Os Dias de Enishi

Os reflexos áureos


A realidade pode o sonho desfazer

Mas pode também o realizar

Não quero esperar para te ver

Ao meu sonho eu quero voltar...

A única luz no quarto provinha do rádio-relógio digital, em cima de seu criado mudo, à esquerda da cama. Automaticamente, os olhos verdes de Enishi dirigiram-se àquela pequena fonte de luz alaranjada: 5:13am.

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Continuou fitando ainda o relógio digital por alguns instantes. A tonalidade cor de laranja estava trazendo-o um déjà vu.

“O sonho! Os olhos dourados!”

Deitou novamente na cama. Queria voltar ao sonho, a qualquer custo. Sabia que a chance de voltar ao mesmo sonho era praticamente nula, mas ele tinha de tentar.

“Foi só um sonho” Disse a si próprio, tentando se conformar.

Obviamente, já tivera diversos sonhos antes, mas este último foi um tanto quanto diferente, porque lhe pareceu extremamente real. Nem o fato do ocorrido ter se passado num mundo colorido, digno de desenho infantil, conseguiu convencê-lo de que “foi só um sonho”.

Estava intrigado. Pouco antes de se deitar, aconteceu aquela estranha reação dos seus olhos ao se olhar no espelho. E essa reação se repetiu quando encarou aquela garota.

Ele queria saber quem é essa estranha garota. Pensou consigo que essa garota nem existe, que tudo não passou de imaginação, mas algo dentro dele ainda insistia em saber a identidade desse alguém que ele sequer havia visto em toda sua vida.

“Nem consegui perguntar seu nome...” Lamentou-se.

Apesar da escuridão do quarto, Enishi sentia seu coração iluminado, como se o pedacinho que outrora estava vazio tivesse sido preenchido pela luz dourada daquela garota.

Sentia seu coração bater mais rápido quando pensava nela. Batia mais forte, mais vivo. A dor se foi. Em seu lugar, ficaram os reflexos áureos, deixados pela garota.

Isso o instigava ainda mais a rever aqueles olhos dourados, aquele sorriso discreto, mas contagiante, aquele mundo surreal.

Quando foi virar de lado novamente, para tentar adormecer, ouviu um característico som intermitente e reconheceu como sendo seu despertador: 6:30.

- Chega de sonhos, hora de voltar ao mundo real...

Levantou-se num pulo, escolheu a roupa e foi para o banho.