Perdidos Em Nova Iorque

O quanto você me ama?


— Astória? — Rony dissera assim que encontrou a amiga sozinha em seu setor — Cadê todo mundo?

— Todo mundo quem? —perguntou sem tirar a concentração do computador.

— Todo mundo: Hermione.

— Já foi almoçar.

— Ela está no refeitório?

— Não, foi almoçar fora hoje.

— E você sabe onde ela foi almoçar?

— Pra que tanta pergunta, Weasley? — finalmente fitou-o.

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— Só me diga onde ela está, eu preciso falar com ela e sei que você sabe onde ela está! Por favor, Tory...

— Ela disse que precisava de um tempo pra pensar. — deu de ombros, se não dissesse com as palavras claras onde ela estava não seria culpada por revelar parcialmente sua localização.

— Obrigado! — entendeu o que a amiga quis dizer e saiu apressado.

Pegou o elevador e caminhou o mais rápido que pode até o Central Park e lá a encontrou. Sentada em baixo da mesma árvore de sempre! Seus olhos estavam fechados e ela parecia respirar fundo. Ele sabia que aquilo significava que ela estava tentando se acalmar.

Respirou fundo e encaminhou-se até ela. Não queria atrapalhar o momento de paz dela, mas seria necessário. Não aguentava mais aquele clima estranho com ela, teriam que resolver seus problemas logo.

— Mione... — ele disse ao se aproximar e ela assustou-se.

— Ron? O que faz aqui?

— Eu quero falar com você.

— Comigo? — ela parecia assustada e ele sentou-se ao seu lado — Não podemos fazer isso depois?

— Não, não podemos! — ele disse segurando o braço dela quando ela ameaçou se levantar — Você não vai mais fugir de mim.

— Não estou fugindo de você.

— Está sim. Não sei por que, uma hora ou outra você teria que falar comigo, então quanto antes melhor.

— Por quê?

— Porque eu não consigo parar de pensar naquele beijo.

— Não teve beijo nenhum. — ela disse desviando o olhar dele, abraçou as próprias pernas e passou a fitar a grama.

— Teve sim e eu sei que foi tão bom pra você quanto foi pra mim.

— Você é muito convencido, não acha?

— Não, não acho. Estou apenas dizendo a verdade porque eu te conheço Hermione! Sei muito bem que foi bom pra você.

— Não foi bom coisa nenhuma! — disse irritada.

— Não minta! Eu posso até ter te agarrado, mas você correspondeu porque quis. Porque gostou e porque queria me beijar tanto quanto eu quis beijar você!

— Ronald, eu vou te pedir uma única coisa, ok? Vá embora daqui!

— O quê?

— É isso mesmo que ouviu.

— Vá embora daqui! Suma! Desapareça e faça-me o favor de esquecer que eu existo.

— Eu não vim até aqui pra brigar com você. — alertou ao ver que ela já estava exaltada.

— Então por que veio? Queria que eu te dissesse que está tudo bem e te beijasse também? É isso?

— Claro que não!

— Então queria o quê? Anda, me diz!

— Eu queria conversar, Hermione! — irritou-se também — Falar sobre nós dois, como estamos e como vamos ficar! Eu sei que aquele beijo significou algo pra você porque também significou pra mim!

— Não me interessa o que significou pra você! Não existe um “nós”, Ronald.

— Como não existe?

Como não existe? — ela repetiu incrédula — Caso não se lembre o “nós” existia há muito tempo atrás, e só parou de existir por sua causa, por seu puro egoísmo!

— Eu não quero falar sobre isso, não vim aqui pra isso.

— Ah, não quer falar? Pois eu acho que já passou da hora de resolvermos essa palhaçada toda!

— Palhaçada? Você está chamando o que tivemos de palhaçada?

— Aos meus olhos só pode ser isso, pois aparentemente eu fiz o papel da palhaça o tempo todo!

— Você só pode estar brincando comigo!

— Quem sempre brincou aqui foi você, Ronald! Brincou comigo e com meus sentimentos. Me fez de boba a vida toda!

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— Eu fiz você de boba? Só pode estar louca! Por que eu teria feito você de boba?

— Me fez acreditar que gostava de mim tanto quanto eu gostava de você! Que iria me valorizar e tudo o mais. E aquele papinho de amor da sua vida? Foi tudo mentira, não foi? Me iludiu a vida toda e ainda tem a cara de pau de vir aqui querer falar sobre “nós”, você é um hipócrita Ronald Weas... — ela fora impedida de terminar, pois Rony a interrompera beijando-a.

Hermione que tinha olhos marejados permitiu que as lágrimas rolassem por seu rosto e apesar de ter sido interrompida por Rony ela ainda estava exaltada. Tinha sido pega de surpresa, não esperava que o ruivo a beijasse no meio de seu monólogo. Ela estava preparada para despejar um grande número de ofensas sobre ele e eliminar toda a frustração que guardara para si nos últimos anos, mas sentir os lábios dele sobre os seus a desestruturara por completo.

— Nunca mais repita uma besteira dessas, me ouviu? — ele pediu assim que cessou o beijo. Segurava o rosto dela com uma de suas mãos, mantendo-o perto do seu para fitá-la diretamente nos olhos. — Eu nunca menti pra você sobre nada, muito menos mentiria sobre isso. Você sempre foi o amor da minha vida, nunca duvide disso, ok? Isso me machuca e muito.

— Se me ama tanto como diz por que me deixou partir? — perguntou chorosa.

— Eu pedi pra você ficar. Ficar comigo lá em Londres...

— Não, não é dessa maneira que estou falando. Você me deixou partir da sua vida, Ron. Nada nos impediria de permanecermos juntos, nada. Se esse amor fosse verdadeiro nada nos impediria.

— Hermione...

— Não tem essa de “Hermione”, Ronald. — ela se afastou dele — Você me deixou partir da sua vida porque é egoísta! Não consegue pensar em nada além do seu próprio umbigo! Nunca pedi que me colocasse a frente das suas necessidades e vontades, mas quando você inicia um relacionamento com alguém precisa saber que é necessária parceria entre ambas as partes, sabia? É preciso que um apoie o outro e não que um viva em função do outro.

“Não quero jogar nada na sua cara para que fique com a consciência pesada, muito menos pedindo algo em troca por tudo o que fiz pra você, mas... Já tínhamos passado por aquela situação outras vezes e eu te dei todo o apoio desse mundo, porque eu queria que você fosse feliz, que realizasse seus sonhos! Porque você merecia e eu não poderia dar aquilo a você, muito menos tirar a sua chance de receber. Então eu te apoiei, o tempo se arrastou, mas uma hora você voltou. Uma hora você estava lá comigo! E quando a situação foi inversa você me abandonou.

— Eu não abandonei você, Hermione.

— Me abandonou sim. Eu precisava do seu apoio mais do que o de qualquer outra pessoa e você não me deu! Eu chorei todas as noites até a viagem e depois que cheguei aqui eu fiquei completamente sem rumo. Acredito que se não fosse o contrato a Minerva já teria me mandado embora por conta do meu desempenho. Eu pensei que minha vida tinha acabado, não tinha mais razão para que eu realizasse sonho nenhum se não tivesse você.

“Durante muito tempo eu me senti culpada e egoísta por ter te deixado e vindo pra cá, e todas as pessoas com que eu conversava me diziam que o único egoísta da situação era você. Eu levei muito tempo pra perceber isso, muitas vezes eu pensei em desistir e voltar pra você... Mas eu sabia que se voltasse seria a mesma coisa de sempre, eu teria que viver em função de você.

— Não fala assim...

— Eu falo Ron, e você me pede pra parar porque sabe que é verdade.

— As coisas não eram assim, Hermione. Nós sempre fomos parceiros, tem alguma dúvida disso? Não acredito que por causa de um mero deslize você passe a desconsiderar tudo aquilo que vivemos.

— Deslize? Um mero deslize? — a voz dela estava muito baixa pelo fato de estar chorando — Eu sofri por muito tempo por conta de um mero deslize? Acho que temos ideias diferentes sobre quem está desconsiderando o quê.

— Eu errei, Hermione! Você por acaso acha que eu não sofri? Que também não chorei todas as noites? Que não quis vir atrás de você?

— Eu não acho nada!

— Por mais que você não se interesse por isso, fique sabendo que sim, eu sofri. E sofri demais. Sei que fui um tremendo egoísta e idiota e tive que conviver com as minhas escolhas me martirizando todos os dias. E quando eu cheguei aqui e te vi com outro cara... Poxa Hermione, ele te pediu em casamento na minha frente! Aquilo acabou comigo. Foi de longe o pior momento da minha vida. O único nome que poderia estar em volta do seu dedo era o meu, não o dele. Desde que tínhamos catorze anos eu sonhava com esse momento... Você tem noção do quão difícil é ter que vivenciar tudo isso?

— Isso aqui não é uma disputa, Ron. Não me importa quem sofreu mais ou quem sofreu menos. A única coisa que me importa agora é a mim mesma e a maneira como vou seguir em frente.

— Como você vai seguir em frente? E nós, Hermione?

— Como eu havia dito: não existe um nós. Depois de todos esses anos eu tinha que ter aprendido algo com você, não é mesmo? Pensar só em mim.

— O que quer dizer com isso?

— Quero dizer que eu vou deixar tudo isso pra trás. Eu tenho um noivo e é com ele que vou construir meu futuro!

— Você não pode se casar com ele, Hermione!

— Por que não?

— Porque não. Eu já disse que a pessoa com quem deve se casar é comigo! Seu futuro é ao meu lado.

— Não seja idiota. Vítor vai me fazer feliz, eu contarei tudo a ele e nós nos casaremos.

— Hermione, o combinado sempre foi que eu é que faria você feliz. Assim como você sempre me fez! Não o Vítor!

— Não dá mais, Ron. Acabou.

— Você não me ama mais?

— Pare com isso...

— Responde Hermione! Ama ou não ama?

— Eu realmente preciso te responder? — ela secou as próprias lágrimas — Acredito que não teria sofrido tanto, ou melhor, ainda sofro se a resposta fosse não.

— Então por que vai se casar com ele? — ele voltou a segurar o rosto dela, forçando-a a olhá-lo.

— Porque é o certo a fazer.

— Não, não é!

— Foi ele que me ajudou quando precisei. Que tentou preencher o vazio que você deixou... É o certo sim.

— Não é o certo, você só precisa me perdoar...

— Eu não preciso te perdoar. Nunca guardei rancor de ti, Ron... Mas nós precisamos seguir em frente. Não deu certo, não era pra ser.

— Se não fosse pra ser nós não estaríamos aqui, Hermione. Nem mesmo um oceano inteiro foi capaz de nos manter longe. Não é coincidência nem nada, é só a vida nos mostrando que pertencemos um ao outro, não importa quantos anos passem ou quão distantes estejamos, você entende?

— Me esqueça, está bem? Fique longe, não fale mais comigo se for preciso, mas me esqueça. Eu vou me casar e você terá que seguir em frente também...

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— Não precisa ser assim.

— Só me deixe tentar algo novo, ok? Eu quero que você seja feliz, Ron. Mas antes de desejar a sua felicidade eu preciso desejar a minha, e quero que as coisas deem certo com ele.

— Você não vai ser feliz com alguém que não ama! Acredite, eu tentei seguir em frente, mas não dá... Não enquanto meu coração ainda for seu. Estou te pedindo uma chance, Hermione.

— Pare, por favor... — ela chorava copiosamente.

— Eu quero tentar, Mione.

— Eu também queria e queria muito mesmo. Mas não dá, eu não posso mais viver num relacionamento assim. Eu preciso de alguém que me apoie, que cuide de mim, que não seja apenas meu namorado. Eu preciso de um amigo, um parceiro! E enquanto você não aprender a ser assim, Ron, me desculpe... Não dá.

Enquanto Hermione chorava, Rony tentava controlar as próprias lágrimas. Ele procurava palavras para continuar, mas sabia que não conseguiria. Ela não estava falando nada além da verdade. Ele tinha sido um bom namorado para ela, mas vacilara infinitas vezes no quesito parceria.

Sempre que precisou ela o apoiou, fez o possível e o impossível para vê-lo feliz. E na única vez que ela precisara do apoio dele ele a abandonou, permitiu que ela saísse de sua vida e jogasse fora tudo o que tinham construído juntos.

Ele não merecia uma segunda chance, não quando ela já tinha lhe dado várias outras que foram desperdiçadas por conta de seu egoísmo. Ele não tinha o direito de pedir que ela terminasse com seu noivado nem nada do tipo, merecia apenas o desprezo dela. Mas nem isso ela fora capaz de lhe dar, era uma pessoa muito melhor do que ele para guardar rancor, raiva ou qualquer outra coisa.

Ele a perdera e teria que aceitar, convivendo todos os dias com a dor do arrependimento. Respirou fundo e a única coisa que lhe passara por sua cabeça fora uma pergunta boba que ele sempre lhe fazia e ela sempre lhe respondia da mesma maneira. Quando mais jovens os dois viviam brigando, e quando passaram a namorar as coisas não melhoraram muito.

Existia até a postura “Eu te odeio mais do que tudo Ronald Weasley!” que marcava o inicio das brigas deles e ele por mais que odiasse brigar com ela, achava uma graça vê-la irritada. Depois disso vinham as famosas “surras” que ele dava nela, e só assim ela relaxava, permitindo que ele se aproximasse e depois vinha a eterna pergunta, sempre repetida após as discussões deles. E como haviam acabado de discutir, o costumo levou-o a perguntar.

— De zero à dez, o quanto você me odeia? — ele perguntou e ela que escondia o rosto nas mãos enquanto chorava, fungou e levantou o olhar para ele.

— Dez. — ela respondeu fracamente.

— E o quanto me ama?

Ela soltou um longo suspiro e antes de responder secou suas lágrimas novamente. Buscou força e coragem para fitá-lo nos olhos quando o respondesse:

— Onze.

Rony abraçou-a pela cintura e ela o envolveu pelo pescoço, deixando sua cabeça descansar nos ombros largos e fortes do rapaz enquanto soluçava.

— Um... Dois... Três... Quatro... — Rony começara a contagem dos cinco segundos, esperando a resposta que lhe faltava para tirar-lhe qualquer incerteza que ainda restasse em seu coração em relação a ela. — Cinco.

E assim que a contagem terminara ela ainda permanecera abraçada a ele, a regra dos cinco segundos era sagrada e jamais quebrada. Cinco segundos, após toda aquela discussão, foram o suficiente para provarem um ao outro que ainda se amavam. Que um ainda era o amor da vida o outro e que realmente aquele sentimento representava uma infinidade para ambos.

Cinco segundos de toda uma eternidade.