Capítulo 20: Peça de Xadrez

Marcus com o passar os dias acabou agindo diferente comigo, uma hora falava com todo seu charme... Outra hora me desprezava mais do que a qualquer um.

Sua historia havia mexido comigo. Afinal ele havia se transformado no que era pelo modo que fora criado... Será que a culpa era realmente dele? Por ser assim.

E se ele não fosse um demônio... E se ele fosse uma vitima?

Eu não entendia essa compaixão que eu sentia. Des do começo, desde quando cheguei neste lugar, aos poucos fui mudando, e nem percebi.

Tornei-me mais forte, passei a odiar minha família. Por ter me posto em um local assim.

Minha fixa caiu... Agora que estou aqui, eu não tenho para onde voltar...

Minha garganta secou.

Um pensamento de cada vez... Para resolver tudo teria de ser assim. Um de cada vez.

Bebi um gole de chá... Olhei em volta, era sempre o mesmo local onde nos reuníamos, com qualquer um.

Primeiro sobre Marcus, eu não o conhecia, não sabia tanto, de primeiro o odiei, mas agora, vejo que ele também é uma vitima, e que sou uma vitima de minha própria família... Já que estou aqui por eles... A vida de Marcus tinha sido difícil, acabou virando o que é pelo que viveu, pela sua dor. Será que eu deveria culpa-lo? Ou ver como um salvador?

Eu já não conseguia mais pensar, apenas uma angustia em meu coração sobre isso, Marcus, minha família, me sentia mais perdida do que antes...

Mas fugir, não daria mais, eu não poderia mais fugir deste mundo e voltar para algo que eu conhecia antes, não teria como...

Uma tristeza junto com uma vontade de chorar tomou meu corpo, minha respiração pesada e meu corpo... Tudo em mim estava receoso querendo respostas.

Como seria daqui para frente? Qual caminho teria que seguir? Quais jogadas fazer?

Sentia como se minha vida fosse peça de um jogo de xadrez e eu estivesse perdendo... Perdendo tudo o que eu conhecia e entendia como vida.

Um jogo de xadrez.

Como não poderia tudo ser um jogo? A vida era um jogo... E todos participavam dele.

Éramos peças de um jogo de xadrez entre ‘Deus e lucífer’, entre “Vida e Morte”. Não passávamos de simples peças.

Mas se eu era uma peça, qual era minha função? Ser um simples peão? Um cavalo? Uma rainha?

Não consegui tirar isto de minha cabeça, o que Marcus havia me contado marcou muito em mim, me deixaria cicatrizes para o resto da minha vida. E eu nunca iria esquecer o que estava vivendo neste momento, neste local.

O que Marcus queria me contando?

O que Marcus queria com tudo isso?

Eu não conseguia chegar a fundo nisto... Eu só queria uma resposta qualquer uma já bastava para tentar seguir. Mas seria difícil.

Muito difícil.

Este local aos poucos se tornava o que eu conhecia de casa, mas então afinal, para qual casa eu deveria ir?

Onde eu estava sendo feliz?

Eu julgo de mais aqui, mas também não pretendo ser feliz sabendo dos meus desgostos.

Eu não sei o que eu teria de fazer agora, mas iria tentando continuar comum, e aos poucos pensando, tomar atitudes as pressas não resolveria.

Eu preciso pensar...

E tomar cuidado.

Então acho que a final de tudo, se Marcus for uma vitima, ele não é um demônio completo.

O que me faz temer ainda mais ele. Não sai o que poderá acontecer. Nem seu objetivo de ter me contando.

As feridas que antes já eram suficientemente grandes, agora tomam todo meu coração.

Mas Não vou ser um simples peão!