfermeira, que me indicou com a cabeça. –Senhora Malfoy?

–Onde está o meu filho? –Perguntei em uma tentativa de secar minhas lágrimas.

–Perdão senhora, mas o seu filho está aqui no berço.

–ELE NÃO É MEU FILHO! –Ela chegou perto do berço e olhou a criança.

–Senhora eu preciso que se acalme.

–Me acalmar?! –Me levantei da cama, nervosa. –COMO QUER QUE EU ME ACALME?! O MEU FILHO SUMIU E NO LUGAR DELE APARECEU OUTRA CRIANÇA!!

–Doutora, podemos conversar? –A enfermeira chamou, indo com a medi-bruxa até a porta do quarto. -Eu acho que temos um caso de depressão pós-parto. –A enfermeira disse baixinho, mas eu consegui ouví-la.

–Foi o que pensei, mas precisamos acalmá-la antes de tudo. Em todo o caso, devemos tirar a criança de perto dela por enquanto.

–EU NÃO ESTOU COM DEPRESSÃO PÓS-PARTO! –Gritei chorando ainda mais. -EU QUERO O MEU FILHO AGORA!!

–Senhora Malfoy, acalme-se, por favor... Felícia pegue na gaveta da direita a injeção para acalmá-la, por favor.

–EU NÃO QUERO ME ACALMAR! OLHE BEM PARA O MENINO E VEJA AQUELE NÃO É O SCORPIUS!! -Ela veio se aproximando de mim lentamente e eu fui recuando, até chegar à parede. -Por favor, não...

–É para o seu bem. –Ela disse tentando me tranquilizar.

–Entenda: Se demorar-mos vai ser tarde demais!! Lucius já vai ter o levado embora!! Por favor, deixe-me sair!!

–Sinto muito senhora, mas é para o seu bem... –Senti algo espetando o meu braço e depois tudo ficou escuro.

–Interessante como as pessoas, mesmo vendo o sofrimento e o desespero das outras acham melhor tirar suas próprias conclusões do que simplesmente acreditar. –Ouvi a voz de Lucius na minha cabeça. –Depressão pós-parto? Sabe que não vão deixá-la chegar perto do seu filho tão cedo não é? –Ele disse rindo depois.

–O que fez com meu filho?! Onde está o Scorpius?! –Gritei olhando para os lados, enxergando somente a escuridão. –E não ouse falar que aquele era o Scorp! Eu sei que não é, conheço o meu bebê!

–Aah minha querida Hermione, eu quis dar um passeio com o meu neto, só isso.

–ELE NÃO É SEU NETO! TRAGA SCORPIUS DE VOLTA AGORA!

–Percebi que ele é irritantemente parecido com Draco. –Ouvi passos atrás de mim, mas quando me virei não tinha ninguém.

–Por favor, deixe-o em paz... –Pedi chorando. –Então é isso? Você voltou para nos infernizar? Vai tirar o Scorp de nós?

–Não sangue-ruim, eu não voltei. E nem vou tirar o garoto de vocês. Isso é só um aviso de que eu não me esqueci da promessa que fiz e que vou voltar.

Senti uma enorme dor de cabeça e abri meus olhos, percebendo que estava novamente deitada na cama do hospital. Olhei para o sofá e vi que Draco estava com o bebê no colo. A enfermeira Felícia estava ao seu lado me olhando e o cutucou quando percebeu que eu havia acordado. Ele olhou pra mim e se levantou, levando o bebê até o berço.

–Pode nos deixar sozinhos um pouco? –Ele perguntou à mulher.

–Mas e o bebê?

–Deixe-o aqui no berço. Ela não vai fazer nada.

–Tem certeza? –Ele balançou a cabeça assentindo e ela saiu fechando a porta.

–Como você está? –Draco perguntou me olhando preocupado e sentando-se na cama.

–Como você acha que eu estou? –Perguntei cruzando os braços. –Eu quero o Scorpius, Draco! –Voltei a chorar com medo do que possa ter acontecido a ele, e também com medo de que Draco acreditasse no que aquelas médicas falaram.

Ele me abraçou, acariciando meus cabelos e beijou meu rosto, me acalmando.

–Tá tudo bem meu amor. –Ele disse me dando um selinho.

–O que elas falaram pra você? –Draco desviou o olhar para o berço. –Responda.

–Disseram que... –Ele suspirou cansado, voltando a olhar pra mim. –Que você pegou o Scorp e começou a gritar que ele não era seu filho e que a única explicação é que você está com depressão pós-parto.

–Draco, por favor, não é o Scorp!!

–Hermione, eu tenho certeza que é o Scorp.

–E desde quando Scorp tem olhos verdes?!

–O quê?

–O bebê que eu peguei tinha os olhos verdes! –Ele desviou o olhar para o berço. –Draco você sabe que eu nunca faria mal ao nosso filho!

–Eu sei Hermione, eu sei.

–Então acredite em mim! Aquele não é o Scorp! –Falei apontando para o berço.

Ele se levantou e pegou o bebê no berço trazendo-o até mim. Olhei para o bebê e me assustei, dessa vez era o Scorpius. Os olhos acinzentados e o rosto tão parecido com o do pai me provavam isso.

–M-mas como? Eu me lembro, não era o Scorpius! Acredite em mim, Draco! Lucius fez isso, ele falou comigo!

–O quê?

–Quando elas me fizeram dormir ele falou comigo! Ouvi a voz dele na minha cabeça! Disse que era um aviso de que ele não se esqueceu do que houve e que vai voltar, mas não agora. Por favor, acredite em mim!

–Eu acredito meu amor. –Ele disse secando minhas lágrimas e me dando um selinho.

Flashback Off

–Fica calma okay? Ele nunca mais vai tirar nenhum dos dois de você e nem de mim. –Ele me beijou de um jeito calmo. –E eu sei que você não enlouqueceu.

–Eu te amo loiro.

–Também te amo morena.

Nós trocamos de roupa e deitamos na cama. Depois de um tempo abraçada a ele eu peguei no sono.