>>o Ponto de vista: Angie

Acordei, infelizmente, com o barulho do despertador. Era oito horas da manhã, eu estava com muito sono, mas agora era uma rainha tinha coisas a fazer. Levantei com preguiça ouvindo o barulho do chuveiro, encarei as minhas roupas e suspirei, estava na hora de voltar a usar os meus vestidinhos elegantes, e conjuntinhos sem graça. Mas eu tinha que passar uma imagem e não queria estragá-la por usar calça colorida ou jaqueta de couro. Então separei um vestido rosa chá de brim e uma sapatilha nude, antes de ir para o banheiro.

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– Oi, dormiu bem? - perguntou Ed saindo do banheiro.

– Maravilhosamente bem e você?

– Igualmente bem! - falou me dando um beijo carinhoso.

– Bom dia! - falei entrando no banheiro.

– Bom dia! - o ouvi responder.

Enquanto tomava banho e sentia a água morna relaxar todos os meus músculos, pensei no que me aguardava. Ainda não sabia a minha agenda, mas sabia que não ia ser nada fácil. Nunca era!

– O que vai fazer hoje? - perguntei assim que entrei no closet.

– Tenho um encontro com os líderes do Reino Unido. - falou e fiquei cansada só de ouvir a palavra "líderes". - E você?

– Ainda não sei, mas tenho certeza que será tão divertido quando o seu encontro.

– Ah não fique assim, as coisas podiam ser piores.

– E eu posso saber como?

– Você podia ser casada com um cara não tão incrível como eu. - eu o encarei sem acreditar no que ele tinha falado, Ed fazendo piadas? Estava realmente surpresa!

– Nossa, que sorte a minha! - respondi ironicamente o fazendo rir.

– Te vejo no café da manhã, não demore pra descer.

– Não vou! - falei penteando o cabelo.

Quando finalmente estava pronta, me encarei no espelho e lembrei da Ana falando sobre estar parecida comigo, e naquele momento eu estava muito parecido com ela. Vestido romântico, sapatilha, maquiagem extremamente simples e cabelo liso. Essa não era a Angie que ela conhecia.

>>o Ponto de vista: Ana

Acordei com muita vontade de continuar dormindo, mas lembrei que era meu último dia em Londres e não queria perder nem mais um minuto na cama. Eu com certeza ia sentir falta do luxo, até porque agora ia passar de assistente real da rainha da Inglaterra para a filha da empregada. Não que eu tivesse vergonha de ser quem era, mas ter mordomias era muito bom.

Tomei um banho demorado e relaxante de banheira, e troquei de roupa pronta pra caminhar por toda Londres. Assim que sai no corredor, vi Lucas indo em direção ao meu quarto.

– Bom dia! - falou sorrindo.

– Bom dia!

– Eu ia ver se já tinha acordado.

– Pois bem, eu acordei.

– Percebi, gostaria de dar um passeio comigo?

– Claro, vamos comer primeiro? - falei com muita fome, e ele sorriu.

– Tudo bem!

Caminhos em silêncio até a mesa de café da manhã, os pais de Ed não estavam mais lá, somente Angie e ele. Confesso que eles pareciam felizes juntos, quando chegamos estavam rindo e ficaram ligeiramente sem graça percebendo nossa presença.

– Bom dia! - falei pra 'quebrar o gelo'.

– Bom dia! - responderam em uníssono, só tornando a situação cada vez mais constrangedora.

– Então, como foi a noite de vocês? - perguntou Angie sorrindo com uma cara ansiosa, eu olhei pro Lucas imediatamente e ele me encarava.

– Foi ótimo, muito divertido! - respondi.

– Fico feliz, o Lucas não foi um completo idiota? - perguntou ela novamente fazendo com que ele a encarasse surpreso

– Na maioria das vezes, não. - respondi fazendo ela e Ed rirem abertamente.

– Nossa, como você é gentil! - falou Lucas revirando os olhos.

O resto do café da manhã seguiu em silêncio, somente com olhares trocados entre todos os presentes. Eu não sabia o que Lucas estava pensando, mas ele encarava a comida com dúvida ou preocupação.

– Se vocês me dão licença, eu tenho que ir. - falou Ed levantando da mesa.

– Te vejo mais tarde? - perguntou a Angie e ele sorriu.

– Claro, quando eu saí da reunião te ligo. - a Angie assentiu e ele saiu da sala.

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Eles pareciam estar mais íntimos que nunca, eu sei que eles eram casados, mas ainda era muito estranho pra mim, tenho que confessar.

– Ana? - chamou Angie interrompendo meus pensamentos.

– Oi! - respondi por reflexo.

– Hoje á noite, eu e Ed resolvemos fazer uma festa de despedida pra vocês dois.

– Esperávamos por isso, já que te conhecemos. - respondi e ela deu de ombros sorrindo.

– Então tudo bem, vai ser no salão do segundo andar do lado esquerdo.

– Estaremos lá! - falei e ela sorriu.

– Ótimo, agora tenho que ir. Vou encontrar com os responsáveis pela decoração de Natal esse ano, porque a do ano passado estava um horror.

– Só você mesmo, Angie. - falei rindo enquanto ela saia da sala.

>>o

– Quer só caminhar? - perguntou Lucas ao meu lado enquanto saímos em direção á rua.

– Sim, quero só caminhar.

– Em silêncio?

– De preferência.

– Então não devia ter deixado eu ir junto. - falou me fazendo rir.

– Mesmo que eu não deixasse você ia assim mesmo.

– Você tem toda razão.

Olhava para tudo ao mesmo tempo, eu ia sentir falta daquela vista todas as manhãs sem dúvida. Ia sentir falta de pegar um ônibus decente ou de usar o telefone público. Quanto mais pensava em Londres, mais percebia a diferença pro Rio, mas era lá que é a minha casa e isso eu não podia negar.

– Ah vai Ana, você não pode gostar mesmo do silêncio. - falou Lucas apenas 15 minutos depois da nossa última conversa.

– Mas eu gosto de verdade!

– Respeito a sua opinião, só não consigo entendê-la.

– Não precisa entender, é só ficar quietinho.

– Você sabe que isso é praticamente impossível pra mim.

– Não sei o que quer dizer com praticamente...

– Tudo bem, talvez eu não consiga ficar quieto, mas isso não é um problema. É?

– Talvez seja, mas acho que já me acostumei a você.

Peguei sua mão, ele ficou surpreso mas não a tirou, caminhamos devagar, e fomos em todos os lugares que tínhamos nos apaixonado. Eu comprei tudo aquilo que não tinha comprado ainda de lembranças de Londres, e Lucas comprou apenas uma miniatura da cabine telefônica.

– Você acha que a Angie vai fazer uma coisa simples? - perguntou e eu comecei a rir.

– A Angie? Algo simples? Nunca!

– Mas quem mais ela poderia chamar?

– A Angie sempre foi louca, antes mesmo de darem poder a ela. E agora que ela é a rainha, só vai piorar.

– Nunca deveriam ter dado tanto poder a ela.

– Agora é tarde demais! - falei sorrindo.

>>o Ponto de vista: Edward

– Angelina, isso não será possível. - falei pela milionésima vez.

– Mas por quê? - falou ela insistindo pela milionésima vez.

– Porque você não pode simplesmente atrapalhar a turnê de um artista pra ele cantar em sua festa particular.

– Por que não?

– Porque isso não é legal, Angie.

– Então você quer dizer que eu tenho uma chance de conseguir?

– Eu não disse nada disso!

– Tudo bem, Edward. Obrigada por estragar os meus planos! - falou ela desligando o telefone.

A Angie era uma mulher incrível, mas mimada. Acho que ela não estava acostumada a ouvir não, mas afinal quem era eu pra falar sobre isso de alguém?

– Algum problema, Vossa Majestade? - perguntou James na porta do cabinete.

– Não, está tudo bem, obrigado! Você podia trazer uma xícara de café?

– Como quiser, Majestade. - falou fechando a porta.

Angelina não era muito difícil de se lidar, se você concordasse com tudo sempre, o que era impossível, mas no geral ela era maravilhosa.

Poucos minutos depois, James reaparece com o café e alguns biscoitos, seguido por Angelina.

– Obrigado! - falei me dirigindo á James.

– Foi um prazer! Se Vossa Majestade me dê licença...

– Á vontade! - falei e ele saiu novamente. Angie estava sentada no sofá de canto, em frente á estante em silêncio. - Quer que eu peça desculpas?

– Não precisa, não fez nada de errado. - falou encarando o chão, eu me levantei e sentei ao seu lado.

– Angie, não se preocupe! Tudo vai sair como o esperado, e eles vão amar.

– Se você diz...

– Ah, não fique assim! - falei a abraçando, ela encostou a cabeça no meu ombro e não disse mais nada. - O que está pensando?

– Pensando na responsabilidade que caiu nos meus ombros, no momento que eu decidi que ia casar com você naquele corredor. - eu me mexi desconfortável com a resposta.

– Se arrepende da escolha que fez?

– Não me arrependo de ter me casado com você, mas não consigo me adaptar com o que acompanhava essa decisão.

– O que? O fato de ser uma rainha?

– Exatamente!

– Você não está se saindo tão mal, afinal. O que você fez de errado?

– Nada, só que... Depois que saí da reunião com o pessoal que organiza a decoração de Natal, tive que fazer algo realmente importante.

– O que você fez?

– Tive que escolher o melhor lugar para se implantar um novo orfanato. Me perguntavam o que eu achava que deveria conter para as crianças se sentirem acolhidas e várias coisas. Eu não sabia o que fazer, eu não parava de pensar que se eu fizesse algo errado poderia estragar a vida delas.

– Angie, você jamais estragaria a vida delas, ok? Não quero que se preocupe de novo, e não quero que pense que não é capaz de ser uma rainha maravilhosa. Você acha mesmo que a minha mãe passaria a coroa pra você, achando que você não era capaz de ser tão boa ou melhor do que ela já foi na vida dela toda? Olha, eu acredito em você, meus pais acreditam em você, até o povo acredita porque você não acredita em si mesma?

Por um momento, ela só me encarou, depois sorriu e me beijou. Tudo se acendia dentro de mim quando ela me beijava, era como se eu tivesse em uma montanha-russa novamente.

– Obrigada, viu? Por tudo! Você é incrível! - falou entre beijos.

– Não precisa me agradecer! Agora, infelizmente, tenho que voltar ao trabalho.

– Tudo bem, eu tenho que ver como anda as coisas com a festa. Porque depois já tenho compromisso marcado.

– É mesmo? O que vai fazer?

– Visitar um orfanato, preciso saber o que tenho que fazer!

– Muito bem, boa sorte!

– Obrigada! - falou saindo do gabinete, me deixando com um sorriso enorme no rosto e um baita orgulho da minha rainha.

>>o Ponto de vista: Lucas

Eu estava nervoso e ansioso, toda aquela história de dar um passeio era só uma desculpa, porque eu já tinha preparado uma surpresa pra Ana. Eu sei que era o nosso último passeio em Londres, e eu queria fazer algo especial. Quando o céu começou a escurecer e as luzes da cidade começaram a se acender, estava na hora do meu plano.

– Lucas, aconteceu alguma coisa? Você ficou quieto de repente!

– Não aconteceu nada, eu só tenho que sair porque a Angie acabou de me mandar uma mensagem. Tenho que ajudá-la em uma parada, mas te encontro daqui á uma hora em frente ao Rio Tâmisa, ok?

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– Em frente ao Rio Tâmisa? Você sabe que isso é extremamente vago, não sabe?

– Sim, mas você vai saber exatamente aonde.

– Como assim? - perguntou em dúvida

– Tenho que ir! - falei dando as costas pra ela, mesmo sabendo que estava confusa.

Corri para aonde tudo ia acontecer, só espero que dê certo! Claro, que a Angie deu um jeito de fazer tudo rolar. Estou tão nervoso!

>>o Ponto de vista: Ana

Eu estava (muito!) confusa, o Lucas simplesmente saiu correndo, tudo bem ele ia ajudar a Angie, mas a parte de encontrar com ele no Rio Tâmisa que não fez o menor sentido. Não sei se ele lembra, mas o Tâmisa é um rio não uma poça, como eu vou encontrá-lo se ele não especificou aonde?

Ignorei esse fato e segui o meu último tour por Londres. Estava indo muito bem, quando de repente um cara me parou no meio da rua e me deu um pequeno buquê de rosas vermelhas.

– O que é isso? - perguntei.

– Tem um cartão! - falou sorrindo e saiu andando como se nada tivesse acontecido.

Peguei o cartão e quando terminei de ler, meu sorriso era de orelha a orelha.

" Ana, eu sei que você não deve estar entendendo nada, mas que tal ser especial? Te encontro daqui a pouco!"

Depois disso fiquei meio perdida, mas segui andando quando recebi outro pequeno buquê dessa vez de rosas brancas.

" As coisas estão ficando interessantes, eu sei. Vai seguindo em frente, não precisa se preocupar porque está no caminho certo!"

Eu estava tão ansiosa para saber o que ia acontecer em seguida que nem pensava direito. E depois de dez minutos, outro buquê de um estranho, dessa vez copos de leite.

" Confesso que estou adorando esse jogo, mas vamos em frente. Você deve estar se perguntando onde isso vai dar, né?"

Eu nem sabia o que dizer diante de tantas flores e beleza, não sabia aonde estava indo, muito menos o que ia acontecer no final, mas estava louca pra descobrir. Tinha certeza que as próximas flores iam ser flores do campo, porque era nessa ordem que estavam minhas flores preferidas. E dez minutos depois, eu recebi outro, exatamente como havia pensado, flores do campo.

" Sei que já descobriu a ordem das flores, então já sabe qual vai ser a próxima e sabe também que é a última. Então vamos lá, você está indo exatamente onde eu queria."

Ele tinha razão, eu sabia exatamente qual seria a última, flores de cerejeira. Mas porque isso tudo? Claro que eu estava amando a atenção que estava recebendo, a curiosidade, a ansiedade, o fato de sempre ter um estranho sorrindo e entregando flores pra mim, além das pessoas em volta, rirem e torcerem por mim. E por último, mas não menos importante, veio o buquê que tanto esperava.

" Sei que está muito curiosa e ansiosa com tudo isso, mas quando temos sonhos românticos e somos pessoas legais, alguém deveria realizá-los, e aqui estou eu. Não sei se você percebeu, mas está em frente a árvore que você encarou por tanto tempo na primeira semana que estava em Londres. Você dizia que ela estava tão perdida no meio de todo o caos que se apaixonou por ela. Então achei que talvez fosse um lugar legal pra ser a surpresa. Espero mesmo que goste!"

Foi só então que eu me virei e vi a árvore que eu tinha me apaixonado, enfeitado com luzes que dançavam ás margens do Rio Tâmisa. E lá estava Lucas, de smoking e sorrindo fazendo meu coração palpitar, seus olhos brilhavam a luz da Lua (que por sinal, estava cheia só pra ser mais perfeito!), algumas pessoas faziam uma pequena roda em volta da situação, e então eu fui ao seu encontro rindo e com o coração a mil.

– O que está fazendo? - perguntei olhando aquilo tudo.

– Simples, eu estou realizando seu sonho romântico em Londres. Não, no Rio de Janeiro porque ia ser fácil demais, mas aqui. Onde essas pessoas não sabem o que é um mar de verdade.

– Mas por quê? Eu não...

– Ana, eu sou apaixonado por você. É claro que você já sabia disso, mas porque não dizer em voz alta? Na frente de várias pessoas filmando no celular? Por que eu não posso me declarar pra você em noite de lua cheia com flores do jeito que você queria?

– Não se esqueça do Rio Tâmisa!

– Ah, é claro! E com o Rio Tâmisa de fundo!

Por um momento eu não sabia o que falar, aqui estava Lucas de smoking fazendo tudo que eu sempre sonhei que acontecesse comigo um dia, eu simplesmente não sabia o que dizer. Com certeza eu fiquei surpresa, mas... Nem os meus pensamentos estavam organizados. Então já que eu não sabia o que dizer, eu o beijei. Sim, eu o beijei. Um beijo que qualquer filme teria inveja porque foi digno de um Oscar. Isso mesmo, foi perfeito! As pessoas á nossa volta aplaudiam, mas eu nem estava mais ouvindo, tudo o que queria era aproveitar cada segundo daquele momento lindo.