O jantar de três semanas atrás não saia da minha cabeça há um tempo.

Desde lá, eu venho sentindo coisas...estranhas. Sinto mais vontade de me arrumar para que Oliver me olhe da mesma maneira que olhou no jantar. Como se eu fosse realmente bonita. Não é baixa autoestima, o problema é que para os padrões impostos, eu não era nenhuma barbie, jamais seria. Eu era baixa demais e meu peso era alto, ainda que não tanto assim, meus cabelos eram pretos beeeeeeem fortes, pintados em uma época em que eu estava bastante revoltada com a vida, e meus olhos eram azuis. Tá, eu sempre fui contra essas merdas todas. Eu sequer ligava para minha aparência - eu ia assumir o lugar de Darhk, quem liga para a aparência quando se vai assumir o "trono" do cara mais foda do mundo ( sim, eu sou paitriota) ?

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Eu sempre soube que me envolver com Oliver Queen daria ERROR 404.

Por que não me ouvi?

E eu também nunca tinha me importado com a aproximação das garotas sobre ele. Eu até achava engraçado. Por que justo agora eu sentia um...incômodo? Uma sensação de posse se infiltrava em mim e eu sentia uma vontade louca de gritar aos 4 ventos que Oliver Queen era meu. Mas eu não podia. Porque ele não era.

Esse era o problema.

E, aqui, olhando para o teto do meu quarto, eu percebo o quanto fui fútil.

Eu não devo mudar o meu jeito de se vestir só para agradar Oliver, quer dizer, eu até gostaria que que pensasse em mim da forma que eu gostaria. Mas como meu verdadeiro eu. E não me parecendo com alguém que eu não sou.

E foi assim que adormeci: Sonhando com meus amados jeans!

{...}

Raios de Sol ofuscaram minha visão quando eu abri os olhos. Por que eu tinha esquecido a cortina aberta? Observei as paredes verdes do meu quarto e em seguida pedi a Deus - se ele existisse mesmo - que cuidasse de Roy, onde quer que ele estivesse.

Esse era o meu mantra de todas as manhãs.

Depois, fui para o jardim silenciosamente para que meu pai não acordasse.

Sentei encostada numa árvore e olhei para o céu. Nuvens decoravam a paisagem acima de minha cabeça e eu me lembrei de quando eu era criança e queria morar em uma nuvem. Eu sempre fui apaixonada por elas, embora não soubesse o nome científico de nenhuma. Aliás, eu sempre gostei de coisas relacionadas ao céu - Lua, Sol, estrelas, nuvens - porque me davam uma sensação de paz interior. Era como se eu não tivesse mais nada com que me preocupar. E isso era tão bom. Minha mente ficava limpa de quaisquer problemas que houvesse no momento.

A única coisa que me importava era o céu.

É irônico o fato do azul do céu me lembrar os olhos azuis de Oliver.

Seria por que olhar para os dois me traz uma sensação de paz?

Que inferno. Eu preciso parar de pensar nesse bocó.

— Que foi, minha menina?

Levo um susto. O que meu pai está fazendo aqui?

— Pai? AH, nada. O que você está fazendo acordado?

— Eu ouvi você. E desembucha, eu sei que está acontecendo algo.

Ele não deixava passar nada. Mas eu não podia contar. Ele mataria a Oliver.

— Não precisa se preocupar, Lis. Sou só seu pai agora, sem o peso de Darhk no nome - Ele diz, como se estivesse lendo meus pensamentos. Às vezes, eu realmente acho que ele pode fazer isso.

— Pai - Mordo meus lábios. - Como você soube que amava mamãe?

Ele fecha a cara. Eu sabia que ele faria isso. Desvio meu olhar para frente.

— POR QUE...- Ele começa a gritar, mas para de repente.- Ela era a única pessoa que não sentia medo de mim, que se importava comigo. Que estava ali por mim. Então, de repente, eu me apaixonei. E ainda sou completamente apaixonada por ela, mesmo após 20 anos.

20 anos. Ou seja, ele se apaixonou por ela com 15 anos.

Mesma idade que eu agora.

Merda

— Por quê?

Eu pondero sua pergunta e experimento olhá-lo. Meu pai é um homem bonito, seus olhos são tão azuis quanto o de Roy, seus cabelos são loiros platinados e, por incrível que pareça, naturais, ele não tem muitas rugas - prova de que ele não sorri muito - Suas feições são duras e graves e há várias cicatrizes por seu rosto, mas nenhuma tão marcante ou chocante. Mas seu semblante é calmo. Ele não está com raiva como eu achei que estaria. É como ele disse: Ele só está sendo pai agora. Só eu e ele.

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Eu o amei ainda mais naquele momento.

— Eu sinceramente não sei, papai. Mas eu acho que gosto do Queen.

Seu semblante fica duro por um instante, mas logo volta ao modo 'pai'.

— Olha, minha filha, eu poderia lhe dizer um monte de coisas agora, mas de nada vai adiantar. Se você realmente gosta dele, um dia você vai saber. Você vai sentir, acredite. Mas talvez não seja isso. Tenha calma, vocês ainda são muito novos.

É. Temos a mesma idade que ele e mamãe tinham quando se apaixonaram. Mas eu não disse nada disso e só assenti.

E então ele falou:

— Vamos entrar, está muito cedo ainda.

E eu fui.

{...}

— Smoak!

Olhei para trás e vi Sara correndo em minha direção igual a uma louca.

Que diabos ela queria comigo?

— Quê? - Eu disse rudemente.

— Humm - Ela pareceu desconcertada pelo meu tom. - Avise ao Oliver que eu vou com ele hoje à excursão do Sr. Wells.

A expressão dela é de pura malícia.

— Claro, aviso sim.

E saio.

Eu havia decidido que voltaria aos meus trajes habituais. Mas resolvi inovar - por mim, não pelo Queen - unindo o útil ao agradável, ou seja, minha combinação favorita de jeans, tênis e camiseta, só que mais justos para que minhas curvas fossem valorizadas ( palavras de Donna Smoak) e uma jaqueta para me dar o ar de "menina rebelde" e não mais de "gótica das trevas". E eu achei que estivesse realmente bonita, ainda mais pelo fato de que meus cabelos estavam soltos e nem estava com meus óculos.

Eu queria estar bonita.

Mas ver as Irmãs Lance e suas seguidoras abalou minha confiança.

— Fel!

Merda. A última pessoa que eu queria ver no momento é a que primeiro me aparece. Irônico, não?

— Oi, Queen.

Já contei que sou uma ótima atriz? A arte de simular sentimentos é um tática de luta muita boa quando não se tem um instrumento em mãos. Eu era a melhor aluna nesse ramo. Conseguia simular qualquer sentimento que a situação pedisse.

E foi esse aprendizado que me ajudou quando eu fui falar com Oliver.

— Tudo certo? - Ele disse, despreocupadamente.

— Sim, e aí? - Ele assentiu. - A Lance mais nova mandou avisar que vai com você hoje à excursão.

— Ah, ok - Por que ele me pareceu...desanimado? Talvez fosse só minha mente querendo que isso fosse verdade. - Você vai?

— Sim, infelizmente - Ele revira os olhos. - Não se preocupe, depois eu dou um jeito de escapar.

— Vai com quem no ônibus?

— Não sei, ué. Com quem sentar comigo. Provavelmente o Ray.

Um lampejo de raiva cruza seus olhos. Por que ele tem tanta implicância com Ray? Fala sério! Eu ia lhe dizer o quanto ele estava sendo infantil quando alguém nos interrompe. Lance. Ela passa seus braços pela cintura de Oliver e o abraça. Patético.

— Oliver! Vamos? O ônibus chegou.

Reviro meus olhos para a cena.

— Humm. Tchau, Lis. Até mais, loirinha - E me manda um beijo.

E eu os observo indo mais a frente. Vejo também ele apalpando a bunda dela e a levando para um beco. Provavelmente para agarrá-la. Por que eu ainda me importo? Sinceramente, não sei se aguentaria ir nesse ônibus. Não com todo esse pessoal que me odeia, já que nem Oliver vai estar lá, não de fato. Não que eu tenha medo, longe disso. Mas é que eu já estava de saco cheio daquela merda. Decido, então, ir de bicicleta até me encontrar com eles. O caminho era curto mesmo.

{...}

Quando chego ao local, há de tudo, menos a aula de biologia que fora prometida pelo professor. Observo os alunos caçando Oliver e o encontro entre os peitos de Sara. É ridículo. A sensação de incômodo chega com mais força em meu peito e o esmaga. Será que estava apaixonada por ele?

Fique tão desesperada com meus pensamentos que corri. Para sei lá onde, mas corri.

Por que diabos eu tinha que me apaixonar por meu melhor amigo? POR QUÊ?

De repente, eu caio em alguém. Novidade.

A primeira coisa que noto nele, porque eu derrubei um garoto, é que ele é Time Leo. Seu corpo é magricela, bem ao contrário de Oliver, mas forte e esguio. A segunda coisa que noto é que ele está sorrindo. What? E então eu o encaro. Encaro uma imensidão de olhos verdes. Olhos verdes que me fazem dizer uma coisa que há anos não sai de minha boca para um completo desconhecido.

—Desculpe - Ele sorri.

—Ah, não precisa se desculpar. Eu queria mesmo falar com você - Sua voz é grossa, mas não tão grave. Mas por que ele queria falar comigo? - Meu pai vai passar um tempo aqui na Cidade Star e ele conhece seu pai e seu pai falou para eu procurá-la porque você é uma garota legal, inteligente, e pelo visto, muito bonita - Seus olhos se arregalam. Eu coro, coisa que raramente permito acontecer - Desculpe. Eu falo sem freio, às vezes.

—Não se preocupe, eu também. Mas espere, seu pai conhece meu pai? - Eu franzo a testa. Pouca gente conhece meu pai.

—Sim, parece que eles fizeram faculdade ou sei lá o que juntos - Eu olho para ele e ele engole em seco. - Okay, não consigo fazer isso. Vou dizer a verdade: Seu pai me falou sobre você, mas eu não fazia ideia de que era você aqui. Quer dizer, até falar com você. Vocês se parecem muito.

—Oi? Calma, respira - Eu acho adorável seu jeito de enrolar com as palavras.

Desde quando eu acho alguém adorável?

—Eu estava lá em cima com os outros alunos e reparei que você ficou afastada e depois saiu correndo e resolvi vir atrás de você para ver o que aconteceu - Ninguém jamais se importou com o que acontecia comigo, exceto minha família e Oliver. E, pela primeira vez na minha vida, eu me permito sorrir para um desconhecido. Um sorriso mesmo, aquele de orelha a orelha.

—Tem um lago lá em cima, eu gosto de ficar lá - Era verdade. E aquele era meu lugar favorito, nunca levei ninguém lá. Por isso, foi estranho quando me peguei dizendo: - Quer ir comigo?

—É claro - O sorriso dele é tão grande e verdadeiro quanto o meu e quando ele pega minha mão para levantar-me eu sinto um desconhecido remexer no estômago que parece estar sendo revirado. - À propósito, sou Barry Allen.

O nome dele causou um agito na minha memória. Parecia que eu havia esquecido algo importante, mas deixei para lá e resolvi me apresentar também:

—Felicity Dark Smoak.

Eu nunca havia me apresentado a ninguém com meu nome verdadeiro. Nem mesmo a Oliver. E é tão estranho isso que estou sentindo agora. Quer dizer, eu fui treinada para nunca, jamais confiar em alguém que se acabou de conhecer. E eu nunca tinha visto Barry na vida, nunca tinha pesquisado nada sobre ele. Mas eu confiava nele. Havia algo nele que me transmitia paz e confiança.

Eu estava quebrando todas as regras agora, mas eu não me importava.

— Uau.

Só percebi que havíamos chegado quando ouvi a voz de Barry. Levantei minha cabeça e suspirei de prazer. Mesmo que a visse 100 mil vezes, aquela vista sempre seria apreciada por mim. Abaixo de nós, havia um imenso lago cristalino com grandes e bonitas árvores rodeando sua margem, em nosso pé, havia uma grande cascata e algumas outras menores pelo local. Aquele lugar era o meu lugar. Pra onde eu ia quando queria ficar sozinha e pensar na vida. Eu havia ficado 1 semana ali direto quando Roy desapareceu.

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— Como você descobriu esse lugar? - Ele indaga, me tirando de meus pensamentos.

— Uma vez estava andando por aqui e acidentalmente o descobri - Murmurei.

— É lindo - Ele fiz, me fitando. Sinto um calor súbito percorrer minha espinha.

Coro.

— É sim. Vamos nos sentar?

E então, nós sentamos e começamos a conversar. Conversar mesmo, sem nenhum filtro ou medo. Ele me contou que sua mãe fora assassinada quando ele tinha 11 anos na sua frente e que seu pai fora acusado injustamente pelo crime, contou como tem sido esses 4 anos morando o Detetive West e sua filha, em como é difícil para ele quando vai visitar seu pai na prisão. E eu contei como é ser filha do Darhk, falei sobre Roy, sobre minha mãe, sobre a escola, falei até sobre Oliver. Nós começamos a traçar planos para nosso futuro e sobre o que queríamos ser. Falamos sobre nossas paixonites, sobre nossa raiva e indignação sobre o "PAI", falamos amenidades também, tipo sobre livro ou filme favorito. Nossos autores e atores prediletos. Falamos até sobre o clima. É tão fácil e fluído falar com ele. Eu não preciso tomar cuidado com o que falo, posso ser eu mesmo, sem efeitos nem nada. Só Felicity.

Nós falamos tanto que nem percebemos o tempo passar até ver o Sol começar a se pôr.

E, admito, essa parte foi...estranha.

E linda.

Nós estávamos sentados olhando para frente, nossos ombros a um palmo de se tocar quando, de repente, Barry virou o rosto para mim. Seus olhos ficavam incrivelmente mais bonitos quando refletidos no pôr do sol. Ele pegou minha mão e a acariciou com o polegar.

Eu não pensei em nada nesse momento.

Só em como seus olhos estavam bonitos e em como sua boca parecia macia.

Parece que seus pensamentos eram um reflexo dos meus, pois ele inclinou a cabeça ao mesmo tempo que eu e nossos lábios se encostaram.

No começo foi só assim, um encostar de lábios, mas depois, ele pediu permissão com a língua - que eu logo dei - e logo se iniciou o beijo. O meu primeiro, mas eu sabia exatamente o que fazer. Enlacei minhas mãos em seu pescoço e as mãos dele foram para minha cintura. Nós nos levantamos e ele me levou para uma árvore e me encostou lá. Nós só parávamos quando precisávamos de ar, mas quem liga para o ar quando se tem a boca macia de Barry Allen para aproveitar? Eu com toda certeza não.

Nos beijamos tanto que nem percebemos o tempo passar.

Até vir alguém procurar por nós. Quer dizer, procurar por mim.

Oliver.

— Saia de cima dela, moleque! - Ele gritou, puxando Barry pela gola da camisa e o jogando no chão. Não importava se Oliver era meu amigo e que eu havia acabado de conhecer o menino no chão, mas eu iria defendê-lo.

— Dá pra parar, seu idiota? - Falo para ele, furiosa.

— Ele estava te agarrando - Os olhos deles estavam pegando fogo e, se eu não fosse quem era, teria sentido medo naquele momento.

— E o que você tem a ver com isso?

Dito isso, fui até Barry e o dei minha mão para que pudesse ajudá-lo a levantar. Ele levantou, mas não soltou minha mão. Senti uma estranha sensação de repuxar no estômago com o gesto. Olhei na direção de Oliver, que estava com as sobrancelhas franzidas para o menino ao meu lado.

— Barry?

Espera.

Eles se conhecem?

Algo no fundo da minha memória aflora e, subitamente, eu lembro de Oliver me dizendo que um primo distante dele visitaria Star City.

Barry.

— Oliver? Uau, você está diferente - Ri do que Barry falou. Oliver quase deu-lhe uma surra e ele só liga para o fato de que Oliver está diferente? Oliver olha para mim com algo brilhando nos olhos, mas eu não consigo identificar o que seja.

— É, você não faz ideia - Ele olha para mim - O pessoal está nos esperando. Vamos?

— Ah, eu vim de bicicleta. Pode deixar que daqui a pouco eu vou - Viro-me para Barry - Pode ir com ele, se quiser.

— Eu prefiro ir com você - Barry diz e acrescenta - Se não se importa, claro.

— Eu não me importo.

Por que eu não consigo tirar esse sorriso patético do rosto?

— Vamos.

O caminho para o ônibus foi esquisito. O silêncio havia dominado o ambiente e nenhum de nós 3 ousou falar algo. E não era aquele silêncio bom, mas sim aquele carregado de tensão. Tensão que emanava de Oliver. Eu não estava entendendo nada.

— Olie! - Sara correu em sua direção, mas Queen nem se mexeu. Ele estava com raiva. Mas raiva do quê? Do meu beijo? Que direito ele tinha? Sara murchou um pouquinho quando viu a expressão dele - Vamos? Estão todos nos esperando.

Ele virou para trás e sua expressão ficou ainda mais fechada quando viu que minha mão e de Barry ainda estavam entrelaçadas.

— Tchau, Barry - Acenou com a cabeça e olhou para mim - Até mais, Smoak.
Oliver jamais me chamava de Smoak, a não ser brincando.

E suas feições duras me mostraram que ali tinha tudo, menos brincadeira.

Que merda eu fui me meter?

POV OLIVER

O que estava acontecendo comigo?

Era pra eu ter curtido aquela droga de tarde. Planejava sair com Sara há, pelo menos, 2 meses. Mas eu não havia conseguido parar de pensar em Felicity. E o fato de ela ter sumido não havia ajudado muito no meu estado de espírito. E eu pensei que ela estava fazendo as coisas nerds ou darks dela.

Mas não.

Ela estava aos beijos com Barry.

Eu sabia que a loira nunca havia beijado nenhum garoto antes e ela havia escolhido Barry para ser o primeiro. Um garoto que ela havia acabado de conhecer. Meu primo. Mas não eu que ela conhece há meses. Bem legal.

E, aqui, olhando para minha parede branca, eu percebo que aquela não havia sido a pior parte. Não.

A pior parte é que eu reconheci o lugar em que ela estava. O lago de que ela tanto falava. Eu havia implorado a ela que me levasse pelo menos um bilhão de vez. Mas, para mim, que ela conhece há meses, ela disse não.

E levou um desconhecido lá.

Por que isso me incomodava tanto?

*Qr vir aq p ksa? Tou só ;). S.L*

Vejo a mensagem e percebo como o mundo é cruel até nas menores coisas. Uma menina linda estava me chamando para ficar com ela enquanto eu só pensava em uma guria que não estava nem aí para mim. Quer saber? Que se dane a Felicity.

* já tou a caminho, gostosa ;). O.Q*

Mas antes de clicar para enviar, eu recebo uma ligação da loira. Ela nunca havia ligado para mim antes, mas eu ignorei. Estava cansado de tudo que me ligava a ela. Que se dane tudo. Tudo o que ouvi foi ela dizendo: "Oliver, preciso da sua..." e desliguei. Havia algo estranho em seu tom, mas eu não me importei. Tudo o que eu precisava agora era de tirá-la da minha cabeça. Urgentemente.

{...}

Sim. Sara e eu estávamos definitivamente namorando. A noite anterior comprovava tudo. Acho até que estava apaixonado por ela.

PUFFFFFFFFF!

A quem eu quero enganar?

Mesmo lá, a ligação de Felicity não me saía da cabeça. O que ela queria comigo?

— Ei, docinho - Sara diz, com a voz manhosa. - Tá pensando no quê?

Fiz o maior esforço pra disfarçar minha mentira:

— Em você, linda.

Eu deveria ganhar um Oscar, porque ela caiu direitinho.

— Own, amor.

Para evitar o constrangimento de ter de respondê-la, peguei sua mão na minha e seguimos caminha a escola.Ficamos calados o caminho todo. Vi panfletos com a foto do meu pai em todos os lugares em que passei. Eu deveria sentir orgulho, certo? O cara tinha até fãs. Mas eu não sentia nada além do nojo. E o fato de que ele provavelmente estava pensando em um jeito de matar minha hacker, só intensificava o ódio que eu sentia por ele e pelo que ele faz. Vejo meu relógio e percebo que estamos atrasados a aula. Droga!

— Oliver!

Ouço um chamado atrás de mim e viro-me. É Ray.

— Hum? - Ele para a minha frente. Um dia atrás eu o odiava. Mas, agora, olhando em seus olhos castanhos escuros, eu percebo que não o odiava de fato. Eu sequer o conhecia, mas percebi que ele era um cara legal.

— Você viu a Felicity? Eu não a encontrei em lugar algum e ela não costuma se atrasar e como vocês são amigos eu pensei...

— Oliver estava comigo - Sara o interrompe. - Na verdade, nós estamos namorando. Ele não sabe onde aquela garota se enfiou. Nós podemos ir agora? Estamos atrasados.

Aquela garota?

— Como assim...

Eu ia questioná-la sobre o modo como se referiu a Felicity, mas ela não deixou-me completar a frase.

— Vem, amor, vamos.

Todos os olhares se viraram em nossa direção quando nós entramos em sala. Mas eu ignorei, tinha outras coisas com que me preocupar no momento. Por exemplo, eu não conseguia me livrar de uma sensação ruim que se apoderou do meu peito. Parecia aqueles institos femininos e maternos dos quais as mulheres gostam de falar. Mas eu não era mulher. Por que estava sentindo aquilo?

Outra coisa que me incomodava era o fato de que Felicity não havia aparecido em sala.

O que será que tinha acontecido? Será que estava com Barry?

Bem, ela poderia até estar, mas eu ia até sua casa mais tarde para confirmar tudo. Afinal, não iria ficar só na dúvida.

— Olie! - Virei-me na direção de Sara. - Minha casa vai estar liberada a semana toda, vamos?

— Não posso.

— Por quê?

— Preciso ir a casa de Felicity...

— Fala sério, Oliver! - Ela me interrompeu. Era impressão minha ou ela nunca me deixava terminar minhas frases? - Você tem uma namorada agora, não precisa ficar com aquela estranhazinha.

Ela sentou em meu colo e começou a beijar meu pescoço.

— Vamos lá, Olier! Talvez ela só tenha cabulado aula.

É, talvez.

Resolvi me apegar a essa teoria.

—-

Quando eu entrei na casa de Sara, percebi que nós não estaríamos sozinhos de fato. Laurel estava lá também. Questionei Sara sobre isso e ela só disse que a irmã não seria um obstáculo, e logo saiu dizendo que precisava ir ao banheiro deixando-me a sós com sua irmã e seus olhos inquisitadores.

— Que foi? - Perguntei quando não aguentei mais. Sara estava demorando.

— Nada. Sabe, é estranho esse seu lance com minha irmã.

— Por quê?

— Eu achei que você gostasse da loirinha. Eu gosto dela, sabe? Achei que fosse o cara a tirá-la da bolha a qual ela se protege.

— Você gosta dela? Jura?

— Sim, mas eu tenho dela. Por isso nunca me aproximei. Ela parece que vai me bater quando me olha.

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Eu não podia discordar desse ponto.

— Parece mesmo. Mas ela é uma garota incrível, sabe? - E era mesmo.

— Sim - Ela arqueou uma sobrancelha. - O que você tá fazendo com minha irmã mesmo?

Franzi minha testa para ela, mas não cheguei a verbalizar minha pergunta porque Sara chegou naquele exato momento e nós fomos pro quarto.

{...}

Eu queria muito acreditar na teoria de Sara de que Felicity só havia cabulado aula. Mas havia se passado uma semana e nada de ela aparecer. Nada. E eu sequer havia ido lá para ver o que tinha acontecido, nem mandado mensagem ou coisa do tipo. Me sentia culpado, mas minha namorada estava colada comigo 24h por dia.

Por isso, aproveitei que ela teria uma consulta médica marcada para aquele dia para, enfim, ir lá ver como as coisas estavam.

Segui o caminho até lá e toquei a campainha.

Donna Smoak atendeu a porta, mas havia algo de errado.

Seus olhos estavam cheios de olheiras e ela não me recebeu com o habitual sorriso. Toda a luz dela parecia ter sido apagada desde que a vi pela última vez. Ela sequer estava usando um de seus looks de adolescentes que era sua marca. Ela estava sem maquiagem. E seus olhos, tão parecidos com os da Fel, que mostravam tanto amor e confiança, hoje eu só conseguia ver raiva ali dentro. Senti medo dela naquele momento.

— O que você quer aqui, Queen? - Seu tom ácido me desequilibrou por um instante.

— A Fel está?

— Para você, não. Nem nunca - Não foi Donna quem disse isso. Foi Damien.

Todas as células do meu corpo ficaram em alerta quando detectei a presença dele.

Naquele momento eu entendi porque tanta gente o temia.

— Por que não? - Perguntei, juntando os únicos pingos de coragem que eu tinha.

— Você ainda tem a cara de pau de me perguntar. Puta merda - Ele me olha atentamente. Seus olhos brilham de ódio e nesse momento eu entendo que alguma coisa muito, muito grave aconteceu com Felicity. - Some. Daqui. Moleque.

Ele pontuou cada palavra para deixar bem claro que era pra eu sair. Se fosse qualquer outra pessoa, eu enfrentaria. Mas eu saí na mesma hora, como um covarde. Quando cheguei a entrada da casa, uma visão me destruiu. Eu direcionei meu olhar para a porta, mas eles subiram mais um pouco e vi a janela do quarto de Fel, que estava com as cortinas abertas.

Barry estava lá com ela.

Não eu.

Fui correndo para casa. Lágrimas caiam em meu rosto e o celular vibrou em meu bolso.

Não atendi nenhuma ligação de Sara.

Não queria falar com ninguém.

Assim que saí da casa de Felicity eu fui para o meu quarto e me tranquei. E desde então me pus a pensar. O que havia acontecido com ela? Eu sei que tinha acontecido algo. O jeito de Donna e a explosão de Dark, além daquela sensação ruim que tive mais cedo me fizeram comprovar tudo. Mas o que era? Todo o meu corpo se corroía de medo. Ela nem havia me telefonado para avisar.

Pera.

Telefonema!

PUTA QUE PARIU.

Será que era isso que ela queria falar naquele momento?

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.