POV Dorcas:

Querem mesmo saber como está os meus últimos dias?

Irritantemente monótono!

Simplesmente que certa pessoa loira, gorda, dos olhos azuis escuros e que se chama Úrsula não me deixa sair de casa POR NADA!

Ela acha que é muito perigoso e que eu posso ser raptada de novo. Ai a pergunta: Desde quando ela se importa com isso?

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Minha única distração de lá e o tal de Lupin. Meu irmão está de castigo, então não dá pra fazer nada.

Eu e ele ficamos horas e horas na biblioteca, falando sobre livros, sobre a vida dele, sobre a minha existência. Ele é legal. Mas eu simplesmente não entendo o porquê que ele não quer falar sobre os pais dele.

Ele já me falou que cria a irmã mais nova dele, Isabelle, sozinho. Mas nunca m e disse o que aconteceu com seus pais.

E, como eu disse, aqui estou eu lendo um livro na biblioteca, e nem posso falar que está de madrugada e estou sem sono, posso?

Essa biblioteca fica muito sinistra quando está de noite, e fora que não posso nem acender a luz porque senão a bruxa dos mares acorda do seu sono de beleza, e não queremos ela me infernizando mais do que deveria, queremos?

Voltando, eu estava lendo um livro cujo titulo é em espanhol, então não vou falar, porque senão vocês vão enrolar a língua. A história falava sobre uma dançarina, que se apaixona pelo coronel da cidade onde dançava, mas o amor deles é impossível, pois ele era casado, e ela bem... Dançava para outros homens.

Ainda não cheguei no final, mas prometo contar assim que terminar.

Se já não bastasse a noite estar nublada e eu não poder nem acender a luz e ficar com uma lanterninha na mão, ainda inventa de chover... E trovoar.

– Que lindo. – Sussurrei.

– Ca-ham. – Alguém falou atrás de mim, e eu quase fui parar em cima da estante. – Calma, sou eu. – Remo disse sorrindo e eu bufei.

– O que está fazendo aqui?

– Estou sem sono, e acredito que também esteja. – Ele falou pegando um livro e o abrindo em certa página.

– Mas, o que veio fazer aqui? – Que pergunta besta, Dorcas! Ele veio na biblioteca pra comprar pastel!

– Gosto de ler. Se não se incomodar, posso ficar aqui e lhe fazer companhia. – Porque o tom cordial?

– Obrigada. – Eu falei me sentando e pegando meu livro novamente.

Eu já te falei que eu acho desnecessário esse negócio de trovões?

Eu tenho medo de trovões, sim!

Vou contar uma historinha pra vocês, mas acho que ela não terá um final feliz...

“Uma mulher, muito linda, dos olhos azuis, cabelos cor de mel, e a pele branquinha, se mudou para a pacata cidade de Londres para tentar ganhar a vida. O nome dela era Juliette, Juliette Grant.

Ela começou como garçonete em um bar totalmente afastado da cidade. Ganhava seus trocados e conseguia sustentar-se em um pequeno apartamento no Hackney.

Um dia comum de trabalho, ela teve que levar uma entrega para um tal de Thiago, Thiago Meadowes. Ela foi até o endereço que a deram, e deu de cara com uma linda e bela mansão. De começo, ela ficou maravilhada, mas depois ficou preocupada, pois ninguém atendia.

Um homem da idade dela foi a atender, ele era lindo. Olhos extremamente azuis, cabelos castanhos e esboçava um sorriso maior que outro assim que a viu.

Eles se cumprimentaram, ela entregou o pacote para ele. Mas antes de ir embora, ele perguntou o nome dela. Ela respondeu e perguntou o nome dele.

O resto bem... Eles começaram a sair juntos, um aprender um pouco mais da vida do outro a cada dia, e assim ele a pediu em casamento.

O dia do casamento dela foi, definitivamente o dia mais feliz da vida dela.

Depois de certo tempo, ela engravidou e teve uma menina, Cabelos loiros como os dela e os olhos azuis do pai. Acho que já sabem quem é a menina, hum?

Seis anos depois ela engravidou de novo e teve meu irmão. Loiro como eu, mas os olhos são dela, eu tenho certeza.

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Todo mundo que passava na rua e nos via pensava: Que família linda, ou: Eles devem ser as pessoas mais felizes do mundo. E éramos.

Mas como toda admiração, sempre vem a inveja. Meu pai era de família rica, ou seja, minha mãe começou a usar roupas mais caras, andar mais arrumada que antes, e como ela já era bonita, com todas aquelas coisas, ela ficou linda.

Dois anos depois do nascimento do meu irmão, nós inventamos de fazer uma viagem para a fazenda do meu tio, e fomos de carro. O tempo já não estava bom, mas minha mãe queria ir.

Nessa fazenda, eu e Theo brincamos até cansar nas piscinas, andamos de cavalo, cuidamos dos animais, enfim...

No dia três de julho, aconteceu.

Tínhamos que ir embora a noite, pois meu pai iria trabalhar de manhã, e ele e minha mãe estavam brigando, só não me lembro por que.

Começou a chover e trovoar, mas choveu MUITO e a cada segundo um raio descia do céu e fazia aquele barulhão.

Por causa disso, meu irmão começou a chorar, e meu pai se irritou mais.

Quando iriamos passar por uma estrada estreita, que do lado havia um barranco, um cavalo apareceu na estrada, e ele devia estar mais assustado que eu, pois me lembro de que ele não parava de relinchar.

Meu pai se assustou e os freios não funcionaram, então para não atropelar o cavalo, meu pai desviou um pouco, mas como a pista estava bastante molhada, nós caímos no barranco e o carro capotou.

Quando acordei, eu já estava no hospital, na cama do lado estava meu irmão e ele parecia bem, estava até rindo assistindo um desenho.

Mas não achava meu pai.

Ele devia estar no quarto ao lado – Pensei.

Mas na verdade, ele estava em um funeral.

Minha mãe bateu a cabeça quando o carro capotou e teve traumatismo craniano. Os médicos disseram que ela perdeu muito sangue, e que era quase impossível de ela voltar à vida sã e salva.

No dia quinze de julho, minha mãe faleceu.

Como eu era pequena, meu pai falava que ela estava passando um tempo na fazenda do meu tio, porque ele estava doente, mas eu podia perceber a dor no seu olhar. Ele a amava.

Meu irmão foi o ultimo, a saber, de tudo.

Dois anos depois, meu pai anunciou que estava em outro relacionamento, com Úrsula Wickednew.”

E é essa a razão porque eu tenho muito medo de trovoes. Acho que é algum tipo de trauma ou coisa assim.

– Dorcas? – Remo me chamou e percebi que estava viajando.

– Ahn... Oi. – Eu disse sem graça.

– Acho que já está tarde. Vem, vamos dormir. – Ele se levantou e me ajudou a levantar.

Quando me levantei, o céu deu aquele clarão de novo e depois o barulho Eu automaticamente me encolhi de medo.

– Tem medo de trovões? – Remo me perguntou, mas o tom de voz dele não estava caçoando nem nada. Ele realmente parecia preocupado comigo.

– Ahn... Está tão na cara assim? – Perguntei sem graça e ele riu.

– Quer que eu te acompanhe até seu quarto, ou não precisa? – Ele falou e percebi que não havia malicia em sua voz, ou nem outra coisa do tipo.

– Por favor. – Falei e ele me acompanhou.

Depois de passarmos pelos corredores já escuros da minha casa, eu abri a porta do meu quarto.

– Boa noite. – Ele falou, mas depois ficou me encarando.

– Não quer... Me fazer companhia? – Eu perguntei. – Não, não é o que está pensando, eu juro... É só que... – Eu mal terminei de falar e outro trovão riscou o céu.

– Claro. – Ele falou meio envergonhado, mas mesmo assim entrou.

Eu me deitei na cama. E não ousaria colocar meu pijama para ele. Ele era uma camisola curtíssima branca, e meu outro conjunto era um baby doll azul claro.

Ele se deitou do outro lado e dei graças a Merlin por minha cama ser de casal.

– Boa noite. – Ele sussurrou no meu ouvido e eu sorri.

– Boa noite.

(...)

Eu acordei com o barulho das gotas caindo sobre a calha do meu telhado.

Quando abri os olhos, já de cara senti um cheiro diferente, um perfume diferente.

Depois de um tempo percebi que estava com a cabeça apoiada no peito de Remo, que o mesmo dormia calmamente.

Me levantei silenciosamente e fui me arrumar.

Quando estava tomando um banho, tentava lembrar se tinha acontecido alguma coisa, mas não me recordei de nada, ainda bem.

Quando sai do banheiro vestindo um vestido vermelho e uma sapatilha branca, Remo já estava de pé e me esperava encostado na janela.

– A chuva de ontem foi forte. – Ele disse olhando para fora.

– Pois é. Queria agradecer por ter ficado comigo aqui. – Eu disse meio envergonhada, mas ele me olhou e apenas sorriu de canto.

– Foi um prazer. – Ele disse com aquela voz rouca dele. Gente... Estou sentindo alguma coisa... Mas não quero saber o que é.

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