Os Descendentes e a Floresta Sombria

Um calafrio correu por dentro de mim, desde cabelos, pele, ossos. Nem as minhas entranhas ficaram de fora. "Desde quando a floresta parecia maior?" pensei, sem coragem de falar. Não havia percebido também que agarrava as mãos de Breno com força, se a mata não estivesse tão escura, talvez conseguisse ver pontos vermelhos se formando por toda a mão do garoto.

Foi quando ele surgiu das sombras. Se algum dia alguém havia me falado do saci, jurava que não era assim. Sua pele era negra e espessa, como se houvesse sido queimado a anos atrás e o sangue endurecido ainda estivesse em sua pele, seus olhos eram brancos, profundos, quase brilhantes, como se avisasse o perigo que poderia vir. Era alto, mais do que o comum, membros largos e ossudos, seu corpo se curava perante uma corcunda. Alguém precisava avisar as professoras de primeiro grau que ele, infelizmente, não usava calças frequentemente, mas ao menos, a ausência de uma de suas pernas era real.

Virou-se para nós, andando de forma lenta. Fumou um pouco de seu cachimbo, que para minha infelicidade, era feito de ossos que pareciam ser humanos.

— Alguém precisa avisar que talvez o saci, pequeno e fofo tenha crescido demais - sussurrei para os meninos, coração batendo de uma forma que podia ouvi-lo.
— Bom, ao menos, ele usa um gorro vermelho - olhei para o gorro do Saci e quase vomitei.
— Breno.. É pele humana ensanguentada. O gorro dele era uma pessoa.
— Ninguém nunca falou que ia ser de tecido, não? - Sorriu para mim. Como ele podia manter o bom humor?
Capitain Fabbris

Sinopse

Notas adicionais

Autor
Capitain Fabbris


Classificação Livre
Livro concluído
Publicado em 31 de mar. de 2016 21:52
Atualizado em 14 de abr. de 2016 16:30
5.496 palavras

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