"Responda a pergunta!" Rugiu o homem que apontava a arma para o rosto de Preston. Sydney olhou ao redor tentando encontrar uma forma de escapar, mas era impossível estando a plataforma rodeada por tantas pessoas armadas. Os três estavam no centro do bando, e todas as miras convergiam para suas cabeças.

"E-Ele foi pego pelas armadilhas!" Respondeu o inglês já perdendo a conta de quantas vezes suas pernas haviam ficado bambas nesse mesmo dia.

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O homem de casaco de peles, que parecia ser o líder do grupo, deu uma longa gargalhada e alguns tapinhas no ombro de Preston. "Que notícia maravilhosa. Agora não precisarei desperdiçar um quarto do valor do artefato! Onde está a urna?"

O inglês olhou para Sydney, suplicando ajuda. "Nós não a temos. Ela ficou presa dentro da caverna." Declarou a caçadora em um tom firme, enquanto acomodava melhor o assistente em seus braços.

"Está me dizendo que saíram da cripta sem a relíquia? Quer que eu acredite nisso?"

Sydney ia responder, mas algo estranho chamou sua atenção. Havia alguma coisa errada. Ela não conseguia mais sentir a pulsação no braço de Nigel.

Preston percebeu a irritação do homem ao não obter uma resposta da historiadora, então começou a balbuciar os acontecimentos que levaram ao desmoronamento da caverna.

A mulher pressionou os dedos no pescoço do assistente e aguardou. Aguardou rezando que seu melhor amigo não estivesse morrendo e que a ausência de pulsação fosse apenas por seus próprios dedos estarem anestesiados pelo frio. Lembrou-se do que Nigel havia lhe dito no hotel: 'Nem sempre se pode ter tudo, Syd. É o que acontece com pessoas normais.' Nã não podia ter razão! Não desta vez!

Mas o inglês tinha o grave defeito de estar sempre certo. Não eram seus dedos que a enganavam. O homem em seus braços não estava mais reagindo e Sydney o estava perdendo. Pânico começou a correr arranhando suas veias.

Seu momento de desespero foi interrompido pela voz grave e ameaçadora do líder do bando, que bradava com Preston. "Como assim está enterrada na caverna? Não me interessa o que aconteceu, busque minha urna agora ou vocês três estarão mortos!"

O homem olhou para Sydney e gritou com ódio "Você aí! A famosa Sydney Fox! Desça por aquelas escadas imediatamente e traga a relíquia!"

Sydney não deu importância ao que ele estava dizendo. Ela deitou Nigel no chão e se preparou para iniciar a tentativa de reanimação, mas o engatilhar da arma que estava apontada para o rosto de Preston a fez parar. "Desça agora, ou este aqui morre!"

A caçadora fez menção de continuar o que estava fazendo, então o homem encostou a arma na testa de Preston. "Esta será sua última chance. Você pode levantar agora e salvar este aqui, ou tomar seu tempo trabalhando no moribundo enquanto eu e meus homens acabamos com este idiota!"

A mulher entrou em choque ante o cruel impasse. Como podia aquele homem ordenar que escolhesse entre duas vidas? Como podia esperar que decidisse entre Nigel ou seu irmão, sendo um a única família que restava para o outro? Como podia obrigá-la a abandonar um de seus amigos, seu melhor amigo? Sydney sentiu bile subir pela sua garganta. Seus braços não se moviam e ela não tinha mais certeza se ainda estava ajoelhada no chão frio, ou se estava mesmo naquele lugar repleto de gelo e desgraça. Olhou nos olhos assustados de Preston e depois encarou seu amigo imóvel no chão, sem saber o que fazer.

O som de um disparo a ensurdeceu.

O mundo começou a andar em câmera lenta. A consciência de Sydney gritava que ela acabara de matar Preston. Um momento, que pareceu absurdamente longo, se passou até ela ter a coragem de levantar a cabeça e olhar para o inglês.

Preston estava de pé, no mesmo lugar. Todos os homens que os cercavam começavam a correr, e deitado no chão da plataforma estava o homem de casaco de peles, que gemia enquanto segurava o ombro direito. Sua arma estava caída a alguns metros. Sydney olhou em volta e viu várias pessoas de uniforme rendendo os seis capangas. Mais alguns tiros foram ouvidos, mas ela não prestou atenção em mais nada. O pânico que a tomava deu lugar a uma onda de adrenalina, que instantaneamente a despertou de seu torpor.

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Nigel tinha, sim, o defeito de estar sempre certo. Mas era Sydney quem desafiava seu bom senso todos os dias, mostrando que sempre havia uma saída. E hoje não seria diferente!

Sydney começou imediatamente a reanimação. Preston soltou um suspiro, que poderia ter sido seu último, e suas pernas cederam. Ele sentou-se no chão, alheio a tudo o que acontecia a sua volta, exceto ao desespero da mulher que tentava salvar seu irmão.

Todos os homens foram algemados e levados para caminhonetes, que apareceram alguns instantes depois. Dois dos homens de uniforme se aproximaram de Sydney depois de falarem com alguém no rádio dos automóveis.

"A ambulância aérea já está a caminho, senhora!" Disseram eles, mas Sydney não pareceu ouvir.

Preston a observou por cinco minutos.

Foi este o tempo que o helicóptero demorou para chegar e os paramédicos assumirem a posição da caçadora. Sydney ficou ajoelhada ao lado deles, observando seu trabalho. Fosse pelo frio ou nervosismo, ela estava tremendo muito. Preston aproximou-se e pôs seu braço sobre os ombros da mulher, tentando aquecê-la.

Os dois aguardaram ansiosamente por alguma reação da frágil pessoa que estava sendo atendida. Os paramédicos trocaram algumas palavras difíceis enquanto examinavam e imobilizavam Nigel para tirá-lo do chão frio.

Em movimentos rápidos e calculados colocaram um colar para impedir o inglês de mexer o pescoço e o puseram sobre uma pequena maca. Um deles começou a empurrar ar para dentro dos pulmões de Nigel usando um dispositivo manual enquanto o outro continuou a massagem cardíaca que Sydney estava fazendo.

Os homens trocaram mais algumas palavras que a caçadora não reconheceu e então seus movimentos se tornaram frenéticos. Sydney se apavorou. Eles continuaram o trabalho por mais algum tempo e se limitavam a falar somente palavras curtas que ela não conseguia distiguir, sem nenhuma vez diminuir o ritmo do atendimento.

Preston começou a perder as esperanças. Seus olhos se encheram de lágrimas diante da perspectiva de nunca mais ver seu irmão. Ele começava a virar o rosto para o outro lado, quando um dos paramédicos disse que haviam conseguido reanimar Nigel. Preston soltou um suspiro.

Sydney encolheu-se imediatamente e começou a soluçar, vencida pelo estresse dos últimos acontecimentos. Nigel foi amarrado na maca e levado para o helicóptero. A caçadora secou o rosto e levantou-se, pedindo para acompanhá-lo, mas os médicos disseram que não havia lugar na ambulância e a impediram de embarcar.

O helicóptero levantou vôo, indo em direção ao hospital mais próximo. Preston aproximou-se de Sydney e enrolou um cobertor idêntico ao seu nos ombros da historiadora, cortesia dos policiais misteriosos.

A mulher desvencilhou-se rapidamente e correu em direção ao jipe. Abriu a porta do veículo e começou a procurar as chaves de maneira desesperada. Ela sentiu que alguém pôs a mão em seu ombro e virou-se, pronta para derrubar qualquer um que quisesse impedi-la de ir ao encontro de Nigel.

Quando reconheceu o rosto da pessoa que havia lhe abordado, Sydney relaxou. "Kate, não tente me impedir, eu tenho que ir para aquele hospital!"

"Eu sei disso. Só vim lhe avisar que possuo um meio de transporte mais rápido."

A equipe da Interpol que Kate havia enviado para resgatar Sydney, Nigel e Preston, em Valaste, ficou para trás enquanto a caçadora de relíquias embarcava em um helicóptero acompanhada da agente e do Bailey mais velho.

Depois de um tempo absurdamente longo, na opinião da caçadora, os três chegaram ao hospital.

Sydney foi a primeira a entrar no prédio perguntando pelo amigo. A enfermeira que ficava no balcão da entrada negou-se a fornecer informações. A historiadora já estava prestes a partir para a ignorância e arrancar a informação da mulher à força, quando Preston se aproximou e informou que era um familiar.

A enfermeira, que arranhava um pouco de Inglês, disse que ainda não havia sido lançada no sistema a informação sobre estado de Nigel. Ela recebeu mais um olhar enfurecido da caçadora e achou melhor encaminhar os três à sala de espera para aguardarem novidades do médico que estava atendendo o jovem inglês antes de ser atacada pela americana mal-educada.

Sydney permaneceu de pé, mal aguentando a agonia de passar aquelas primeiras horas sem saber se seu amigo ficaria bem. Quanto tempo mais teria que esperar para ouvi-lo conversando e sorrindo novamente e confirmar que ficaria bem?