— O que ta rolando aqui, afinal? – Frost perguntou, olhando ao redor.

—Milord subiu com uma galera e até agora não voltou. – Foca respondeu, se aproximando deles. – E tem três dias que estamos em uma noite eterna.

Outros conhecidos também se aproximavam, falando um por cima do outro. Manu correu para abraçar Wlad, soluçando, enquanto ele afagava seu cabelo carinhosamente. Duda e Quênia foram abraçar Adrila, ambas dizendo que estavam morrendo de saudade. Rômulo queria saber onde estava Leo. Paixão perguntou o mais alto que pode o que iam fazer agora.

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— Precisamos saber o que está acontecendo! – Adrila disse. – Vamos subir até lá e...

— Ninguém vai subir até lá. – Michael, o Pretor, disse com seriedade, se aproximando. – A menos que Milord envie um sinal dizendo que precisa de ajuda, nós...

Nesse momento a porta do Empire State se abriu e um esqueleto saiu de lá. Ele andou em frente sem a menor pressa, não parando mesmo ao chamado de Rubens, até chegar a Michael . O pretor se curvou parecendo ouvir, mas tudo que o esqueleto fazia eram sons estridentes de ossos raspando uns nos outros. De qualquer forma, Michael parecia entender, por que assentiu e olhou para os recém chegados com ar derrotado.

— Ok, talvez eles precisem de ajuda. – Admitiu. – Mas temos que ser organizados. Não podemos simplesmente subir feito loucos. Vamos nos separar em grupos.

— É melhor nós irmos primeiro, de qualquer forma. - Marina disse cuidadosamente. - Depois você manda grupos de hã...

— Eu diria que cabem dez pessoas naquele elevador. - Foca comentou.

— Certo, dez pessoas.

—Mas tenho um problema. - Michael informou. - Segundo o Milord, pode haver certas complicações caso Romanos e Gregos subam ao Olimpo ao mesmo tempo, entende?

— O que sugere? Deixar os Romanos fora da batalha? - Michel perguntou, franzindo o cenho.

— Não! - Michael e Foca disseram ao mesmo tempo. Eles se olharam e sorriram um para o outro.

— O grupo de Roma pode ser o ultimo. - Foca disse rapidamente. - Será menos provável que os Deuses entrem em pane dessa forma. Vou organizar os grupos.

Ela correu pelo acampamento improvisado, chamando por nomes conhecidos. Michael a observou por um tempo, antes de virar-se novamente para Marina:

— Então, podem ir. Vou garantir que os Gregos subam primeiro.

A garota assentiu e sinalizou para que os outros a acompanhassem. GG empurrou a porta do Empire State com força, revelando o saguão vazio. A TV estava fora do ar e o porteiro não se encontrava em lugar algum. Dos que tinham escapado com vida da Arena eram nove, e com Manu completavam dez para subir ao Olimpo. Primeiramente, Wlad tentou convencê-la a ir depois com outro grupo, ou até mesmo ficar em segurança lá em baixo, mas a garota bateu o pé:

— Eu não vou mais te perder, ta bom? – disse, cruzando os braços.

Ele suspirou, mas concordou em deixa-la ir. Quando todos entraram no elevador, sentindo-se apertados, ele tinha um pequeno sorriso nos lábios, talvez se lembrando de certo sonho que tivera. A musica de fundo parecia mais sombria agora, como se o próprio elevador soubesse que eles estavam se preparando para algo de proporções épicas.

— Marina, você tem um plano né? – Frost perguntou para a garota, pela primeira vez sem um pingo de ironia na voz.

— É. Bem, algo assim. – Ela respondeu, meio desconcertada.

— Nós vamos ajudar. – Michel disse, colocando a mão no ombro dela. – Estamos aqui para o que precisar.

— E obrigado por nos salvar. – GG sorriu para ela de modo abatido. – Maninha.

Ela sorriu para eles, mas subitamente algo pesou em sua mochila. Ela se lembrou vagamente do que era, mas não disse nada, apenas concordou com um aceno de cabeça e olhou fixamente para os números passando no visor. Finalmente chegaram ao 600º andar, onde as portas se abriram, revelando o mesmo cenário abandonado e silencioso de antes. Adrila foi a primeira a entrar, respirando fundo. Ela olhou para os amigos, meio confusa.

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— Hemera está dizendo que tem algo errado no ar. Que temos que agir rápido, antes que todo o Éter desapareça.

— Ela disse o que precisamos fazer? – Rubens perguntou.

Adrila parou um pouco para pensar, ouvindo o que Hemera dizia em sua cabeça. Ela pareceu confusa por um instante, franzindo o cenho e parecendo discutir com a Deusa. Por fim, ela olhou para os amigos e disse, especialmente para Michel, com cautela:

— Ela está dizendo que você ainda está com a caixa de Pandora.

— O que? Não, é impossível. – O garoto balançou a cabeça. – Ela foi destruída, não foi? Quando eu e Leo brigamos.

— Hemera está dizendo que está com você. – Ela afirmou com veemência.

Michel pareceu não acreditar, mas retirou a mochila dos ombros mesmo assim. Seus olhos se arregalaram de surpresa quando ele a abriu, retirando de lá a pequena caixa preta com detalhes verdes. Todos prenderam a respiração e se afastaram um passo da coisa, nervosos. Michel queria jogar aquilo no chão, mas algo o impedia, deixando seu braço mais pesado.

— Precisamos destruir isso! – Sofia disse, erguendo a espada.

— Não é tão fácil. – Michel balançou a cabeça. – Gabi tentou e não deu certo. Provavelmente Sara também, antes de ser completamente possuída.

— Ele tem razão. – Adrila suspirou, tocando o ombro de Sofia para que ela abaixasse a espada. – Vocês vão precisar carrega-la.

— Vocês? Como assim? – GG repetiu. – E você? Não vem com a gente?

— Eu preciso encontrar o local que Éter está sendo mantido aqui. – Ela parou e pensou por um instante. – Uma espécie de porta que vai dar no mesmo lugar em que eu encontrei Hemera. Só assim poderei liberta-lo.

—Você não pode ir sozinha. – Rubens disse, se aproximando dela. – Eu vou com você.

— E eu também. – Nico assumiu o lado direito da garota.

— Ah, ótimo, você vai estar tãaao protegida agora. – Frost revirou os olhos.

Rubens riu alto, apontando a espada para o filho de Hermes.

— Certifique-se de não morrer lá. A honra de te matar continua tendo que ser minha. – disse, com um sorriso.

Frost sussurrou algo que parecia ser “até parece”, mas fora isso ficou calado. Adrila revirou os olhos e olhou novamente para Michel, dando as instruções:

— O resto deve seguir em frente. Vocês vão encontrar os outros Deuses. Vou tentar ser rápida. E caso tenham dificuldades... – ela fez outra pausa. - ... Bem, Hemera diz que Marina sabe o que fazer.

— Nos vemos por ai então. – Wlad disse, sério.

Adrila assentiu e pareceu que ia dizer mais alguma coisa, mas apenas balançou a cabeça e seguiu para a direita, com Nico e Rubens no seu encalço. Os outros seguiram em frente, já retirando as espadas das bainhas, prontos para um ataque surpresa. Porem tudo estava estranhamente calmo.

— Será que não erramos de Olimpo? – Michel tentou brincar, sem sucesso.

— O que Hemera quis dizer com “A Marina sabe o que fazer?” – GG perguntou à garota, mas ela o calou com apenas um olhar.

— Estão ouvindo isso? – Manu indagou baixinho.

Eles estavam. Aquele som era a conhecida mescla de várias vozes gritando ao mesmo tempo. A medida que se aproximavam, parecia ficar mais alto e mais intenso. De onde estavam, conseguiram visualizar o coliseu se erguendo em toda a sua gloria e os gritos ficaram mais nítidos. Parecia que todos os presentes estavam gritando a mesma coisa: “MORTE! QUEREMOS SANGUE!”.

— Isso não me parece nada bom. – Marina resmungou. – Devemos entrar?

— Temos escolha? – Frost perguntou.

Havia uma porta grande logo a frente deles, mas Wlad balançou a cabeça quando GG se aproximou com a mão se estendendo para a maçaneta. Ele apontou para outra porta, uma menorzinha, quase impossível de se ver, à esquerda. Marina passou na frente de GG e a abriu, revelando uma escadinha.

— A porta maior leva diretamente para a Arena. – Wlad explicou, dando de ombros. – Aprendi isso com o Leo.

— Alguém aprendeu alguma coisa com o Leo? – Frost retrucou, horrorizado.

O filho de Poseidon o ignorou, seguindo Marina escada acima com Manu atrás. O som estava ensurdecedor ali, como se quem quer que gritasse estivesse bem próximo. Na verdade, realmente estava, pois quando finalmente viram a saída, quase imperceptível por causa da escuridão noturna, perceberam que estavam na arquibancada. Haviam várias divindades ao seu redor, deuses menores de todas as formas, cores e tamanhos. E também muitas ninfas e sátiros, todos urrando e jogando suas bebidas e o que quer que estivesse ao alcance na arena lá embaixo.

— Aquele é o Milord? – Manu perguntou, surpresa.

Seus amigos lutavam, mas pareciam bem ridículos. Era obvio para todos que estavam fingindo, pois nenhum golpe acertava nem próximo ao alvo. Até mesmo Milord fingia lutar contra Brenda, de um modo tão falso que a garota tinha que esconder a risada.

— É disso que nós viemos salva-los? – GG revirou os olhos.

— O povo não me parece muito contente. – Marina informou, apontando para os espectadores ao redor.

Eles também haviam percebido que era tudo fingimento e clamavam por uma luta de verdade. Muitos vaivam e jogavam restos de comida que não chegavam nem a atingir o alvo. Nas doze cadeiras para os doze Olimpianos, Zeus discutia com Hefesto, ficando cada vez mais vermelho. Uma das cadeiras estava vazia e Marina ficou aliviada ao constatar que era a de Poseidon.

— E agora, o que fazemos? – Sofia perguntou, olhando ao redor.

Um dos espectadores, um homem musculoso usando apenas uma toga dourada, assoviou para eles, tentando chamar a atenção de Frost. O garoto olhou para ele por dois segundos, antes de olhar novamente para os amigos, cruzando os braços e baixando a cabeça, dizendo:

— Andem logo com isso, por favor.

— Precisamos chamar a atenção deles. – Marina decidiu. – Vamos descer e...

No momento em que ela dizia isso, Zeus se levantou, parecendo possesso de raiva. O Senhor dos Céus estava muito vermelho e uma veia saltava em sua testa. Ele levantou as mãos, pedindo silencio.

— Não querem lutar, então?! – gritou. – Estão ridicularizando a possibilidade de se tornarem um Deus, é isso?

Mais vaias. Os garotos lá em baixo pararam de lutar, sabendo que não adiantaria de nada, mas isso pareceu deixar Zeus mais nervoso. Ele ergueu a mão e nela apareceu algo brilhante, que estalava e brilhava. O Raio Mestre. Zeus o apontou para a primeira pessoa em seu campo de visão, no caso, Ellen. Todos arquejaram quando acertou o alvo, brilhando intensamente.

Porém quando o brilho passou, Ellen estava inteira, e com ar de assustada. Milord estava na sua frente, com os braços erguidos, uma leve fumaça saindo de suas mãos. Ele respirava descompassadamente, trincando os dentes. Ninguém tinha visto ele se mexer, mas provavelmente havia salvado a vida de Ellen. Lá de cima, Afrodite riu.

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— Esse daí é teimoso igual ao pai! Que pena, pois esse golpe deve ter custado todas as suas energias!

Zeus parecia achar o mesmo, pois preparou outro raio. Marina teve que agir rápido. Ela soprou suas bolhas até formar um tipo de tapete com elas, no qual ela subiu com o maximo de cuidado possível. Todos os olhares se focaram nela quando conduziu-se até o centro da Arena, distraindo até mesmo Zeus. O Senhor dos Céus fez o Raio Mestre sumir e cruzou os braços desocupados, impacientemente.

— Quem é você que ousa interromper?! – ele perguntou.

O tapete de bolhas pousou próximo ao chão e Marina saltou dele, com as mãos erguidas. Milord olhou para ela com uma cara assassina, como se perguntasse o que diabos ela estava pretendendo.

—Sou Marina, filha de Poseidon e Ceto.

— Ah, mais uma Deusa menor! – Zeus zombou. – Veio para morrer com seu amigo?!

—É muito fácil para você dizer isso. – ela comentou, com calma. – Quando está ai em segurança.

— Marina, deixa de ser retardada e vá ficar em segurança. – Milord objetou, tentando andar em direção dela.

— Eu sei o que estou fazendo. – ela respondeu entre dentes, fazendo um sinal para que ele ficasse quieto. – E então Zeus? O que me diz? Uma luta justa?

— Contra você e o filho de Hades? – Zeus questionou. – Interessante, já que seus pais não estão presentes para assistir essa ousadia idiota.

— Não entre nós. – Marina sorriu. – Mas sim contra aqueles que vocês mandaram para a Arena! Uma pequena... Vingança?

Quando a ultima palavra foi proferida, o chão a frente dela explodiu em uma nuvem de fumaça roxa. Marina tampou o nariz com o braço bem a tempo, mas os outros semideuses começaram a tossir. Não durou muito tempo, porem, e Nêmesis estava em frente a eles, em seu conhecido sofá roxo, com um sorriso.

—O tão esperado grand finale! – Ela disse. – Eu sou Nêmesis, sua apresentadora, e nunca na historia ouve uma reviravolta tão grande!

— O que é isso? – Hera se levantou, falando pela primeira vez, indo se postar ao lado do marido. – O que está sugerindo?

— Os doze, no caso, onze Olimpianos contra os vinte e seis, ou no caso vinte e quatro tributos mandados cruelmente para a Arena! Que emoção! A vingança é um prato doce! – Nêmesis riu. Todos na plateia gritaram, concordando com ela, pedindo por aquilo.

—Você só pode estar ficando louca. – Milord balançou a cabeça. – Não tem como eles voltarem. Estão todos mortos.

— Mas a filha de Poseidon sabe como! – Nêmesis declarou alegremente. – Esteve burlando as regras, essa danadinha! Mas agora tudo ira acontecer como deve ser!

Todos os olhares voltaram-se para Marina. Sem parar para encarar ninguém, ela tirou a mochila e a abriu, tirando lá de dentro com todo o cuidado uma orbe negra. Zeus fez um som de desprezo e Hera se afastou, mesmo que estivesse tão longe da coisa quanto o possível.

— Isso é antinatural. Não. Definitivamente na... – O Senhor dos Céus parou no meio da frase. Seus olhos nublados se concentraram em algum ponto indefinido, como se ele estivesse ouvindo, da mesma forma que Adrila, só que mil vezes mais assustador. Sua cabeça pendeu para o lado, da mesma forma que a de Nêmesis pendia as vezes. Quando falou, o tom metálico voltou a sua voz. – Certo. Que assim seja.

Ele bateu palmas e os onze Olimpianos presentes sumiram do pódio e reapareceram na Arena, em tamanhos comuns e trajando belíssimas armaduras. Marina hesitou, vendo uma certa falha no plano. Se Zeus tinha concordado, era por que Caos queria que fosse assim. Por quê? Certamente não era algo bom. Mas agora não havia saída e ela não tinha opções.

Jogou a orbe no chão, quebrando-a em mil pedaços. A névoa que parecia espiralar dentro dela se libertou, espalhando-se por todas as direções. Ela começou a tomar várias formas, pequenas e grandes, espalhando-se entre eles.

Dohan, Maro, Rayssa, Quez, Nat, Julia, Luke, Trindade, Mands, Arthur, Iolanda, GV, Aron, Ias, Brant, Sara, Gabi, Leo, Ray e Bella estavam de volta a Arena.