Os Guerreiros Do Reino Após Os Muros
A Flauta E O Piano
Quando as aulas acabaram, todos estavam de volta à sala, arrumando seus pertences para irem embora.
—Tem compromisso mais tarde? - Lucas perguntou para Sam, colocando sua mochila nas costas.
—Depende de quão tarde estamos falando. - o colega respondeu.
—Estava pensando se poderíamos ensaiar flauta na sua casa.
—Eu não gosto de ensaiar com você.
Lucas riu:
—É porque você sabe que eu sou melhor do que você.
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Sam encarou o colega por uns instantes, Lucas apenas sorria:
—Vamos logo ensaiar. Quanto antes começarmos, melhor.
Os dois caminharam pelo corredor lado a lado e, ao deixarem o colégio, foram até o carro onde o motorista de Sam já os esperava.
—Senhor. - o chofer de Sam abriu a porta do carro, para que os dois jovens pudessem entrar.
—Obrigado, Alfred. - Lucas agradeceu.
O caminho até a mansão da família de Sam era longo.
Lucas olhava pela janela do carro, em silêncio, observando a paisagem que mudava conforme se distanciavam do colégio.
Sam, sentado com a postura reta, limpou suas mãos com álcool novamente.
—Você não trouxe sua flauta? - Sam perguntou, notando que o colega não trazia o instrumento consigo.
—Não. Vou pegar a sua emprestada.
—A minha?
—É. Algum problema?
Sam queria ser prestativo, Lucas estava na melhor orquestra do país e teria um recital em breve. Mas era difícil ser prestativo, se sua flauta estava em jogo.
—Não. Nenhum problema. - ele respondeu.
Após cerca de meia hora, eles chegaram à mansão, que mais se parecia com um enorme castelo.
—Eu visito sua casa desde que éramos pequenos, e até hoje eu não faço idéia de quantos quartos esse castelo possuí. - Lucas disse, descendo do carro.
—E desde sempre eu te digo: não é um castelo. - Sam disse, seguindo o caminho até a porta de sua casa, com Lucas logo atrás.
—Senhor. - uma das criadas fez uma reverência ao abrir a porta da entrada. - Deseja tomar seu chá agora?
—Tomarei chá na sala de música. - Sam disse, tirando a jaqueta de seu uniforme e entregando para sua criada.
E como de costume, Lucas seguiu Sam até a sala de música.
O lugar era enorme. As janelas estavam todas com suas cortinas abertas, e a vista dava para o jardim.
Haviam vários instrumentos prontos para serem tocados, um piano ao centro, livros de música em estantes e algumas poltronas.
A flauta de Sam estava dentro de uma caixa de vidro, junto de algumas partituras sob uma mesa.
Lucas foi até essa mesa e abriu a caixa de vidro.
—Espere! - Sam pediu. - Você limpou as mãos?
Lucas olhou para suas mãos e respondeu:
—Estão limpas. Eu acho.
—Você escovou os dentes?
—Sam, você me fez escovar os dentes três vezes depois do almoço.
—A culpa não é minha se você estava com um alface enorme preso nos dentes.
—Vamos ensaiar, ou não?
—Vamos, mas...
—Mas?
Sam respirou fundo e limpou suas mãos com álcool.
—Tome cuidado, ok?
Lucas sorriu e pegou a flauta, a tirando de sua caixa de vidro. Foi até um pequeno palco que havia na sala e se preparou para começar a tocar.
Sam seguiu até o piano e pousou suavemente seus dedos nas teclas.
A luz do entardecer que entrava pelas janelas faziam os instrumentos brilharem. Era como se eles estivessem dentro de um enorme porta jóias.
A respiração dos dois estava em harmonia, mesmo que não tivessem percebido isso.
Lucas terminou de se posicionar no pequeno palco e começou a tocar, uma melodia suave e gentil.
Sam conhecia a música, e acompanhou o amigo tocando o piano.
O som ecoou pela mansão, e os empregados chegaram a parar seus afazeres, dando silêncio total aos rapazes.
A música continuou. Sam observava Lucas com o canto dos olhos.
Sua postura era perfeita e ele tocava o instrumento com tanta ternura que era difícil desviar o olhar.
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Sam começou a cantar baixinho, de um jeito que só ele pudesse escutar:
—A Tua glória faz. Com que eu voe mais. Me leva bem junto a Ti. Me faz flutuar. Ao som da Tua voz. Pulsa meu coração.
Lucas olhou para Sam e seus olhares se encontraram por um breve segundo, o que foi suficiente para fazer o jovem pianista errar uma nota.
Ele parou de tocar, e fitou suas mãos.
—Está tudo bem? - Lucas perguntou.
—Hm? Está... Eu só me confundi.
—Você?! Se confundiu? - Lucas riu.
Sam encarou o amigo, e Lucas pôde ver suas bochechas começarem a ficar vermelhas.
—Que tal uma pausa para o chá? - Lucas perguntou. - Mas ao invés de chá com biscoitos, será que pode ser pizza e refri?
Sam riu:
—Não vou deixar você tocar minha flauta com os dedos gordurosos e gás querendo sair pela sua boca. Então a resposta é: não.
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