Capítulo 9: Treinamento

- Vocês vão me ligar todos os dias, não vão? – Pediu Anne, largando a mala no chão e saltando para outro abraço junto dos irmãos.

- Claro... Mas fique calma, Anne. Ainda estamos na mesma cidade... – Disse Andrew, tranqüilizando-a.

- Isso vai ser importante pra você, Anne. Sem drama. – Disse Alexander, entregando as malas novamente nas mãos trêmulas dela.

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Então, houve outro abraço triplo, desta vez bem mais forte e duradouro.

- Fique bem, Anne... Estamos torcendo por você... – Disse Andrew, dando-lhe falsos socos.

- Vocês também, se cuidem... – Despediu-se ela, acenando e entrando pela porta principal da SHIELD.

Anne achou que iria chorar. Entretanto, não tinha motivos para isso. Tudo estava basicamente resolvido. Sua vida tomara um rumo diferente, era verdade, mas ela sabia mais ou menos por onde seguir. E, se não o soubesse, ou se perdesse, tinha o apoio dos irmãos. Que mais ela poderia querer?

- Bom, Anne, está vendo essa sala? – Perguntou Tony. - O que você é capaz de desligar aqui dentro?

Nesse momento, Anne estava com todos os Vingadores em uma sala de treinamento na SHIELD. O local era estranho, mas bem equipado. Era uma sala ampla e grande, com paredes revestidas de algum metal que ela não soube identificar. Continha equipamentos de lutas diversos, desde lanças, até armas de última geração. Havia bonecos de espuma, robôs e mais um monte de aparelhos tecnológicos. Além desses, porém, havia coisas mais simples, como um ringue de boxe e alguns sacos de pancada. Enfim, era um bom lugar para treinar um agente em todo e qualquer aspecto.

Anne entrara na SHIELD e fora recebida por Nick Fury, que a fizera assinar alguns papéis por formalidade. Em seguida, ele mandou que um agente guardasse as malas de Anne e a encaminhou a sala de treinamento. Nesse local, ela havia encontrado os Vingadores e agora jazia lá, em suas aulas iniciais

Anne concentrou-se em procurar energia, mas havia muitas opções. Sentiu que poderia desligar qualquer coisa.

- Bem... – Respondeu ela lentamente. – Na verdade, sinto que posso desligar qualquer coisa. Vou começar com a energia da sala.

Tony assentiu.

Anne então se concentrou em cada átomo responsável pela energia da sala. Aos poucos, foi fazendo com que eles parassem e não demorou até que a sala ficasse às escuras.

- Foi preciso e rápido demais. – Comentou Banner, que observara tudo atentamente. – Não acho que você esteja tendo problemas em se controlar... Seu poder é muito estável. Quase não houve alteração em sua fisiologia.

Banner acoplara a Anne um dispositivo que lhe dava todos os sinais vitais da garota. Ele recebia os sinais via notebook, de modo que podia avaliar os dados mais precisamente.

- Isso é bom? – Perguntou Anne, confusa.

- Isso é ótimo. Se você não está tendo problemas no começo, não terá problemas ao longo de sua vida. Seu poder, de fato, é muito estável. Essa mutação caiu perfeitamente bem em seu gene. Sua adaptação foi incrivelmente rápida. – Respondeu Banner, empolgado. Quase deixou o notebook cair.

- Bom, vamos tentar de novo. – Pediu Tony.

Anne concentrou-se, dessa vez, em fazer a energia voltar. Não encontrou grandes dificuldades. Depois, foi concentrando-se em objetos cada vez menores e mais específicos. No início, encontrou leve dificuldade, mas logo pegou o jeito e adaptou-se. Conseguiu desligar uma única lâmpada sem maiores problemas, ao fim da quinta tentativa.

- Você está aprendendo a direcionar seu poder. Isso é muito bom. Você está sendo capaz de manipular qualquer quantidade de energia rapidamente, seja ela grande ou pequena. – Comentou Barton, que auxiliava Banner.

- E tudo isso com muita estabilidade! – Comentou Bruce alegremente. – Como eu já disse, seu poder encontra-se estável. Nenhum problema de autocontrole até agora, e veja só os progressos que você fez! Não vejo outra forma, Anne... Esse poder foi feito sob medida para você...

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- Está tudo ótimo, mas precisamos ver como ela anda no corpo a corpo... – Comentou Natasha, levantando-se e entrando no ringue.

Dessa vez, os progressos não foram tão animadores.

Anne, que só tivera contato com artes marciais quando pequena, não era exatamente boa nas lutas. Ela levou diversos nocautes de Natasha, que não lhe poupou só pelo fato de ser iniciante. Ademais, Anne não tivera permissão de usar seus poderes no ringue.

Sem dúvida, nesse aspecto, ela precisaria treinar mais.

- Fique tranquila, Anne. É normal para alguém que não sabe lutar. Mas você vai aprender, vai treinar, e logo será uma boa lutadora. – Comentou Natasha, ajudando Anne a se levantar depois de um nocaute particularmente doloroso.

Assim, Anne passou o resto da manhã treinando com Natasha. Parou para almoçar, ligou para os irmãos e, assim que os treinos recomeçaram, ela retornou para a sala. Treinou combate corpo a corpo com cada um dos Vingadores.

Natasha a nocauteou facilmente, sem dar-lhe tempo de usar os poderes. Na luta com Barton, Anne conseguira retirar-lhe as aljavas, mas este a imobilizou facilmente com uma chave de braço. Com Homem de Ferro, Anne teve a facilidade de desligar-lhe apenas a armadura, de modo que Tony não conseguiu sequer se mover, mas estava seguro, porque o poder de Anne não atingira o reator ARC em seu peito. Ela concentrara-se somente na armadura dele. Com Thor, Anne teve alguma sorte, mas ele ainda era forte demais para ela. Tivera uma luta equilibrada com o deus do trovão. Com Capitão América, por mais que Anne tentasse, sentiu que desligá-lo era mais difícil. Seus átomos eram mais relutantes a submissão. Ela perdera. Por fim, lutou com Gambit. Anne tentou desligá-lo, mas foi surpreendida por um golpe de suas cartas e voou longe. Quanto a Banner, todos concordaram que era melhor Anne não lutar contra o Hulk logo no primeiro dia de treinamento.

Dessa maneira, ao fim do dia, Anne estava exausta. Quando acompanhou alguns Vingadores em direção ao alojamento, Tony lhe disse que o quarto dela era o de número 4. Acabou que, ao entrar no quarto indicado, deparara-se com Gambit.

Gambit, que estava sem camisa, somente com uma bermuda preta e simples.

- O que você está fazendo no meu quarto, garota? – Urrou ele, pegando seu sobretudo apressadamente.

- Seu quarto? Esse aqui é meu quarto! – Rebateu Anne, sentindo que ruborizava. Não estava entendendo nada.

De repente, Nick Fury entrou pela porta:

- Ah, com licença, senhores... – Falou ele. – Esqueci de avisar você, Anne... Suas malas estão no segundo guarda roupa... É que, enquanto estiver aqui, você vai dividir quarto com o Gambit.

Depois do choque inicial, Anne parou para observar o quarto. Havia duas camas de solteiro, lado a lado. Um banheiro relativamente grande no canto esquerdo, dois guarda roupas, e uma escrivaninha grande o bastante para dois, com duas cadeiras acopladas. O quarto mantinha aquele ar futurista que toda a base da SHIELD possuía, mas parecia aconchegante.

- Que ótimo... – Ralhou Anne, desfazendo suas malas e guardando os itens no guarda roupa.

- Tony está com Steve no mesmo quarto. Banner e Thor em outro. E Natasha e Barton ocupam o número 3. Só sobrou esse... – Comentou Nick, mas Anne podia jurar ter visto um traço cômico na expressão dele. – Espero que não se importe.

- Eu também espero... – Inferiu Anne amargamente.

Anne tomou um banho, dirigiu-se ao refeitório e comeu com vontade. Estava com muita fome devido ao treinamento puxado. Em seguida, foi para o seu quarto, exausta. Quando ela se deitou, Gambit também já ocupava sua cama, mas parecia absorto demais em pensamentos para se dar ao luxo de dormir.

- Não se preocupe, Ma chérie... Eu não ronco. – Comentou Gambit.

O Sotaque dele entrou na mente de Anne e pareceu fixar-se como mágica.

- Bom, eu fiquei surpresa... Achei que teria um quarto só meu. Mas tudo bem, afinal, tenho dois irmãos... Acho que sei lidar com isso. – Disse ela, tentando desculpar-se.

Talvez tenha sido egoísta demais ao implicar com Gambit. Ele não tinha culpa se as instalações da SHIELD não comportavam todos os agentes... Além do mais, todos os Vingadores precisavam ficar por lá. Isso se dava pelo fato de a Terra estar em uma grave ameaça. Fury precisava ter todos os Vingadores por perto, para qualquer emergência.

- Nesse caso, boa noite, senhorita Stein. – Disse Gambit.

Só então, quando respondeu de volta, Anne voltou-se na direção dele, virando-se na cama. Gambit estava com os cabelos desgrenhados e sem o chapéu. Os olhos cintilavam negros como ela se lembrava.

- Boa noite... E me chame de Anne, por favor. – Ela pediu.

Os olhos de Gambit faiscaram e Anne acompanhou o movimento deles, absorta no modo como se expressavam.