Siga o plano, que a vitória virá fácil.

Era a nossa competição final, dividida em três rodadas. Seriam 50 perguntas de matemática, depois 50 perguntas de física e, por último, 50 perguntas de química. Nós deveríamos responder na hora, a equipe que apertasse o botão primeiro tinha o direito de responder, caso a equipe errasse, a outra tinha o direito de dizer a resposta correta.

Quem iria fazer as perguntas na fase final seria um dos senadores do Estado. Ele apresentou as equipes ao publico e deu inicio à competição.

Quando ele fez a primeira pergunta, Armando apertou o botão e respondeu corretamente.

E assim, acertamos as cinco primeiras perguntas. Mas, infelizmente a outra equipe notou que deveria ser mais rápida ao apertar o botão.

Começaram a acertar muitas respostas graças à Mayra que não errava uma.

No fim da rodada de matemática, eles haviam ganhado a vantagem.

O senador anunciou.

– E ao fim desta competição de matemática, temos como vencedora a equipe do Internato SG, com vinte e seis pontos.

A platéia aplaudiu.

Sempre havia uma pausa de alguns minutos entre uma rodada e outra, e a diretora da nossa escola havia deixado um lanche para nós. Ela veio falar para nos concentrarmos mais, mas nos abandonou na metade da frase e foi falar com uma mulher, que se parecia muito com ela,mas devia ser uns 6 anos mais velha.

Eu estava mordiscando meu sanduiche quando meus pais chegaram e começaram a falar frases motivadoras, olhei para Armando e ele já tinha devorado seu sanduiche, e estava falando com seus pais. A mãe dele segurava um saco de Doritos e uma lata de Coca. O pai dele a repreendia dizendo para não encher o menino de porcarias, que ele podia passar mal em plena competição, mas Armando argumentou que sempre comia isto e nunca tinha passado mal. A mãe dele abriu a lata de Coca e deu pra ele, e ficou tentando arrumar os cabelos dele. O pai lançava olhares reprovadores, mas Armando não parecia ligar.

Minha mãe queria falar algo, mas obviamente estava com receio.

– O que foi, mãe? - perguntei.

– Por que o Ramonn não veio? - ela perguntou.

– Porque ele é um fresco. – respondi. – Ele não quer me apoiar em nada que eu faço.

– Lizzie, se concentre na competição, tá?

Ouviu-se ao microfone a voz do senador.

– Todos os competidores voltem aos seus lugares dentro de cinco minutos.

– Tenho que ir. – disse à minha mãe.

– Boa sorte, filha.

Armando estava entregando o resto de seu lanche para sua mãe e chamou João para irmos de volta ao palco.

A competição de física foi, basicamente, entre Mayra e nossa equipe. A garota apertava o botão tão rápido quanto eu piscava os olhos, e ela estava ficando furiosa, porque quando os outros garotos de sua equipe erravam quando tinham a oportunidade de responder.

Deixando o placar final de 24 para nós e 26 para eles.

Outro intervalo.

Vi Mayra discutindo com seus colegas de equipe, mas não consegui ouvir nada da conversa.

Nossa diretora veio falar com a gente.

– Meninos, eu acredito que vocês podem virar esse jogo. Se concentrem, não deixem a vaca da minha irmã ganhar... Quer dizer, ganhem pela nossa escola!

– Temos que bolar uma nova estratégia. – disse eu.

– Já tenho uma teoria que está se confirmando, minha cara. – disse Armando gentilmente.

– Qual é? - perguntou João.

– A Mayra está levando isso pro lado pessoal, ela detesta a Lizzie e eu, e vai fazer de tudo pra ganhar isso sozinha. Tenho certeza de que ela já falou pra equipe deixar tudo com ela.

– E o que fazemos? - perguntou João.

– Deixamos ela acertar umas dez seguidas. – disse Armando.

– Ficou louco? Assim eles vão ganhar. – disse eu.

– A minha prima é muito esnobe pra perceber que está errada. Ela vai ver que está acertando uma atrás da outra e vai achar que seu plano está dando certo, e a equipe dela vai confiar nela pra acertar tudo. E a gente tem que fazer cara de desespero. Quando ela estiver convencida de que já ganhou ela não vai mais competir com tanta vontade, porque vai achar que já conseguiu nos humilhar,e é aí que a gente vira. Eu tenho certeza de que ela vai começar a responder tudo errado.

– Se você tem tanta certeza disso, eu tô com você. – disse eu.

– Eu também, cara. – disse João.

Ouvimos mais uma vez o senador pedir que voltássemos ao palco. Era a rodada final!

***

Como combinado, nas dez primeiras perguntas não movemos um músculo, nem se quer estávamos prestando atenção às perguntas. Estávamos fazendo cara de perdedores.

E toda vez que marcava um ponto, Mayra sorria em triunfo. A equipe dela já tinha 62 pontos, e a nossa 50. A vantagem era obvia, ela achou que o jogo estava ganho, e foi aí que ela começou a entregar.

Na décima primeira pergunta de química, Armando estava tão concentrado que achei que a cara dele ia ficar vermelha, quando o senador terminou a pergunta, Armando bateu no botão com força.

– Colégio Elite? - perguntou o senador.

Armando respondeu a pergunta corretamente marcando nosso primeiro ponto em química.

Mayra ficou tão atordoada que não se ligou que o senador já estava fazendo a próxima pergunta.

Bati no botão e respondi corretamente.

João acertou a próxima.

E Armando acertou mais cinco seguidas.

Já havíamos conseguido mais oito pontos.

Na próxima, Mayra bateu no botão mais rápido, mas errou a resposta, e eu tive a oportunidade de responder corretamente. Mais um ponto para nós.

E assim o jogo prosseguiu.

E, ao fim da rodada de química, Mayra havia certado apenas 15 e nós 35.

Nós fizemos 85 pontos de 150. E eles 77.

Nós ganhamos o grande troféu de ouro para escola, ganhamos pequenos troféus de ouro e medalhas.

Ganhamos as olimpíadas na cara da Mayra.

Isso significava que eu ainda teria minha bolsa de estudos no ano seguinte. E significava também que, mais uma vez, eu derrubei a Mayra.

A nossa diretora estava muito feliz em pegar o grande troféu de ouro para a escola enquanto sua irmã se contentava com o segundo lugar.

Mayra estava com cara de choro recebendo sua medalha de prata.

O senador fez as duas equipes apertarem ao mãos uns dos outros.

Quando Mayra apertou minha mão de má vontade, ela disse:

– Isso ainda não acabou, Annelise.