Opostos
Passo sério
No dia seguinte Mateus ao sair do trabalho vai mais uma vez a casa de Patrícia, porém ao chegar, é recebido pela mãe dela.
- Boa noite dona Carmem, posso ver a Paty?
- Boa noite Mateus, entra e espera um pouquinho, ela está no banho.
- Patrícia no banho? Então vai demorar...
- Levando em consideração que ela acabou de ligar o chuveiro, vai sim. – diz com um sorriso. – Fique a vontade. – diz ao se virar para sair da sala.
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!- Dona Carmem, aproveitando que ela está no banho, gostaria de falar com a senhora.
- Comigo? Sobre? – pergunta desconfiada.
- Sobre a Paty e o meu futuro com ela.
A mãe de Patrícia cruza os braços e fica com o semblante sério. Dirige-se até Mateus e se senta no sofá logo a frente dele. Faz um gesto pra que ele se sente.
- Começa. – diz séria e sem tirar os olhos do rapaz.
Mateus está nervoso e sente arrepios na espinha ao notar o olhar de dona Carmem sobre ele, mas não pode esconder o que planeja da mãe da Patrícia.
- Sei que fui um moleque com a Patrícia, um irresponsável.
- Disso eu também sei, mas a culpa não foi só sua, os dois erraram.
- Não dona Carmem, eu assumo toda a culpa. Menti pra sua filha.
- Mentiu? Como assim mentiu?
- A Patrícia até hoje não sabe explicar como engravidou, porque pra ela usamos camisinha, mas não usamos. Disse pra ela que usei, mas era mentira.
Dona Carmem apenas o olha por alguns instantes. Mateus não sabe onde enfiar a cara.
- Você é muito mais irresponsável do que eu pensei rapaz.
- Sei que errei e feio dona Carmem, mas pode acreditar quando eu digo que mudei.
- A Patrícia sabe disso? Da sua mentira que resultou na gravidez fora de hora dela?
- Não. Fiquei com medo de dizer a ela.
Dona Carmem o olha. Mateus parece um gatinho assustado diante dela, mas a encara nos olhos apesar do medo aparente.
- Certo Mateus, mas afinal, aonde você quer chegar? Se me lembro bem você disse que queria falar sobre seu futuro juntamente com o da minha filha.
- Isso mesmo. Eu quero dar toda a assistência tanto pra Paty como pro neném.
- Acho bom, afinal você tem uma grande responsabilidade nisso tudo.
- Eu sei e não quero fugir dela.
- Ótimo, mas que tipo de assistência é essa que você diz? Porque digo logo que se isso significar que todo fim de mês você vai aparecer aqui com um litro de leite e um pacote de fraldas...
- Não dona Carmem, a assistência que digo vai muito além disso. Eu quero casar com a Patrícia.
- Como?
- Isso mesmo que a senhora ouviu. Quero casar com ela.
A mãe de Patrícia dá um riso debochado.
- Já ouvi essa conversa antes Mateus. Quando engravidei da Patrícia o pai dela casou comigo, alegando que queria fazer as coisas certas. Assim que ela nasceu, na primeira dificuldade que surgiu ele mudou e na primeira oportunidade foi embora, me deixando sozinha com a Patrícia ainda bêbê.
- A Patrícia me contou mais ou menos sobre isso.
- Por isso mesmo se você está pensando em casar só pra iludir a minha filha, acho melhor...
- Não dona Carmem, é sério. Não quero casar por obrigação ou pra tentar amenizar as coisas, nada disso. Eu amo a Paty de verdade.
- Ama... Vamos ver se seu amor dura até a primeira dificuldade ou até as contas aumentarem de um jeito que você não vai saber o que fazer pra se virar.
- Sei que pra senhora sou apenas um moleque inconseqüente e irresponsável e não fico ofendido por isso. Como minha mãe sempre me diz quem faz a fama que deite na cama. É isso ou mais ou menos isso, mas que seja. Fiz por merecer esse conceito que a senhora tem de mim, mas eu amo a Patrícia e quero casar com ela ciente de todas as coisas que vamos passar, tanto as boas como as ruins.
A mãe de Patrícia apenas o olha, sem dizer uma única palavra.
- Tive essa mesma conversa com a minha mãe e do mesmo jeito que pedi pra ela, quero pedir pra senhora. Pedir que nos dê a sua benção.
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!A mãe de Patrícia continua calada. O som do chuveiro continua o que mostra que Patrícia ainda está no banho.
- Onde vão viver?
- Até o neném nascer vamos ficar na minha casa, mas só por um tempo.
- Um tempo que você não sabe precisar não é?
- Não, não sei. Mas sua filha estará muito bem cuidada, posso lhe garantir isso.
- A Patrícia é a única pessoa que eu tenho na vida rapaz. Ela já sofreu muito por você.
- Eu sei e não me orgulho nem um pouco disso. – diz com a cabeça baixa.
- Mas se eu disser que ela não te ama, será mentira. Ela está muito feliz desde que vocês voltaram e é assim que quero continuar vendo minha filha. Feliz.
Mateus levanta a cabeça e olha dona Carmem, que parece olhar para um ponto qualquer na sala.
- Se você fizer a minha filha sofrer de novo, eu te mato garoto!
- Então devo entender isso como um sim? A senhora abençoa o casamento da gente?
- Quero ver a minha filha feliz. Se você diz que ela será, então que assim seja. Abençôo vocês sim.
Mateus se levanta do sofá e vai até ela, lhe abraçando. Inicialmente ele fica receosa, mas sente que o rapaz não está apenas fingindo.
- Mas quanto a te matar se ela sofrer é verdade!
- Eu sei. Mas não vai ser necessário, pode confiar em mim.
Enquanto conversavam, o barulho do chuveiro para. Patrícia logo sairia do banheiro.
- Eu queria conversar umas coisas sobre o casamento com a senhora, mas com ela aqui não vai dar, não quero que ela ouça.
- Porque não?
- Quero fazer uma surpresa pra ela. Tive uma idéia, mas preciso saber se a senhora aceita.
- O que é?
- A minha mãe já sabe o que vou fazer, já contei tudo pra ela. A senhora poderia falar com a minha mãe. Posso pedir pra ela vir aqui?
- Pode, mas a Patrícia vai estar aqui do mesmo jeito.
- Não vai não, eu saio com ela. Quando minha mãe e a senhora já tiverem conversado, a senhora liga pra Patrícia e diz que a quer em casa e aí eu a trago de volta.
- Você até que é espertinho.
Mateus ri.
- Posso ligar pra minha mãe então? Dizer pra ela vir aqui?
- Pode.
Enquanto Mateus liga para a mãe e explica rapidamente o que planejou, Patrícia sai do banheiro.
- Que menina mais cheirosa! – diz ele indo ao encontro dela e lhe dando um selinho.
- Nossa, nem sabia que você estava aqui. Chegou faz tempo?
- Nem cinco minutos.
A mãe de Patrícia sorri e sai da sala, os deixando a sós.
- Ta um tempo legal lá fora, quer sair um pouco? – pergunta Mateus.
- Até que a idéia é boa. Mas posso comer algo antes? To morrendo de fome.
- Comemos em algum lugar na rua.
- Tudo bem então, só vou trocar de roupa.
- Por quê? Qual o problema com essa?
- Não está estranha?
Patrícia estava com um vestido rodado que marcava bem sua barriga.
- Não, está linda. Vamos?
- Se você diz, então vamos.
Patrícia avisa a mãe e sai com Mateus. Durante o caminho conversam sobre vários assuntos, entre eles a formatura.
- E o seu discurso? Já terminou?
- Não e sinceramente acho que não vou conseguir terminar. É muito mais complicado do que pensei.
- Ainda tem alguns dias, relaxa.
- Não dá. Acho que vou falar pra professora colocar outra pessoa no meu lugar enquanto dá tempo.
- Nem pense nisso! Você tem que ser a oradora. – diz um pouco exaltado.
- Eita! Parece que você está mais empolgado que eu.
- Não é isso, é que está muito em cima da hora e não vai dar tempo de ver outra pessoa pro seu lugar. Aí nossa turma vai ser a única sem orador.
- Verdade, você tem razão. Deixa, vou pensar mais um pouco. Algo tenho que conseguir.
- Você vai, pode ter certeza.
Eles param um uma lanchonete para que Patrícia coma alguma coisa. Eles ficam um bom tempo por lá, até que a mãe de Patrícia liga, dizendo que é melhor ela voltar pois está ficando tarde.
Mateus entende o recado e leva Patrícia de volta pra casa. Ao chegar ao portão da casa da namorada, ele lhe segura a mão e não a deixa entrar.
- O que foi? – pergunta ela.
- Fica mais um pouquinho aqui comigo vai...
- Já vi tudo! Continua emo. – brinca ela ao lhe abraçar pelo pescoço.
- Mulher não sabe o que quer também né? Se não damos atenção vocês reclamam, se queremos atenção estamos emos...
Patrícia ri e eles se beijam.
Mateus toma cuidado na forma como abraça Patrícia, afinal agora existia uma enorme barriga entre eles.
- Não queria que você fosse... – diz Patrícia ainda abraçada ao pescoço dele.
- Ué, não to emo demais pra você? – pergunta debochado.
- Até que eu gosto de você assim sabia? – diz sorrindo.
- Me agüentaria assim pra sempre?
- Emo você diz?
- No geral Paty. Acha que me agüentaria pra sempre?
- Não sei, mas acho que sim.
- Acha? Só?
Patrícia ri.
- E você? Me agüentaria pra sempre?
- Quem sabe? Talvez...
- Besta! – diz Patrícia dando um tapa no braço de Mateus que ri.
- Boa noite bolinha. – diz dando um selinho em Patrícia.
- Bolinha?
- É. Você está parecendo uma bolinha.
Patrícia cruza os braços e faz um bico.
- Se estou assim à culpa é sua viu!
Mateus ri e a abraça novamente, agora pela cintura e mais uma vez com todo o cuidado possível.
- Mas é a minha bolinha. – diz lhe dando um beijo carinhoso. – Agora tenho que ir.
Eles se despedem e Mateus vai embora. Ao chegar em casa conversa com a mãe.
- Tudo bem com a dona Carmem mãe?
- Tudo sim. Você vai ter uma sogra carne de pescoço...
- Eu sei. – diz sorrindo – Mas pela Paty vale a pena.
- Você está mesmo mudado. Fico orgulhosa por isso, mas ao mesmo tempo tenho medo por você.
- O que quer dizer mãe?
- Filho, casamento não é brincadeira de casinha. Acho muito legal essa sua atitude, mas por mais que você não concorde comigo, você e essa moça são muito imaturos pra encarar um compromisso desses. Vocês são muito novos ainda.
- Mãe, entendo o que quer me dizer. Tive uma conversa parecida com a mãe da Paty também. Mas por favor, me dêem um voto de confiança. Sei que não vai ser fácil, mas eu quero tentar.
- Ok filho, mas e se você ver que sua tentativa não deu certo?
- Prometi pra senhora que não machucaria os sentimentos de ninguém e que não seria como meu pai não é? Pois bem, estou cumprindo a promessa que fiz e é assim que vai continuar a ser.
- Filho...
- Dona Dora, sei o terreno que estou pisando. Confia em mim. – diz ao dar um beijo no rosto da mãe e sair.
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