Ours Secret

Capítulo 11 - Fantasmas


– O que está acontecendo aqui? - Emily gritou. - Quem é essa vagabunda? Como você tem coragem de trazer uma qualquer para nossa casa, Scorpius? Você… - ela continuou apontando um dedo magro com unhas perfeitas para o loiro.

– Primeiro, é minha casa. Segundo, a única vagabunda aqui é você. - devolveu o homem já enfurecido.

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– E terceiro, abaixe o seu tom ou eu vou abaixar minha mão no seu rosto. - Rose disse colocando as mãos na cintura.

A morena engoliu seco e apertou a ponte de seu nariz enquanto respirava fundo.

– Quem é ela e o que estavam fazendo? - perguntou depois de um segundo em silêncio.

– Ela é uma cliente, amiga muito próxima e vizinha. - Scorpius disse cruzando os braços. - E quem deve alguma explicação aqui é você, meu bem. As pessoas lá embaixo; com que autoridade você as trouxe para minha casa?

– Eu pensei que era nossa casa, que eu poderia trazer alguns amigos… - Emily voltou a gritar.

Rose suspirou e começou a sair do escritório. Sua paciência estava no limite e acabaria deixando a raiva tomar conta de suas atitudes. Não seria saudável estapear a futura madrasta de seu filho no primeiro encontro com ela. Sem contar que a Weasley tinha classe, não se rebaixaria a tanto.

– Vou te esperar lá fora. – a ruiva disse ao homem quando este a segurou pelo braço.

A mulher bateu a porta ao sair. Do lado de fora havia música alta e várias pessoas bêbadas conversando. Agora entendia a raiva de Scorpius, aquilo parecia uma boate! Andou até o parapeito de vidro na extremidade da sala e de lá observou os amigos de Emily. Tão inconsequentes, sem medo de seus erros e do amanhã...

O que seria de sua vida agora que Scorpius sabia? O que ele iria querer fazer a respeito de Max? Contar a verdade o mais rápido possível? Tomar a guarda de seu bebê? Não... Balançou a cabeça para espantar esses pensamentos. Scorpius não faria isso, ele era um homem adulto e com a cabeça no lugar. Uma aproximação do garoto, programas com os três, aproximação saudável... Essas ideias não deixavam a mente da mulher.

Rose sempre quis uma família de verdade, sempre quis seu filho junto do pai, uma família para Maximillian... Sua mente foi tomada por um futuro alternativo. Se fosse corajosa o suficiente para contar a Scorpius quando engravidou aquela poderia ser sua casa, as pessoas lá embaixo seriam seus convidados celebrando o aniversário de seu terceiro filho... O vazio que sentia seria preenchido por seus filhos, seu marido e sua família. Odiava tanto ficar longe dos outros Potter-Weasley, sempre desejou morar em Londres. Se ela fosse corajosa suficiente... Tudo seria diferente.

– Acabou a festa, todos pra fora agora! – o loiro gritou para as pessoas no andar inferior tirando a ruiva de seus devaneios.

– Espero que você morra sem filhos e infeliz! – a noiva do homem gritou atrás de Rose.

A mulher sempre se orgulhou de ser calma e complacente, nunca recorrer a discussões ou violência para resolver seus conflitos. Mas naquele momento, Rose não enxergava nada, apenas Emily. Como ela se atreve a dizer isso?, pensou a Weasley antes de estapear com toda a força que possuía a morena no rosto.

A modelo, com seus olhos marejado de lagrimas, virou-se, pegou suas malas e correu pela porta.

A ruiva ficou parada, recebendo o choque do que acabara de fazer. Virou-se para o loiro sentindo-se culpada. Scorpius estava com as sobrancelhas arqueadas, sem reação.

– Boa direita. – ele disse depois de alguns segundos.

– Eu acabei de bater na sua noiva, você deveria estar com raiva... – ela começou a dizer desesperada.

– Ex noiva. – o homem disse se aproximando e segurando seu rosto entre as mãos. – Nós vamos cuidar do nosso garoto. – terminou dando um beijo na testa da ruiva.

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Uma batida do coração da Weasley tropeçou ao ouvir aquelas palavras. Ficou parada, olhando o loiro gritar com os convidados indesejados, sem nenhuma reação, apenas desejando que dessa vez fosse corajosa o suficiente.

–-

Louise estava se perguntando porque havia parado para comprar café quando estava claramente atrasada. Obviamente haveria café no estúdio, não tinha porque parar naquele Starbuck para comprar mais café. Começou a bater a bota de salto freneticamente contra o chão, odiava esperar. A loira estava prestes a explodir quando um rosto conhecido entrou em seu campo de visão. Revirou os olhos e cruzou os braços. Era só o que me faltava, James Potter logo pela manhã!, pensou irritada.

– Ei, Tommy! – o homem chamou o atendente que prontamente entregou seu café. – Traga o pedido da moça. – completou piscando para o rapaz.

A ira da moça poderia ser vista a quilômetros de distância. Quem ele pensava que era para faze-la passar por boba? Ela possuía capacidade para pegar seu café, nem que isso lhe custasse vinte minutos dentro daquele lugar cheio de gente e um atraso memorável.

– Quem você pensa que é? Eu por acaso te pedi alguma coisa? – a mulher falou olhando-o de forma calculista.

– Apenas um favor para uma velha amiga. – respondeu estendendo seu café.

Pegou o copo de forma rude da mão do homem e saiu do ressinto bufando. Realmente, a ousadia não diminuía com o tempo. Louise nunca odiou tanto uma pessoa quanto odiou (e ainda odiava!) James Potter. Não conseguia imaginar que foram amigos durante anos, parecia simplesmente inusitado imaginar o homem e ela se entendendo. Ambos eram arrogantes, frios e orgulhosos.

Bom, Louise era assim agora. Na época em que eram como carne e unha, a loira era bem diferente. Ninguém jamais a veria andar de vestidos e botas de cano alto rumo a um ensaio fotográfico; apenas a veriam de coturno e calças jeans seguindo seu melhor amigo e paixão secreta por todos os cantos de Londres. Entretanto jamais a veriam assim outra vez.

Andou por mais dois quarteirões até chegar ao prédio onde o ensaio aconteceria. Louise seria o destaque do catálogo da nova coleção de uma artista em ascensão. Não sabia quem ela era e preferia assim. Atrapalhava sua concentração criar expectativas sobre um trabalho e ela já havia ouvido vários sermões de sua mãe em relação a forma correta de se trabalhar no ramo da moda.

– Você está atrasada. – Cassandra disse quando a irmã mais velha chegou ao terraço.

– E vou acabar te demitindo se continuar me enchendo o saco. – a loira respondeu indo na direção dos maquiadores.

– Como uma pessoa pode nunca, absolutamente nunca, estar de bom humor? – a morena disse levantando aos mãos para o céu.

– Qual o tipo de maquiagem vamos fazer hoje? – a loira perguntou ao rapaz que preparava sua pele.

– Vamos começar com uma mais romântica e depois algo mais pesado. – respondeu.

– Só pra constar, você vai tirar algumas fotos sozinhas e depois terá um parceiro... – Cassie começou a falar para a irmã. – Talvez você não aprove a escolha do modelo.

– Cassandra, um trabalho é um trabalho. Eu não tenho que gostar de nada, eles precisam. – a Knight disse de olhos fechados.

– Você vai morder sua língua... – disse baixinho.

Do outro lado da cobertura, uma ruiva andava de um lado para o outro terminando os últimos retoques nas peças de sua coleção. Estava tão concentrada que demorou para notar a presença do homem parado com alguns copos de café na mão.

– Meu Deus, Jay! Você não sabe fazer barulho? – Lilian perguntou espetando o dedo na agulha que usava.

– Você é quem está concentrada demais. – brincou o mais velho.

– Estou tão ansiosa! – confidenciou enquanto pegava o café. – Louise é maravilhosa, faz ótimos trabalhos nos Estados Unidos. Essa coleção vai ser reconhecida mundialmente!

– Eu tenho uma perguntinha... – o moreno disse a irmã.

– Sim?

– Ela não faz ideia que vou trabalhar com ela, não é?

O sorriso no rosto de Lily sumiu.

– Na verdade, Cassandra disse que ela prefere não saber detalhes até o momento do ensaio. Ajuda na concentração.

– Aquela moça vai fazer um escândalo quando descobrir que sou eu o outro modelo.

– Claro que não! – Lilian disse rindo nervosamente. – Aí meu Deus! E se ela fizer?

– Deveria ter pensado nisso antes de contratar minha paixão adolescente para ficar se enroscando em mim no meio de vinte pessoas. – James falou enquanto saia.

Cumprimentou o fotografo e suas duas assistentes, os ajudantes de sua irmã e por último o maquiador que deixava o rosto angelical de Louise ainda mais bonito. Piscou para Cassandra ao entregar-lhe um copo de café e entregou o ultimo na mão da loira de olhos fechados.

– Obrigada. – ela disse friamente, porém apertou com delicadeza os dedos do homem.

O Potter sentiu uma pequena formigação onde a loira havia tocado seu dedo. Deus, como aquela mulher mexia com sua cabeça! Enquanto trocava de roupa, James não conseguia parar de lembrar da época em que ele e Louise passavam o tempo todo juntos. Era difícil estabelecer o momento em que se tornaram tão amigos, mas era fácil descobrir quando se apaixonou...

Estavam na biblioteca da faculdade fazendo alguns exercícios. Ela respondia algumas questões enquanto ouvia música. Seu cabelo cobria metade do rosto, ela sorria de lado e balançava as pernas no ritmo da música. James queria tirar uma dúvida quando a viu tão linda, tão terna e tão... Não existiam palavras pra descrever o que via quando olhava para a loira. Sempre a teve como uma amiga, uma companheira para todos os momentos, mas agora, a olhando dessa forma, a queria de outra forma. Segurar sua mão, não deixar que nenhum dos outros caras a olhassem, fazê-la sua.

Voltando ao presente, James ficou tentando entender o que ele havia feito de errado para Louise fazer as malas e ir embora. Se lembrava apenas de ter ficado extremamente bêbado quando criou coragem para convidá-la para sair, depois disso tudo era um borrão incerto. Certa vez questionou Cassandra sobre o motivo, mas a morena havia ficado tão confusa quanto ele.

Contudo, ali estava ela de novo. E dessa vez ele não pouparia esforços para conquista-la.

Louise estava impaciente. Havia alguma coisa errada com sua irmã e aquilo estava atrapalhando seu desempenho durante as primeiras fotos. Algo em seu interior lhe dizia que Cassandra estava aprontando alguma. Confirmou sua intuição quando viu uma cabeleira vermelha andando pelo camarim onde o modelo masculino terminava de provar as peças da coleção.

– Isso! – o fotografo exclamou vendo a expressão perfeita no rosto da modelo. – Agora olhe para cá com a mesma expressão...

Louise estava tão atordoada que respondeu automaticamente ao pedido. Quantos ruivos existiam em Londres? Não poderia ser um Weasley ou Potter ali, seria muita coincidência! A não ser... Olhou para sua irmã com os olhos esbugalhados. Ela sabia! O que ela disse quando perguntou sobre o trabalho? “Eles escolherem você pelo talento e afinidade”? E James... Ele estava no mesmo café há algumas quadras de distância. Puta merda!, pensou desesperada. Ela já estava descendo do pequeno palco onde posava para as fotos quando o fotografo disparou o flash da câmera fazendo com que se desequilibrasse no salto fino.

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A loira sempre pensou que fosse clichê ou lenda urbana dizer que sua vida passa diante dos seus olhos quando pensa que vai morrer. Contudo, o que passou diante de seus olhos foram tecidos e então mãos fortes seguraram seu corpo fino e frágil.

Se alguém dissesse que em algum momento de sua vida fosse ficar sem palavras, ela riria. Mas ali estava... Completamente chocada e sem saber o que dizer. Havia uma pequena trilha sonora em sua cabeça, alguma música que tinha ouvido no dia anterior. E James. Ele estava a centímetros do rosto dela, perguntando se estava tudo bem e ela não conseguia pensar em nada além de como ele estava lindo.

O moreno estava desesperado imaginando se não tinha sido rápido o suficiente. Ela estava tão quieta e com a feição tão calma! Como ela poderia parecer tão calma? Calmamente, ele a ajudou a ficar de pé.

– Louise, você está bem? – perguntou passando a mão no rosto dela.

A loira abriu a boca para responder, mas pegou-se observando os lábios do homem. Quantas vezes imaginou tocar aquela boca? Beijá-la? Não parecia existir um mundo ao redor dos dois, pois foi isso o que ela fez. Primeiro tocou os lábios do Potter ignorando todas as perguntas que ele fazia. A forma como ela abria e se fechava parecia magica aos olhos dela. Depois se aproximou de forma lenta e calculada e roubou não só um beijo, mas várias expressões de espanto da plateia.

Olhando aterrorizada para a irmã, Cassie não sabia se morria de preocupação ou felicidade.

– Finalmente! – Lilian gritou fazendo com que todos, inclusive os modelos a olhassem.

Nem todos os momentos podem ser perfeitos e eternos, pensou a morena.