Perigoso

Capítulo 6


(Trilha Sonora: This is Gospel - Panic! At The Disco)

.P.O.V. Akira.

This is gospel for the fallen ones

Locked away in permanent slumber

Assembling their philosophies

From pieces of broken memories

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

Assim que eu abri meus olhos, Toshi me avisou que iríamos para uma escola aqui perto, mas ele não me disse qual, o que me deixou muito curioso, me vesti rapidamente, escovei os dentes, me arrumei, comi uma torrada e saí, levando apenas um caderno, um lápis, uma borracha e uma caneta, o resto eu resolvia na hora.

Segui o Toshi e o Sho por um caminho familiar, familiar até demais... Espera! Nos vamos estudar na escola do Yuri?! E DO LIGHT?! Só pode ser brincadeira! Eu não vou voltar lá, não depois do que aconteceu! Comecei a reclamar que não aparecia mais lá, porém, Toshi e Sho me arrastaram, alegando que ninguém me reconheceria.

Eles não sabem de nada.

Chegamos na escola e fomos direto para a nossa sala, estava vazia, exceto por uns dois garotos que eu não sabia o nome e... ele. Não, esse "ele" não se referia ao Yuri, bem que eu gostaria, mas, na verdade, o "ele" em questão era o Light.

— Oi, maninho. - sorriu, falsamente, se levantando e vindo falar conosco. - Conseguiu esses amiguinhos onde? No lixão? Que eu me lembre, foi pra lá que você se mandou, depois que o papai descobriu seu segredinho.

— Akira, do que ele tá falando? - perguntou Sho, se aproximando de nós dois.

— Deixa isso quieto, já passou, ok? - respondi, me afastando.

— Ahn... você tá bem mesmo?

— JÁ DISSE QUE SIM, TOSHI, CARAMBA, VAI ENCHER O SACO DE OUTRA PESSOA!

— D-Desculpe, eu estava tentando ajudar. - tentou se desculpar, nervoso.

— Não... - respirei fundo. - Desculpe digo eu, eu estou meio nervoso por causa de... umas coisas.

Saímos da sala, os três, depois de deixarmos nosso pouco material em três carteiras aleatórias, eles me perguntaram o motivo do nervosismo, e eu resolvi abrir o jogo.

— Tudo bem, me sigam, eu explico tudo. - fomos para o laboratório de ciências, que estava vazio. - Bem, como vocês sabem, eu sou meio que... gay.

— É, isso todo mundo sabe. - resmungou Toshi. - Menos o Yuri, óbvio.

— Não toca nesse assunto, ok? - pediu Sho, e eu continuei.

— Então, aquele garoto, na sala de aula, meio que é... meu irmão.

— Meio que, MEIO QUÊ! - reclamou Toshi. - ELE É E PRONTO, AGORA PARA DE ENROLAR E CONTA LOGO PRO SHO A DROGA DA VERDADE!

— Ok, ok. - me encolhi, logo retomando a pose.

Comecei a explicar a história toda para o Sho.

Flashback on.

"Três anos atrás, eu morava com meu pai, Hinata Shiranai, e meu irmão, Light Shiranai Nekomaki. Meu nome era Akira Shiranai Nekomaki, até o dia em que eu resolvi falar para o meu pai que era homossexual. Isso sempre foi um tabu na nossa família, quer dizer, na verdade, meu pai estava mais para um homofóbico, e isso me assustava.

Eu consigo ouvir exatamente a voz dele no dia em que contei para ele a verdade.

— FILHO MEU NÃO VAI SER GAY! EU NÃO ACEITO ISSO! - gritou, me empurrando para fora. - VOCÊ NÃO É MAIS MEU FILHO, VÁ EMBORA DESSA CASA!

Aquelas palavras machucaram, muito, mas eu fui embora, sem olhar para trás, não queria que me vissem chorando, corri para o primeiro lugar que me veio em mente, um barracão abandonado que eu havia descoberto, era dentro de um lixão, mas era a única opção que eu tinha.

'Cause these words are knives

And often leave scars

Assim que cheguei, vi dois garotos, mais ou menos da minha idade, conversando, eles me encararam, confusos, e levemente assustados. Um deles, o mais baixo, de cabelos cinzas, parecia um pouco mais curioso do que assustado, o maior, de cabelos ruivos e olhos escarlate, me encarava, confuso.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

— Q-Quem é você? - perguntou o menor.

— Meu nome é Akira Nekomaki. - respondi, trêmulo. - Posso ficar aqui?

Aquela seria a primeira vez de muitas em que eu omitiria o sobrenome do meu pai, ele não se orgulhava de ser meu pai, e, muito menos, eu me orgulhava de ser filho dele. Adotei apenas o sobrenome da minha mãe, Omawari Nekomaki, que havia desaparecido, alguns meses depois que eu nasci.

— Claro. - sorriu. - Meu nome é Toshi, e aquele é o Riki.

O maior acenou para mim, sem mudar de expressão. Me sentei ao lado deles, explicando o que havia acontecido, eles aceitaram numa boa e, ali, em uma barraca abandonada, no meio de um lixão, eu conheci os meus melhores amigos."

Flashback off.

— E depois... eu cheguei e... - Sho murmurou, espantado. - Ah, kami-sama, como eu nunca perguntei como se conheceram antes?

— Falta de curiosidade? - Toshi perguntou, se levantando. - Vamos voltar logo para a sala e... ei, eu não sou baixinho!

— Menor que o Riki você é. - ri fraco, voltando para a sala de aula com eles.

Entramos na sala de aula, e, quase todos os alunos já estavam lá, acho que não caímos na sala do Yuri, porque não conseguia enxergá-lo em lugar nenhum, sentei no meu lugar, o mais distante possível do Light e seus amigos, só conseguia sentir raiva e nojo por ele.

Quando vi que eles estavam batendo no Yuri, eu não entendi o motivo, mas uma chama se acendeu quando pensei na possibilidade de ele gostar do mesmo tipo que eu, podemos assim dizer. Pensei nisso por mais algum tempo, até que a porta se abriu, e a professora entrou, ela nos chamou para apresentações na frente da classe.

— Olha, Light, ele tem o mesmo sobrenome que você, vocês se conhecem? - perguntou alguém.

— Lie, nunca vi na vida. - respondeu.

Fiquei quase feliz com o Light por ele ter omitido que éramos irmãos, quase. Voltamos para os nossos lugares, e eu pude perceber que Toshi estava animado com a possibilidade de conhecer novas pessoas. Ele e Sho estavam felizes, mas eu não conseguia acompanhar a felicidade deles, estava preocupado, de o Yuri me odiar, de o Light fazer alguma coisa.

Ouvi a porta novamente durante a explicação da professora sobre algo como triângulos isósceles, desviei meu olhar com curiosidade, e me arrependi amargamente.

Ali, parado, me encarando, estava Yuri.

Mil pensamentos passaram pela minha mente, ele estava se abaixando na minha direção, o que isso significava? Ele parou, me encarando mais de perto, e minha respiração começou a ficar descompassada.

— Você está no meu lugar... - murmurou, depois de passar alguns segundos estático.

The fear of falling apart