Perversa

Capítulo 23


Harry foi para frente de Hermione e apoiou as mãos nas correntes do brinquedo, encurralando-a. Desde a primeira vez que ficaram, ele havia se tornado ‘exclusivo’ – será? –.

– Você não me liga mais.

– Ando meio sem tempo. Sabe como é; já estou preparando a minha festa de Natal.

– Isso é bom. – Disse ele, erguendo as sobrancelhas. – Mas não é sobre isso que eu quero falar.

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– É sobre o quê?

– Adivinha o que eu consegui hoje?

– Fala.

Ele se aproximou a falou bem baixinho:

– A chave de um quarto. De casal. Estava pensando em conhecê-lo... Você me faz companhia? – Propôs, mordendo o lábio.

O queixo de Hermione caiu. Ela sorriu, sem ação, e olhou discretamente para Ronald no carrossel. Ele conversava com a galera sorrindo, parecia nem reparar que ela estava ali.

– É, talvez... – Respondeu, olhando para baixo. Sorriu. – Eu te procuro.

– A gente se procura. Meia noite, no corredor. Pode ser?

– Talvez, eu já disse.

– Está bem. De qualquer forma,eu estarei lá. Além do mais, preciso te pedir uma coisa.

– Coisa, que coisa? – Fez-se de boba, como se não soubesse.

– Mas um motivo para você ir.

Estava na cara que ele a pediria em namoro. Era o sonho de qualquer garoto. Os dois continuaram a brincar no balanço e não tocaram mais no assunto. É, talvez ela fosse. Só tinha um probleminha pendente para resolver antes.

Voltaram para a pousada. Iriam para os quartos. Os garotos colocariam suas cuecas de boxer e as garotas, seus pijamas minúsculos. Então, zanzariam pela pousada, até que o gerente do hotel desse o ‘toque de recolher’, recomendado pelo vice-diretor do colégio.

Subiram as escadas fazendo farra e, no meio da bagunça, Hermione puxou Ronald discretamente e sussurrou:

– Onze e meia, no corredor. Em frente ao banheiro.

Ele olhou para ela e permaneceu calado. Assentiu com a cabeça e continuou subindo.

No quarto, Hermione abriu a mala e contemplou suas peças. Pijama branco, vermelho ou camisola? Pijama branco. Não, vermelho. Aliás, camisola... Acabou ficando com o pijama branco, de bolinhas.

– Harry me chamou para ‘visitar’ um quarto de casal com ele, à meia noite. – Disse, deitada na cama, olhando para o teto.

– E você vai, não é? – Perguntou Gina entusiasmada, sentando-se ao seu lado.

– Ele falou que quer me pedir uma coisa. – Continuou. – É pra namorar, eu sei.

– Hermione Granger, você vai. Diz que vai.

– Não sei ainda.

– Como é?! Eu não vou deixar você fazer isso! – Contestou a ruiva. – Hermione, qualquer garota de Hogwarts daria qualquer coisa para estar em seu lugar neste momento!

– Eu sei. – Respondeu sentando-se e cruzando as pernas. – Mas elas dariam tudo para estar em meu lugar em qualquer momento.

Elas riram.

– De qualquer forma – continuou a loira. –, eu vou para o lugar marcado mais cedo. Se, por acaso eu for, quero me preparar psicologicamente. – Mentiu.

– Como se fosse muito difícil e incomum esse tipo de acontecimento com você...

Ligaram a televisão e esperaram mais um pouco.

Granger olhou seu relógio Rolex.

– Já está na minha hora. – Avisou. – Deseja sorte?

– Boa sorte. – Cochichou.

Elas se abraçaram e Hermione saiu. Foi para o corredor do primeiro andar, em frente ao banheiro. Ela desceu as escadas pé ante pé. Entrou no corredor e encostou-se na porta do banheiro. Estava tudo escuro e não quis acender a luz, para não chamar atenção.

Prendeu a respiração, encarando o breu, com um misto de medo e ansiedade. Estava prestes a decidir se ia ou não conhecer o quarto com Harry. Ouviu passos na sala e rezou para que fosse Ronald. Era.

– Você demorou. – Sussurrou ela.

– Onze e meia em ponto. – Defende-se ele. – Além do mais, não foi fácil arranjar uma boa desculpa para sair do quarto.

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Eles não se viam direito. Olhavam para o nada, como se olhassem nos olhos do outro.

– Onde você está? – Ronald perguntou, tateando nada.

Hermione tirou o celular de bolso e ligou, iluminando-o parcialmente.

– Ron, precisamos conversar. Mas eu não tenho muito tempo.

– Precisava ser assim, no escuro? Estou ficando com frio.

Então ela percebeu que ele estava apenas com uma bermuda velha, até os joelhos. Engoliu seco.

– O que aconteceu sexta-feira... Bom, eu não esperava aquilo e sei que você também não. – Ela suspirou, tomando coragem. – Mas não dá dizer que não aconteceu nada. E você simplesmente ignora, eu não entendo.

– Eu... – Ele começou.

– Espere, eu não acabei. – Repreendeu ela.

Hermione colocou a mão no ombro nu de Ronald, com uma pitada de carinho naquela superioridade.

– Ninguém nunca fez isso, Ron. Eu quero saber por que você, justo você, está fazendo!

Ele a encarou paciente. Ficaram em silêncio por um instante.

– Hermione – Começou outra vez. –, eu não vou negar que foi bom estar com você sexta-feira. Mas talvez eu seja mesmo um idiota, babaca e tudo aquilo que você vive dizendo. Não sirvo pra ficar com você nem pra... Te procurar no dia seguinte. – Disse rindo.

Hermione começou a ficar vermelha. Sua respiração estava instável e ofegante. Cerrou os dentes com força. Ronald Weasley estava a dispensando?! Ela foi pedir uma explicação e estava sendo dispensada?!

Nunca, em hipótese alguma, isso havia acontecido – não podia acontecer! –. E, agora, Ronald Bolsista Babaca Weasley estava o fazendo?! Aquilo não podia ficar assim. Precisava tomar alguma atitude.

Encostou-se na parede fria e puxou-o para si, pelo cordão da bermuda. Beijou-o brutalmente.

A luz do corredor se ascendeu junto com as badaladas de meia-noite do relógio de pêndulo.

– O que está acontecendo aqui?! – Gritou Harry.

Hermione empurrou Ronald com força e encarou os olhos injetados de cólera do garoto no fim do corredor.

– Harry! – Choramingou ela. – Ainda bem que você chegou.

Correu ao seu encontro e o abraçou, escondendo a cabeça em seu peito. Portas foram sendo abertas no segundo andar e cada vez mais gente descia para ver o que estava acontecendo.

– Ele me agarrou à força. – Contou ela entre soluços. – Eu estava me preparando para te ver quando ele chegou. Ainda bem que você está aqui...

– Calma, está tudo bem.

– Mentira! – Berrou Ronald, ainda atordoado.

– Cale a boca, seu idiota!

Harry partiu para cima de Ronald, mas foi segurado pelos companheiros de time, que já haviam chegado. Gina chegou e abraçou a amiga. Ronald encostou-se na parede, sua cabeça girava. Hermione não podia estar fazendo aquilo. Como conseguia ser tão suja?!

Mais calmo, Harry voltou para Hermione.

– Vamos, princesa. Vamos subir. Não se preocupe com o quarto. - Virou para Ronald e ameaçou - Cuido de você depois, seu bolsista desgraçado.

Ronald ficou lá, enquanto todos subiam novamente. Mas antes de ser deixado completamente só, recebeu um sorriso maldoso e discreto de Hermione reafirmando seu poder.