Shan

Eu estava na minha aula de biologia. A professora Cecilie explicava algo como ligação química ou coisa assim. Eu não ligava para aquela aula besta. Então apoiei minha cabeça na mesa usando meus braços como travesseiro e comecei a dormir. Acordei com um grito da professora:

- Shan Patrick Tchieizer! – eu acordei com um susto, já pulando da minha cadeira. Mas minhas pernas bateram na parte inferior da mesa e eu me desequilibrei. Acabei caindo da cadeira e ouvindo meus colegas rindo de mim. Eu queria bater neles, mas não podia. Não na frente da professora. – Volte para sua cadeira e vê se presta atenção na aula! Se eu te pegar fazendo mais alguma brincadeira, você irá para a diretoria!

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Assenti de leve e tentei ficar mais calmo. Ao meu redor todos estavam debochando de mim, menos Kyle. Ele era meu melhor e único amigo. Ele me dava apoio nas piores horas. Ele agia e andava manco como um playboy, mas eu sabia que ele já tinha passado por muitas dificuldades. Ele estava me encarando e dizendo com os olhos: “Não faça nada com eles. Ainda não”. Ele era ótimo como amigo e também quando se tratava de ameaçar os outros em brigas. Na verdade ele não lutava. Dizia que era desonroso lutar com alguém mais fraco (mas ele era muito alto e forte, ou seja, todos eram mais fracos que ele). Eu achava que ele tinha medo de lutar e perder.

- Dá para acreditar que além de ser feio ainda é ignorante? – Ian, o maior metido lá da sala, falou rindo de mim. Eu queria ir lá e dar um soco nele, mas eu não podia ir para a diretoria. Eu seria expulso na hora. Eu era um pouco pior do que se chama de encrenqueiro. Respirei fundo e me acalmei.

- Não sei como a escola ainda não expulsou aquele burro! – ele falou e eu apertei minha mesa para extravasar a raiva. Kyle me olhava com um olhar de advertência. Eu me controlei e fiquei mais calmo. Parei de apertar a mesa e percebi que eu a tinha entortado um pouco - Nem seu pai o quis! – Ian continuou e eu não me aguentei.

Falar de mim tudo bem, mas de minha família? Certo que meu pai tinha me abandonado quando criança. E minha mãe me desprezava todos os dias. Mas eu não aceitaria que falassem mal deles, principalmente de Ally, minha irmã mais nova.

Levantei fazendo minha cadeira cair e fui em direção a Ian. Peguei ele pela gola de sua camisa e joguei-o na parede. A professora Cecilie gritava toda hora para eu parar com aquilo e dizendo que eu iria ser expulso. Mas eu não ligava. Não mais. A única coisa que eu queria era acabar com Ian. Depois de tê-lo jogado na parede, ele caiu e fez cara de dor. Vi que a batida devia ter doído mesmo, já que a parede estava com uma rachadura agora e não deixei de sorrir.

Cheguei em Ian e o peguei pela gola novamente. Pressionei-o contra a parede e desafiei ele:

- Repita! O que você falou sobre meu pai! Repita!

- Me desculpe! Por favor, por favor! Me desculpe! – ele disse apavorado. Para mim aquilo já era o suficiente, mas como era meu último dia na escola, eu decidi exagerar um pouco.

- E... – eu disse provocando-o ainda mais.

- E você não é burro, nem ignorante e nem feio!

- E quem é? – já estava segurando o riso.

- Ah, fala sério! – eu, ainda o segurando, o desencostei da parede e bati forte de novo - Eu sou! Eu que sou burro, ignorante e feio!

Ele disse e eu abri um sorriso largo. Soltei-o e ele caiu. Vi ele botando a mão no coração como se não acreditasse que ele estava batendo tão rápido. Peguei minha mochila e sai de sala com a professora Cecilie me fuzilando com seu olhar.

Eu não tentei ir para diretoria. Eu apenas sai do colégio e fui para casa. Eu morava a cinco quadras dali, então fui andando. Vi que alguém mais tinha saído do colégio e agora corria até mim. Me virei e vi quem era: Kyle. Não aguentei e estourei:

- PORQUE VOCÊ FEZ ISSO!? AGORA É COMO VOCÊ TIVESSE SIDO EXPULSO! VOCÊ FICOU LOUCO?

- Porque eu não deixaria meu amigo sozinho. E não, eu não fiquei louco. Eu sou louco. E não tente me impedir que eu vou ficar com você – ele falou e apesar de eu demonstrar raiva, eu estava feliz por ele ter me seguido. – Aonde vamos?

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- A minha casa – eu respondi.

Andamos por três minutos até chegarmos. Havíamos conversado o caminho inteiro com qualquer coisa que viesse em nossas mentes. Mas de repente eu fiquei sem palavras. Eu estava em frente a minha casa, teoricamente, pois minha casa inteira havia sumido. Tudo o que havia no lugar que a casa deveria ficar era um terreno baldio. Fui até esse terreno e vi que havia um envelope na cama. Abri-o e li uma carta:

“Jovem semideus,
Se você está lendo isso agora é porque sua casa deve ter sumido. Bem, eu não tenho muito a falar sobre isso e não gosto de ficar enrolando, então vamos direto ao ponto. Você deve ter percebido que sua mãe e sua irmã também sumiram junto com a casa. E agora você deve estar muito preocupado com elas, não? Se você quer saber qual foi seu destino veja dentro do envelope. Haverá duas fotos lá. Por hoje é só, mas saiba que todos que você ama irão morrer, então se eu fosse você, eu fugiria. Você não vai conseguir escapar de mim claro, mas se você se entregar a mim não haverá mais mortes além da sua. Espero que você tenha uma lenta e dolorosa morte!
Com todo ódio e rancor, seu maior pesadelo!”

Guardei a carta, ainda meio confuso, e peguei as fotos dentro do envelope. Imediatamente eu entendi o que ele quis dizer com MAIS mortes (N/Shan: Você poderia ter adivinhado, mas eu sou meio lerdo ok?). Dentro havia duas fotos: Uma delas era minha mãe deitada e toda arranhada. Sua expressão era de pavor. Seus cabelos negros estavam caídos no chão. Seu corpo se retorcia de forma anormal e seu olhar vazio me dizia que ela estava morta. A segunda foto era composta por outras seis fotos. Cada uma delas mostrando minha irmã de apenas seis anos e como ela morreu. A primeira mostrava medo e desespero (provavelmente tinha ficado sozinha). A segunda mostrava uma expressão de agonia. A terceira a mostrava arranhando todo seu rosto tentando morrer para não passar por aquilo. Na quarta ela estava com uma lança enfiada no meio de sua barriga. Na quinta ela era atacada por lobos selvagens de pelos pretos. Na sexta ela estava totalmente morta. Sua expressão de agonia e desespero ainda continuava. Ela estava sem um braço e com o corpo todo mordido (os lobos fizeram isso provavelmente). Seus olhos estavam como o da minha mãe: Abertos, vidrados e sem vida. Atrás da foto havia uma mensagem: Este é apenas o começo.

Comecei a chorar descontroladamente. Como uma pessoa podia ter feito aquilo? Como podia ter matado uma criança indefesa de apenas seis anos de um jeito tão bruto? E como isso podia ser só o começo?

- Você está bem Shan? – Kyle perguntou e eu lembrei que ele estava ali. De repente as frases do homem misterioso me atingiram em cheio: “saiba que todos que você ama irão morrer” “Este é apenas o começo”. Ele estava falando que iria matar Kyle. Não! Eu não podia deixar! Kyle nem sabia se defender, quanto mais lutar contra um cara que conseguiu sumir com uma casa em menos de 24 horas?

Fiz então a primeira coisa que me veio à cabeça: Corri. Fui o mais longe possível para longe de Kyle. Ele me seguia e gritava já arfando:

- Espera aí! Me deixa conversar com você!

- Só se você me pegar! – gritei. Eu queria dizer não a ele, mas ele não aceitaria. Se eu fizesse um desafio, eu sabia que ele cumpriria. Mas ele não era tão rápido. Além de estar a mais de cinco metros atrás de mim já arfando. Eu só precisaria correr mais alguns minutos e... Poft! Algo me atingiu pelas costas e eu cai. Vi que era Kyle. Ele estava sério.

- Agora temos que ter uma conversa! – ele falou e eu assenti.

Shan Patrick: http://www.people.com/people/taylor_lautner/0,,,00.html