- A nossa amada..... Johanna Mason!

Eu me sento ereta no sofá, e o cumprimento.

- Boa noite, Caesar. Obrigada pelo carinho - eu sorrio falsamente mas tento deixar parecer que estou fingindo.

- Vamos direto ao assunto, não temos muito tempo. Você está animada com essa edição dos Jogos?

Eu tento me mostrar um pouco chocada e disfarçar, engulo em seco e me arrumo na cadeira.

- Bom, Caesar, eu sei que farei meu melhor.

- Como assim seu melhor? Você acha que vai voltar para casa?

Agora é minha chance, eu penso. De mostrar aos outros tributos que não é atrás de mim que eles têm que correr. Que eu vou me matar sozinha.

- Sinceramente? Eu não sei - deixo meus olhos lacrimejarem - existem tantas pessoas no distrito 7 que realmente teriam uma chance nos Jogos, então é injusto me chamarem. Tante gente que poderia voltar pra casa e eles chamaram..... Eu.

Caesar tenta me animar, dizendo que eu tenho uma chance real, mas no final apenas me alcança uma caixa de lenços. Depois de alguns segundos, volta a falar sobre um tema mais leve.

- E então, o que você acha da Capital?

- Ah, eu acho um lugar maravilhoso, realmente interessante. Queria ter mais tempo para, você sabe, aproveitar a comida e a vista.

- Interessante, interessante. O que você acha do estilo de moda da Capital?

Ugh. Estou realmente tendo que falar disso?

- Eu acho muito... Inovador. Sem duvida me vestiria assim se tivesse a oportunidade em meu distrito. Como aquela mulher ali - eu aponto a uma mulher aleatoria cheia de joias e sentada na primeira fila - eu amei seu visual. Realmente me vestiria assim.

Aparentemente a mulher desmaiou. Mulher rica, me patrocine. Eu te elogiei em rede nacional.

- Ela realmente está bonita, Johanna. Última pergunta! O que você acha o mais importante para um tributo vencer os jogos?

Ah, uma pergunta com várias respostas possíveis. Mas eu uso a que eu aparentemente não tenho.

- Habilidades em geral - eu começo a chorar enquanto digo isso - é algo muito importante - eu sorrio como se aceitasse que não as tenho - é o que eu escolheria, sem dúvidas.

A sirene enfim toca e eu começo a chorar livremente, me despeço fracamente e saio correndo do palco. Literalmente correndo. Ao me enfiar atrás de uma coluna de cerâmica, repasso cada palavra em minha mente, e vejo que não poderia ser melhor. Minha demora estrategica para responder, minhas lagrimas falsas, a atuação em geral. Eu sorrio fracamente para mim mesma e saio do meu esconderijo para dar de frente com o menino do 1. Antes que eu possa dizer qualquer coisa, ele segura meus braços contra a parede com uma mão e tapa minha boca com a outra.

- Então, menininha, tente não morrer na arena amanhã. Você é minha. Eu vou te tirar desse mundo, e darei um ótimo espetáculo.

Eu agradeço aos céus por ainda estar com minha cara de choro quando ele me viu. Simplesmente relaxo meus braços até ele me deixar ir, então saio correndo - de novo - até a hora em que entro no elevador vazio. Obviamente estou chorando quando entro no elevador e faço uma anotação mental para me livrar dele na primeira oportunidade. Ou me manter longe dele, se quiser manter meus olhos em minhas órbitas.

Quando já estou na sala de estar, eu me lembro que deveria encontrar todo mundo atrás do palco, mas eles vão subir alguma hora. E realmente sobem, meia hora depois, e me encontrar comendo torradas com patê deitada no sofá.

- Desculpa?

Joshua resmunga alguma coisa, pega um prato de comida ridiculamente cheio e vai até seu quarto. Blight me manda comer alguma coisa, então eu me sirvo de um prato bastante cheio também e me sento no sofá, jogando meus pés em cima de Blight. Ele me olha irritado, mas logo sorri brincando. Ele apoia seu prato em cima de meus tornozelos e eu me apoio no sofá, comendo aquela espécie de arroz com todo tipo de legumes nele. Depois de terminar meu prato, me levanto para pegar uma taça de vinho. Ao me sentar no sofá ( sem jogar meus pés em Blight dessa vez ) ele me encara impaciente e me manda jogar a taça fora.

- Ei, pode ser minha última visita ao chance de experimentar vinho.

- Você já experimentou, e isso não vai bem com os remédios para dormir. Da aqui.

- Que remédios?

Ele tira dois comprimidos do bolso de seu paletó e me dá. Eu tomo eles com um gole de minha taça.

- Qual parte de " não vai bem com álcool " você não entendeu?

- Eu posso morrer amanhã. Morrer de verdade. Estou nem aí se o remédio pode ser tomado com álcool ou não.

- Nossa, como você é corajosa. Faz o favor de me dar essa taça.

- E olhe que você nem me deixou ficar bêbada ainda.

- Amanhã você vai para a arena. Você é louca de querer ficar bêbada.

- É... Eu deveria ter ficado bêbada ontem.

- Isso. Perdeu a oportunidade. Agora, você quer ir dormir?

- Eu estou dormindo aqui. Não consigo me mexer. Que coisa é essa que voce me deu?

- Ah Johanna, pelo amor de Deus.

Ele se levanta e dá um puxão gigantesco em mim para me tirar do sofá, e então espera que eu ande, mas eu tropeço em uma mesinha de canto e quase caio.

- Eu não bebi nem uma taça, não me olhe desse jeito.

- É o remédio forte. Junto com a porcaria do álcool.

- Ah, relaxa. Eu preciso mesmo dormir.

Ele coloca um de meus braços atrás de mim e de repente me pega no colo.

- Ei! Quantos anos acha que eu tenho?

- 17.

- Sem graça.

Depois de abrir a porta de meu quarto, ele me joga em minha cama ( literalmente me joga, não sei como não cai e quebrei o pescoço ) e se deita em meu sofá. Eu decidi que não vale a pena trocar de roupa, então continuo com meu vestido verde, e me cubro até as orelhas antes de cair no sono.

O relógio me acorda às seis da manhã, e eu realmente não consigo me levantar. Não que algo físico me impeça, mas eu sou incapaz de ficar em pé. Se eu só pudesse ficar nessa cama o dia inteiro, todos os problemas do mundo seriam resolvidos. Mas infelizmente, depois do despertador tocar por cinco minutos, Blight o desliga e olha em meus olhos enquanto estou deitada.

- Eu sei o quão difícil é se levantar hoje. Eu passei por isso. Mas você tem que vir.

Eu me levanto, ainda cansada demais para dizer qualquer coisa. Não cansada fisicamente, mas algo em minha mente me impede de ser eu mesma. Eu provavelmente já pensei nisso. Blight tem que praticamente me empurrar para o banheiro até eu entender que deveria tomar um banho. A água mais gelada possível tira um pouco da neblina de minha mente e eu sou capaz de perceber que devia sair do banho e me vestir. Eu pego uma roupa que misteriosamente apareceu em cima de minha cama agora arrumada ( calça preta colada ao corpo, regata branca, tênis confortável preto ) e saio para tomar o café da manhã mesmo não sentindo fome alguma. Blight está sentado na mesa, comendo bolinhos. Joshua aparentemente continua com o hábito de pegar a comida e rapidamente ir a seu quarto, o que não me incomoda, e eu me praticamente me jogo em uma cadeira sem querer comer nada. Depois de um tempo, Blight fala tanto que decidi comer a porcaria de um bolinho só para não ter que ouvir sua voz e fingir que estou ouvindo, mas me sinto culpada. Eu preciso da ajuda dele e ele não vai me humilhar por isso. Ele vai simplesmente me ajudar.

- Ahn, me desculpe, eu não consigo pensar direito.

- Hm?

- Eu não estou te ouvindo falar.

- Você precisa focar logo. Você tem três horas para estar em todo seu potencial.

- Sim, sim. Eu vou estar bem. Só estou com medo.

- É normal. Estar com medo te deixa mais alerta.

- Eu espero. Mas agora eu mal consigo pensar.

Eu me levanto pronta para andar para meu quarto, por algum motivo desconhecido, quando o sinto me abraçar por trás. Eu rapidamente me viro e começo a chorar em seu ombro.

- Eu estou com medo!

- Eu sei, eu sei. Calma. Por favor.

- Minha vida depende de eu ficar calma e é por isso que eu não consigo me acalmar!

- Você precisa se acalmar. Não tem escolha.

- Uau, grande ajuda.

Depois de um tempo, ele me obriga a respirar fundo e eu acabo me acalmando. Ele me manda sentar no sofá e só me levantar quando me sentir bem, e eu eventualmente estou melhor quando me levanto.

- Obrigada.

- Está tudo bem.

Depois disso, temos meia hora antes de eu ser levada até a arena, então eu começo a me arrumar e discutir as últimas estratégias, pequenos detalhes, só para ter o que fazer a não ser entrar em pânico. Alguns minutos antes de subirmos para o aerobarco, começamos a nos despedir.

- Muito obrigada por tudo.

- Me agradeça quando você voltar.

- Eu vou fazer o melhor show, ok?

- Eu vou mandar coisas. O mais cedo possível.

- Ok.

- Se lembre, eles querem um show. De isso a eles e você vai voltar para casa.

- Eu sei. Obrigada. Vou te dar algo com o que trabalhar.

- Tudo certo.

Quando temos que subir, conversamos no elevador. Eu o abraço e agradeço por tudo de novo, antes de começar a chorar, mas dessa vez pela estratégia.

- Estou calma por dentro. Ou quase.

- Calma por dentro.

Quando o elevador se abre, vemos quase todas as duplas com seus tributos lá. Joshua está com Lashie, e não ousa me olhar nos olhos. Eu converso sobre alguma idiotice com Blight e então me despeço dele antes de entrar no aerobarco.

- Obrigada por tudo, de novo. E não esqueça do que eu te disse.

- Tudo vai ficar bem, foque em voltar pra casa. Mande algo com o que trabalhar.

Eu assinto com a cabeça e entro no aerobarco.

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