Outro Fruto Proibido

Defeito fatal


Quem me acordava era o Tony, ele estava pálido e abalado. Me levantei e olhei em volta, lá estavam Cris, Joe, Tony e Nico...Mas...

- Cadê a Jane? – perguntei me exaltando

- Calma Maggie – Nico me segurou pelos ombros – Precisamos manter o foco, nós vamos trazê-la de volta, mas estamos em perigo.

- Não! – caí nos braços do meu namorado – É minha culpa, eu sempre atraio problemas, sou uma péssima pessoa. – chorei sem ligar pros meus amigos que tentavam me consolar, pela cara deles parece que estavam tão triste quanto eu.

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Me senti tudo, egoísta, estúpida, infantil, burra, pequena, inútil. Quando eu estava me recuperando da morte da Ruth me surge isso, quando é que vai parar meus deuses? Por que eu tenho que viver tudo isso? Não podia ser a vida de outra pessoa?

- Maggie, ta tudo bem – Nico me envolveu em seus braços e beijava meu cabelo – Esta tudo bem meu amor. Jane está viva, eu sei disso, lembra quem eu sou?

- Promete que não vai deixar isso acontecer de novo? – eu perguntei pra ele – Não deixe que eu prejudique outras pessoas com meus problemas, já te arrastei pra cada um que nem sei.

- Maggie, você nunca vai entender? – ele beijou cada parte do meu rosto – Não é culpa sua! Não é culpa de ninguém além de quem está reunindo essas forças. Olha pra mim – ele pediu e eu levantei meu rosto – Não precisa ser assim, você não precisa sofrer, ok? Não quero que você sofra, nunca.

- Não pode me proteger sempre Nico, eu só quero que nem você nem ninguém arrisque a vida por mim, como a Ruth... Ela foi uma pessoa forte Nico, uma grande amiga, e morreu por minha culpa.

- Ruth não morreu por sua culpa – ele disse afagando minhas costas – Ela foi corajosa, e morreu bravamente. E disso você deveria ter orgulho, não culpa.

- Ela não morreu porque quis, Nico – eu disse – Eu a empurrei naquela viagem, do mesmo jeito que empurrei vocês nessa aqui, eu trouxe meus amigos pra uma armadilha.

- Quer falar com ela? – perguntou ele – Com a Ruth?

- Mas como? – perguntei pra ele – Se tivesse uma maneira de eu falar com ela seria ótimo.

Ele sorriu pra mim e se virou, ele pegou uma pá e começou a fazer um buraco na areia, eu o observei fazer aquilo quase o dia inteiro, eu e o pessoal montamos um acampamento enquanto ele fazia aquilo.

Já era de noite quando ele pediu pra eu colher alguns cocos, eu fiz o que ele pediu e ele retirou a água do coco e jogou no buraco, depois pegou a parte comestível do coco e jogou lá também, e começou a cantar uma música esquisita, numa espécie de ritual.

Esperamos um bom tempo até uns espíritos aparecerem, fiquei com um pouco de medo, mas Nico os mandou embora, esperamos até que ela apareceu, suas roupas de viagem, olhos verdes e cabelos castanhos, Ruth, filha de Deméter, minha falecida amiga.

- Maggie, nossa, você mudou muito – ela sorriu – e Nico eu me lembro de você, e a Cris também, os outros dois eu não conheço. Então, o que me trás aqui?

- Maggie teve um surto de culpa hoje – disse Nico – achei que ela precisava falar com você.

- Oi Maggie – ela sorriu e eu quase desatei a chorar de novo, estou emotiva hoje.

- Oi Ruth, a quanto tempo – baixei minha cabeça – creio que devo pedir desculpas a você...

- Não, você não tem que se desculpar por nada – ela disse olhando bem no meu rosto – Maggie, a culpa não é sua da decisão que eu tomei.

- Mas se eu não tivesse tido a idéia estúpida de subir na árvore...

- Todos nós teríamos morrido, lentamente. – ela completou

- Mas...

- Maggie, eu quero viver minha morte em paz, e isso só vai acontecer quando você aceitar que eu morri em paz – frase confusa, mas eu entendi

- Ruth, eu não queria ter uma morte nos meus ombros.

- Mas você mesmo colocou minha morte nos seus ombros Maggie – ela falou histérica – Não é sua culpa, eu me arrisquei pra conseguir que as pessoas que eu amo tivessem uma chance. Foi uma decisão minha, de mais ninguém.

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- Só diga que me perdoa – pedi

- Perdoar o que sua maluca? – ela perguntou gritando

- Só diz! – eu gritei

- Eu perdôo você por ser tão insistente – ela sorriu – aproveite sua vida, eu estou muito bem no Elísio, acredite, estou em paz.

Então ela foi embora, Nico me olhou com uma cara de “Está satisfeita agora?”, assenti e ele suspirou aliviado, eu também fiquei feliz. Na verdade foi tudo um surto meu, não posso me culpar por tudo que acontece, a culpa é de quem matou a Ruth e seqüestrou a Jane, não minha.

- Sabe Maggie – começou Cris – seu defeito fatal é sempre colocar a culpa em si mesma.

- Meu defeito fatal? – perguntei rindo – Pensando bem é sim.

- Não se preocupe – ela disse – você é uma heroína minha amiga, sempre foi. As pessoas não morrem por sua causa.

- Queria saber quem está por trás disso tudo – disse o Tony – Queria arrancar a cara dele. Depois eu eletrocutava o corpo todo dele.

- E eu o mandava pro Tártaro – completou Nico

Rimos do que eles disseram, eu os invejo, queria ter um talento especial, um poder, o mais próximo que eu tenho disso é o meu prendedor de cabelo, que se transforma na arma que eu preciso. Se for um combate direto se transforma em espada, se for um mais indireto se transforma em arco-e-flecha.

Falando em meu prendedor senti meu cabelo caindo novamente em minha cara, isso NUNCA vai acabar meus deuses? Mas dessa vez era um arco, armei ele com uma flecha e fiquei alerta. Ao ver isso meus amigos logo se armaram também. Já comentei que tenho medo da espada do meu namorado? Mais precisamente daquele anel.

- O que é? Alguém está vendo alguma coisa? – perguntou Tony

- Não – respondi – Mas ela nunca erra.

- Não tem nome? – perguntou Nico – Toda espada ou arco-e-flecha tem um nome.

- Ninguém nunca me disse o nome – eu disse – vou me lembrar de perguntar.

De repente aconteceu. Vultos laranjas começaram a voar em toda a velocidade a nossa volta, uma espécie de pássaro esquisito. Comecei a atirar flechas neles, mas isso só fez com que eles avançassem em nós, de repente o arco se transformou em espada e a batalha estava formada.

Comecei a lutar com eles de uma forma desesperada, porque estavam machucando meus amigos e a mim. Ferimos alguns deles, mas eram muito resistentes mesmo, muito fortes e seus bicos estavam fazendo estragos em nós 5.

- Me soltem! – berrava a Cris – se me soltarem eu prometo que paro de lutar e lhes dou informações importantes sobre o Olimpo e o acampamento meio-sangue, conheço esses aí muito bem.

Eu não estava acreditando no que estava acontecendo, eles de repente pararam de atacar a Cris e mandaram ela montar neles. Ela obedeceu e deu um sorrisinho pra nós, ela disse:

- Desculpem, mas está na cara que vocês vão perder essa, então adeus.

Os outros pássaros nos colocaram em uma rede e nos levaram para as montanhas, não acreditei no que estava acontecendo, era impossível não chorar nessa situação, a Cris, minha melhor amiga, está nos abandonando logo agora, no momento do desespero, e nos entregando friamente ao inimigo.

“De alguém que ama você terá a maior decepção”

É, parece que a profecia está realmente se realizando, mas quando eu imaginei que fosse ser a Cris? Ela sempre foi tão fiel, tão legal, eu sempre pensei que poderia contar com ela para o que desse e viesse, e de repente ela diz que vai passar pro lado dos vilões.

- Não! – o Joe parecia o mais abalado – Por favor Cris! Não faz isso! Pensei que nós tivéssemos alguma coisa, eu estou totalmente apaixonado por você!

Ai que fofo! Ele se declarou! Percebi que isso fez com que ela abaixasse a cabeça, ela olhou para o lado e somente conseguimos ler seus lábios a palavra “desculpe”. A Cris também ama ele, não entendo como ela pode fazer isso com a gente, como ela pode fazer isso com o Joe.

O caminho se seguiu muito desconfortável, eu estava presa em uma rede com três homens, fiquei totalmente imprensada. E o medo e a tristeza estavam estampadas em nossos rostos. Mas eu ainda não consigo acreditar.

Fomos levados até as montanhas, lá ria um exército de monstros que eu nunca ouvi falar! Nunca mesmo, que lugar é esse meus deuses? Isso aqui parece um campo de tortura, pelos gritos horríveis e monstros de qualquer forma que você puder imaginar.

- O que é esse lugar? – perguntei

- Aqui é a fortaleza dos monstros, aqui traçamos nossos planos, é aqui que os monstros revivem, mas agora estamos começando a trabalhar com alguns semideuses revoltados com suas vidas, se você se junta aos monstros não se preocupa com eles. – explicou um dos pássaros, é, estamos ferrados.

- E como sabem que um meio-sangue é aliado de vocês? – perguntou Tony

- Quando ele tem uma tatuagem de algum monstro em sua mão, de uma forma bem visível – explicou um deles

- E o que seus aliados devem fazer? – perguntei

- Nada, apenas nos deixar em paz, é que estamos fartos – explicou outro – Todos os meio-sangue saem para caçar monstros, agora estamos apenas nos alimentando dos poderes de vocês, de seu lado deus. Mas todos querem evitar isso e nos matam na hora, e os gritos são de monstros se recompondo.

- Não queremos que vocês se alimentem de nossas forças – disse Joe

Os monstros resmungaram e então nós entramos em uma das cavernas. Lá muitos deles olharam de uma forma cruel para nós, senti a maldade em seus olhos e me senti mal, a Cris quer mesmo ser um deles?

Minha ex-amiga foi levada para um lugar, não sei nem o que farão com ela lá. Enquanto eu e meus amigos fomos levados até uma espécie de prisão, mas aqui as pessoas nos amarraram com bronze celestial em troncos, nos despiram, nessa hora por educação eu e meus amigos fechamos os olhos para não ter que ver ninguém nu. Mas não fizeram nad conosco, apenas se apossaram de nossas coisas e nos vestiram túnicas gregas, embora eu tenha sentido uma mãe asquerosa no meu seio.

Estávamos em uma espécie de circulo, no nosso meio tinha uma poltrona, de quem será? De repente eu comecei a me sentir muito fraca, não nos alimentaram e nem nos deram água, nem ambrosia ou néctar.

Comecei a sonhar.

Estou em uma caverna, igual a essa, estou nas mesmas roupas que estou usando agora, e com o mesmo rosto e altura, um sonho com a missão, finalmente. Eu estava andando discretamente no corredor deserto, aqui só não é totalmente escuro por causa de um buraco enorme na parede que deixa o sol entrar, de repente eu avisto uma placa dourada, onde tem os símbolos de todos os deuses, a tal placa que comentaram no jantar.

Depois alguma coisa começa a se aproximar de mim, estou cercada. Mas eu subo pelas rochas, com o monstro na minha cola, de cima eu avisto a abertura minúscula pela qual eu devo ter passado.

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De repente sinto alguém colocar a força água na minha boca, mas estou fraca demais para poder abrir os olhos e ver quem está aqui. Senti essa pessoa colocar alguma coisa na minha mão e sair. Reuni forças e abri os olhos.

Lá estavam só meus amigos, eles estão tontos como eu e suas bocas também estão molhadas, em minha mão está alguns pedaços de ambrosia, eu comi delicadamente e já estava me sentindo melhor. Mas ainda estamos presos aqui.

- Tive um sonho – eu disse – acho que sei onde está a placa. Antes estávamos apenas cumprindo uma missão, nós temos que deter os monstros de continuarem a se associar com meio-sangues e temos que recuperar a placa e levá-la até o Empire State. Essa é nossa missão.

- E como vamos cumpri-la presos aqui? – perguntou Tony – Vamos morrer.

- Não vamos – eu disse – no verso da profecia diz que devemos derrotar o dono da escuridão, então temos que encontrar quem está comandando esses monstros e acabar com ele. Mas como nós vamos escapar eu ainda não descobri. Só sei que estou morrendo de fome.

- Eu sei como fugir – disse o Joe – Essa pedra que Afrodite me deu é para eu ver a verdade no coração das pessoas, e eu ainda não tive coragem de testar, eu só preciso atrair a Cris pra cá.

- Tudo bem – eu disse – vou trazê-la até aqui, tenho um plano, você pode fazer o que precisa.

Então comecei a gritar, como se estivesse indignada com o fato de estar aqui, e eu estou, mas não sou de berrar de raiva. Bati o pé dizendo que queria dizer poucas e boas para a Cris e finalmente uns escorpiões a trouxeram.

Ela estava diferente, estava sombria, tinha um olhar astuto, usava um lindo vestido preto e em sua mão tinha uma tatuagem da Medusa. Ela olhou pra mim com os braços cruzados e mandou que os escorpiões fossem embora, mas eles se recusaram, disseram que eu poderia tentá-la, mas tudo bem.

Will pegou a pedra, ninguém olhava pra enquanto eu chamava a Cris de todas as coisas ruins que eu nunca imaginei falar para ela, ele apertou a pedra com força e olhou pra Cris, era incrível como ele estava apaixonado.

Depois de um tempo ele olhou para mim e mandou que eu parasse com o olhar, eu me calei e sussurrei de uma forma que apenas a Cris ouvisse:

- Eu te considerava minha melhor amiga, confiava cegamente em você, todos nós cofiávamos em você, e nunca imaginei que de repente você se tornasse essa pessoa, pensei que você iria lutar ao nosso lado.

- Maggie – ela disse sussurrando também – Eu não posso conversar com você agora, estou muito ocupada.

Ela se virou e foi com os escorpiões para fora. Eu apenas olhei para meus pés, tomara que o plano do Joe tenha dado certo, odeio o fato que eu tive que olhar na cara da Cris e ver ela me desprezar totalmente.

- Então Joe, conseguiu? – perguntei.

- Sim – ele disse estático – E a pedra não falou nada, ela mostrou apenas a Cris chorando, andando pela caverna com uma garrafa de água na mão e uma tigela de ambrosia.

- Foi ela – sussurrou Nico – Ela que cuidou de nós, mas isso é estranho.

- Nem tanto – sorri abertamente – ela sabia o que estávamos fazendo, ela viu você com a pedra, Joe. Ela é nossa agente secreta no mundo deles, e essa noite vai nos dizer seus planos.