Por isso me apaixonei por você

Sobre como tudo ficou tão complicado


Acordei ainda sonolenta depois de alguns sonhos esquisitos em relação à noite passada, me espreguicei e decidi voltar a dormir, ainda devia ser cedo. Mas assim que fechei os olhos me veio em mente cenas, cenas um tanto quanto significativas. Eu e Vinicius? Oi? Aquilo foi um sonho? Ou foi real? Oh meu Deus. O que eu fiz? Onde eu estava com a cabeça? Por que fui tão fácil? NÃO, NÃO, NÃO! Comecei a espernear na cama e me senti desesperada. Levantei num pulo e saltei da beliche de cima pro chão provocando um baque alto, fazendo com que Lucas que estava na beliche de baixo acordasse, ele apenas me olhou feio e voltou a dormir. Me levantei e peguei uma roupa e fui tomar banho. Preciso de um tempo pra pensar.

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Depois de me arrumar sai do quarto sem rumo, toda perdida em pensamentos. Tá difícil aceitar que tive a capacidade de beijar ele tantas vezes! E cacete, eu desejei muito aquilo! Eu de-se-jei! Não foi nada forçado, nada contra minha vontade. Puta que pariu. O que esse garoto tem? Além de olhos fascinantes? E... Espera... Fascinante... Senhor! Ele disse que eu o fascino! Ele mesmo! Vinicius! Ai caraca! Porque que eu não podia ter uma miopia alcoólica? Amnesia alcoólica? Poderia ter acordado sem me lembrar de nada! Hum...... Boa ideia. E se eu fingisse ter? Ok, tô meio alucinada.
— Bom dia meu bebê! - Mamãe me abraçou.- Que milagre! Acordou cedo! Tá tudo bem?
— Bom dia. - Disse saindo do meu devaneio. - Pensei em tomar sol pra ficar bronzeada pro ano novo. - Dei meu sorriso mais falso.
— Que ótimo!

Meu pai apareceu e me deu bom dia também me zombando por ter acordado cedo. Ele sempre faz isso! Como eu estava sem paciência relevei tudo e fui pra piscina. Me sentei na espreguiçadeira com meus fones de ouvido e tirei o vestido que usava. Ok, essa é a hora de me decidir. O que eu vou fazer? Seja inteligente, aja de forma racional! O que eu disse ontem mesmo sobre tudo? Morreu ali! Morreu ali? Morreu ali! Isso não vai acontecer de novo, a gente tá se conhecendo agora e é tudo culpa do álcool. Apesar de que, confesso, foi muito bom, bom pra caralho na verdade. Mas passou um pouco do limite e tudo aconteceu por conta do, repito, álcool. Sem falar que pelo amor de Deus, que loucura! Até pouco tempo ele era o babaca que deu em cima de mim no Pub. Sim, o Pub no Centro, que eu e Cami fomos quando chegamos na cidade. Naquele dia eu dei fora em vários caras, mas sempre deixo de lado o fato de que o VINICIUS foi um dos caras em que eu dei fora.

Quando fui pegar bebida no bar, ele se aproximou e perguntou se eu era nova na cidade, respondi que sim numa boa e iniciamos uma conversa. Mas depois do nada ele veio tentar me beijar. Ele ia tascar a língua na minha boca sem mais nem menos! Fiquei com nojo daquele ser! Mandei ele nunca mais aparecer na minha frente! E é por isso que não consigo acreditar que eu o beijei com tanta facilidade. Tudo bem que eu o conheci melhor e ele tem me surpreendido muito, que nos tornamos amigos, sem falar no fato de que estou a meses sem beijar alguém e que ele é um tanto quanto SEDUTOR. Mas isso não podia ter acontecido! Ainda pra completar, o moleque sabe como conquistar e persuadir uma mulher. Argh, aquele idiota. Alguém por favor escreve um livro sobre como resistir a aquele seu amigo charmoso e estupidamente bonito? Me peguei em ataques descontrolados de raiva várias vezes pela manhã, sem falar na dor de cabeça desgraçada que eu estava. A dor só não era maior que o arrependimento. Mas, vamos lá Samantha, você tem maturidade o suficiente pra lidar com essas coisas! Vamos crescer! Foi apenas um beijo! Você errou? Errou. Mas e ai? Bola pra frente! Nem deve ter significado nada demais pro moleque e você ai criando caso. Vamos encarar os fatos e parar de fugir, sua mente pequena. Não surte por nada, respira fundo e se mantém equilibrada. Ok, é fácil falar, mas quero ver na hora de vê-lo. Não to preparada pra encarar aqueles olhos cor de mel profundos. Não tô mesmo! Imagina que constrangedor, olhar pra aquele ser e lembrar que gemi pra ele! Oh caramba! Só rindo mesmo pra não chorar...

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Fiquei ouvindo Natiruts até a hora do almoço, eu parecia uma retardada cantando "Você me encantou demais" pra me distrair das lembranças da noite anterior. Só conseguia pensar "Aquele moleque me pegou de jeito!".
— Mana! - Guga me chamou enquanto eu ia pra cozinha.-
— Oi baby!
— Posso falar com você? - Assenti e fomos sentar na área da churrasqueira. - O que foi?
— Conheci alguém! - Ele sorriu.
— Jura? - Perguntei surpresa com um sorriso no rosto. Olha uma noticia boa pro meu dia lixo.
— Quem é ela?
— Depois te mostro foto. Mas a questão é... - Ih lá vem. – Porque você tem sempre razão ein?
— Do que você ta falando?
— Tudo que você me falou aquele dia na praça, tá acontecendo. -Me senti a senhora da razão. Ai ai. Pessoas que não me ouvem sempre se dão mal. Inclusive, isso vale pra você mesmo Samantha. O que você tem a dizer sobre o dia de ontem?
— Ah é? Me explica isso melhor.

E foi como eu previ. A garota não confia nele, não quer nada, apenas amizade por tudo que ele aprontou. Ele me pediu desculpas e se explicou de porque ter se metido com coisas que não devia, ele estava andando com caras mais velhos e acabou se adaptando ao meio dos caras. Eu quis pegar a primeira garrafa que visse na frente e ir atrás desses caras! Idiotas! Mas ainda bem que tudo se resolveu, por enquanto.

Durante o almoço todos estavam em silêncio, no mundo da lua, ninguém dava um pio. Ê cachaça desgramada...O que tu fez por aqui... Depois que almoçamos fui ajudar minha madrinha a lavar a louça - todo mundo achou muito estranho minha vontade repentina de lavar louça -, sim, só pra fugir do Vini. Como se adiantasse alguma coisa... A Tia Aline - mãe do Vini - comentou que precisava ir ao mercado, mas minha mãe fez questão de ME oferecer, sem nem me perguntar, sem nem me consultar. Argh! Eu ia negar inventando uma desculpa qualquer mas a mamãe me fuzilou, aquela ameça silenciosa sabe? A mais assustadora! Tive que concordar, fazer o que...

Fui buscar minha bolsa enquanto Tia Aline fazia a lista, quando voltei la estava o estrupício parado ao lado da mãe sorrindo, se divertindo da minha tentativa fail de fugir dele.
— Como a vida é engraçada né. -Ele disse após entrarmos no carro.
— Uhum. - Concordei sem entusiasmo nenhum.
— Ia fugir de mim né... Não rolou.
— Ah, você jura que não rolou? - Perguntei irônica e revirei os olhos.
— É assim que você é? Fica reagindo com grosseria?
— Não tô grossa. Você que tá irritante!
— Beleza. -Ele me olhou sério e voltou os olhos pra estrada. Liguei o som pra tirar minha tensão, e me reencostei no banco ficando de frente pra janela.
— O que foi Mimi? - Perguntou e lançou o olhar sobre mim.- Você tá brava comigo?
— Estou depressiva. Me deixa. - Ele riu.
— Larga de ser boba!
— Porque tudo é tão complicado? - Fiz cara de choro pra diversão dele.
— Tudo o que? Tudo isso é por causa de ontem?
— O que que você acha Vinicius? - Ele suspirou e fez cara feia.
— Foi um erro?! - Ele disse.
— Você tá perguntando ou afirmando?
— Perguntando.
— Você acha que é certo beijar sua amiga querida do coração?
— Não é certo muita coisa na vida mas mesmo assim a gente acaba fazendo.
— Ah é? É isso que você acha?
— Ah para Mimi. - Ele disse bravo. - Foi apenas um beijo!
— Não. Definitivamente não foi só um beijo! - Ele me olhou e começou a rir. Risada gostosa da porra.
— Tá, foi um...Ah...Uma lembrança boa! - Ele riu de novo.
— Por que tudo é tão engraçado pra você?
— Tá na hora de você aprender a lidar com as situações da vida com bom-humor! - Recomendou ele.
— Você tá parecendo minha terapeuta falando, para!
— Mas é verdade! Por que tornar tudo ainda mais complicado? Vamos descomplicar. Fala o que você acha, pode ser sincera comigo. - Ele disse enquanto entravamos no estacionamento do mercado. - Eu não tô achando nada de você. Apenas aconteceu. Para de agir assim.
— Ok.

Fizemos a compra em silêncio, mas um silêncio constrangedor e que estava me corroendo por dentro. Eu ainda não sabia como agir.
— Me desculpa! Tá? - Vini me abraçou forte por trás enquanto eu pegava um dos últimos itens da lista.
— Você tá pedindo desculpa pelo o que exatamente?
— Por não ter sido forte o suficiente pra resistir a te beijar.
— Ok. - Pausei. - Me desculpe por me descontrolar! Às vezes eu surto.
— Tudo bem. Você ainda quer conversar sobre isso ou morreu ali? -Eu sabia que ele tava segurando o riso. Panaca.
— Morreu ali!
— Agora, vem cá, só mais uma pergunta.
— Diz Vinicius, diz. - Falei sem ânimo e fomos até o caixa.
— Foi bom? - Me olhou com um sorriso bobo no rosto. Minha primeira reação foi raiva, mas ai as cenas de ontem vieram em mente e eu comecei a rir.
— Foi Vinicius, foi.
— Hum. O quanto foi bom na escala de zero a cem?
— Vinicius! - Disse brava. - Chega!
— Só mais essa, por favor.
— Qual necessidade de saber se foi bom? - Disse enquanto colocava as coisas no caixa.- Me ajuda aqui que é.
— Coisa de homem.
— É assim que você faz? Foi assim todas as vezes que você ficou com uma garota?
— Você sabe que não. - Ele começou a me ajudar.-
— Oitenta e cinco. - Falei rápido e ele me olhou surpreso.
— Hum...Tô bem então, acima da média. -Mordeu o lábio.

Voltamos em silêncio ouvindo música e minha consciência começou a bater forte. Sempre fui sincera e direta na minha vida, porque isso com ele é tão difícil? Puta merda! Ao chegarmos em casa, ajudei guardar as coisas e Tia Mo me agradeceu com um super beijo e um super abraço. Ai ai, mães calorosas são tão fofas. Não é à toa que Vinicius gosta de contato físico. E não isso não caiu bem.

— Oi pra você! - Eu e Cami nos sentamos ao lado de Lucas que estava brisando sentado no jardim sozinho.
— Hey... Diz aí...
— Como você tá? - Cami perguntou.
— Tô bem.
— Tem certeza? - Perguntei.
— Sim. - Ele deu de ombros e fez uma carinha de triste.
— Quer conversar?
— Acho que sim. - Ele suspirou. - Senti falta de vocês nesses últimos meses.
— Eu também senti!
— Você sumiu! - Camila disse brava.
— Me desculpem! Eu tava meio perdido...

E então ele desabafou, desabafou mesmo! Contou tudo que aconteceu entre ele e Clara e o quanto ele estava equivocado em relação a ela. Meu Deus, me deu um aperto no coração de ver ele na pior. Ele até chorou enquanto contava, quase chorei junto. A garota começou a dar uma de possessiva depois do final de semana lá em casa, no dia do boliche eles tinham brigado porque ela começou a insinuar que ele traía ela comigo ou com Camila, que eramos muito bonitas e não queria que ele ficasse próximo de nós. Que filha duma mãe! E ele achando que o certo a fazer era ouvi-la ele se desaproximou de nós. E ai deu no que deu, no fim, ela começou a mostrar a verdadeira faceta que só a distância foi capaz de mostrar. Ela é completamente maluca! Maluquinha de pedra! Queria que ele largasse os estudos pra ir vê-la, que ele largasse a família, amigos, tudo! E ai, ele largou ela. Eu sabia que tinha algo de estranho, minha vozinha da razão não falha! Eu e Cami consolamos nossa amigo lindo e ele se sentiu melhor.

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— Porque eu acho que tem alguma coisa rolando entre você e o Vini? -Bia perguntou se aproximando enquanto eu e Camila estávamos deitadas no jardim contemplando o céu.
— Uau Camila, mudou a mira? Não era Marquinhos? -Falei na maior cara de pau. Como se alguém fosse cair nessa.
— Ela acha que cola! -Bia revirou os olhos e se sentou conosco.
— Pois é. Uma vida inteira de amizade pra ela vir e falar uma coisa dessas achando que vai colar.
— Chatas! -Fiz careta.
— Desenrola!
— Nada de mais.
— Se é nada de mais porque você não quer falar?
— Por ser desnecessário. - Revirei os olhos. - Foi só um beijo. Puff. -Fiquei com aquela cara de sem graça.
— UM BEIJO? - Camila gritou. Eu já disse que ela é barraqueira.- Não acredito!
— Fala baixo, porra! - Belisquei ela.
— Puta que pariu! - Bia disse surpresa. - Preciso parabenizar aquele moleque!
— O que? Que? Quem não acredita sou eu!
— Ai como você é chata! Finalmente você conhece um cara legal e não fica feliz por isso? - Camila disse isso tudo aos berros. Meu Deus, que insuportável!— Bia, Bia, eu disse, ela só pode cortar pro outro lado!
— Não me faça perder a paciência com você!
— Samantha, olha pra mim! - Bia colocou suas mãos sobre meus ombros. - Qual o problema de você ter beijado ele?
— Primeiro: eu gostei. Segundo: a gente tá se conhecendo ainda. Terceiro: tá cedo e eu não tô nem um pouco preparada pra me meter em qualquer tipo de relacionamento. Seja amizade colorida, seja ficar, seja qualquer coisa sem compromisso, seja namoro, o que for!
— Quem que tá pronto nessa vida pra se relacionar? Essas coisas acontecem! Para de querer controlar tudo. - Bia só faltou me dar um tapa na cara.
— O que você disse pra ele? - Fiz aquela cara de quem fez merda e elas caíram matando em cima de mim. - Não! Não! O que você disse?
— Que morreu ali!
— E o que ele falou? - Ela fez aquela cara, esperando na expectativa que fosse algo bom.
— Nada.
— Como assim nada? - Perguntou brava.
— Você devia ter sido sincera. - Camila me olhou reprovando minha atitude.
— Tô tentando tomar coragem pra ser. É tão difícil com ele.
— Samantha! - Vini me chamou da piscina.
— Não, não, não. - Falei baixinho no desespero. - Que? - Gritei de volta.
— Vem cá! - Ele disse saindo da piscina e se secou na toalha. Já não bastava me chamar pra conversar ainda tinha que ser sem camisa?
— Larga de ser cagona! Vai lá. - Camila me empurrou e riu.
— Cala a boca. - Mostrei língua pra ela e fui até onde Vinicius estava.- O que foi?
— Eu preciso te falar algo. - Ele se sentou do meu lado se secando.
— Pode dizer. - Meu coração acelerou. O que ele vai me dizer?
— Eu tô...
— VINICIUS! - A mãe dele gritou da churrasqueira. - VINICIUS! Vem aqui agora!
— Porra! - Ele disse bravo. - O que? - Gritou de volta.
— Tem uma pessoa aqui.