Only Need Your Look

Capítulo Quarto – Please Don't Leave Me


– Queria poder dizer que estou feliz com isso, Kiddo-kun... Mas não estou, huum ~ Colocar uma estranha dentro de casa, huum ~

– Chichiue, eu dei um voto de confiança a Crona. Pode dar um a mim, também?

– Como sempre, não é mesmo ... ~

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Assim que chegou, ouviu risos. Óbvio, os risos femininos que já conhecia. Normalmente, as vozes eram de apenas duas garotas que já faziam parte de sua vida a muito tempo, sendo uma coisa até da rotina. Mas, claro, sua vida nunca foi a mesma coisa depois de encontrar uma garota em estado de choque debaixo da chuva. Como um anjo que caiu no meio da rua. Abrigou-a, deu roupas e condições ótimas de vida. Deu uma familía - a qual fazia parte, nota-se - e pessoas que a amavam. Quando pensou que Crona seria a companhia perfeita para Liz e Patty, não imaginou que cairía nos encantos dela também.

Resumindo, acostumou-se a admirar a terceira voz que ria tímidamente de vez em quando.

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– Kid! Isso é ótimo!

– É, eu sei...

Murmurou, tentando demonstrar a mesma animação que Liz exibia em seu sorriso brilhante. Havia acabado de contar sobre Crona ter permissão de ficar com eles na mansão. Se sentia satisfeito, mas ao mesmo tempo, profundamente infeliz. Tinha o sentimento que estava sendo tão invadido, as coisas dessa maneira diferente, tomando um rumo que ele não havia planejado... Incômodo. Ele gostava de ver as coisas acontecerem perfeitamente como ele imaginava.

– Crona vai ficar radiante!

– É, você tem razão...

Forçou um sorriso, que o surpreendeu ao aparecer de maneira espontânea. Talvez não fosse tão ruim continuar a ter Crona em casa... Mesmo que os efeitos disso o deixassem com o orgulho ferido. Além de tudo, seria crueldade deixar Crona em qualquer outro lugar. Ela já estava tãoa costumada, já amava estar com Liz, Patty... sobre ele mesmo, não fazia muita idéia... Mas não fazia questão de saber. Mais do que garantir um lugar no céu, existiam outros motivos que o faziam sorrir ao ver aqueles olhos brilhando de felicidade, consciente de ser o responsável.

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Crona estava ajoelhada. Ajoelhada, como se acostumou a ficar na antiga casa. Dessa vez, em um jardim. O vento levava pétalas de flores como em um filme clichê - aliás, lindos clichês, Crona amava clichês - e algumas pequenas pedras no chão marcavam seus joelhos... Mas uma pessoa má como ela deveria pagar o preço. Crona não se considerava pura como as outras pessoas. Não se considerava inocente. Muito menos, merecedora...

De coisa alguma.

– Hum, Crona-chan?

Ela se virou, e viu Liz com um sorriso a mirando curiosa. Ela se aproximou, com passos leves invejáveis, sem amassar flores pelo jardim. Se abaixou, ainda sorrindo, e falou animada...

– O pai de Kid-kun deu a permissão para que você more aqui! Não é ótimo?!

Crona se chocou por um momento. Tanto compromisso, tanta intimidade, tanta proximidade, tanta felicidade, tanto amor... Lhe doía o coração a possibilidade - bem provável - que mais tarde iria acabar causando enormes problemas àquelas pessoas tão amáveis. Mas, Medusa e Ragnarok sumiram, certo? Era impossível que sua felicidade acabasse... Certo?

Errado.

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E tocou a campainha. Todos na casa levantaram as orelhinhas, um tanto supreendidos. Nunca ninguém tocava campainha naquela casa. Nunca ninguém se dignava a visitar a sinistra família Death - o aspecto sobrenatural da mansão não ajudava. Liz saiu da cozinha, atravessou a sala e chegou até o Hall, em todo o momento com a expressão de curiosa. Assim que abriu a porta, esboçou um sorriso gentil, como sempre. Mesmo assim, a visão que teve a chocou um pouco.

Um homem. Parecia ser até mais jovem que ela, mas tinha músculos demais para idade, como se houvesse tomado esses remédios estranhos. Uma camiseta colada preta, um colar punk que mais lembrava uma coleira, feições fortes e brutas. O olhar azul claro - lembrava gelo - analisava tudo em uma questão de segundos, da maneira mais rude que conseguia. Uma calça rasgada suja, preta, e os pés calçados com um tênis velho batia no chão impaciente. O que mais chama atenção, enfim, era a cicatriz horrível em forma de X um pouco abaixo do centro da testa.

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Liz se recolheu um pouco. Era rude, assustador e bonito de uma maneira ruim. Como uma foto de uma cidade devastada por um terremoto - bonita, mas ao mesmo tempo horrível... Tudo é questão de ponto de vista.

Crona, que acompanhou Liz, se chocou, recuando, tropeçando e caindo de bunda no chão, com a face mais descrente que podia assumir. Liz estranhou seu olhar... parecia diferente. A pupila dilatada ao extremo, e o suor frio dando o ar tenso de... Insanidade...

– Crona... Vamos embora.

A voz do garoto era engraçada. Mas Liz não sabia de onde se conheciam... Deviam ser muito íntimos, porque ele se referiu a ela com o tom de um patrão a uma escrava. Crona não hesitou em se levantar rapidamente.

– E-Espera! O que está acontecendo? Onde você está indo?

– Não interessa. - ele avançou porta a dentro, agarrando com brutalidade um dos braços finos da garota, e já a arrastando para fora - O que importa é que fomos.

– Ei! O que está acontecendo aqui?

Kid desceu as escadas afobado, porque ouvira a confusão lá de cima. Apenas viu um relance da situação, antes da porta ser fechada com força suficiente para se quebrar.

Quis ir atrás deles, ajustar contar e resgatar Crona daquele troglodita...

Mas eles já tinham sumido na escuridão da noite.

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– Sinceramente, Crona! Sua puta! Na primeira saidinha, você já se assanhou para o primeiro cafetão rico que aparece!

– N-N-N-Não, Ragnarok! Não é isso!

– CALA ESSA SUA BOCA, SUA BISCATE!

Esmurrou sua cabeça, enquanto a arrastava pelos cabelos até a antiga casa.

– Tem noção de quanto Medusa me puniu por sua fuga?! Tem noção, hein?! NÃO, VOCÊ NÃO TEM!

Esmurrou-a novamente. Ela soltou um guincho contido. Sabia que se gritasse, apenas acordaria espancada no dia seguinte. Ragnarok era seu querido irmão das cavernas.

– G-G-Gomen! Gomen! Gomen! Por favor, pare!

Como mágica, Ragnarok a soltou, a jogando pra frente.

– Anda, já estamos perto. Você consegue achar o caminho.

A realidade era que Ragnarok tinha pena da pobre alma de Crona. Ele nunca poderia causar nem metade do mal que Medusa iria fazer questão de causar a Crona. Iria destilar seu veneno sobre a mente e corpo de Crona até que não fosse mais divertido, com certeza. Crona nunca fez algo tão ousado... Fugir de casa. E Medusa só descobriu porque iria pedir ajuda a Shinigami-sama, e viu Crona de joelhos no jardim... Óbvio, deu meia-volta, preparando o quarto escuro para mais uma visita.

– R-Ragnarok...

– Que é?

– Medusa está muito nervosa?

– Você está ferrada como nunca antes na vida.

– Oh...

Engoliu em seco, abaixando a cabeça e segurando seu braço firmemente. Sua face, em terror, paralisou-se em uma careta de desespero, e seus passos se arrastavam no chão. Seus pensamentos eram vazios, sua mente era vazia, seu coração era vazio.

Naquele momento, nada mais fazia sentido, e tudo que podia fazer era aceitar a vida podre de miséria como ela é.

Lutar não era opção.