Trailer

"Eu esperaria por você para sempre e mais um dia.
Seu mundo é o meu mundo.
De jeito nenhum você vai conseguir
Menos do que deveria.
Se você precisar de mim eu irei até aí,
De mil milhas de distância.
Pegue meu coração aberto
E tudo o que ele oferece
Porque isso é tão incondicional quanto é possível.
Minhas cartas estão na mesa,
Estou disposto e sou capaz,
Você ainda não viu nada.
Você sorri, eu sorrio."

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U Smile – Justin Bieber

~*~

– Você se esqueceu de me dizer isto? – Ri.

– Sim, foi mal.

Estava ao telefone com Jacob, havia tempos que ele tinha saído e depois de Charlie e eu jantarmos recebi sua ligação me dizendo que havia deixado de me dizer que eu deveria ir a La Push na segunda-feira.

– Eu não sei. Talvez Charlie não seja a favor desta saída.

O xerife estava sentado à mesa e ouviu claramente quando o incluí na equação.

– Se ele a está convidando para ir à reserva você tem minha permissão, contanto que volte antes do anoitecer – anunciou sem tirar os olhos do jornal que lia.

Eu ri.

– Você ouviu Jacob?

Sim. Ao menos Charlie ainda tem algum juízo na cabeça e mesmo você sendo teimosa agora não há mais desculpas. Sei que não está mais de castigo.

– Sim, isto é verdade, minha semana de penitência já acabou. Mas eu ainda não disse que vou, acaso se esqueceu que prometi jamais voltar lá?

O ouvi bufar.

Boa tentativa. Se nem mesmo Sam implicará com algo será você a fazê-lo? Está perdendo seu tempo com essa conversa Liese, sabe que posso ir buscá-la caso continue se opondo a vir. E posso aparecer na forma de lobo, aí veremos se realmente não tem medo de mim.

Tornei a rir.

– Ui, assustador – provoquei, contudo depois o acalmei confirmando que amanhã depois das aulas estaria em sua casa.

­– Ótimo. Finalmente se decidiu. Então essa é minha deixa para voltar aos afazeres, sabe, tive que encontrar um telefone público que estivesse sem uso e sem testemunhas no momento, porque acabei perdendo minha bermuda no caminho para cá.

Eu pisquei atônita e em seguida explodi em risadas.

– Está rindo porque não é você quem está nessa cabine, com os ‘documentos’ à vista. Ao menos não é um local movimentado, se bem que... É, tem um carro vindo. Tenho que ir, até amanhã. E nem tente arranjar desculpas porque eu realmente vou até aí se for preciso!

Depois de dizer as últimas palavras ele desligou me deixando recostada à parede tendo crises de risos, o fone na mão e o olhar confuso de Charlie sobre meu rosto.

Ainda mantinha meu olhar surpreso sobre o corpo avantajado de Jacob, agora sereno e perfeitamente inofensivo, o peito subindo e descendo vagarosamente num ressonar baixo de quem havia se entregado aos sonhos sem deixar pendências para trás. Quando viera até sua casa nesta quinta-feira eu não esperava ter de lidar com isso, mas depois de meia hora assistindo aos programas chatos da tevê até mesmo eu havia ficado com sono.

Billy soltou um muxoxo.

– Esse moleque... – Então suspirou. – Ele não tem passado mais que algumas horas em casa e a maioria delas são com você.

Me senti inquieta pensando se aquilo havia sido um elogio ou uma advertência. Claramente vendo que me incomodara ele me deu um sorriso mínimo.

– Desde que a mudança aconteceu nunca o vi feliz. Nunca mais o vi rir e nem mesmo reclamar, ele literalmente se transformou da noite para o dia. Foi duro presenciar algo assim, no meu papel de pai. Então o que quero dizer é que sua amizade parece ter sido a melhor coisa que aconteceu a ele. Está novamente mudado, mas de um jeito bom. Ele está voltando a ter um pouco do garoto despreocupado e tranquilo, ele está bem agora. Ele está bem.

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Suas palavras tocaram fundo em meu peito.

– Se isto faz diferença, saiba que ele faz muito mais bem a mim.

Billy então sorriu de uma forma mais aberta.

– Obrigado Aneliese.

Sorri em resposta.

Passados alguns minutos anunciei que seria melhor que fosse embora e deixasse Jacob descansar, pois ele claramente estava exausto. O serviço da alcateia exigia muito de seu esforço físico e mental, mesmo a situação estando sob controle ele tinha de estar sempre alerta, contudo ao menos durante as tardes conseguira uma pausa e desde então nos encontrávamos todos os dias em sua casa.

Billy me acompanhou até a porta e me despedi dele com um aceno, chovia consideravelmente e corri até a picape evitando me molhar demais.

– E você Liese? Já sabe quem vai levar ao baile?

Eu havia fechado meus olhos e tentado fingir que estava descansando, mas minha tentativa de ficar alheia ao assunto não surtiu o efeito esperado. Estando sentada à minha mesa de costume no refeitório, rodeada por pessoas não havia como deixar de ser notada.

– Eu não pensei sobre isto ainda – respondi concisa.

– Como ainda não pensou? Pensei que estivesse claro que iríamos juntos – provocou Mike.

O olhei de soslaio.

– Talvez só para você.

Risadas ecoaram pelo salão.

– Ah Liese, você não vai, não é? Tenho certeza que está enrolando pra revelar quem será seu par porque na realidade não quer ir – interpelou Jessica.

Dei uma risadinha.

– Não é nada disso Jess, eu apenas realmente ainda não parei para analisar o assunto.

– Mas isto de algum modo significa que pouco se importa. Ora, vamos Liese, vai ser divertido. Bem, Lauren e eu também ainda não temos pares então já que esses garotos não fazem por onde porque não vamos as três juntas?

Ouve uma ovação quando ela finalizou a frase, alguns meninos não ficaram satisfeitos com o pouco caso que ela fazia deles.

– O que é Jessica? Se esqueceu de que este é um baile onde as meninas fazem o convite?

– Não, não me esqueci, Tyler e é justamente a isto que me refiro: se tenho a chance de escolher meu acompanhante imagino que ele tenha ao menos que merecer o posto – rebateu.

Houve mais risadas e reclamações, os alunos estavam em polvorosa. Eu me divertia com o embate e decerto concordava com minha amiga, ao refletir sobre o assunto vi que não havia sequer um estudante na Forks High School em que eu tivesse interesse de ficar ao lado durante uma noite inteira.

Me aproximei de Angela e lhe perguntei em baixa voz:

– Ang você sabe se é permitido convidarmos pessoas que não estudem nessa escola?

Ela assentiu.

– Sim, é sim. Eu tenho uma prima que estuda em Port Angeles e já veio a duas ocasiões.

Meu rosto se iluminou e uma ideia se formava no fundo de minha mente. Com o soar do sinal tive de deixá-la de lado, contudo pretendia pô-la em prática ainda esta tarde.

Jacob me encontrara enquanto eu dirigia pela estrada que ligava o centro de Forks a reserva, eu vira perfeitamente suas formas de lobo passando rapidamente entre as árvores enquanto corria e parei a picape no acostamento para esperá-lo se trocar. Assim que assumiu a forma humana veio ao meu encontro e ao sentar no banco do passageiro me avisou que iríamos numa direção diferente hoje.

– O tempo está bom e acho que já investimos horas demais na velha garagem, pensei em irmos à praia, o que acha?

Meu sorriso de resposta foi contagiante.

– Definitivamente é uma boa ideia!

Eu amava a praia. Estar perto do mar sempre me atraía e alegremente manobrei a picape para o caminho contrário.

– E então, como está o serviço? – Brinquei.

Ele fungou uma risada.

– Fácil demais. Sem graça até. Mas essa é a parte boa – me olhou sombriamente.

Sem querer refletir sobre o significado de suas palavras tratei de mudar o tópico da conversa.

– E a escola? Você não vai mais?

Seu semblante se tornou desanimado.

– Às vezes. O começo foi a parte mais difícil, me acostumar às emoções descontroladas, à intensidade dos sentimentos... Não podia correr o risco de acabar machucando alguém. Paul já passou por isso inúmeras vezes – revirou os olhos.

– Acredito que sim.

– Mas é uma coisa série, Liese. É a vida de alguém, sabe? Que direito nós temos de brincar com isso? Eu me sinto mal sempre que me acalmo e vejo o que estive a ponto de fazer. Já estive perto de cometer uma grande besteira e...

– E o quê?

Ele fitava a frente, olhava a estrada pelo para-brisa, mas não parecia realmente interessado em ver alguma coisa.

– A única vez em que quase me excedi, em que quase agi por impulso deixando o animal dentro de mim dominar foi naquele dia na garagem, se lembra?

Respirei fundo. Claro que eu me lembrava, eu vira que Jacob ficara transtornado, mas mesmo tendo suspeitado que estivesse fora de si ter a confirmação era diferente. Esta vida que eu vivia não era uma brincadeira. Esta vida era assustadoramente real e eu estava vivendo dentro do perigo. Não era muito animador constatar isto.

– Não é bom para você ficar tão próxima a mim.

Ri desanimadamente.

– E qual é a alternativa? Deixar de sermos amigos?

O silêncio predominava bastante em nossas conversas nos últimos dias.

– Não. Esta não é uma alternativa.

Eu poderia dizer que havia ficado contente com sua resposta, mas de fato estava assustada. Eu mergulhara demais num mundo de sonhos e fantasias, num mundo de ameaças e eu estava gostando.

Devia mesmo ter ficado insana!

Minha mãe me mataria se soubesse onde estou...

­Como ninguém estava disposto a alimentar assuntos deprimentes trocamos o foco de nossas palavras e conseguimos chegar à First Beach com o humor renovado. Jacob pareceu outra pessoa quando me perguntou se gostaria de apostar corrida até a água.

– Está me subestimando, senhor Black?

– Imagine, senhorita Rodrigues.

Eu ri.

– Está bem, vamos no três. Preparado? Um, dois...

Não fui honesta, mal comecei a contar e disparei pela areia pegando-o desprevenido enquanto checava o cadarço do tênis. Jacob protestou e começou a me perseguir rindo, não pude evitar as gargalhadas ao vê-lo me alcançar e isto me fez perder a velocidade.

Quando chegou bem perto ele me agarrou, abraçando-me por trás e levantando-me do chão.

– Peguei! HAHAHA perdeu.

– Ah isto não vale – arfei enquanto ele me recolocava no chão. – Foi trapaça, quero o juiz!

– Foi trapaça é? E como se chama o que você fez ali na largada?

Ri ainda mais, respirando com dificuldade por causa da corrida.

– Ai, tá, eu cansei.

– Como você está fora de forma.

– Fica quieto – dei-lhe um empurrão, mas ele sequer saiu do lugar. – Não é justo competir com um super-humano.

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– Gostei disso. Define bem o que sou: um cara excepcional.

– HAHAHA Jacob Black e seu orgulho sem tamanho.

Encontramos um tronco esbranquiçado perto da margem e nos acomodamos nele. Ventava bastante e quando o calor do exercício foi sumindo eu puxei o casaco de linho para mais perto, cobrindo meu peito.

– Com frio? – Ele sorriu galanteador.

– Exibido – murmurei.

Apesar da provocação ele se achegou e passou um braço sobre meus ombros, foi uma sensação gostosa, pois seu corpo era febril.

– Gosto daqui – anunciou depois de um instante.

– Eu também. Mas imagino que você tenha tido chance de se apegar mais.

– Há muitas praias em seu país, não há?

– Sim, inúmeras. Infelizmente só conheci algumas, mas são lindas. Principalmente as desertas, porque as mais conhecidas no geral estão repletas de pessoas e sujeira. Devíamos cuidar melhor desse patrimônio.

– Sim, concordo.

– Me fala a verdade Jake: como está seu convívio com os meninos?

Ele encolheu os ombros.

– Já foi mais difícil.

– Mas eles...?

– Não, eles nunca mais disseram uma palavra sequer sobre nossa amizade.

– Isso é bom.

Ao meu lado ele apenas assentiu.

Ficamos quietos observando as ondas indo e vindo, os pássaros sobrevoando as águas e o vento fazendo seu trabalho agitando as folhas das árvores centenárias.

– Você não falou nada sobre si mesma. E a escola, entediante?

Sua frase me fez recordar algo que havia deixado de lado e fiquei um pouco sem jeito de lhe responder. Infelizmente Jacob já havia adquirido prática em interpretar muitas de minhas reações e não fugiu à sua percepção que eu me esquivava.

– O que houve? Está tudo bem? Não tem ninguém implicando com você não é?

– Não, não é isso. Na realidade nunca foi tão agradável frequentar a Forks High School, pela primeira vez estou fora dos dilemas, sou apenas uma estudante comum.

– Não parece algo ruim.

– E não é.

– E qual o motivo da timidez?

Levei as mãos ao rosto por instinto, cobrindo as bochechas.

– Como você sabe o que sinto?

Ele me olhou como quem dizia ‘não seja boba’.

– Já lhe conheço o suficiente para identificar tal coisa Aneliese.

O olhei por um momento e quis acreditar que se tratava de um conhecimento recíproco, gostaria de pensar que ele também se tornara fácil de ler para mim.

– Você está certo – disse por fim. – Bem, há algo na verdade que quero lhe perguntar – mordi o lábio.

Vi que pareceu instantaneamente surpreso, quando o observei de soslaio suas negras sobrancelhas estavam arqueadas.

– E o que é?

– Bem. Este é o problema – ri nervosamente. – Eu não sei como dizer.

Jacob deu um suspiro profundo.

– Eu meio que já ouvi esse papo antes...

Passei uma mão pelos cabelos tentando me livrar do constrangimento.

– Tudo bem. É o seguinte: daqui a pouco mais de um mês haverá um baile. Lá na escola, quero dizer. E é aconselhável que se vá em pares e eu, bom, não quero ir sozinha e bancar a solteirona ridícula, ainda mais quando acabei de terminar um namoro, então, bem... Eu só queria ver se encontrava alguém e eu pensei que talvez, sabe, se você estiver disponível no dia e sem nenhum compromisso que seria legal se você fosse comigo. Quero dizer, como meu par – tagarelei e ao analisar minhas palavras notei o quão haviam ficado confusas. Eu não tive coragem de encará-lo então apenas fiquei observando as ondas.

– Eu podia dizer facilmente que não entendi uma palavra do que disse só para ouvi-la falar de novo.

Ergui o rosto para o seu e ele sorria gentil.

– Está me convidando para ser seu par em seu primeiro baile em Forks?

Pensei por uma breve ocasião.

– Acho que sim.

Ele riu curtamente.

– Eu não danço muito bem. Acho que é a única coisa em que sou ruim, então você vai ter que me aturar pisando no seu pé durante toda a noite.

O encarei em silêncio, depois da piada ele assumiu ar sério.

– Não era necessário toda essa frescura e enrolação.

Estreitei os olhos demonstrando irritação.

– Estou brincando. Eu teria aceitado sem pestanejar, não me importando da forma que tivesse me pedido, por que... É você, ué.

Seu jeito simples de falar acabou por me agradar mais do que se tivesse sido romântico ou formal. Este era meu Jacob.

– Obrigada – sussurrei.

– Não há de quê.

E as nuvens rolaram pelo céu cinza parecendo mais bonitas do que nunca enquanto eu me perdia no calor de seu abraço.