Capítulo 4: Nosso pequeno "número de mágica"

– NÃO TEMOS MUITO TEMPO – alertou Jason olhando para os cavalos que estavam momentaneamente entorpecidos com o choque que haviam levado de sua espada elétrica. – A corda precisa ser molhada em algum lugar... Isso facilitará as coisas.

Sam entendeu o plano, embora o fato da espada de choque ainda lhe parecer um absurdo. A lógica de Jason era simples, uma corda molhada seria um excelente condutor de energia para aquela espada de choque. Seria sem dúvida muito mais eficaz que apenas tentar amarrar os cavalos.

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Ele olhou para trás, para a entrada do Central Park onde Hedge permanecia desmaiado com um sorriso bobo na cara, parecia estar sonhando com alguma coisa boa. Sam não sabia exatamente onde encontrar água para molhar a corda, mas imaginou que por ser um parque havia fontes, bebedouros ou coisa do tipo por toda parte.

Ele atravessou a rua até o enorme parque mais famoso dos Estados Unidos, só então percebendo que várias pessoas estavam por ali os cercando, mas mantendo uma distância segura dos cavalos loucos. Muitos tinham celulares nas mãos provavelmente filmando ou tirando fotos para postarem na internet.

– Ei! – Somente quando Sam atravessou a entrada do parque correndo, percebeu que o menino o seguira. – Ahn, eu vim ajudar. Sei onde fica o bebedouro mais próximo, embora existam muitos espalhados pelo parque.

Sam assentiu aceitando a ajuda e o seguiu correndo pelas ruas do Central Park. Várias pessoas estavam espalhadas por ali. Alguns estavam na grama fazendo piqueniques, brincando de frisbee com o cachorro ou deitados lendo algum livro. Outros passavam por eles, fazendo caminhada ou andando de bicicleta. Apenas mais uma tarde comum e relaxante naquele lindo parque cercado de árvores e natureza.

Um belo dia para perder a memória e ser atacado por cavalos carnívoros, Sam pensou com amargura. Sua mente estava em dois lugares. Ao mesmo tempo em que corria com o menino pelo Central Park, não conseguia deixar de tentar inutilmente se lembrar de alguma coisa. Tentava desesperadamente recorrer à lembrança da última coisa que fizera antes de chegar ali, mas sua mente parecia um papel branco manchado. As poucas lembranças que tinha estavam confusas e nebulosas. Como o fato de ter um irmão mais velho por exemplo. Sim, ele se lembrava de ter um irmão e sabia que ele se chamava Dean. Mas era só isso, mal conseguia se lembrar da aparência dele, se era mais alto ou mais baixo, nem do jeito dele ou do que ele fazia da vida.

– Chegamos – disse o garoto tirando-o de seu devaneio.

Ele apontou para o bebedouro mais próximo. Sam franziu a testa, uma fonte seria melhor, mas eles tinham pressa e a fonte provavelmente estaria mais longe. Ele jogou a corda dentro do bebedouro e o ligou começando a molhá-la o mais rápido que podia.

– Desculpe por achar que vocês tinham me sequestrado – falou o menino de repente. Ele observava Sam molhar a corda parecendo inquieto, as mãos estavam nos bolsos do casaco. – Quer dizer, eu realmente não faço ideia de como fui parar ali.

– Eu também não me lembro... Pra falar a verdade, não me lembro de nada – murmurou Sam enquanto molhava a corda de ponta a ponta. O menino deve ter pensado que Sam só se referia ao fato de não lembrar como chegou ali e não com o sentido literal de não se lembrar de nada, pois sacudiu a cabeça como se compreendesse.

– Me chamo Kurt, por falar nisso – disse ele.

– Sam – respondeu dando um breve sorriso. Então tirou a corda do bebedouro e pendurou-a no ombro. Estava pesando alguns quilos a mais do que já pesava sem estar molhada, mas nada que ele não pudesse carregar. – Precisamos ir.

Então eles correram na direção da qual vieram.

Quando voltaram, de alguma forma Jason, Piper e a menina conseguiram reunir os cavalos. Piper continuava conversando com eles como se fosse um treinador dando ordens ao time. Jason dava golpes com a espada cada vez que um dos cavalos ameaçava avançar. Tudo parecia estar em ordem, mas Sam sabia que não duraria para sempre.

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Ele e Kurt correram pelo mar de pessoas que haviam se formado ali para ver o que estava acontecendo. Sam ouviu uma delas dizendo que devia ser propaganda publicitária de algum circo de animais e quase sentiu vontade de rir – antes fosse.

Ele entregou uma ponta da corda molhada para Kurt.

– Vamos dar uns nós nesses cavalos.

Então eles correram em volta dos animais, envolvendo-os como podiam nas cordas. Sam encontrou os olhos de Jason, que assentiu. Ele e Kurt se aproximaram do loiro entregando as pontas da corda. Os cavalos relincharam inquietos, enquanto Piper ordenava que eles se acalmassem – e ela falava com tanta convicção que Sam teve vontade de se acalmar.

Se Sam achou impressionante à espada elétrica de Jason, o que ele fez a seguir o deixou completamente sem palavras. Segurando as duas pontas da corda, Jason lançou uma descarga elétrica que lançou choques azuis através da corda evaporando os cavalos. O mais impressionante é que ele não havia usado a espada. Ele eletrocutara os cavalos e os animais literalmente viraram pó.

As pessoas ao redor começaram a aplaudir e ovacionar, achando tudo àquilo incrível. Alguns gritavam que nunca tinham visto um "número de mágica" daquela magnitude. Sam só conseguia encarar Jason, dividido entre descrença e desconfiança. Alguma coisa dentro de si gritava para que ele se afastasse daquelas pessoas. Talvez seu instinto? Ele não sabia dizer, mas permaneceu ali.

– Como fez isso?

Jason se aproximou passando por cima das cinzas que restaram dos cavalos, girou a espada que se transformou numa moeda de ouro reluzente e a guardou no bolso da calça jeans.

– É uma longa história – disse ele olhando ao redor. Sam percebeu que uma multidão havia se formado em volta deles bloqueando a passagem dos carros que buzinavam, algumas das pessoas começavam a se aproximar deles. – Precisamos ir, chamamos muito a atenção das pessoas e pode ser que mais... Cavalos nos encontrem. Eu conto tudo no caminho.

– Caminho para onde exatamente? – perguntou Kurt desconfiado.

– Para um lugar seguro – explicou Jason e apontou para a blusa laranja que estava usando. – O Acampamento Meio-Sangue.