Patricinha? Será?

E continua horrível.


Balada, Night, baile, festa, frevo, danceteria, discoteca – que é obvio que se você falar isso hoje em dia, a pessoa ri de você até não poder mais – enfim, não importa tudo isso remete a um bando de pessoas se acabando em uma pista de dança, bebendo como carro bebe combustível e se esquecendo que segunda-feira tem contas pra pagar, e claro que a ultima definição não serve para todos os adolescentes que estavam aqui.

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Entrei na boate, logo dei de cara com Rebeca e Beatriz, bêbadas para variar, assim como todos que estavam aqui, pelo que eu tinha visto. O resultado disso e que eu me sentia um peixe fora d’água, já que nunca coloquei nem uma gota de álcool na minha boca.

As duas usavam os vestidos que compramos, assim como eu. Rebeca um rosa com saia de pregas, Beatriz um dourado com paetês, e eu um preto de alcinhas, que modéstia parte parecia ter sido feito para mim. A sala toda estava aqui, e outras pessoas da escola. Até Ethan estava. Junto com Rafa. Uma observação importante: Lisa não estava com ele, provavelmente os dois tinham brigado, e Ethan estava enterrando sua tristeza no “bom e velho copo”.

Isso me preocupou de imediato, as pessoas quando estão embriagados não “medem as palavras”. O meu segredo estava em jogo. Tudo que eu não queria, e que Ethan contasse pra essas pessoas que eu pagava para desabafar com ele.

–Eu sabia que não resistiria. –Beatriz riu exageradamente.

–Aceita? –Rebeca me empurrou um copo de seja lá o que fosse não parecia refrigerante.

–Não, obrigada. –Recusei, ela então voltou com o copo, derramando a metade no seu vestido.

–Olha só o que fiz. –Ela riu como uma “boba alegre”. Nos seus dias normais possivelmente ela ficaria uma onça com a tragédia.

Na verdade antes de recusar a bebida, pensei em aceitar quem sabe assim eu enganaria a vontade de ir embora, pois a cada vez que escutava uma risada exagerada, com uma piada que não tinha graça eu pedia a Deus pra me tirar de lá. Mas não aceitei, pois, pior do que Ethan falar pra todo mundo, seria eu confessando pra todo mundo.

–Com licença, meninas. Vou chamar os meninos pra cá, para apresentá-lo pra vocês. –Rebeca saiu - na verdade cambaleou, sem exageros.

–Rebeca não é a garota que estava namorando sério? –Disse para Beatriz, finalmente uma piada que ela ri e teve graça.

E assim que descobrimos quando uma pessoa esta mentindo!

Rebeca trouxe dois garotos, bonitos e alcoolizados. Pronto! Agora era só eu sair daqui, e cada uma, ficava com cada um. Tirando-me dessa historia de me arrumar um namorado.

–Esses são João e Maria. –Rebeca disse, olhando mais para mim, do que para Beatriz. Maria? Rebeca estava ficando louca.

–É Marcos, gatinha. –O garoto riu. O que tinha sido chamado de Maria.

–Certo... Não importa, essa são Clara. –Ela apontou para mim, gritando por causa do som, e ao mesmo tempo dançando. E eu de braços cruzados. –E Beatriz.

–Oi. –Os dois gritaram.

–Oi? –Gritei. Enquanto Beatriz só sorriu.

–Vem dançar! –O que parecia ser o João me gritou, esticando as mãos para me puxar. Desviei.

Bem, eu já estava na pista, só não dançando. Descruzei os braços e dei uns pulinhos no ritmo da musica agitada, isso naquelas luzes todas ia parecer que eu estava dançando.

–Já estou. –Gritei de volta, sorrindo pela minha esperteza.

–Comigo! –Ele também riu.

–Não. Aqui está bom. –Não estava nem aí pela desfeita. Enquanto isso... Dei uma “olhadinha” para Rebeca ela estava se enrolando toda no tal Marcos. Beatriz só ela e o copo.

Hora de ir embora!

Resolvi sair de fininho, para João não inventar nenhuma “gracinha”.

Já lá fora, eu podia muito bem ligar para César vir me buscar, mas não era tão longe, e seria uma boa uma caminhada. Dei os primeiros passos até meu pé virar, quebrando o salto.

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Tirei o salto, decidindo andar descalça, não tendo outra opção melhor.

–Clara! –Alguém me gritou. Olhei para trás. Ethan. –Onde está indo? –Perguntou vindo em minha direção.

–Pra casa. –Respondi e me virei para frente. Tudo que eu não queria era aturar mais um bêbado.

–Espera... Você vai sozinha?

–Sim, é logo ali. –Gritei, continuando a caminhada.

Até ele me alcançar.

–Eu posso te acompanhar? –Ethan já estava do meu lado.

–Não precisa obrigado. Falo sério, é bem perto. –Insisti em negar.

–Sei onde é a sua casa, e não é tão perto assim. –Ethan disse, ele estava certo, mas não a ponto dele poder me acompanhar.

Suspirei com raiva... Que dia horrível!

–Tudo bem... Só fica calado, você ta com... Mau-hálito de...

Ah eu podia fazer isso, ele nem ia se lembrar amanhã. Ethan riu, e tirou uma bala do bolso. Certo... Se ele se lembrasse eu morreria de vergonha.

Caminhamos em silêncio, até Ethan decidir falar.

–Não acredito que fui trocado por Rebeca e Beatriz. –Ethan falou. Pelo menos ele não ria sem motivos.

–Esta falando de quando te dispensei essa tarde? –Perguntei.

–É você preferiu fazer compras no Shopping...

–Não foi por que preferi... –Interrompi Ethan. –Alias, encontrei com Lisa lá. –Mudei de assunto.

–É... Lisa... –Ethan murmurou.

Não, não e não. Eu não tinha feito isso, esqueci completamente que os dois tinham brigado.

–Me desculpe, eu não...

– Não tem problema. –Ethan disse de uma forma educada.

Então chegamos à minha casa. Parei pronta para agradecer a sua companhia desnecessária, até Ethan começar a falar de Lisa:

–Acontece que eu fui um idiota, um idiota completo. –Ele começou. –Lisa é muita areia pro meu caminhãozinho. Ela é muito doce, eu tentei ser bom, mas sabe... Não deu.

–A para com isso, amanhã vai estar tudo bem. –Comecei a andar em direção a porta do condomínio. –Vocês se amam. –Sorri.

Ethan me alcançou e sorriu ao meu lado.

–Tem razão vai estar tudo bem amanhã. –Ele disse.

O que estava prestes a acontecer parecia muito confuso. Ethan tinha acabado de dizer que ia ficar tudo bem com ele e Lisa. Agora isso!

Os lábios de Ethan começaram a se aproximar dos meus. E o pior de tudo os meus procurando os dele também. E então... Desviei. Eu não podia fazer isso. A que mais sairia prejudicada seria eu. A culpa seria minha, amanhã Ethan não se lembraria disso, e eu... Sozinha, conviveria com isso. Além disso, Lisa não merecia. Virei às costas para Ethan, e entrei no condomínio, pensando somente uma coisa: Na minha memória, só seria o beijo que nunca aconteceu.