Paradoxo

Noites de Sol, Dias de Lua


“Existe ódio e encanto
Nesse teu rosto marcado
Sem disfarces, sem nenhum romance
Sem o milagre esperado
Nos dias de sol, os que vivem sós
Sorriem desesperados
Entre vertigens de cor

Os corações tristes sonham
Em cofres fortes lacrados
Como o teu pra mim
Como o meu pra quem
Tentou ficar do meu lado
Nas noites de lua, sob os luminosos
Caminham os solitários
Entre imagens néon
Velhos segredos guardados”

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Noites de Sol. Dias de Lua – Herbert Vianna

OLIVER

Eu estava encantado, essa era definitivamente a descrição do meu estado emocional. Felicity sempre fora algo intocável para mim até aquele momento, inocente demais, perfeita demais. Só que não era! Ela tinha falhas e dúvidas como eu, sofrimento e confusão dançavam como marcas em sua face de anjo, e eu nunca veria isso se não tivesse baixado minha guarda naquele momento, se não a olhasse sem medo da próxima coisa que eu viesse a dizer, ou das coisas que ela provavelmente diria sem pensar.

—Você sabe que a escolha é sua? –Digo descendo da maca em que estávamos sentados e parando a sua frente, firmando meu olhar em seu rosto.

—Escolha? –Ela parece confusa.

—Nós Felicity. –Respondo cruzando meus braços sobre o peito. –Não vou mais me afastar de você.

—Promete para mim? –A forma que ela fala me leva a lembrar da vez em que fui atrás de Slade e ela me exigiu a mesma coisa, não respondi naquele dia, não falharia com minha palavra com ela, nunca, mas aquilo não dependia apenas de mim.

—Prometo. –Respondo convicto. –Não vou me afastar, não vou usar mais desculpas, vou estar aqui quando você estiver pronta!

—Obrigada. –Ela sorri e eu me inclino dando um beijo carinhoso em seu rosto.

Roy e Wally descem as escadas conversando animados sobre algo que aconteceu na ronda. Ajudo Felicity a descer da maca e ficamos lado a lado olhando para os dois que se aproximavam.

—Parece que tudo está inteiro. –Diz Roy sério olhando em volta da caverna.

—Você precisa verificar o arsenal antes de tirar conclusões precipitadas. –Responde Wally tirando a máscara com um grande sorriso no rosto. –Acho que nosso pequeno Bubalsaur finalmente evoluiu para Ivyssauro. –Disse Wally colocando a mão sobre o peito como se isso o emocionasse. Felicity não conseguiu conter uma gargalhada e o próprio Roy prendia o riso.

—Do que ele está falando? –Sussurro para Felicity que ainda ria ao meu lado.

—Um Pokémon verde. –Responde em meio ao riso destacando a semelhança que Wally encontrou. –Apesar de ele ser muito mais zem do que você!

—Detesto primeiras impressões! –Digo revirando os olhos. –Eu não pareço relaxado o suficiente? –Pergunto a eles que apenas negam com a cabeça segurando o riso. –Droga!

WALLY

Eu estava fazendo a mesma experiência todos os dias, corria até Central City e voltava, cronometrando o tempo que gastava. Quando uso meus poderes eu os tiro de uma força externa, a Força da Aceleração, e ela é usada por todos os Flash’s vivos, e quanto mais de nós existem a usando ao mesmo tempo, mais lentos ficamos, bom não chega o que se pode considerar “lento”, mas definitivamente não era toda a velocidade que poderíamos alcançar. Mas o estranho é que em meu tempo existe eu, meu Tio Barry e o Professor Zoom fazendo uso dessa força, e mesmo o Barry que está aqui agora não tendo ainda desenvolvido toda a sua velocidade, não significa que ele não esteja fazendo uso da força. E eu não me sentia limitado de nenhuma forma o que só indica que meu Tio Barry, o que veio do futuro, esteja onde estiver, não está utilizando seus poderes o que só dificulta ainda mais as coisas.

Entrei na caverna vendo Diggle treinar em um boneco e Felicity estava com Barry terminando de coletar os dados que ela precisava para completar o dispositivo que criou. Eu não me cansava de olhar para ela, era totalmente fascinante, a Oráculo do meu tempo não era muito diferente. Ela e Roy eram os únicos que não me davam dor de cabeça, apesar de Roy estar ainda muito longe de se tornar o Arsenal, ele já era a essência dele, menos potente é verdade, mas não era diferente no geral.

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—Oi Wally! –Cumprimenta Barry com um sorriso enquanto levantava e abaixava os braços. –Onde você estava? –Seu tom era casual, mas eu o conheço o suficiente para saber quando suas perguntas devem ser respondidas.

—Testando uma teoria que me levou a concluir que o seu eu do futuro, não está fazendo uso dos nossos poderes. –Digo e o rosto de Felicity se ilumina, ela se senta em sua cadeira e começa a digitar freneticamente. -Felicity, posso pedir algumas pizzas? –Pergunto, pois ela estava sendo minha fonte monetária ultimamente.

—Claro, e é melhor que pedir rápido, não quero você desmaiando aqui – diz sem tirar os olhos do computador.

—Não gosto que você fique se colocando em risco dessa forma. –Barry se vira completamente em minha direção agora, mas não posso deixar de sorri quando ele age dessa forma comigo como se fosse algo instintivo.

—Tio, eu uso seu manto. –Aponto para nossos uniformes. –Tenho sido treinado pelo senhor, que é muito melhor no futuro. –Solto sem pensar. –Sem ofensas! –Acrescento rapidamente e ele dá de ombros como se não se importasse. –Mas não é o único, fui treinado por vários membros da... Não posso dizer o nome, mas você conhece alguns deles como o Arsenal, Arqueiro, Caná... –Paro no meio da frase me odiando por nunca conseguir segurar minha maldita língua.

—Spoiler! –Dizem Diggle e Felicity ao mesmo tempo sorrindo.

—A verdade é que eu sou mais treinado do que o senhor nesse momento, tenho mais consciência de nossos poderes e sei como controla-los, bom existem coisas que você faz que eu ainda não posso fazer como vibrar através de... Ah merda! –Bato a mão em minha cabeça com força.

Diggle para ao meu lado tocando meu braço para que eu o olhasse, ele é enorme! Tento não me encolher sobre seu olhar, mas não consigo evitar. Tudo o que vejo quando o olho é o Diggle de 2030 que não sai sem sua arma, e mesmo que eu não possa ser atingido por uma bala em circunstâncias normais, por que simplesmente sou mais rápido do que ela, esse cara sabe bem como ser assustador.

—Fica calmo Kid. –Ele diz com um sorriso tranquilizador nos lábios que não me tranquiliza em nada. –Não se cobre tanto assim, tem feito o seu melhor e todos nós vemos isso. Você é um bom garoto.

—Me faz um favor? –Pergunto em voz baixa olhando para meus pés.

—Se estiver ao meu alcance. –Diggle responde prontamente.

—Não se esqueça disso, que o senhor me acha um bom garoto. –Explico a ele que sorri inocente.

—Não vou me esquecer. - Sorri. – Por que eu esqueceria? – Pergunta confuso.

—Por nada. –Falo rápido demais.

Barry pisca para mim discretamente aprovando minha coragem. Espero que quando voltar as coisas sejam mais fáceis para Sara e eu!

FELICITY

Quando eu chego em casa eu estou exausta, Wally passa por mim como um zumbi e mal consegue murmura um boa noite. Já era alguma coisa perto das três, e eu sabia que amanhã eu tinha que levantar cedo e mesmo estando exausta, mesmo tendo que trabalhar pela manhã, eu não consegui me desligar daquela promessa. Vou para o meu quarto e entro no meu banheiro, tiro minha roupa e ligo a ducha deixando a água morna cair sobre meu corpo.

‘Você sabe que a escolha é sua?’ Essas palavras estão em minha cabeça, eu o escolho, eu sempre escolho ele. Mas assim como Oliver eu tenho os meus próprios demônios.

— O que está acontecendo comigo? – Encosto a cabeça no vidro frio do boxe.

Mas eu não podia colocar toda a culpa na minha insegurança, Oliver em um período de horas havia decidido mudar suas atitudes completamente. Ele estava mais receptível e não era só comigo, eu notei nas pequenas coisas. O modo como ele tratou Barry com quem sempre foi se não hostil, arredio e agora era leve e até amigável, interagiu com as piadas de Wally e Roy, conversava animadamente com John sobre Sara e toda as coisas que ela estava aprendendo a fazer. Ele estava realmente mudando, parecia disposto a sair da concha e ver o mundo com mais cores.

Coloco uma calça de moletom e uma regata branca e me jogo na cama. Pego meu celular e fico tentada a ligar para ele. -Fala sério Felicity? Você está parecendo uma adolescente. – Fecho meus olhos, mas a única coisa que eu consigo pensar é nele. –Merda! - Me apoio na cabeceira da cama, eu tenho que resolver isso, ou não conseguiria ter paz. Ligo para Oliver e antes do terceiro toque ele atende.

‘Felicity, está tudo bem?’ Ele pergunta preocupado, claro que está preocupado! Isso lá é hora de alguém ligar? Claro que ele ia pensar que aconteceu alguma coisa comigo. ‘Felicity?’ Me chama novamente agora a preocupação estava além, posso apostar que já estava se levantando e indo pegar seu arco.

—Sim Oliver, eu estou bem. – E eu não sei mais o que dizer, a ligação fica muda por um tempo, mas posso escutar o suspiro de alívio que ele soltou.

‘Você ainda está aí?’ Me pergunta incerto.

—Sim, eu estou aqui. – Fecho meus olhos. – Acho que você já sabe minha escolha. – Escorrego meu corpo até que eu esteja deitada.

‘Sei?’ Sua voz é insegura.

—Sim. Você já deve saber. –Digo impaciente. –Já que estou te ligando pelo simples fato que você não sai da minha cabeça, então não é exatamente como se eu tivesse uma real escolha. –Ouço rir do outro lado da linha.

‘Felicity, como você consegue fazer isso comigo?’ Me pergunta me deixando confusa.

—O que eu fiz com você, Oliver?

‘Não leve a mal o que eu vou dizer agora, é que eu tento ser sincero com você, bom, eu nunca menti para você, ou precisei mentir, espero que isso nunca mude.’ Ele diz me fazendo suspirar como uma adolescente bobona que tem seu primeiro namorado.

—Manda ver. –Respondo temerosa.

‘Eu fui um playboy milionário por anos, e tenho certa experiência com garotas.’

—Ok. Oliver, não precisa usar eufemismos comigo, a lista de mulheres que passaram por você é maior do que a de sistemas que eu invadi na vida! E isso é coisa pra caramba! –Escutei sua risada do outro lado da linha.

‘Não posso dizer que é mentira. E isso só reforça o que eu estou tentando dizer. Toda a experiência que tenho não vale em nada com você.’ Sua voz parece chocada. ‘E se não acredita é só pensar na parte do nosso encontro em que estava dando certo, eu não sei como agir com você, não sei o que dizer, não sei nem como te tocar!’ Eu dou risada do desespero em sua voz.

—Eu sei como te tocar! –Pensei alto e a ligação ficou muda. –Quer dizer... Eu não tenho dificuldade em te tocar... Ai droga! Juro que não quis dizer besteira! –Levo minha mão a cabeça respirando fundo.

Ouço seu riso do outro lado da linha, e eu não me controlo começo a rir também. ‘Agora sei o motivo de eu ser mais alegre no futuro.’

—Está fazendo aquilo de não fazer sentido de novo, Oliver. – Eu não entendo o que ele fala.

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‘Wally falou a Roy que no futuro eu sou mais divertido. E agora percebo que culpada disso é sua, não consigo me perder em mim mesmo quando estou com você, o que me torna menos sombrio.’ Eu tenho que conter o suspiro em minha garganta.

—E como você sabe que estaremos juntos em 2030? – Digo entre o pânico e provocação.

‘Você acha realmente que agora que você entrou na minha vida, tem alguma possibilidade de você sair dela?’ Eu dou risada, mas sinto toda a intensidade em suas palavras.

—Isso é uma ameaça? – Brinco, mas só eu sei a bagunça que estão meus sentimentos.

‘É uma promessa.’

—Cuidado Oliver, essa já é a segunda hoje. – Aquilo era um jogo muito perigoso.

‘Não Felicity. É uma extensão da primeira. Prometi não te afastar e agora prometo ficar ao seu lado o que significa te manter comigo, consegue ver que é tudo uma única coisa? Minha promessa é que eu vou estar sempre com você.’ Sua voz é intensa.

—Eu prometo te trazer a realidade toda vez que tentar quebrar essa promessa. –Isso era uma ameaça.

‘E como você pretende fazer isso?’ Sinto o sorriso em sua voz novamente.

—Tenho certeza que posso achar um jeito. – Sorrio. –Posso pesquisar algumas técnicas de tortura, mas isso provavelmente não vai dar certo. –Começo a ponderar as falhas de meu falso plano. –Não conseguiria te prender para dar início a elas.

‘Não faz ideia de como pode conseguir fazer isso.’ Seu tom de voz sugestivo me fez gelar. ‘Mas tenho certeza que você vai encontrar outro jeito.’ Ele acrescenta tentando consertar o que disse anteriormente. A ligação fica muda por um tempo.

— Boa noite, Oliver. –Digo por fim.

‘Boa noite minha Felicity.’ Diz e eu desligo o celular. Ok, realmente agora que eu não vou dormir.