Percy Jackson e a Espada Lendária

40 – Um Juramento De Fogo


A brisa que vinha do mar bateu em meu rosto me fazendo soltar um suspiro involuntário.

Faltava poucas horas para o amanhecer. Por mais que eu tivesse tentando dormir eu não conseguia, o máximo foi um cochilo que veio acompanhado com um estranho sonho que me fez acordar com o corpo empapado de suor e sem qualquer lembrança do que foi ele.

Sem conseguir dormir e irritado por tentar lembrar que bendita coisa era esse sonho que eu tive, resolvi dar uma volta pela praia, isso sempre me fazia bem.

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Deixei meu corpo cair para trás, deitando na areia. Olhei as estrelas no céu, pareciam que estavam mais brilhantes do que nunca e isso parecia um pouco injusto.

Tantas coisas ruins acontecendo e quando você olha em volta de algo que não tem nada haver com o que esta acontecendo e vê tanta beleza parece até que ninguém se importa com os últimos acontecimentos.

Fechei os olhos e tentei dissipar esses pensamentos, eles não faziam sentido mesmo.

Me lembrei da conversa que tive com Annabeth e Thalia na enfermaria. Parecia que essa conversa tinha sido há dias e não há algumas horas.

Eu ainda estava um pouco surpreso em saber que Jason era irmão de Thalia tanto por parte de pai quanto por parte de mãe. Por isso Jason tinha agido daquele jeito no hotel quando viu a foto da Thalia. Ele tinha se lembrado dela. Só não sei por que ele não quis contar isso antes.

Thalia nunca tinha contado sobre Jason porque achou que ele estava morto porque tinha sido muito dolorosa para ela juntando com tudo que ela já tinha passado.

Conversamos também sobre o sequestro da Ashley e levantamos algumas hipóteses do porque desses sequestros sendo que segundo Albert, ele se juntou com a gente na enfermaria quando foi trocar os curativos de seus machucados, eles nem se quer tentaram levar os que tinham sido sequestrados para o lado deles, só os mantiveram presos.

E esse assunto do sequestro levou ao assunto do pai da Piper. Ela tinha contado para agente sobre o sequestro de seu pai e o que Anfitrite e Oceano queriam em troca pela liberdade do pai dela. Agora que Piper não fez o que eles queriam, atrapalhar nossa missão, algo muito ruim poderia acontecer com o pai dela.

Mas Annabeth argumentou dizendo que eles poderiam usar o pai de Piper para chantageá-la futuramente já que Piper mostrou varias vezes que pode ser levada pela emoção como qualquer pessoa com sentimentos. Provavelmente poderiam tortura-lo, mas o manteriam vivo. Tecnicamente uma boa noticia.

Percebemos que não sabíamos nada sobre Leo, ou Jason. Jason não tinha memoria sobre sua vida antes da excursão escolar, só pequenos flash que não faziam muito sentido. E Leo, bom, não sabíamos nada além do nome e que ele era filho de Hefesto. Annabeth parecia saber de alguma coisa sobre o Leo, mas ela nem se quer comentou e logo desconversou quando perguntada sobre isso.

Thalia até comentou sobre Marvin. Eu nem tinha reparado que o corpo dele tinha vindo junto comigo e com Annabeth para o acampamento. Ela contou que, infelizmente, Marvin havia chegado morto ao acampamento.

Outro assunto que conversamos foi sobre o grave ferimento de Annabeth. Pelo que Annabeth contou ela estava tentando reviver Marvin quando percebeu alguma coisa se movimentar na agua a sua frente.

Ela só teve tempo de jogar sua faca de bronze em cima de um telquine que emergia das aguas com uma flecha apontada para ela. Annabeth conseguiu acertar esse telquine, mas infelizmente era tarde e o monstro já tinha disparado a flecha em sua direção.

Mesmo com tudo que tinha acontecido, eu percebi que Annabeth estava um pouco triste por perder a faca dela que submergiu pelas aguas do Lago Michigan.

Tentei não ficar chateado com isso, mas era impossível. Eu queria e muito acabar com Luke e com qualquer lembrança dele entre nós. Eu odiava quando, nem mesmo falando o nome dele, havia insinuações como essa da faca, foi ele que deu ela para Annabeth.

– Como Afrodite pode ser má. – murmurei colocando os braços em frente ao rosto.

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– Só sacou isso agora, nemo? – perguntou alguém se aproximando de mim.

Abri os olhos tirando os braços de frente ao rosto e me apoiei nos cotovelos olhando em direção de onde vinha a voz um pouco assustado por não ter percebido a aproximação de ninguém. Mas quando vi quem era relaxei. Filhos de Hades podem ser mais silenciosos que qualquer um, principalmente à noite.

Nico se sentou ao meu lado colocando os braços em cima dos joelhos e apoiou a cabeça em cima olhando para o mar sem proferir mais nem uma palavra. Me sentei também olhando para frente e ficamos em silencio por algum tempo.

– Ficou sem sono? – perguntou Nico depois de um tempo quebrando o silencio entre a gente.

– Pois é. – respondi. Eu queria saber o que falar para ele, mas nada me vinha na cabeça. E além do mais como eu tocaria em um assunto tão delicado como o fato de sua, primeira, namorada ter sido sequestrada?

– Por quê? – perguntou ele esticando uma mão no chão e pegando um pouco de areia. Começou a brincar com a areia distraidamente.

– Não sei bem e quando consegui cochilar tive um sonho que não me lembro, mas me deixou assustado e molhado de suor. – falei dando de ombros. – E você?

– Eu me lembro bem demais do pesadelo que tive que não me deixa mais dormir. – disse ele e o ar de repente pareceu que ficou rarefeito.

– Nico. – engoli em seco tentando falar alguma coisa, mas nada estava querendo sair. – Eu... Eu sinto muito mesmo, mas eu...

– Sonhei com a Ashley. – disse ele me interrompendo. Parecia que ele nem tinha me escutado falar. A menção do nome da Ashley me fez entender que ele queria desabafar.

Resolvi ficar calado e escutar o que ele queria dizer mesmo ainda me sentindo mal por não ter feito nada por ele na hora que sequestraram a Ashley.

– Ela estava presa com um cara moreno de olhos escuros. Ele me parecia familiar, mas não me lembro de onde. Ele estava algemado com as mãos presas para trás e sentado em um canto do lugar em que estavam. – disse Nico e deu de ombros. – Enfim. Ashley e o cara estavam conversando, mas o cara não parecia que batia bem da cabeça.

“O cara dizia coisas estranhas, parecendo outro idioma até, e dizia o sobrenome da Piper varias vezes em meio às coisas estranhas, acho que ele pode ser o pai da Piper que foi sequestrado por eles também, mas só acho. Ashley tentava fazer ele falar coerentemente mais suas tentativas eram todas em vão.”

“Foi ai que Luke entrou no lugar em que a Ashley estava com Calipso que ficou parada na porta. Luke abruptamente enfiou uma seringa no braço de Ashley e então eles começaram a conversar e eu não consegui ouvir mais nada do que eles falavam e o cara que estava no mesmo cômodo que eles parecia não se importar com a conversa que estavam tendo.”

“Tentei ler os lábios deles e não deu nem um pouco certo, mas de repente Luke fala alguma coisa que deixa Ashley muito assustada. Ai ouvi passos vindo do outro lado da porta.”

– Você ouviu alguma coisa? –perguntei confuso. A pouco tinha falado que não tinha ouvido mais nada e agora estava escutando passos.

– É, eu sei que pode ser um pouco estranho. – disse Nico olhando para sua mão cheia de areia. – Mas eu escutei os passos vindo. – Nico enterrou sua mão na areia com força e soltou uma risada sem humor. – E o pior veio depois deles.

“Quando eles escutaram os passos Luke olhou para Ashley e ela assentiu sobre alguma coisa e falou algo para ele. Luke assentiu para ela e suspirou antes de dar um tapa bem forte no rosto de Ashley jogando ela na cama e no mesmo instante a porta do cômodo se abriu.”

“Acordei assustado e não consegui dormir mais. Resolvi dar uma volta até a hora das mortalhas já que não conseguia dormir mais.”

Ficamos em silencio depois que ele terminou de contar seu sonho. Eu não sabia o que falar para ele, agora depois que ele me contou o pesadelo que teve ficou pior ainda. Ver a pessoa que ama apanhar e não poder fazer nada não é nada legal.

– Nico. – chamei, mas ele nem se quer moveu um musculo indicando que tinha me escutado. Respirei fundo. Eu tinha que falar alguma coisa. – Me desculpa não ser de ajuda nem uma para você nesse momento...

– Você tem a Annabeth, Damon e o bebê de vocês para se preocupar. – disse ele me interrompendo mais uma vez. – Eu posso lidar com isso sozinho e quero lidar com isso sozinho, sem ajuda. – falou com convicção.

– Tudo bem. – falei simplesmente. Eu sei como ele pode ser teimoso. – Mas tem que se lembrar que tem amigos e uma pessoa mais teimosa do que você, que vai pegar muito no seu pé se você fizer algo errado. – brinquei e um pequeno sorriso ameaçou sair dos lábios de Nico.

– Como ela e o bebê estão? – perguntou ele e finalmente tirou a mão enterrada da areia limpando ela em sua calça.

– Bem, mas ela terá que seguir orientações medicas, pois pode ser perigoso para o bebê. – respondi voltando minha atenção para o mar a minha frente.

– Boa sorte então. – disse ele com divertimento. – Você vai precisar de muita sorte para que ela siga a risca o que o medico falar.

– Valeu. – agradeci sorrindo. Infelizmente ele tinha razão. Eu precisaria de muita sorte para que Annabeth seguisse as recomendações medicas direitinho.

Ficamos em silencio somente olhando para o mar a nossa frente. Quando percebi os primeiros raios de sol que ameaçavam a sair olhei para o relógio de pulso já estava na hora da assembleia para queimar as mortalhas dos heróis.

– Temos que ir nós trocar. – comentei me levantando.


Estávamos todos em silencio em volta da fogueira olhando para os amigos e irmãos jogando as mortalhas daqueles que se foram na fogueira. Thalia e as caçadoras também fizeram mortalhas para as caçadoras que morreram em combate.

Depois de ter tomado um banho e ter trocado de roupa fui até a enfermaria buscar Annabeth, ela havia me pedido isso ontem. Ela queria estar presente na assembleia assim como vários outros que estavam feridos na enfermaria queriam estar presentes.

Nico, estranhamente estava ao lado dos filhos de Atena que seguravam as mortalhas.

Vi Jason, Leo e Piper em um canto juntos. Piper abraçava Jason e chorava compulsivamente enquanto que o filho de Zeus tentava consola-la. Leo brincava com algumas ferramentas que estavam em suas mãos.

A assembleia prosseguia, sombriamente. Annabeth me abraçou mais forte quando os filhos de Atena se posicionaram para queimarem as mortalhas de seus irmãos.

Eu sabia que Annabeth se sentia culpada pela morte de Malcolm. Ele tinha entrado na frente dela para protegê-la de um ataque de uma Harpia quando ela ainda estava na praia. Eu seria eternamente grato a ele por ter salvado minha sabidinha.

Franzi o cenho ao ver a filha de Atena que segurava uma das mortalhas passar ela para Nico. Ele caminhou em direção à fogueira com o rosto serio.

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– Prometo que vou salvar a Ashley, Marvin. – disse Nico olhando para a mortalha em suas mãos. Annabeth levantou a cabeça, tentou secar os olhos ainda cheios de lagrimas e olhou para Nico. – Não vou deixar seu sacrifício ser em vão. Juro pelo estige.

Um trovão cortou o céu com tanta força e poder selando a promessa de Nico que o chão aos meus pés pareceu tremer levemente.

Nico jogou a mortalha no fogo. Meus olhos se arregalaram quando vi que Nico continuou com a mão estendida em direção ao fogo, muito perto do fogo, e a fumaça que saia da queima da mortalha parecia se “enroscar” na mão estendida de Nico.

Olhei para os lados e vi que não era o único que estava impressionado com o que tinha acabado de acontecer. Dirigi meu olhar para Quíron e o vi olhar para Nico compenetradamente assim como Annabeth estava olhando para Nico também.

Apesar de ter achado tudo isso muito estranho e estar curioso para saber o que aconteceu fiquei quieto, agora não era hora para isso.

Depois da queima das mortalhas Annabeth não quis voltar para a enfermaria. Ela alegou que precisava de um pouco de ar fresco e Quíron, que depois que Nico queimou a mortalha de Marvin havia se postado ao nosso lado, acabou concordando com ela.

Mandy e Edwin disseram que viriam com a gente, mas antes eles iriam separar alguma coisa para a gente comer, como um piquenique, enquanto ficávamos na praia.

Fiz Annabeth segurar com os dois braços em volta do meu pescoço e a peguei no colo a carregando indo em direção a praia. Annabeth ainda estava muito fraca e não podia andar sem sentir muita dor, então jeito era carrega-la no colo e eu estava adorando isso.

Depois que Mandy e Edwin chegaram e comermos um pouco do que trouxeram ficamos, nós quatro, em silencio sentados na areia só olhando para o mar a nossa frente. Quiron havia suspendido qualquer atividade do acampamento pela parte da manhã.

Edwin estava deitado com sua cabeça repousando no colo de Mandy que fazia carinho nos cabelos do namorado. Edwin e Mandy estavam com os olhos vermelhos de tanto chorarem, estavam assim principalmente por Marvin.

Annabeth estava sentada no meu colo e brincava distraidamente com o colar de contas no meu pescoço que agora tinha cinco contas no total.

O tridente – do meu primeiro ano, o velocino de ouro – segundo ano, o desenho do labirinto – terceiro ano, o Empire State Building com os nomes dos heróis que haviam morrido defendendo o Olimpo marcado com minúsculas letras gregas ao redor – quarto ano e a conta do meu quinto ano era um bebê segurando um raio – o desenho da conta tinha sido feito por um filho de Ares, bem cômico.

Tudo estava tranquilo, as ondas quebravam na praia como sempre e foi ai que eu vi a mais ou menos cem metros mar a dentro duas linhas brancas aparecerem na superfície e começar a se movimentarem com velocidade até a praia.

– Por favor, me diga que não é algum monstro tentando nós atacar de novo. – disse Mandy apavorada olhando para o mar se levantando rapidamente assim como todos nós.