Capitulo I
Eu sentia a areia macia sobre os meus pés, estava frio, mas eu não me importava, era reconfortante senti-la passando por entre meus dedos. O vento batia no meu rosto, apesar de gelado, a sensação era gostosa.

Sentei me em um tronco de arvore e encarei o mar. Em toda a sua beleza e esplendor, com suas aguas profundas e turbulentas, ele me transmitia paz, acalmava meu espirito. Por um breve momento me permiti fechar os olhos, dois grandes olhos azuis apareceram em minha mente e num átimo abri novamente os olhos. Um sentimento profundo de nostalgia me invadiu e antes que ele me tomasse despertei para a realidade, estava anoitecendo e era melhor eu voltar para casa.

Quando cheguei a caminhonete, vi de relance o meu reflexo no vidro. Eu estava horrível, profundas olheiras roxas estavam marcadas em baixo de meus olhos, meu cabelo opaco e sem vida, minha pele pálida, praticamente translucida, era assustador.

Enquanto dirigia de volta a Forks, pensava em como tinha me permitido chegar a esse estado, era deplorável. Parecia que a vida havia se esvaído por meus poros me deixando somente com a carcaça de um corpo onde a vida não mais habitava. Parecia verdadeiramente um zumbi. Parada no sinal vermelho, me senti observada, procurei a minha volta e me deparei com o olhar da Sra. Newton, seus olhos transbordavam pena e aquilo me enfureceu de sobremaneira, me levando a socar o volante do meu carro. Ignorando a dor na mão, parti exigindo o máximo que minha caminhonete aguentava.

Estacionei do lado de fora da casa e recostei a minha cabeça no assento do carro. Lagrimas grossas e quentes escorriam pelo meu rosto. O sentimento de angustia sufocava dentro de mim. Fechei os olhos e senti meus ombros caírem, desistindo de lutarem contra o cansaço emocional. Soluços sacudiam meu corpo, enquanto eu permitia que a angustia, a tristeza e a dor tomassem conta do meu corpo.

Por um minuto permiti que as lembranças de uma época feliz e inocente assaltasse a minha mente.

O pequeno rosto de um menino de olhos azuis, cabelos loiros, pele alva e bochechas coradas, invadiu minha mente me fazendo suspirar. A mesma imagem de quando eu estava na praia. Seus grandes olhos azuis.

Senti a dor cedendo e dando espaço a alegria e a nostalgia. Meu pequeno Matt. Permiti que um pequeno sorriso cruzasse a minha face.

Foi ai que eu me permiti ter esperanças e sorrir novamente. Por que eu conseguiria, eu superaria a dor. E eu sabia que meu esforço não seria em vão. Eu deixaria aquela Bella, patética e inocente para trás e começaria de novo, ao lado de uma pessoa que nunca iria me abandonar e que me amaria.

-Você vai conseguir, minha filha – meu pai me deu um sorriso encorajador.

Estávamos no aeroporto, eu embarcaria rumo a Mystic Falls. Ninguém sabia que eu estava indo para lá. Eu não quis avisar, acho que ainda tinha receios de ser rejeitada.

No começo havia o medo de Charlie não aceitar a ideia. Mas, a surpresa foi minha ao receber seu total apoio, ele estava feliz por eu tentar reagir.

Me lancei aos seus braços e me retive ali tentando memorizar seu cheiro, seu calor, sua essência, eu queria grava-la em minha memoria, eu sentiria muita falta de meu pai. Não percebi que estava chorando até que os soluços começaram a sacudir meu corpo.

Meu voo foi chamado e eu me separei de meu pai. Olhei no fundo de seus olhos, eu queria que ele se lembrasse para sempre de minha palavras:

-Eu te amo, papai. - sussurrei.

-Eu também, minha menina.

Respirei fundo e me afastei indo para o portão de embarque. Eu não olhei para trás antes de partir, eu não queria desistir.

Só havia se passado uma semana desde do dia em que Ed.... ele foi embora. Dizer o nome dele ainda era difícil, me fazia lembrar de coisas que eu tentava esquecer. Era incrível ver que quando passávamos por situações como essa, o tempo para de ter sentido. Em tão pouco tempo eu havia me tornado uma pessoa totalmente diferente.

Eu começara a me preocupar comigo mesma, eu percebera que a minha aparência importava sim e que era bom se sentir bonita. Mudei meu jeito de me vestir, cortei meu cabelo e fiz todo o possível para me sentir bem comigo mesma. Me senti bem com as mudanças que tinham acontecido. Acho que nessa semana, recuperei um pouquinho da minha auto estima a tanto perdida.

Após algumas horas de voo, eu desembarcava no estado da Virginia, meus pais haviam comprado um novo carro para mim e o enviado para cá, assim já estaria disponível para o meu uso quando eu chegasse. Ele era muito bonito, de uma cor meio verde.

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“ Bem-Vindo a Mystic Falls ”, dizia a placa. Um sentimento bom me invadiu trazendo um pequeno sorriso ao meu rosto. Sem permissão uma pequena chama de esperança nasceu no meu amago. Fiquei feliz, por ainda ter a chance de ter esperanças. Talvez no final de tudo eu conseguisse, eu podia vencer no final, era isso que a minha pequena chama dizia para mim. Eu conseguiria, não só por Charlie e Renée, mas por mim mesma. Eu me fiz essa promessa.

Papai, havia alugado um pequena casa na cidade, para minha indefinida estadia. Também havia me matriculado na escola local, Mystic Falls High School, onde Matt estudava.

Cheguei a pequena casa, graças as instruções do GPS do carro. Desci e parei ao lado do carro para analisar a casa que eu chamaria de lar pelos próximos pelo menos 1 ano. Descarreguei o carro e entrei na casa. Ela estava todinha mobiliada. Me instalei na casa e após um banho quente e relaxante me dispus a dormir.

Eu sentia os raios do sol batendo contra a pele do meu rosto me fazendo remexer-me na cama, incomodada. Aos poucos a consciência dos fatos me assaltou me fazendo pular da cama. Era meu primeiro dia de aula e eu estava atrasada para a escola. Rapidamente vesti-me, uma calça jeans skinny de lavagem clara, uma blusa de alcinhas rosa-bebe e uma sapatilha rosa também, deixei meus cabelos soltos e estava pronta. Apanhei minha bolsa e uma barra de cereais na cozinha e parti rumo a escola.

Apesar ter passado parte da minha infância em Mystic Falls, eu não sabia andar pela cidade, mas isso felizmente não foi problema nessa manha, eu havia passado enfrente a escola na minha vinda para casa por isso, já sabia mais ou menos onde ficava. Me perdi um pouco no caminho, mas no fim consegui chegar a escola e ao que parecia ainda dentro do horário.

Estacionei o carro e senti aquele familiar friozinho na barriga, o nervosismo crescendo dentro de mim e antes que me acovardasse, sai do carro. Algumas pessoas me encaravam, curiosas para saber quem eu era já que afinal nunca haviam me visto por ali, mas, a maioria nem prestou atenção ao fato que havia uma nova aluna na escola, aliviada soltei a respiração que nem ao menos percebera que estava prendendo.

Eu precisava ir a secretaria pegar o meu horário e o papel para os meus professores assinarem, além de comunicar que havia chegado.

Percorri com meus olhos o campus, e eles foram instantaneamente atraídos para dos grandes olhos azuis.

Mas esses não eram os meus olhos azuis. Seu dono tinha cabelos negros e lisos, pele bronzeada e um sorriso sarcástico em sua boca convidativa. Ele era lindo, e havia alguma coisa de muito familiar nele. Ao seu lado havia um garoto muito parecido com ele, talvez seu irmão, uma garota segurava a sua mão, deveria ser sua namorada, ela era linda. Ao lado deles uma garota de pele morena e cabelos cacheados, e havia uma loira deslumbrante ao seu lado, que imediatamente me lembrou a Rosalie, afugentei as lembranças e percebi que todos olhavam para mim o que me fez corar, mas não desviar o olhar. Um garoto loiro, de porte atlético e muito bonito se aproximou dele e depois de falar alguma coisa com a loira e com a morena se virou para encarar-me também, nossos olhares se encontraram e eu senti um enorme sorriso se rasgar em minha face.

Meu menino dos olhos azuis.