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CALUM, 13 ANOS. LUKE, 12 ANOS.

Uma bola de neve atingiu Calum na cara e então ele estava no chão, tremendo e rindo e congelando.

E quente.

Luke estava acima de si, rindo e tremendo tanto quanto ele.

E gelado.

E o aquecendo.

Calum não entendia – e tinha desistido de tentar entender, ele apenas ficou ali, esperando sua respiração normalizar e as risadas acabar, esperando as batidas do seu coração diminuir.

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Calum fechou os olhos, sorrindo com a sensação da neve fofa abaixo de si e depois estremecendo por causa da água gelada passando por sua roupa – fazer uma guerra de neve sem estar preparando para uma era uma péssima idéia, a pior idéia que Luke já teve, mas... Calum sentiu as risadas de Luke reverberando por si e sabia que valeu à pena.

Valia à pena.

Quando a risada de Luke pareceu um eco distante e o seu calor estava se distanciando, Calum suspirou, porque, oh, havia acabado.

Seus dedos coçavam para serem esticados e poder prolongar aquele momento mais um pouco, para tocar Luke e sentir suas bochechas quentes, para tirar aquele visco do meio da sua testa e suavizar sua expressão, para puxar seus olhos e lábios e fazê-lo sorrir.

—Ei – chamou Luke, distante, pensando tão profundamente em algo que, quando Calum abriu os olhos, surpreendeu-se ao vê-lo tão perto. – Você vem sempre aqui?

Calum bufou e então começou a rir, girando até que ficasse por cima, Luke abaixo de si, suas pernas entrelaçadas com as dele, suas mãos fixas em seus quadris, seus dedos...

Quentes.

Contra sua pele.

Dentro da sua roupa.

Quentes.

Calum sentiu seu coração batendo alto nos seus ouvidos, suas bochechas quentes, suas mãos quentes.

Calum sentiu-se quente.

Calum sentiu-se em casa.

Calum sentiu-se amado.

—Calum – disse Luke, esperando... esperando que Calum se inclinasse para frente e sussurrasse no seu ouvido "só quando você vem aqui", mas seu amigo recuou, assustado, como se o mundo realmente fosse acabar há qualquer instante e não fosse apenas uma cantada.

Olhando-o com os olhos arregalados, Calum percebeu o que aquilo significa e... uau.

E não.

Não.

Não.

Não não não não não não não não não não.

Isso não podia estar acontecido.

Não agora, não naquele instante.

Apenas não.

—Ca... – recomeçou Luke, franzindo a testa e tentando se levantar, percebendo que algo estava errado, mas Calum foi mais rápido.

—Você perdeu – interrompeu ele, empurrando-o de volta para baixo. – Você perdeu - cantarolou enquanto rolava para o lado, para longe, mas Luke não o deixou ir.

Passando os braços ao seu redor e mantendo-o próximo, não deixando que ele se afastasse, Luke o encarou tão preocupado que Calum sentiu seu coração se apertando, as lágrimas se juntando no canto dos seus olhos, e desviou o olhar, porque não sabia se podia mentir para ele, manter a verdade para si.

Não sabia se queria.

Mas Calum sabia que deveria.

—Calum? – chamou Luke novamente, esperando que os olhos dele focasse em si, que seu amigo tivesse o tempo que precisava para o que fosse, para que pudesse dizer qual era o problema.

Luke esperaria quanto tempo fosse.

E, num momento de fraqueza, Calum o olhou, realmente o olhou, e foi como se o fato de achá-lo lindo tornou-se claro em sua cabeça, como se sua visão estivesse embaçada até aquele momento.

Calum já sabia que achava Luke lindo, assim como achava Julie, mas, naquele momento, ele percebeu que era muito mais do que isso.

Julie era linda, mas não causava aquilo em si.

Julie era linda, mas não era ela que estava fazendo seu coração bombear mais rápido ou mandar sangue para suas bochechas.

Julie era linda, mas Calum não gostava de garotas, ele gostava de...

—Não – disse Calum para seu amigo, para si, para o que aquilo significa. – Não – repetiu, tentando acreditar que... Não. – Eu preciso de um momento. – Ele se levantou. – Um tempo bem... – Calum caminhou, tropeçou, correu... para longe. – Longe de você.

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