Aqueles cabelos castanhos na altura dos ombros, contrastando com a pele clara. Aqueles olhos verdes profundos dos quais parecia impossível escapar. O corpo curvilíneo, com seios fartos. Os lábios rosados e carnudos na medida certa....

- OH! Incrível, Takanori! Pra quem tem seu gosto para roupas até que você tem bom gosto para mulheres! – o baixista disse.

O vocalista soltou um grande suspiro de alívio ao ver que a robô havia pegado um roupão no banheiro. Reita andava em volta dela, analisando todos os detalhes.

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- Prazer, eu sou Akira! – ele disse rindo.

- Prazer em conhecê-lo, Akira, eu sou ‘001:665:78910 – Normal Series’ da Kronos Heaven.

- Ee? – Reita parou um pouco olhando para ela e então se voltou para o amigo – você ainda não deu um nome a ela?

- Ee? Eu preciso fazer isso?!

- Claro que precisa, Takanori! Você vai apresentar ela por aí como 001 por acaso?

- Me dê um nome, por favor, Taka~ - ela disse fazendo biquinho.

- Olha... eu não estou na melhor fase da minha criatividade para dar nome às coisas ...

- Hmmm... – ela fez cara de emburrada.

- Tudo bem... Taka~ - falou Reita zoando o vocalista – eu te ajudo a pensar em algo.

- Oh, obrigada, Akira-san! – disse a cyborg se animando e dando aquele sorriso.

- Tudo bem, tudo bem – ele riu sem graça – vamos ver...já que ela tem essa aparência de estrangeira, o nome também tem que ser... mas qual país?

- Eu posso falar qualquer língua – ela disse sorrindo.

- Eee... – disseram os dois rapazes juntos.

- Ela parece um pouco francesa - comentou Reita agora que olhava bem.

- Ee... eu não sei nenhum nome francês! – Ruki disse erguendo as sobrancelhas.

- Eu só sei Cecile – murmurou Reita.

- Porque raios você sabe isso? – perguntou o vocalista desconfiado.

- É o nome da padroeira da música, ora – ele cruzou os braços – É algo que você devia saber também!

A nova namorada de Ruki esperava sentada no chão, ao lado de Koron, ao mesmo tempo em que fazia carinho no cachorro.

- Certo, er... como é mesmo? – Ruki perguntou

- Cecile.

- Cecile? Hmmm... – ele se virou para a garota e perguntou – O que você acha desse nome?

- É bonito – disse sorrindo

- Hm! – ele concordou – Combina com você. Prazer Cecile! – ele disse com um sorriso enorme.

Ela corou furiosamente

- Ei, ei! – exclamou Reita – Ela é programada pra fazer isso?

- Aparentemente sim – Ruki respondeu.

- Oh~ Legal... – o baixista já estava seriamente pensando em encomendar uma namorada para si. Mas pensando melhor, Ruki seria a cobaia, se tudo desse certo para ele, quem sabe depois... – Ei, Takanori, você devia dar umas roupas a ela!

- Sim, eu sei – disse lembrando-se da cena um pouco antes – Mas obviamente não tenho roupa de mulher aqui, só esperava que ela chegasse aqui em 3 dias! Acho que devíamos sair para comprar agora.

- O QUE?! DE JEITO NENHUM!! Com esse seu mau gosto não quero nem ver como você a vestiria! – disse Reita logo sacando o celular do bolso – Vou ligar pro Kouyou, ele que tem bom gosto com essas coisas.

***

- Ei, Takanori, o que você acha da gente passar em algum lugar pra tomar café da manhã antes de irmos às compras? – perguntou Uruha – Ainda é muito cedo e de tanta empolgação eu esqueci de comer algo antes de sair.

- Claro, Kouyou, eu também acabei não comendo nada...

- Você devia ter dito que estava com fome, Taka, eu poderia ter cozinhado algo para você.

- Você cozinha?! – perguntou Reita surpreso.

Os quatro estavam dentro do carro do baixista, indo para algum lugar que Uruha dizia ser ótimo para comprar roupas. O guitarrista ia à frente com Reita, e Ruki e Cecile iam atrás

- Sim, algumas coisas apenas – ela respondeu.

- Ee... que outras coisas legais você programou nela, Takanori? – Uruha perguntou virando-se no banco para olha-lo.

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- Não me lembro, foram muitas – ele respondeu olhando a paisagem que passava.

- Mas como é impressionante, né. Não é à toa que todos os clientes ficam satisfeitos – comentou o guitarrista olhando para Cecile – Até levei um susto! Hahaha~ - e virou-se para frente.

Quando Reita telefonou para Uruha naquela hora, lhe disse que ele e Ruki passariam para busca-lo pois tinham uma missão importante para o amigo. Ainda era cedo e Uruha estava bem lento, então acabou nem perguntando detalhes.

Mais tarde os amigos chegaram e apresentaram-lhe Cecile, e como sempre Uruha conversou e fez algumas brincadeiras com ela.

- Como você conheceu nosso chibi aqui, Cecile-san? – o guitarrista havia perguntado sem saber de nada.

- Do que você ta falando, Kou? Ele a comprou pela internet! – riu Reita.

O choque fora tão grande que fez Uruha ficar cerca de 10 minutos parado boquiaberto encarando a garota. Só depois de explicar tudo a ele que eles finalmente saíram.

Enquanto Sex Pistols tocava no rádio do carro, Cecile observava o namorado que parecia bastante desconfortável. Ela o olhava e mexia tensamente na barra da jaqueta dele que estava vestindo. “Essa roupa tem o perfume do Taka”, ela pensou e corou um pouco, mas ninguém percebeu.

- Nee, Taka...

- Hmm? – ele continuou encarando a paisagem.

- Você está se arrependendo de ter me comprado? – ela perguntou olhando para os próprios pés. Os 3 rapazes no carro a olharam, sendo que Reita o fez pelo retrovisor.

- Por que está perguntando isso? – Ruki estava pasmo.

- Ah...bem, você parece chateado.... – Uruha e Reita voltaram seus olhares para o vocalista.

- Eu... não é nada, estou apenas pensando em alguns problemas, não se preocupe – ele forçou um sorriso, mas isso não a tranqüilizou nem um pouco.

A viagem continuou apenas com o som do rádio, até que estacionaram na frente de um café. Todos saíram do carro e Uruha e Reita foram entrando na frente. Mas antes que chegasse a porta do estabelecimento, Ruki sentiu sua blusa sendo puxada por trás. Ele se virou e viu que Cecile a segurava, de cabeça baixa.

- Nee, Taka... e-eu gosto muito de você – ela ficou bem vermelha e só faltaram corações saírem voando da cena, mas Ruki não se deixaria enganar por um robô.

- Você diz isso apenas porque foi programada – ele disse frio.

- Bem... sim, mas...

Ele se soltou e adentrou o café.

***

- Ne, Cecile-san, você... tipo... come? – perguntou Uruha agora que estavam acomodados.

- Sim, sim – ela riu.

- Mas tipo... come como um humano?

- Posso comer se quiser, mas eu não sinto fome.

- E não estraga as coisas aí por dentro? Você não vai começar a derreter, né? – dessa vez foi Reita que perguntou.

- Você realmente anda vendo uns filmes estranhos, Akira! – Uruha deu um tapa nas costas do baixista, fazendo Cecile rir.

Uma garçonete trouxe o cardápio e os rapazes fizeram seus pedidos, e enquanto esperavam que as coisas chegassem, Uruha e Reita comentavam algo sobre jogos de PSP, que não interessavam em nada a cyborg. Ela tinha coisas mais importantes para se preocupar.

- Taka, posso te fazer uma pergunta?

- Pode – ele respondeu sem olha-la.

- Quando estávamos em sua casa você disse que não está na melhor fase de sua criatividade.... É por isso que você ta preocupado? Será que eu posso fazer algo para te ajudar? – ela perguntou abaixando o rosto para olhar o dele. Obviamente que esta questão chamou a atenção dos outros dois na mesa.

- Essa foi a exata razão por que ele.... – ia respondendo Reita quando Ruki o interrompeu.

- Escuta! Em 7 dias eu vou te devolver pra empresa! Então não fique se metendo no que não é da sua conta! – ele parecia bastante bravo, e não reparou na mudança de expressão da cyborg que os outros dois viram.

Ela fechou a cara e bateu com a mão direita na mesa.

- Só porque você ta de mau humor não precisa descontar nos outros, Takanori!

E ela simplesmente se levantou e saiu andando café afora. Não tinha nenhum cabimento seu namorado trata-la assim quando ela estava apenas querendo ajuda-lo. Essa era mais uma das programações dela? Nunca havia sentido aquela emoção antes. Até porque ela só tinha algumas horas de vida.

Enquanto isso, no café.

- Você a programou pra ser esquentadinha? – perguntou Uruha com as sobrancelhas erguidas.

- Oi, oi, Takanori. Tudo bem deixa-la sair por aí assim? Eu tenho quase certeza que ela não vem com GPS e é bem capaz que ela se perca – disse Reita.

- E alguém pode acabar descobrindo que ela é um robô e então querer rouba-la – completou o guitarrista.

Ruki hesitou um pouco, mas então se levantou com um sonoro “droga!” e saiu atrás de sua pseudo-namorada.

***

“Droga, droga, droga” ele ia repetindo enquanto andava apressadamente pelas ruas, procurando por Cecile. “Onde raios ela poderia ter ido?”, ele pensava.

Reita e Uruha haviam prometido ficar no café esperando, para o caso dela voltar, o que eles duvidavam muito que ela conseguisse sozinha. Talvez eles devessem comprar um celular além de roupas.

O vocalista já estava andando há uns 15 minutos quando se deparou com um amontoado de gente. “Será que...”. E começou a se enfiar no meio do povo para ver o que estava acontecendo.

A cena era a seguinte: Cecile, vestida com um moletom velho de Ruki estava rodeada por 3 caras que não pareciam nada legais.

- Ah, qual é, gatinha... você vai se divertir bastante com a gente – disse um deles, que a segurava pelo braço.

- Eu já disse que não estou interessada – ela falou friamente.

- Mas você está sozinha, não? Qual é o problema de tomar um ‘café’ conosco? – disse sarcasticamente o segundo que tinha uma aparência um tanto perturbadora, com alguns dentes faltando e algumas cicatrizes no rosto.

- Eu já tenho namorado, não vou sair com outros caras, principalmente um bando de feiosos como vocês! – ela respondeu firmemente, tentando se soltar.

- Mas ele não está aqui, não é? – perguntou o que a segurava.

Ela baixou a cabeça e mordeu o lábio inferior.

- É claro que eu to aqui! – exclamou Ruki depois de se recuperar do choque da situação. Ele andou até Cecile e bateu na mão do cara que a segurava – Tire suas mãos da minha namorada, sim?

- Qual é, cara? Não precisa ser tão rude! – o homem disse rindo, em seguida empurrando o vocalista que caiu no chão.

- Ei! – Cecile falou pegando o homem pelo pulso – Não me importo com o que você faz comigo, mas não se atreva a encostar no meu namorado! – e começou a apertar o pulso que segurava.

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- Ai, ai, ai! – o homem começou a gritar e até se ajoelhou de dor – está bem, já entendi! Me desculpe! Ai, solta!

A cyborg o soltou e se virou para ver como Ruki estava. Nesse momento o homem se levantou e pegando Cecile desprevenida a prendeu numa chave de pescoço.

- Solta ela, maldito! – gritou Ruki se levantando rapidamente, sem saber o que fazer, já que os homens eram bem maiores que ele. Mas ele realmente não precisava fazer nada.

A robô chutou o pé direito do cara para trás, e quando ele perdeu o equilíbrio jogou-o por cima da própria cabeça, o fazendo bater as costas no chão com tudo. E ele obviamente ficou sem ar. Os outros dois vândalos bem que tentaram bater nela, mas com dois ou três golpes eles também já estavam lambendo asfalto.

- Ohh!! – exclamaram as pessoas que estavam assistindo e depois começaram a bater palmas.

- Como você fez isso? – perguntou alguém.

Ruki, porém, não estava gostando nada daquilo. Ele se lembrou que uma das coisas que eles mais enfatizavam nas instruções do site e no manual era que a existência dos cyborgs era um segredo absoluto. Se alguém que não fosse do círculo social do cliente descobrisse, então esse cliente seria obrigado a pagar o preço do cyborg como multa e então devolver o produto.

- Venha, vamos sair daqui – disse puxando Cecile pela mão.

Depois de terem andado um pouco, a cyborg finalmente decidiu quebrar o silêncio.

- Takanori...

- Hm?

- Obrigada por ter aparecido para me ajudar...

- Não que você precisasse da minha ajuda – ele disse num tom sarcástico.

- É... mas eu fiquei feliz...

Ruki ainda a puxava pela mão, e mais algum tempo se passou antes que ele quebrasse o silêncio dessa vez.

- Nee.

- Sim?

- Er... você não vai mais me chamar de Taka? – como ele ia andando mais a frente, Cecile não conseguia ver que tipo de expressão ele estava fazendo, o que a deixou um pouco angustiada, apesar dela não saber como se chamava aquela sensação.

- Não, você não está merecendo – ela disse fazendo bico.

- Eee... – ele exclamou e ambos riram.

Eles chegaram ao café em mais alguns minutos e voltaram para a mesa que estavam antes. Uruha e Reita estavam jogando um com o outro em seus respectivos PSP’s.

- Oi! Vocês demoraram! – disse Reita sem tirar os olhos da pequena tela.

- A Cecile estava fazendo um showzinho para algumas pessoas na rua – Ruki respondeu fingindo indiferença e a cyborg riu.

- Bem, então vamos às compras? – perguntou o guitarrista largando o jogo e se espreguiçando.

- Vamos! – responderam os outros 3.