29 - Resgate às Pressas

De repente uma onda de alívio cortou a espinha de Percy. Ele não precisou se virar para reconhecer a voz masculina, era a mesma voz que gritava ordens e esbravejava quando ele errava flechas durante o treinamento no Michigan.

Perseu repousou a mão sobre o ombro de Percy sustentando o peso. Nada foi dito, os outros semideuses se aproximaram e trocaram socos com Percy.

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Nico se apoiou na amurada pelos cotovelos, a multidão de monstros, deuses e mortais tomava conta de toda a praça de Zeus.

—Ainda não entendo como os mortais comuns seguem Tártaro — um açoite de ar cortou os cabelos do filho de Hades quando a última palavra foi dita.

—Os mortais podem acreditar em muitas coisas — Perseu observou o centro da praça onde os generais repousavam em seus tronos

“Tártaro pode assumir a forma de muitas divindades diferentes, de outras terras, culturas e até mesmo religiões. A Névoa é muito poderosa nesta parte do mundo, o berço do poder olimpiano reside aqui, mas Tártaro retira poder de muitos lugares diferentes, por isso Zeus relutou tanto na primeira guerra. O rei dos Olimpianos não consegue admitir a presença de poder fora de sua bolha Grega, existem muitas forças ocultas que ele ignora. “

Ninguém respondeu, era muita informação para processar.

Percy se mexeu inquieto.

—Precisamos salvar Annabeth — a pele pálida da semideusa estava quase tão branca quanto a de Hemera, sentada no trono flutuante à esquerda de seu irmão Érebo.

—Vamos ser capturados, ou mortos – Nico balançou os ombros quando Percy bufou em descontentamento.

—Homem sem fé — ele sorriu e apontou para o lado, um dos meio sangues que ele havia nocauteado estava no chão — Quem vai vestir o uniforme dele?

“Acredito que dentre vocês, a filha de Zeus é a mais corajosa para isso. E ela irá adorar dizer que me capturou, imagino.”

—É muito arriscado, Percy — Perseu repreendeu, todos olhavam para as hordas intermináveis.

—Não é nada diferente do seu donzela em apuros, meu velho — ele sorriu — Eu vi em suas lembranças.

Perseu permaneceu calado, as memórias de Dora pareciam ser de outra vida. Ele deu de ombros.

Percy acenou de cabeça para Thalia e retirou os coldres com as pistolas e as adagas que ele havia pego no estande nas vielas do distrito Hermes.

A caneta contracorrente seria sua única arma na empreitada que ele estava planejando.

—Eu vou dar cobertura aérea, por sorte o grifo Griphion nos acompanhou nessa jornada — Perseu prendeu o coldre das Flintlock no dorso — Nico e Beckendorf irão me acompanhar nos pégasos.

“Esperem o sinal.”

Todos assentiram de cabeça, Thalia retornou da escuridão no lado oposto da casa trajando a armadura completa dos soldados de Tártaro. Ela cobriu a face com a bandana camuflada e escondeu as vestes prateadas das caçadoras.

Percy e Thalia saíram da casa primeiro e seguiram o caminho de archotes que começava na escadaria à frente da pequena vila abandonada.

Eles desceram a escadaria em passos curtos, quanto mais se aproximavam da praça mais monstros e mortais pareciam haver, eles confraternizavam e bebiam juntos naturalmente. Cenas fortes preencheram a visão de Percy ao caminharem, Thalia esbravejava e exibia a captura do semideus.

Monstros vaiavam e gritavam ameaças enquanto se separavam e formavam um corredor, eles jogavam garrafas de cerveja e frutas no garoto, um tomate acertou em cheio a logo do Acampamento Meio Sangue. O corredor se estendeu até a sombra de uma grande macieira no centro da praça.

Céos foi o primeiro a ver Percy, ele logo andou na direção de seu mestre e cochichou em seu ouvido.

Tártaro arremessou para longe o cálice de vinho dourado e pigarreou.

—Tragam o escolhido! — ele olhou direito nos olhos de Percy e o sorriso vermelho se formou completo.

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Percy engoliu em seco. Ele havia testado o senhor dos abismos nos confins do submundo, não cometeria o mesmo erro.

Thalia segurou tão fortemente os braços de Percy que uma pequena descarga elétrica cortou o pulso do garoto.

Eles se aproximaram e ela o soltou com um empurrão, Percy demonstrou fraqueza e se ajoelhou ao lado de Annabeth. Thalia se aproximou dos primordiais prendendo a respiração.

A luz bruxuleante vindas dos archotes de fogo grego ainda causavam arrepios em Thalia.

Percy permaneceu de joelhos ao lado de Annabeth, ele fechou os olhos.

Houve um silêncio momentâneo na praça de Zeus. Os monstros pararam de uivar e gritar, os semideuses e mortais se limitaram a observar. O sorriso de Tártaro falhou por um instante.

Ele se levantou.

—É chegada a hora de meu reinado começar — ele começou a caminhar na direção de Thalia.

Tártaro ergueu a mão direita e os espíritos da tempestade fizeram raios ribombar nos céus, como se estivesse se rebelando contra Zeus.

A espada aos poucos tomou forma enquanto o senhor dos abismos caminhou calmamente na direção de seu alvo final.

Percy repousou uma das mãos sobre a testa de Annabeth. A garota estava gelada. Um calafrio cortou a espinha do garoto, se o que Pandora dissera fosse verdade, ele não tinha muito tempo. A respiração da semideusa estava fraca e entrecortada, mas Percy não viu uma ferida sequer.

Ele respirou fundo e abriu os olhos devagar, pelo canto do olho conseguia ver o senhor dos abismos se aproximar.

Thalia permaneceu logo ao lado deles, mas Tártaro estava confiante demais para perceber a isca. Ele olhava fixamente o semideus como um leão encarando um bando de gnus nas savanas.

A filha de Zeus jamais abandonaria seus amigos. Ela segurou a lança de ferro da semideusa caída firmemente, se preciso daria sua vida pela de Annabeth, mesmo estando sob o veneno.

—Não cometerei o mesmo erro, a Centelha morre com você, Perseu Jackson.

Um dos braseiros de fogo grego explodiu logo à frente, um frenesi tomou conta do centro da praça. Corvos voaram para longe da macieira quando a planície começou a estremecer.

***

Perseu encarou a praça de Zeus abarrotada de monstros por alguns instantes. A morte parecia estar sendo anulada, deuses antigos e esquecidos estavam renascendo, assim como residentes do antigo Olimpo. A guarda de Ares estava postada em formação de batalha à frente da escadaria que levava ao Salão dos Tronos.

Tártaro se fortalecia a cada dia, logo monstros não morreriam, tampouco deuses ou mortais. Perseu havia presenciado tudo na última vez. Nico e Beckendorf se dirigiram para fora da casa.

Ele continuou observando os súditos de Tártaro.

A figura de Annabeth no chão da praça de Zeus o lembrou de Pandora acorrentada sob custódia do próprio Zeus. Tudo estava se repetindo, com um toque de crueldade a mais. Tártaro não parecia feliz com a solução de Perseu na primeira ascensão do abismo.

Ele se lembrou das palavras da profecia

“Quando a morte não mais perseverar,

E força antiga da terra despertar

Um herói se erguerá com o brilho da faísca,

Colocando fim a uma era esquecida

A voz da Oráculo do Acampamento dos semideuses ecoava na mente dele.

Foi a mesma profecia dita à ele em Delfos, tantos anos antes. Era quase inacreditável ela estar se repetindo. Ele precisava ajudar Percy, Tártaro tinha que cair.

Ele bateu as mãos no parapeito quebrado e andou para fora da casa.

Nico e Beckendorf conversavam à sombra de uma casa, só suas vozes podiam ser escutadas, já que a escuridão os engolia completamente.

Perseu nem precisou pensar em Griphion. Uma lufada de ar cortou a rua escura quando as figuras aladas se manifestaram emergindo da escuridão.

As asas de Griphion estavam aparadas e afiadas, amornadas em ouro. A armadura de bronze cobria o crânio e um arreio de couro marrom lustroso carregava um machado com alforjes cheios de bombas de fogo grego.

Perseu subiu no grifo com facilidade, ele embainhou a espada. Os outros semideuses fizeram o mesmo.

Eles levantaram voo calmamente sem chamar atenção. A escuridão no resto do Monte Olimpo cobria o rastro das criaturas aladas.

A praça de Zeus estava cercada de monstros antigos. Perseu conseguiu ver alguns hecatônquiros patrulhando o Baixo Olimpo.

Eles se dirigiram para trás da praça, atrás dos tronos dos generais.

Perseu descreveu um rasante e se postou acima de um velho templo em ruínas e levantou poeira. Ele se escondeu na sela de Griphion.

Nico e Beckendorf chegaram após alguns segundos.

—Preciso que crie um pequeno terremoto, os filhos de Hades tem este poder acredito — Perseu estava mexendo nos alforjes.

Nico assentiu com a voz e fitou os monstros rodeando o vilarejo. Perseu retirou uma pequena rede e cordas. Ele enrolou algumas bombas de fogo grego e fez uma bolsa com algumas. Perseu retirou uma flecha da aljava nas costas e amarrou a corda na flecha.

—Se prepare filho de Hades — ele dirigiu um olhar significativo para Nico, que desceu do pégaso.

O filho de Hades se esgueirou pela coluna de mármore e correu para a rua, ele se escondeu na sombra de uma casa, a praça logo à frente.

Nico se ajoelhou e a terra começou a tremer.

Perseu preparou o arco e mirou a base da macieira, Tártaro já estava bem à frente de Percy. O filho de Zeus apoiou a sacola de bombas na cabeça do grifo Griphion, ele ainda estava em cima no grifo.

Nico esbravejou e o monte Olimpo estremeceu por inteiro, corvos voaram para longe da macieira.

Perseu respirou fundo e atirou a flecha. Quando a flecha se fixou no tronco ele sorriu vitorioso.

***

Percy teve um milissegundo para reagir.

Tártaro brandiu a espada no momento em que a macieira explodiu. O tronco pendeu com violência enquanto Percy empurrava Tártaro.

Foi um caos momentâneo na praça, todos estavam aturdidos. Até Céos estava perdido, o estrondo da macieira e o chão estremecendo havia feito todos ali caírem. As fundações do Olimpo estavam estremecendo, crateras estavam aparecendo no chão.

Thalia estocou a lâmina da lança profundamente no pescoço do senhor dos abismos. Ele recuou vacilante.

Percy esticou os braços e abraçou Annabeth. Com esforço ele conseguiu erguer o trono da garota. Thalia afastou Tártaro com um relâmpago que cortou a lança.

Percy carregou Annabeth no colo. Thalia estava afastando os monstros com relâmpagos, ela mexeu no braço e Aegis se materializou apavorante.

Eles caminhavam por entre o estupor do terremoto, Percy avistou o templo de Zeus.

—Ali!

Ele apontava para o arco de mármore lustroso que divergia do resto das construções. O templo de Zeus estava cuidadosamente lustrado, como se quisesse que os semideuses fossem por ali.

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Thalia corria a frente e matava tudo que se opunha a eles. Dracaenas, empusas. Ela brandia a lança de ferro com maestria.

O arco de mármore estava logo à frente, patrulhado pela guarda de Ares. Eles estavam cercados. Um grasnado distinto ecoou no caos. Griphion.

Perseu pulou de cima do templo nas costas de um dos guardas, ele girou a espada pelo pescoço do guarda sem hesitar.

Griphion derrubou mais dois enquanto um relâmpago acertou em cheio a cabeça do último.

Tártaro esbravejou logo atrás, eles correram para dentro do templo escuro e Perseu desembainhou o arco de Épiro.

Ele atirou em meio a escuridão em pontos da parede. As explosões eletrizantes das flechas mostraram correntes e engrenagens escondidas.

Ele continuou atirando flechas até que o chão desabou. Eles cairiam nas profundezas do Olimpo. Todos ficaram sem chão.

Perseu planou graciosamente no ar e se concentrou. O resto dos semideuses caíram gritando.

Percy não soltou Annabeth e sentiu um baque nas costas. O chão havia voltado, ele conseguiu olhar para cima e ver Tártaro sorrindo.

Perseu planou e se postou de pé ao lado do garoto, Thalia logo atrás.

—Como sabia sobre o elevador, Percy? — Perseu estava intrigado.

A descida estava controlada. Percy se questionou se seriam poderes de Zeus ou da Centelha.

—Órion — Perseu assentiu.

Ele sentiu o corpo de Annabeth desfalecendo, sua respiração estava mais fraca, se ela morresse o destino do mundo estaria em risco.