Quando acordei novamente, não sabia de quem eram aqueles olhos, nem aquele cabelo e nem aquele rosto.

E muito menos por que sonhei com isso.

Uma enfermeira me informou que poderia ir embora em trinta minutos. Levantei-me depois que ela saiu e coloquei a roupa separada ao lado da cama. Sentei-me no sofá que havia no quarto e alguns minutos depois meus pais entraram junto ao medibruxo.

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– Bom, garoto, você não tem nada grave, nem nenhum osso quebrado. Já pode ir para casa. – disse o medibruxo e retirou-se juntamente com a enfermeira.

– Vamos filho, ainda temos que arrumar algumas coisas em casa – disse minha mãe em tom maternal.

Não estou acostumado a esse tipo de tratamento, mas é muito bom.

– Claro, mãe. – respondi, tentando ser doce com ela.

Ela não merecia ser tratada de um jeito ruim, e também aqui ela é minha mãe.

Nós saímos do quarto e fomos até o balcão.

– Posso ajudar? –perguntou a balconista, se oferecendo para meu pai.

– Eu e minha mulher queremos pegar as coisas de nosso filho. – ele respondeu em um tom frio, frisando bem o “mulher”, e com um olhar gélido.

Esse comportamento foi totalmente sonserino. Será que...? Não, não poderia ser. Eu não teria essa sorte duas vezes.

– Er... claro. Qual é o nome do filho de vocês? – perguntou depois de um segundo de silêncio.

– Edmundo S. Caleto. – respondeu minha mãe, do mesmo jeito que meu pai.

– Esperem um pouco. – ela disse e saiu por uma porta atrás do balcão.

Minha chance de confirmar ou não minha teoria.

– Mãe, pai, vocês estudaram em Hogwarts? – perguntei em um tom neutro, mas doce.

– Sim, filho, estudamos. – disse meu pai em uma voz paternal.

– Em que casa vocês estiveram? – perguntei novamente, usando o mesmo tom.

– Como você sabe que lá é dividido por casas? – minha mãe perguntou surpresa.

E agora...? Pense...

Já sei!

– Eu li o livro Hogwarts: Uma história. – respondi com o mesmo tom.

– Ah, claro! Bom, filho nós fomos da Sonserina. E você deverá sabe o porquê. – respondeu meu pai.

Merlin só pode estar brincando comigo! Ou seria Dumbledore? Eu não teria tanta sorte, teria?

Antes que eu pudesse falar mais algo, a balconista chegou.

– Aqui está. – ela disse e entregou uma sacola aos meus pais.

Eles pegaram a sacola e nós fomos embora. Após sair do portal da loja, começamos a caminhar até um beco.

– Filho, venha comigo, já que você não sabe onde aparatar. – disse minha mãe no seu tom maternal.

– Claro. – eu respondi com um pouco de carinho na voz.

O que está acontecendo comigo? Eu nunca fui respeitoso ou até mesmo carinhoso! Droga de condição!

Dei meu braço a ela e um segundo depois aparatamos. Aparecemos em frente a uma casa, ou deveria dizer mansão? Ela era imensa, com um segundo e terceiro andares e o começo de uma piscina do lugar de onde estávamos. Fomos até a porta e entramos.

– Grunp! – chamou minha mãe depois de fechar a porta.

– A senhora chamou? – perguntou uma voz fina.

Olhei para baixo e vi o elfo da família parado alguns passos de nós.

– Sim, chamei. Poderia levar Ed para seu quarto, por favor? – ela perguntou docemente.

Eles o tratam como gente?!

– Grunp vai adorar levar o jovem Edmundo para seu quarto. – disse o elfo, feliz em me ver.

– Já pedi para me chamar de Ed, Grunp! – disse em uma voz amigável.

Parecia normal falar com ele assim.

– Venha, jovem Edmundo. – retrucou como se eu não tivesse falado nada.

Ri com isso e o segui escada a cima. Fomos por alguns corredores até pararmos de frente para uma porta totalmente preta.

– Aqui está. Quarto do jovem Edmundo. – disse Grunp.

– Obrigado, Grunp. E eu já disse, me chame de Ed. – disse antes de abrir a porta e entrar em meu quarto.

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Ele era decorado com as cores da Sonserina, verde e prata. Cama de casal com colcha e travesseiros da mesma cor, sendo o verde mais escuro. Havia um armário grande preto encostado na parede oposta a cama e uma escrivaninha feita de mogno a frente da janela. Além disso, uma porta alguns metros da cama que dava no banheiro.

Lá era diferente, as cores eram claras, como branco e azul. Uma grande banheira e alguns metros depois um chuveiro. A era pia um pouco afastada, juntamente com a privada. Toalhas verdes e prata para deixar o visual sonserino. Depois de ver tudo, voltei para perto da cama e vi que tinham algumas malas em cima dela. Fui até elas e as abri. Peguei no meu bolso “minha” varinha.

Arrumar. – fiz um floreio com a varinha e as roupas e outros pertences começaram a ir para seus devidos lugares.

Sobrou uma mala, que percebi ser da escola.

Vou deixar para amanhã, pensei vendo que já havia escurecido muito.

Peguei uma muda de roupa e fui ao banheiro. Tomei um rápido banho no chuveiro e vesti uma calça marrom clara solta e uma blusa sem manga de linho branca. Deixei meu cabelo molhado. Desci as escadas e fui até a cozinha.

Lá encontrei meus pais jantando.

– Ótimo, vejo que já chegou e tomou banho. – disse meu pai.

– Sente-se, querido. – disse minha mãe.

Sentei-me ao seu lado e com um estalo, Grunp apareceu.

– O que o senhor deseja comer? – ele perguntou após fazer uma reverencia.

– Quero macarrão com molho branco, nuggets e um suco de abobora. – respondi.

Com outro estalo ele desapareceu e um segundo depois reapareceu trazendo a comida.

– Aqui está, jovem Edmundo. – ele disse depois de colocar a comida na mesa.

– Obrigada, Grunp e pela milésima vez chame-me de Ed! – eu disse a ele antes que ele desaparatasse.

Comecei a comer e senti um olhar sobre mim. Levantei os olhos e eles encontraram os olhos verdes claros de minha mãe. Sorri.

– É seu favorito desde pequeno. – ela disse referindo-se a comida.

– Eu sei. Acho muito bom. – saiu como se fosse um fato normal, o que de certo modo era.

Continuamos a comer enquanto conversávamos banalidades. Depois de comermos, Grunp trouxe nossas sobremesas. Um sorvete de morango para minha mãe, um copmest, que é um tipo de torta, gelada por dentro, feita magicamente, para meu pai e uma torta de chocolate para mim.

Após o fim das sobremesas, fomos para a sala.

– Vou me deitar, estou com sono. – anunciei.

– Boa noite, filho. – disse meu pai.

– Boa noite, querido. Amanhã vamos ao Beco Diagonal. Acorde antes das nove horas. – despediu-se minha mãe.

– Boa noite, até amanhã. – falei a eles e subi para meu quarto.

Chegando lá fiz minha higiene e me preparei para dormir. Deitei na cama e um segundo depois apaguei.

Dessa vez não sonhei com nada. E senti um estranho vazio no coração.