POV Thalia.

Como eu pude ser tão estúpida. Como pude acreditar que Percy estaria gostando de min de verdade. Depois que eu espiei pela janela para ver se ele havia ido embora vi que ele e Annabeth estavam conversando. Sai pelos fundos do chalé, pois a curiosidade foi maior, me escondi atrás de uns arbustos que tinham e escutei a conversa.

Annabeth tinha razão, Percy estava me usando para atingir a ela. E eu acreditei que pudéssemos ter alguma coisa. Talvez eu estivesse acreditando nisso por causa daqueles sentimentos que ocultei no passado.

Eu sabia que se fosse ao chalé 1 uma hora ou outra Percy apareceria lá. Então corri para o meu passado, a árvore que protegia o acampamento. A Árvore de Thalia. Corri até chegar a ela, sentei-me encostada a ela e descansei.

– Respire Thalia. Você é filha de Zeus, você é forte, você não precisa de Percy Jackson para ser feliz. – digo em voz alta.

Escutei alguns passos então fiquei quieta. Talvez algum campista passeando pela fronteira.

Então sinto um cheiro forte e agoniante, puxo meu casaco e tapo a boca e o nariz, mas já é tarde demais, e eu desmaio.

...

Acordo com dor no corpo inteiro. Meus braços e pernas estão arranhados, como nos sonhos que tive. Esse lugar é parecido com tudo que eu sonhei. De longe da para ver os campos de morango do acampamento

Estou com medo que Percy me deixe para voltar com Annabeth. Estou com medo que eu me apaixone por Percy. Estou com medo de morrer. Esses medos confundem a minha cabeça.

– Você acordou. – diz a voz grossa que eu escutei no sonho.

– Quem é você? – pergunto.

Uma sombra escura no canto do lugar se meche. Percebo que o ser tem músculos definidos.

– Ah Claro, esqueci que poucos de vocês sabem quem eu sou.

– Se você é algum monstro ou deus, desculpe não estudo muito mitologia. – digo.

– Sou um deus.

– Qual deles?

– Phobos.

– O filho de Ares?

– O deus do medo.

Por isso que eu estou com essas sensações.

– E o que você quer comigo?

– Talvez se eu matasse a única filha de Zeus eu consiga atenção desses deuses.

Medo. Medo. Estou com medo de morrer.

– Você quer me matar para ter atenção? Você é bem carente não é? – digo e sinto uma pontada de dor no peito.

Parece que cada palavra doí mais.

– Eu não sou carente garota estúpida! Meu pai nem sabe se eu estou vivo por que eu não sou conhecido. As pessoas sentem medo, mas não sabem que existe um deus do medo, faz milênios que eu não recebo uma oferenda.

Eu estou tremendo.

– Já pensou... Em fazer alguma coisa boa... Para eles perceberem sua existência? E não – falo com tanta dificuldade por causa do tremor. – Me matar para eles sentirem ódio, ou bem, sei lá.

– Cale a boca. – ele diz com raiva – Sua execução está marcada para amanhã de tarde. Ninfas.

Algumas ninfas vermelhas aparecem, não faço a menor ideia do que elas são, mas pelo jeito são escravas de Phobos também. Elas me desamarram, mas continuo acorrentada nas mãos. Levam-me para um quarto claro, com uma cama, uma penteadeira, um espelho e uma janela enorme cheia de grades. Parece um quarto de princesa se não fosse pelas grades.

Elas me colocam lá dentro e depois me libertam das correntes. Caminham até a porta e a fecham, eu corro até elas mas a porta já se fechou.

– Me tirem daqui! – grito batendo na porta.

Agora que estou mais distante de Phobos parece que consigo afastar aquele medo.

Sento-me naquela cama gigante e acaricio os pulsos doidos por causa das correntes. Eu preciso fugir desse lugar só não sei como. Vamos lá Thalia, o que Percy faria nessas circunstâncias? O que Annabeth faria? Com certeza eles teriam mais ideias do que eu.

Encosto-me na cabeceira da cama e acabo dormindo.