Perdida em Crepúsculo

Manhã dourada.


Trailer


"Eu tentei dizer a mim mesma que ele causava uma boa impressão,
E tentei me obrigar a lhe perguntar algo simples,
Mas eu não sabia como ele se sentia.
Não foi fácil,
Então o deixei escapar...
Mas será que ele sabia que era o único garoto de quem eu precisava?
Será que Edward sabia o quanto eu o queria,
Eu simplesmente não podia mostrar os sentimentos que tinha;
Será que Edward vê em mim o que eu vi nele,
Porque isto é tudo.
Quando o notei olhando em minha direção,
Será que foi apenas fruto da minha imaginação?
E se ele me quisesse do mesmo jeito que eu o queria?
Não havia sinal disso."

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Edward – Shannon Thomas

~*~

Eu devia muito a Alice. Sempre Soube que ela seria quem me ajudaria quando eu precisasse e graças a sua intervenção no horário de almoço pude manter a calma, mesmo quando o que mais queria era perdê-la. As demais aulas por sorte passaram num sopro e ao encontrar Edward de novo pude lidar melhor com sua indiferença. Não era como se eu não me importasse, porque me importava e muito, mas eu era orgulhosa o suficiente para fingir que não ligava.

Agora que estava em casa eu preparava o jantar de Charlie, havia lavado algumas peças de roupa à tarde e isto me mantivera ocupada. De minuto em minuto desde que chegara eu examinava meu celular, mas ele não funcionava, portanto acreditava que não havia nenhum recado de Bella. Eu queria muito poder falar com ela, ouvir melhor sua versão dos acontecimentos, mas enquanto aquele aparelho estivesse pifado eu não tinha escolha senão esperar.

Logo que Charlie chegou eu o acompanhei à mesa, conversando sobre seu trabalho enquanto comíamos, depois subi para tomar banho e me dirigi rapidamente ao quarto, pois aquela noite estava mais fria que as outras. Charlie me alertava que o período de neve se aproximava e eu não consegui ficar ansiosa com isto, detestava o frio e a chuva, nunca fora segredo.

Eu me troquei e peguei minha escova, penteando os cabelos para desembaraçá-los. Lá fora chovia fracamente, mas o vento era potente e sacudia as copas das grandes árvores centenárias, a floresta era um breu sem fim. Com exceção da chuva que nunca dava trégua eu gostava de Forks, em São Paulo era mais difícil estar envolto neste ar de mistério.

Enquanto olhava pela janela novamente comecei a me sentir esquisita, uma sensação estranha de estar sendo observada. Me aproximei mais do vidro e estreitei os olhos, procurando. Houve um clarão seguido do estrondo alto de um trovão anunciando que a tempestade se aproximava. Naquele breve segundo de luz eu pensara ter visto alguém lá embaixo, espreitando entre as folhagens. Isto me deu arrepios, a idéia de estar sendo perseguida nunca era agradável, eu falava a sério, não havia nada de excitante nisto como eu antes pensava, era apenas temor.

Sem querer mais arranjar preocupações adicionais sai logo dali e voltei para o andar de baixo onde me sentia segura junto de Charlie.

Chovera a noite toda, era algo comum, mas desta vez o ruído fora alto e não me deixara dormir bem, eu sentia falta do silêncio de uma noite de verão. Quando o despertador soou eu mal pude abrir os olhos, continuei deitada com o travesseiro em cima do rosto.

Duas batidas na porta precederam o ruído dela sendo aberta.

– Liese, vai se atrasar novamente.

– Estou morrendo de sono – reclamei. A voz abafada pelo grosso travesseiro.

– Não posso lhe obrigar a nada, nem mesmo a ir a escola – disse Charlie. – Porém acredito que não gostaria de perder um dia desses.

Um dia desses? Imediatamente livrei meu rosto, meus olhos piscando freneticamente em meio ao clarão incomum. Eu olhei para Charlie e depois me sentei à cama, observando pela janela, descrente.

Isto é... Sol? – Indaguei feito uma boba, já sorrindo.

Charlie quase riu.

– Sim. E é raro por aqui, é melhor aproveitar.

Semicerrei os olhos. Era engraçado vê-lo tentando me enganar, podia tentar fazer parecer que não, mas o que ele queria na verdade era que eu não perdesse o dia de aula por nada. Eu ri.

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– Já vou me levantar Charlie, estarei pronta num minuto.

– Boa escolha – concordou e saiu me dando privacidade e chance para ficar rindo sozinha.

Quando eu imaginaria que hoje seria um dia quente? Saltei da cama indo primeiro até o guarda-roupa para escolher o que usaria, sabia que as normas da escola proibiam o uso de roupas curtas então optei por uma legging de pano fino e uma blusinha de alças. Tomei banho e desci para o café, cantarolando. Conversei um pouco com Charlie e resolvi sair ao mesmo tempo que ele, disposta a aproveitar melhor o dia ensolarado.

Enquanto dirigia me lembrei de que não veria nenhum Cullen na escola hoje, mas não fiquei tão desolada com a constatação. Sabia que se tivesse de lidar com um Edward frio e ranzinza isto seria capaz até mesmo de estragar meu humor do dia. Fui uma das primeiras a chegar ao estacionamento e saí do carro indo em direção aos bancos de cimento que quase nunca eram usados. Ainda estavam úmidos, mas usei um caderno velho de anotações para cobrir o assento e poder me sentar.

O sol ainda não estava em seu ápice, mas parecia a melhor coisa do mundo. Sentir o calor era reconfortante e me trazia sentimentos saudosistas. Suspirei e olhei ao redor, o clima parecia modificar tudo, os estudantes conversavam e riam, brincando uns com os outros. Não havia como ser alheio a isto tudo. A floresta balançava uniformemente e sem pressa, sendo levada de um lado para outro pela brisa morna e as nuvens claras passeavam devagar pelo céu.

Por mais que tentasse evitar eu pensava em Edward. Achava que estivesse tendo algum progresso com ele, acreditava que houvesse uma forma de estarmos sempre próximos, mas como iria mentir para mim mesma e não dizer que gostava dele? Eu quis que a vida pudesse ser simples... Aqui, sozinha eu via tudo o que já havia se passado e eu mal estivera aqui mais que uma semana. A rotina era disparada se comparada a que eu tinha antes. Eu já tivera chance de sentir medo, tristeza e alegria e às vezes tudo isto de uma vez. Agora percebi que me sentia apenas como uma estudante normal.

Há alguns dias se me dissessem que eu estaria logo em Forks, junto de todas estas pessoas certamente eu não acreditaria.

Voltei a pensar em Edward e no quanto eu queria que o sentimento fosse recíproco. Desejei que ele fosse apenas mais um garoto da escola, sem um passado obscuro para esconder, mas eu estava blefando, porque sabia que sua singularidade era justamente o que me atraía nele. Eu me sentia tão tola. E ainda invasora, eu não tivera como dizer a Bella o que estava fazendo.

Mas...

Edward parecia que passava mais seu tempo me evitando do que realmente tentando ficar junto de mim, todo seu discurso de sábado agora parecia infundado. O que ele pretendia, oras? E se depois de ontem ele nunca mais falasse comigo? Se quisesse já o teria feito, então será que agora eu apenas o importunaria? Será que havia chance de seu interesse anterior por mim ser paixão? Se não fosse, qual seria a explicação?

Ele está intrigado. Nunca houve alguém imune a seu dom, nem alguém de sangue tão apelativo assim para ele, estas peculiaridades com certeza despertaram sua curiosidade. Seria isto? A razão dele se manter por perto era apenas porque queria me conhecer melhor e descobrir o porque de eu causar-lhe estas impressões?

Não foi muito agradável descobrir isto, me fez sentir como uma experiência de laboratório. Mas talvez fosse o melhor. Eu me iludia acreditando que o que havia entre nós era sentimentalismo, pelo que vira de Edward ele não fazia nada sem um motivo. Talvez se aproximar de mim também tivesse sido assim.

Eu sonhara com ele por tanto tempo, devaneara estar ao seu lado, quando na vida algo que se sonha é assim tão fácil de conquistar. Estar em Crepúsculo não significava que eu fosse Isabella Swan. Não, eu não era a Bella e talvez esta fosse a resposta. Senti inveja dela com Alex, eu já me apaixonara por ele uma vez e sabia que gostar dele era fácil, pois apesar de alguns defeitos Alex era um ótimo rapaz. Com eles tudo devia se desenrolar naturalmente...

Mas eu estava em meio a uma história de amor sem precedentes, eu queria mudar algo que já estava escrito, algo que eu já lera inúmeras vezes, algo que eu também desejara com todas as forças que desse certo. Eu era do time deles, de Bella e Edward. Até pensar nos nomes juntos fazia sentido. Não havia qualquer registro de alguma Liese e algum Edward por aí, e se houvesse eu ainda não conhecia.

Sabendo-se sofrer, sofre-se menos. É, meu subconsciente era muito mais sábio do que eu. Descobrir que eu estava fora do jogo era triste, mas não podia dizer que também fosse inesperado. Aquele amor avassalador existia, eu só o procurava no lugar errado.

Tive sorte de estar sozinha e distante dos olhares, pois meu choro pôde ser mudo e discreto. Desta vez eu deixei que me dominasse por alguns minutos e por segurança me virei para a floresta, onde sabia que ninguém podia me ver. Esse verde era lindo. Tudo aqui era. Eu tinha muita sorte mesmo de estar aqui, mesmo que isto me custasse um coração partido outra vez. No fim não havia nada oficial mesmo, era só a minha ilusão despedaçada.

Ainda havia um motivo para eu estar em Forks. Ao menos era o que eu preferia acreditar.

Sequei meu rosto como pude e respirei fundo várias vezes. Puxei o espelho que guardava na nécessaire dentro da bolsa e dei uma olhada rápida, fora o leve avermelhado ao redor dos olhos eu estava bem. De fato quando o primeiro de meus colegas chegou sequer desconfiou de algo. Eu havia vindo cedo para a escola, pareceu se passar muito tempo até que o sinal anunciando a entrada finalmente soou, a esta altura eu já estava rodeada de gente: Jessica, Angela e até mesmo Mike faziam parte do círculo de conversas e risadas. O dia ensolarado atingira a todos.

Parecia que era a primeira vez que eu estava estudando na Forks High School, mas a diferença era que hoje eu não tinha distrações. Sem nenhum Cullen à vista, ficava mais fácil ter bom desempenho nas aulas, mas ao mesmo era patético que eu os deixasse ter tal influência sobre mim. Me perguntei onde estariam agora, pois sabia que a desculpa do acampamento era falsa. Talvez estivessem caçando ou em casa em passatempos diversos.

Eu agora dirigia de volta para a casa, torcendo de verdade para que o próximo dia fosse tão agradável quanto fora hoje.

– Eu não acho que seja nada de mais, afinal quando foi a última vez em que fomos a praia?

Mike tentava de toda forma convencer a turma a ir a La Push, já era quarta-feira e havíamos sido avisados que não teríamos as duas últimas aulas, isto nos dava tempo a mais para aproveitar outro dia de sol. Eu devia confessar que estava tentada a ir, mas além de Mike e Eric os demais ainda hesitavam.

– Bem, quem vai afinal?

– Eu vou, cara – confirmou Eric outra vez.

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– Mais alguém?

– Eu vou Mike, se Charlie não fizer objeção. – Tomei coragem e falei. Não se vive duas vezes e eu desconfiava que menores ainda fossem as chances de eu retornar a Crepúsculo, iria me encarregar de aproveitar tudo o que pudesse!

Sendo a primeira menina a concordar acabei por encorajar as outras e logo havíamos formado um grupo razoável: Eric, Mike, Jessica, Tyler, Angela, Lauren e eu. Preferi ignorar Lauren como fazia ultimamente, não queria arrumar pretextos para brigas.

Combinamos de ir no carro dos pais de Mike que era espaçoso o suficiente para sete pessoas, ele nos buscaria em casa depois que tivéssemos saído da escola. Assim que as aulas terminaram todos correram para aprontar suas coisas, eu conversara um pouco com as meninas e decidimos levar comida de casa e fazer um grande piquenique. Eu obviamente não trouxera traje de banho do Brasil, mas apesar do calor acreditava que a água não estaria assim tão convidativa e desta vez eu me contentaria apenas em poder ver o mar outra vez.

Depois de longos minutos ao telefone dialogando com Charlie consegui que ele me deixasse ir, mas a condição que ele propôs me pegou de surpresa; disse que iria ligar para um amigo que morava em La Push e pedir para que ficassem de olho em mim.

Em vista da precaução exagerada eu devia me irritar, mas me calei pelo bem da viagem.

Conheço pessoas por lá que poderão lhe manter longe de encrencas.

Charlie, eu acho que já lhe provei que sei me portar muito bem!

­- Não tanto assim. Se quiser ir o acordo é esse.

Não faria sentido discordar, não parecia uma coisa assim tão ruim, eu achava que nunca conseguiria convencê-lo a me deixar ir.

– Está bem Charlie – falei por fim.

Após finalizar a conversa corri para arrumar minha bolsa, eu dispunha desta que era de passeio e de minha mochila, além das malas. Estas últimas jaziam em cima do guarda-roupa, juntando poeira, resolvi pô-las no chão para me lembrar de limpá-las assim que tivesse tempo.

Baixei a segunda mala e notei que havia algo no bolso lateral, me aproximei e puxei descobrindo que era a foto de Edward, eu me esquecera que agora a mantinha ali, a salvo dos olhares. Da última vez que a vira eu sequer o havia conhecido, não podia negar que aquela mera imagem não lhe fazia justiça, mas quando pensava nas impressões que eu tinha dele antes via o quanto me equivocara. Edward era no mínimo muito difícil de lidar, seu humor nunca estava equilibrado e suas intenções eram pouquíssimo claras.

Olhei o relógio e me dei conta de que eu simplesmente não tinha mais tempo para devanear.

Havia certa disparidade entre a First Beach e as praias de meu país e logicamente se devia as diferenças climáticas, entretanto parecia ser um ambiente agradável e enquanto contornávamos a estrada eu não via a hora de chegar.

– E então meninas, resolveram deixar a frescura de lado e cair na água?

– Até parece Tyler – debochou Lauren. Ela viera vestida da cabeça aos pés, não parecia ser muito fã da praia, infelizmente isto não fora motivo para ela nos privar de sua encantadora presença.

– Vocês são loucos de encarar o mar, apesar do sol deve estar congelante.

– Isto não é justificativa para deixar de aproveitar uma boa oportunidade, Jessica – repreendeu-a Mike, sério.

Jess ficou em silêncio, seu interesse no colega era claro, mas aparentemente não havia reciprocidade.

Logo estacionamos e eu desci do carro junto aos demais. Pegamos a grande cesta de piquenique que a mãe de Angela emprestara, dentro havia sanduíches, suco, bolachas e doces suficiente para todos. Lauren trouxera uma grande toalha de retalhos para que não precisássemos nos sentar direto na areia e escolheu um lugar para que nos acomodássemos. Eu fiquei incomodada de fazer uso de algo que lhe pertencia, mas ela pouco pareceu se importar, além disso, grande parte da comida disponível viera da cozinha de Charlie o que eu acreditava significar que estaríamos quites.

Tyler havia trazido uma bola de futebol e junto de Mike e Eric disse que iria procurar alguém para fazer time.

– Que disposição – Jessica comentou com a cara desanimada.

– O que você esperava? Que eles ficassem aqui conosco todo o tempo?

– Não precisava ser período integral Angela, mas eu gostaria de um pouco mais de atenção sim.

– Confessa Jessica, você pouco se importa com os outros, se Mike tivesse decidido ficar aqui para você já seria o suficiente – provocou Lauren.

A menina ficou vermelha e lançou um olhar de repreensão que ia de sua amiga para mim. Eu ergui as sobrancelhas.

– Me desculpe, seu interesse por Mike era para ser segredo? – Brinquei. – Acho que já está completamente na cara, Jess.

Todas acabaram rindo do assunto.

– Vocês gostam muito de me irritar, não é mesmo? Como se não tivessem seus próprios esqueletos guardados no armário. Não adianta querer fingir Ang, sei que você gostaria muito que Ben estivesse aqui.

Angela corou e baixou a cabeça. Eu procurei ficar quieta, viera para cá disposta a esquecer o quesito ‘relacionamento’, mas não parecia estar dando muito certo.

O som de risadas e urros começou a soar na distância, chamando nossa atenção, os garotos haviam voltado e não estavam sozinhos. Vários rapazes de idades variadas os acompanhavam, algum deles na verdade deviam ser muito novos. Tanta gente em tão pouco tempo! Era como se os tivessem conjurado por passe de mágica.

– Ai ai, eu contava que os quileutes estivessem longe daqui ao menos hoje.

– Acho que isto era esperar demais, Lau. Vocês sabem que agora sim não teremos um só minuto de paz, não é?

– Mesmo que ainda fossem somente os três eles deliberadamente passariam o tempo longe de nós, Jessica.

– Isto é – suspirou concordando.

Eu olhei melhor o agrupamento masculino que se aproximava, claro que eram quileutes, esta era sua reserva, por isso havia tantos deles. Havia algo que assemelhava quase todos, eram os cabelos longos, porém aqueles que exibiam cortes curtos também não eram difíceis de identificar pelos traços parecidos e quase o mesmo tom de pele.

– Lauren eles vão vir jogar perto da gente, da última vez quase levei uma bolada na cara! Porque não saímos daqui um pouco? O que vocês acham meninas?

– Por mim tudo bem – disse Angela.

Assim que também concordei nos levantamos e eu as segui para longe. Andamos por um longo tempo, mas por causa da conversa e do ritmo tranqüilo de nossos passos tudo pareceu se passar rapidamente. Quando a fome começou a apertar resolvemos voltar e as meninas viram satisfeitas que o jogo havia acabado, o grupo tinha diminuído consideravelmente e todos estavam sentados batendo papo.

– Ah finalmente voltaram! Foi boa a expedição?

– Foi... E pelo visto vocês se cansaram de brincar.

O jeito como Lauren e Tyler falavam apesar do ar de deboche significava que havia algo mais entre eles que eu acreditava não ser somente amizade. Pensei que os dois combinavam bastante.

Os meninos se ajeitaram para abrir espaço para que nos sentássemos e assim que estávamos todos novamente acomodados a conversa recomeçou. Depois de comer um pouco cruzei os braços em cima do peito na tentativa de me aquecer, pois o clima começava a baixar. Já era o entardecer e um vento forte soprava do horizonte, agitando o mar e sacudindo as árvores ao leste.

– Com frio Liese? – Indagou Mike.

– Acho que não vim preparada para o frio – esclareci apontando para a blusa fina que usava.

– Você não trouxe cobertores no porta-malas? – Lembrou Eric.

Mike respondeu que sim, mas não parecia muito disposto a se levantar para pegá-los. Como eu já estava acostumada ao cavalheirismo dos garotos de Forks não me importei em eu mesma ir atrás do que queria.

– Mas eles são muitos e são pesados para a Liese trazer sozinha.

– Tudo bem Angela, eu dou um jeito.

– Eu vou com você.

Um dos garotos sentado a um canto anunciou. Eu o olhei com atenção só para constatar tardamente que se tratava de Jacob Black. Eu não o notara, pois estivera o tempo todo quieto e um pouco escondido por trás dos outros, agora me sentia completamente tola por meu lapso de percepção.

– Tudo bem – falei ao passo que ele se posicionava ao meu lado.

Começamos a caminhar em silêncio.

– Você é Aneliese, não é? – Perguntou depois de alguns minutos.

– Sou. Como sabe?

– Charlie falou ao meu pai sobre você e também eu já havia visto as outras garotas, foi fácil de descobrir na verdade – deu de ombros sorrindo um pouco.

– E você eu acredito que seja o espião que Charlie mandou para me observar.

Ele riu roucamente.

– Descobriu não foi? – Fez piada.

Sua atitude era diferente do que eu esperava, mas imaginei que seu acanhamento inicial se deveu apenas ao número de pessoas junto a nós. Que eu me lembrava Jacob era bem extrovertido.

– Sou Jacob Black.

– Aneliese Rodrigues – informei enquanto trocávamos um aperto de mãos.

Chegamos ao carro e ele me ajudou com os cobertores, quis levar tudo, mas eu não deixei, apesar de ter ficado com um montante notavelmente menor que o dele. Jacob continuou conversando comigo enquanto voltávamos e depois de distribuirmos as mantas se sentou ao meu lado. Falamos sobre tudo, seu pai conhecia o xerife há vários anos e ele pôde compartilhar comigo histórias sobre as aventuras de Charlie, todavia procurou fazer isto discretamente sem querer expô-lo em público. Eu ria muito com o que ele falava e não parava de lhe questionar sobre uma ou outra coisa. Ficara com ele menos de um dia e já o considerava um de meus personagens favoritos, o humor de Jacob era contagiante e só então eu me vi completamente esquecida das coisas que me assolavam.