Paradoxo

Encontros e Despedidas


“Mande notícias do mundo de lá
Diz quem fica
Me dê um abraço, venha me apertar
Tô chegando
Coisa que gosto é poder partir
Sem ter planos
Melhor ainda é poder voltar
Quando quero

Todos os dias é um vai-e-vem
A vida se repete na estação
Tem gente que chega pra ficar
Tem gente que vai pra nunca mais
Tem gente que vem e quer voltar
Tem gente que vai e quer ficar
Tem gente que veio só olhar
Tem gente a sorrir e a chorar
E assim, chegar e partir

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São só dois lados
Da mesma viagem
O trem que chega
É o mesmo trem da partida
A hora do encontro
É também de despedida
A plataforma dessa estação
É a vida desse meu lugar
É a vida desse meu lugar
É a vida”

Encontros e Despedidas – Maria Rita

WALLY

–Mas sua mãe não está aqui! –Felicity diz me olhando pela primeira vez hoje. –Não pode ir sem se despedir dela Wally!

–Não vou. –A tranquilizo. –Passo na sua casa antes de voltar.

–Tudo bem. –Ela olha para os seus pés novamente, com lágrimas nos olhos.

Dou um breve abraço em Cisco e Caitlin, que parecem tão abalados quanto o restante do pessoal, então vou em direção a Roy que estava mais próximo. –Se cuida Wally. –Fala me dando um abraço estranho. –Vamos sentir sua falta.

–Ainda temos um filme para ver. –Lembro a ele que dá risada.

–Aposto que vou estar te esperando com ele.

–Tenho certeza. –Respondo me virando para Diggle que tinha os braços cruzados sobre o peito e a cara fechada.

–Tchau Dig. –Estendo minha mão para ele que fica olhando por uns segundos antes de aceita-la e me puxar para um abraço em seguida.

–Sara poderia ter escolhido piores. –Brinca me fazendo dar risada.

–Nunca dei espaço para ela cogitar a possibilidade. –Solto sem pensar e ele me encara sério. –Não deveria ter falado isso. –Murmuro revirando os olhos, mas Diggle cai na gargalhada antes de bagunçar meus cabelos.

–Até Wally é mais esperto que você Oliver! –Debocha.

–Pensei que já tivéssemos passado dessa fase. –Diz Oliver incomodado. –Eu já estou com Felicity, lembra?

–Não estaria se não fosse por ele. –Felicity parece pensar alto, por um segundo ela pareceu ser ela novamente, mas então a tristeza voltou junto com seu olhar vazio.

–Certo. –Oliver se vira em minha direção. –Obrigada por isso Kid. –Eu sorrio abraçando um dos meus heróis. –Vou sentir sua falta.

–Ollie preciso te falar uma coisa.

–Qualquer coisa. –Responde.

–Eu conheço sua história, sei o que aconteceu, as escolhas que você fez para sobreviver. –Ele me olha atentamente. –E sei que você passou anos se escondendo atrás do capuz. Julgando não ser digno de receber o que a vida lhe oferecia, coisas como amor, família ou até mesmo gratidão. Mas quero que se lembre que você é um dos meus heróis, que me inspira. Precisa se ver como eu, Felicity, Dig ou Roy te vemos. Hoje você é apenas o Arrow, mas um dia vai ser mais. –Oliver sorri com os olhos marejados. –Tem um cara, o mais durão da Liga, ele costuma dizer que você é a consciência dela, quem mantem todos com o foco nos humanos e ele está certo Ollie. Me orgulho por ser seu afilhado, saiba disso.

–Afilhado? –Roy pergunta e eu quero bater minha cabeça na parede nesse momento.

–Claro que eu precisava dar o último spoiler antes de ir. –Falo puxando meus cabelos.

–Hey! –Oliver chama minha atenção para ele. –Obrigado Kid, tenho certeza que você só vai me deixar mais orgulhoso com o passar dos anos, vou sentir sua falta meu garoto.

–Vai passar rápido tio. –Nós nos abraçamos novamente.

E agora seria uma das partes mais difíceis, mas não faria isso ali, vou em direção a meu pai e digo a ele rapidamente, tão rápido que ninguém mais que estava na caverna seria capaz de perceber. Digo a ele para me esperar na casa da Felicity que passo lá assim que acabar. Então pego a tia Fel em meus braços e desapareço com ela. Corremos até nós estarmos no alto de um prédio em Detroit onde seria um dia a sede da Liga da Justiça na terra. Eu a coloco no chão e ela olha ao redor abobada com a paisagem.

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–Por que me trouxe aqui Wally? –Pergunta reprimindo o choro sem olhar em minha direção.

–Fel... Tia Fel. –Chamo e ela me olha, posso ver toda a força por trás daqueles olhos azuis. –Precisava ter sua atenção. –Brinco e ela sorri, limpando uma lágrima que escapa de seus olhos. –Sabe que não pode me procurar antes da hora não sabe? –Digo sabendo que ela já deve ter dado início as buscas.

–Mas...

–Não pode. –A interrompo.

–Não é justo isso Wally, não com você! –Eu a abraço e deixo que chore em meu ombro.

–Esses anos vão passar mais rápido do que você imagina.

–Não vem começar a mentir para mim moleque. –Responde e eu dou risada a soltando para olhá-la nos olhos.

–Me lembro da primeira vez que te vi. –Eu a puxo pelas mãos para que se sente ao meu lado no chão. –Foi no dia em que fui resgatado, meu pai me entregou para Oliver e ele me trouxe para a casa de vocês, para que minha mãe desse a entrada nos papeis de adoção e eu não precisasse ir para um abrigo.

–Tento imaginar como você era... –Diz pensativa.

–Não estava e um dia bom, acho que ganhei minha beleza com os anos! –Brinco e ela dá risada encostando a cabeça em meu ombro. –A primeira coisa que você me falou foi que eu tinha os olhos do meu tio Barry.

–Não consigo entender como pode ser tão parecido com ele! –Fala sozinha.

–Nem eu. –Concordo. –Vocês me colocaram para dormir no quarto de Connor que não estava com vocês no dia...

–Onde ele estava? –Parece preocupada, mas eu não contaria que o garoto estava com a mãe, não era hora dela saber disso.

–Não posso contar! Não pergunte. Vai querer ouvir minha história ou não?

–Por favor, continue! –Incentiva.

–Eu me deitei naquela cama e você ficou me olhando, desse jeito. –Aponto para a forma cheia de adoração que ela me fitava. –Então eu pensei que Íris não era único anjo que conhecia, você só poderia ser outro. –Ela sorri com tristeza. - Naquele dia acordei espremido entre você e Ollie na cama de vocês, tenho certeza que foi ele que me pegou enquanto eu ainda dormia. Acho que vocês passaram a noite inteira me olhando dormir. –Felicity chorava abertamente agora.

–Como vou fazer nesses quatro anos Wally? –Pergunta em meio ao choro. –Ou Íris, ou Barry? Oh meu Deus, Íris vai morrer!

–Vocês vão ficar bem. –Garanto. –E quando me encontrarem, vão ser os melhores pais, tios e padrinhos do mundo. Eu precisava que soubesse disso Felicity, que eu te amo como minha segunda mãe.

Ela se levanta olhando a paisagem com lágrimas escorrendo por sua face. –O que aconteceu com seus pais biológicos? –Me pega de surpresa com a pergunta.

–Nunca perguntei nada sobre eles. –Confesso.

–Quem perdeu foram eles Wally. –Ela sorri com carinho para mim. –Devem ser uns bundões, para tratarem mal o melhor garoto do mundo.... –Felicity leva as mãos a boca. -Oh merda eu falei bundões? –Concordo a puxando para um abraço, rindo da expressão de desagrado dela. –Até logo Wally. –Sussurra antes de me dar um beijo no rosto.

–Até logo tia Fel. –Eu a pego nos braços novamente e a levo para a porta do clube e parto sentido a Central, esse não estava sendo um dia fácil.

Sabe a coisa mais legal em dezesseis anos de mudança? São as coisas que não mudam. O cheiro da casa do meu avô por exemplo, cheiro de café que tinha acabado de ser feito, e olha que eu nem gosto de café, mas o cheiro dele me lembra segurança, essa é outra coisa que não mudou em dezesseis anos, toda vez que eu olho para o velho Joe ele passa aquela sensação de segurança. Tá a última coisa que não vai mudar em dezesseis anos, e como você pode perceber todas as outras envolvia o meu avô, essa última não é diferente, e a chave que abre a porta da casa do velho, é a mesma que estará em meu chaveiro daqui a dez anos.

–Vô? – O chamo fechando a porta atrás de mim.

–Pensei que você não viria mais. – Ele está sentado no sofá com uma cerveja nas mãos vendo a TV que passava a reprise de um jogo de baseball dos Yankees contra os Red Sox, mas eu sabia que ele não estava realmente prestando atenção no jogo, o motivo disso? Por que de todos os esportes do planeta Baseball é o único que meu vô não entende.

–E deixar o senhor sem uma despedida descente, qual é velho? Eu vou ficar quatro anos sem encher a sua paciência, não poderia perder essa oportunidade. – Tento fazer graça mas acho que ele não entende muito a piada, por que sua cara se fecha de um jeito que me dá medo. –Vamos lá vô? – Me jogo do seu lado do sofá. – A tia vai precisar do senhor para passar por isso, e não só ela, o tio Barry também. Sou uma graça, por onde passo deixo muitos corações apaixonados. – Sorrio para ele como se tivesse acabado quebrar uma janela, e tentasse me livrar do castigo.

–Sua mãe já deve ter iniciado as buscas, seu pai também e Felicity, Oliver, Cisco e Caitlin. Moleque ninguém quer que você passe pelo que você vai passar. – Meu vô passa a mão pela cabeça, em uma das suas atitudes que não muda com o passar do tempo.

–Eu deveria ser o primeiro a não querer passar por isso, mas não quero que mude a minha história, e o senhor quer saber o porquê? – Me olha esperando a resposta. – Por que todo esse sofrimento que eu passei só me serviu para moldar o meu caráter, saber o tipo de pessoa que eu quero ser, e o melhor, quem eu não quero ser. Mas principalmente vai me servir para saber dar valor as coisas e as pessoas importantes para mim. Vô, eu tenho que passar por isso, faz parte da minha história. – Meu vô me abraça forte, quase me quebrando, ele tem um desses abraços acolhedores, que faz você se sentir bem. – Agora que tal você dividir essa cerveja comigo? – Tento.

–Você não vai correr por ai? Não deveria misturar velocidade com álcool. – Diz com o olhar de policial.

–Ah vô, com a velocidade do meu metabolismo isso nem faz cocegas.

–Quantos anos mesmo você tem? –Pergunta como se tivesse ganho o jogo.

–Agora ou agora? – Faço o indicativo de tempo e outro faço indicando o meu corpo.

–Os dois?

–Eu não vou ganhar um gole dessa cerveja não é? – Digo tristemente.

–Não! – Ele sorri e me abraça. E agora só faltava a parte mais difícil do meu dia.

BARRY

Íris não falou nada desde o momento que acordou naquele dia, inventou de fazer faxina na casa da Felicity para não ter que ir a caverna e prolongar todas as despedidas que seriam feitas. Eu chego a casa da Felicity e ela está sentada com uma foto de Wally com Felicity que deve ter sido tirada por Oliver a alguns dias, a segurando como se sua sanidade dependesse disso.

–Quer conversar? –Pergunto me sentando no outro sofá de frente para ela.

–Você quer? –Devolve a pergunta erguendo a sobrancelha para mim.

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–Na verdade não. –Sou sincero a vendo expressar o mínimo sorriso.

–Somos dois então! –Eu abro meus braços para ela que se aconchega neles se sentando em meu colo, ficamos em um silencio escandaloso. Meu coração parecia se espremer mais a cada segundo e juro que ele deve ter parado no momento em que Wally passou pela porta.

–Oi família. –Tentou cumprimentar como sempre, mas ver a forma como estávamos pareceu afetá-lo mais do que ele pensava.

–Sabe que eu não tenho nenhuma foto sua. –Íris diz se levantando e indo em direção a Wally que a olhou sem entender direito o que estava acontecendo. –Barry vem aqui, vamos tirar uma foto com Wally. –Ela para olhando para nós dois. –Mas não com o uniforme, vão logo se trocar. –Respira fundo forçando um sorriso. –Não querem expor a identidade secreta de vocês. –Explica ao perceber que estávamos confusos demais para nos mover.

Corremos para o quarto e trocamos de roupa, voltando em menos de um segundo. –Pronto. –Digo entregando meu celular para ela que pede a Wally que se sente entre nós dois antes de bater a foto.

–Tia você está bem? –Wally pergunta a vendo sorrir falsamente para ele, não, ela não estava bem, mas não queria que o filho a visse chorando no momento em que ele precisava ir embora depois de ter viajado no tempo para salvá-lo. Queria se mostrar forte para ele, eu me sentia mais apaixonado ainda por saber quão forte ela era.

–Estou sim. –Responde beijando o rosto dele. –Quer nos dizer algo que ajude a te encontrar? –Sugere e posso ver a esperança por trás de seus olhos.

–Não tem nada que possa ajudar, vocês não devem me encontrar, não ainda. –Íris fecha os olhos por um momento se concentrando em sorrir e eu preciso fazer força para não exigir respostas melhores dele.

–Então como é isso de correr a ponto de quebrar a barreira do tempo? –Falo a primeira coisa que me vem em mente.

–Pai? –Chama e sinto meu coração se apertar em meu peito. –Eu te conheço, eu venero você minha vida toda, tento ser você desde que me lembro. Sei o significado de cada expressão de cada um dos gestos que você faz, você é meu maior herói. E conheço você também mãe, não adianta mentirem para mim, ou ficar tentando parecer fortes. –Ele olha para Íris que deixa uma lágrima escorrer por sua face. –Não vou pensar que são fracos ou respeitar menos vocês por que estão sofrendo por eu estar indo embora. Vocês e os gêmeos... –Eu me assusto olhando para Íris. –Okay, apaguem essa última parte. Cara eu preciso trabalhar isso! Como é possível ser treinado para suportar torturas terríveis e não entregar nada, mas não sou capaz de segurar minha língua para as pessoas que eu amo?

–Você já foi torturado? –Íris e eu perguntamos juntos.

–Algumas vezes, mas esse não é o ponto.

–Como algumas vezes Wally? –Exijo mais detalhes.

–Tio eu sou um herói, assim como você, o que significa que passei por mais coisas do que vocês gostariam de saber, mas eu estou aqui, inteiro. –Respiro fundo passando as mãos pelos cabelos resignado.

–Tudo bem Kid.

–Tia Íris, agora que tudo está bem e que eu sei que vai permanecer assim por muito tempo, preciso te agradecer por ter me salvado, a vocês dois. Obrigada por serem meus pais. –Ele a abraça com carinho e eu percebo que ele cresceu nessas semanas em que esteve aqui e não só no tamanho, Wally é o filho que eu queria ter, e por algum motivo cósmico eu ganhei.

–Quatro anos. –Íris se separa olhando cada pedacinho da face dele com atenção como se quisesse grava-los em sua mente.

–Vão passar mais rápido do que você imagina tia. –Diz secando uma lágrima do rosto dela.

–Wally. –O chamo me levantando para abraça-lo e íris faz o mesmo. Wally me abraça e o garoto já tem quase minha altura aos 17 anos apenas. –Você é a melhor parte da minha vida Kid, nunca se esqueça disso okay?

–Você nunca me deixou esquecer. –Reponde com um sorriso triste.

–Me perdoa por ter enlouquecido e ter deixado você sozinho em uma hora como aquela? –Aquilo vinha me engasgando a muito tempo, vejo a expressão de espanto em sua face.

–Não era você. –Responde convicto. –E mesmo aquele Barry me amava, eu sei que amava, nunca duvidei disso. –Eu o puxo para meus braços mais uma vez.

–Obrigado meu garoto. –Beijo o alto de sua cabeça. –Eu te amo Wally. –Sussurro para ele.

–Eu te amo pai. Obrigada por tudo.

–Já estou sentindo saudades! –Murmura o abraçando novamente e dando beijos no rosto do garoto que sorri com o carinho. –Eu te amo Wally, mais do que tudo em minha vida.

–Eu te amo mãe. –Ele a abraça pela última vez e lhe dá um beijo no alto de sua cabeça se afastando em direção a porta em seguida. –Mais uma coisa. –Íris olha para ele com os olhos brilhando. –Você ensinou Felicity a cozinhar e ela superou você! –Conta e vejo Íris sorrir divertida, Wally parecia indignado com aquilo. –Ainda está em tempo de concertar isso! –Aponta para a mãe com um sorriso zombeteiro.

–Precisa superar meu amor. –Responde soprando um beijo para o filho.

E ele desaparece surgindo novamente com o mesmo uniforme meu que ele usava quando chegou. Era bizarra a forma como éramos parecidos. –Nos vemos logo família!

Wally sai correndo e eu visto meu uniforme e disparo atrás dele. –Se cuida Kid! –Grito para ele que se vira piscando para mim com um sorriso divertido.

–Te vejo em casa pai! –Responde se virando para frente novamente. –Uhul! –Grita como eu antes de correr mais rápido do que eu poderia e literalmente desaparecer ao quebrar a barreira do tempo.

ÍRIS

–Eu juro por Deus que se eu tiver que subir essas escadas por causa dessa briga de vocês dois, vão ficar de castigo até terem idade para dirigir. – Grito ao pé das escadas para os meus dois pestinhas que faziam um terremoto no andar de cima. – Ai meu Deus! Que horas o pai de vocês vai chegar? – Pego uma porção de brinquedos que estavam espalhados pelo chão, quando ouço a porta da frente destrancando, e vejo os cabelos vermelhos e tão peculiar do meu filho. – Wally esqueceu alguma coisa filho? Você não iria dormir na casa dos seus padrinhos para poder ficar mais tempo com a Sara? – Eu o olho de novo e ele está diferente do garoto que tinha saído a pouco tempo daqui, e de alguma madeira eu sabia que fazia mas de um mês que eu não o via.

–Eu tinha que voltar para te ver. – Ele tinha os olhos cheios de lágrimas contidas, ele estava usando roupas normais, calça jeans, camiseta azul, allstar branco, bem diferente do uniforme antigo de Barry que ele usava no dia que saiu da minha vida para só voltar quatro anos depois. Eu abro os meus braços e ele se encaixa ali como se fosse a mesma criança que eu tinha visto a em uma fábrica sendo maltratado. Suas lagrimas corriam soltas agora.

–Ei meu amor. Eu estou aqui, não vou a lugar nenhum. Você conseguiu, você me salvou, salvou seu pai, salvou seus irmãos. - Eu beijo seu rosto e pouco a pouco ele vai se acalmando.

–Ei, por que Wally tá chorando? – Dawn desse as escadas apressadamente correndo para os braços do irmão mais velho.

–Como? O Wally não chora, homens não chora! – Don aparece no topo da escada olhando curioso.

–Calma vocês dois. – Eu pego Dawn do colo do Wally que parece relutante em entregar o irmão para mim, eu entendo já que de certa maneira era a primeira vez que ele estava pegando-os. Isso era tão confuso. –Vão brincar que o seu irmão está cansado, e vocês já deveriam estar indo para cama.

–Mãe! – Dawn e Don reclamam juntos.

–Vamos ligar para a sua madrinha, ela está esperando que você retorne em segurança a muito tempo. – Mas antes que eu pudesse pegar o telefone à porta se abre de novo.

–Ele voltou? - Barry pergunta antes mesmo de fechara porta. E quando vê Wally agarrado a mim, tem a confirmação que tudo em fim tinha dado certo. – Ah Kid. – Vem e abraça o filho com força. – Faz dezesseis anos que eu espero você voltar. – Eu o solto relutante e vou pegar o telefone, e ela atende no primeiro toque.

‘Ele está bem?’ – Felicity pergunta apreensiva.

–Ele acabou de chegar, ele está bem. – E pela primeira vez em dezesseis anos eu respiro aliviada, e posso ver que ela também. –Nosso menino está de volta. –Começo a chorar e eu posso ouvi-la chorar do outro lado da linha.

‘Foi uma longa espera.’ - Diz entre o choro.

–Mas tudo acabou, Fel, o pesadelo acabou. – Limpo meu rosto.

‘Eu vou avisar a Oliver e aos outros, John está uma pilha de nervos desde que Roy e Dick voltaram e Sara não entende o porquê. Thea teve que levar ela e Zatana para uma falsa missão por conta disso.’ – Ela ri do outro lado da linha.

–Tia eu tô com fome! – Wally grita e eu sorrio.

–Tenho que desligar Fel. Tchau! – Me despeço.

–Eu também amor. – Barry aparece com Wally em seu encalço.

‘Tudo bem, vai cuidar desses dois mortos de fome, vai saber quando os outros dois vão se juntar a eles’ – Posso ouvir sua risada.

–Nem brinque com isso, vou ter que largar o meu emprego e fazer faculdade de gastronomia para cuidar de quatro deles. – Finjo desespero, mas sei que é só questão de tempo até aqueles dois lá em cima se juntar ao negócio da família.