Ondas de uma vida roubada

Borboletas vermelhas


Com os primeiros e doentios raios de sol, o Capitão América ergueu-se da sua cama ligeiramente cansado devido à enorme luta que travara contra a tenebrosa noite, vestiu-se apressadamente e dirigiu-se à sala de refeições para devorar um nutritivo pequeno-almoço. Diana agitou-se debaixo dos desarrumados cobertores, sentindo o corpo do Gavião colado ao seu. Ela abriu os seus lindos olhos de água, olhou em volta, perscrutando amorosamente aquele rapaz arrogante, rebelde e extremamente bonito, ali adormecido nos seus finos braços.

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— Quando dormes, ninguém poderia imaginar a peste que és. – Pensou a jovem sorrindo, passando carinhosamente uma das suas mãos pelo rosto de Clint que ao senti-la despertou do seu sono de beleza.

— Uhm, já acordaste. – Sussurrou o Arqueiro em voz ensonada.

— Desculpa se te acordei, mas tenho que ir para a escola não me posso atrasar. – Explicou Diana.

— Não faz mal, também já são horas para mim. – Disse o louro no mesmo tom ensonado, beijando a adolescente nos lábios. – Eu não disse que dormirias comigo? – Proferiu em voz traquina.

— Não sejas parvo. – Defendeu-se a Sereia, dando um pequeno estalo no braço do Arqueiro.

– Bem agora é melhor ires, antes que todos acordem e fiquemos metidos em sérios sarilhos. – Preveniu o rapaz, saltando preguiçosamente para fora dos cobertores repletos de tentação e arrependimento.

— Claro. – Assentiu a morena, seguindo-lhe o exemplo. – E agora? – Questionou a medo.

— Agora o quê? – Interrogou Clint confuso com a inesperada pergunta. – Ah! Não! Tu não estás a pensar que… Diz-me que não estás a pensar? Por favor. – Pediu o Gavião, com a compreensão a desenhar-se nos seus olhos azuis.

— Eu achei que… - Principiou a Vingadora, porém a sua voz ficou toldada pelo arrependimento, humilhação e raiva.

— Desculpa se fiz parecer que isto era outra coisa, na verdade foi apenas uma noite de sexo, nada mais do que isso, desculpa. – Confessou Clint absorto com aquela estranha sensação que nunca antes experimentara.

— Eu devia saber que ninguém muda assim do dia para a noite, era pedir de mais. Sou mesmo muito estúpida realmente. – Afirmou Diana. – Sabes que mais, não te aproximes mais de mim, por favor. – Pediu com a raiva a percorrer-lhe o coração normalmente calmo.

— Falas como se eu te tivesse obrigado a algo, eu não fiz nada sozinho. – Defendeu-se o Gavião, impressionado com aquela a atitude.

— Tens razão. Adeus, até nunca. – Disse a morena em voz baixa e rancorosa, saindo aos tropeções do quarto, batendo a porta nas suas costas, deixando um Gavião Arqueiro perplexo olhando o espelho.

— Normalmente elas ficam comigo até depois do pequeno-almoço, estás a perder qualidades Clint. – Pensou o louro, retirando as suas roupas do seu armário.

Diana caminhou rapidamente até ao seu quarto, embalada pelas badaladas descompassadas do seu sofredor e usado coração, afogando-se nas lágrimas de sal que teimosamente caíam a pique no seu amável e doce rosto, ela queria desaparecer dali, para bem longe, onde aquele fascinante brilho daqueles olhos malditos e sem piadade dos seus sentimentos não a pudesse de forma nenhuma alcança-la.

— Só quero esquecer que esta noite aconteceu. – Murmurou tristemente, entrando no seu luxuoso ninho, atirando-se com força nos braços acolhedores da sua cama vazia. – Foi apenas um erro, um erro. – Mentalizou-se a muito custo.

Vários e longos minutos depois, já a adolescente exibia um bonito vestido azul-noite e umas sabrinas de ganga, a sua pesada mochila já estava empoleirada nas suas costas, estava pronta para retomar um novo dia de aulas.

— Bom dia! – Saudou Steve alegremente, comendo uma maçã, enquanto Diana fazia melancolicamente a sua entrada na sala de refeições quase deserta.

— Bom dia. – Respondeu em voz sumida.

— O que se passa? – Perguntou o Capitão, vislumbrando o vermelho forte que contrastava pesadamente com a tonalidade aquosa dos olhos da adolescente. – Estiveste a chorar? – Perguntou, erguendo-se da sua cadeira e aproximando-se dela.

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— Está tudo bem, obrigada, não se preocupe, apenas dormi muito mal. – Mentiu Diana, sentindo a vergonha e o remorso apertarem fortemente a sua garganta.

— Tens a certeza? – Insistiu o Vingador preocupado.

— Sim tenho. Até logo. – Despediu-se rapidamente, não querendo continuar a utilizar mentiras para disfarçar a estupidez que tinha cometido, não podia mentir àquele homem por quem nutria sinceros sentimentos de carinho, apreço e admiração profunda.

— Não me enganas. – Murmurou Rogers, vendo a morena desaparecer no interior do metálico elevador.

Diana abandonou drasticamente a mansão dos Vingadores, abandonou-a no poço mais sombrio e profundo do seu espírito sofredor, agora passava grande parte do seu tempo em casa, imersa em páginas de livros chatos, contudo necessários para a construção sólida do seu futuro académico. Deixara de ir todas as tardes aos treinos lecionados pelo Capitão e por Tony Stark, queria afastar-se o mais possível daquele sujeito horrível que arrogantemente manchara o seu espírito de sangue e tristeza. Não recebera nenhuma notificação urgente sobre qualquer ameaça repentina ou iminente, parecia que os vilões tinham tirado férias da sua profissão como criminosos profissionais, Diana intimamente agradecia.

Certa tarde de sexta-feira, a morena regressava a passada larga à sua casa, retornando das suas aulas de dança para se debruçar sobre uma enorme ficha de trabalho de Matemática, quando o seu telemóvel tocou estridentemente.

— Sim? – Atendeu ela em voz cansada.

— Diana é o Cap, podes vir à Mansão dos Vingadores? Precisamos de falar. – Pediu amavelmente a voz do Capitão América.

— Tem que ser hoje? – Tentou escapar-se a jovem.

— Sim, por favor, fico à tua espera, até já. – Despediu-se o super-soldado não dando margem de manobra possível.

— Certo vou já. – Resignou-se a jovem, desligando o telemóvel e começando a cruzar a distância que a separava do abismo escuro do seu coração

— Ainda bem que vieste. – Suspirou Steve vendo a linda Sereia adentrar cabisbaixa pela enorme e acolhedora sala de reuniões.

— Pelo telefonema achei que fosse urgente. – Disse Diana, sentando-se numa confortável cadeira em frente do Super-soldado.

— Tenho andado um pouco preocupado com a tua súbita ausência. – Principiou em voz calma e serena. – Acredito que tenhas uma boa e credível justificação para a tua falta de comparência nos treinos, só gostaria de compreender qual. – Continuou sorrindo timidamente. – Porque apesar de ser teu treinador, somos companheiros, somos amigos, podes contar comigo, tu sabes disso. – Cap respirou fundo, olhando bem no fundo daqueles olhos sonhadores. – Os nossos laços são vinculados por grossas cordas de confiança extrema, eu pessoalmente confio em ti com todas as minhas forças, e olha que são mais que muitas, peço-te que confies em mim da mesma forma. – Finalizou com ar aliviado.

— Eu confio em si, acredite. Porém existem coisas que eu prefiro guardar só para mim. – Afirmou Diana, sendo tomada por uma enorme vontade de abraçar aquele ícone mundial.

— Esquece lá isso de me tratares por você, trata-me por tu, afinal somos quase da mesma idade! – Brincou Rogers amavelmente.

— Sim posso tentar. – Assentiu a morena, era impossível não gostar daquele homem. – Cap se eu tiver algum problema em que me possas ajudar eu contar-te-ei, prometo. – Os dois heróis riram com satisfação perante o ar desajeitado de Diana. – E prometo igualmente que retornarei aos meus treinos amanhã bem cedo, visto que é fim-de-semana. – Jurou fielmente, para grande aprovação do seu dedicado treinador.

— Fico fe…

— Alerta! Alerta! Ataque em massa! – Exclamou audivelmente uma voz robótica vinda das entranhas da mansão.

—É um ataque em massa no bairro de Brooklyn. – Anunciou Stark em voz alta a todos os presentes.

— Parece que foi propositado, Sereia esta missão é tua, dá o teu melhor! – Proferiu Steve Rogers sem pestanejar.

— Steve. – Repreendeu surpreendido Tony.

— Eu acredito nela. – Disse Cap sem meias palavras.

— Darei o meu melhor! – Comentou a bela Sereia passando pelo pequeno grupo a grande velocidade, exibindo o seu elegante fato.

— Espero que saibas o que estás a fazer! – Proferiu o Gavião olhando de lado para o Capitão América.

— Ela é só uma miúda! – Exclamou incrédula Janet.

— Uma miúda a quem eu confiaria a minha própria vida. – Respondeu Steve, voltando costas e sentando-se num pequeno sofá.

- Tenho que me despachar. Por favor que não seja tarde de mais, por favor! – Implorava a morena no seu íntimo ansioso, entrando no seu antigo bairro.

O cenário que impiedosamente a esperava era caótico, desolador, gritante, ensanguentado, notado de um tremendo cheiro de morte, desespero, terror. Pelo chão estendiam-se inúmeros corpos cujas vidas foram sugadas por alguém que arrogantemente assumira o papel dos Deuses. Outros ainda amontoavam-se feridos, maltratados, sangrentos, cortados, de mãos dadas com a sua própria sorte decadente e já traçada.

— Quem fez isto? – Perguntou Diana em voz alarmada, chegando perto de alguém que a muito custo segurava a sua vida trémula entre os dedos mórbidos, todavia a única resposta que obteve foi uma enorme palavra de sangue vermelho brilhante, injustamente derramado.

— As crianças do orfanato, eu não me perdoo. – Cismou a adolescente cruzando-se com a negra morte que espreitava calorosa através de uma esquina pintada de vermelho.

Um grito de dor, pânico e sofrimento irrompeu pelos finos lábios de Diana, vindo das suas profundezas ardentes de raiva e descrença. A porta castanha do orfanato de acolhimento fora estilhaçada com grande agressividade, os degraus foram decorados com uma tinta sangrenta, lembrando um quadro muito bizarro e arrepiante.

— Por favor, não! – Pedia a jovem horrorizada, adentrando corajosamente as entranhas destruídas da sua antiga morada.

No chão do despido hall de entrada, jaziam alguns dos seus companheiros sem vida, vagueando pelas belas e brilhantes estradas do paraíso celestial, com os seus corpos incrivelmente cortados, rasgados, torturados pela mão egoísta de alguém que se perdia entre a vingança e a maldade pútrida. Na cozinha, dormiam no eterno sono da morte Linda e Philip, transformando-se em anjos do arco-íris.

— Madame Lisa, por favor não morra. – Implorou a Sereia lívida de terror, debruçando-se sobre a amável senhora, que exibia ferimentos tenebrosos por todo o seu corpo. – Não morra. – Insistiu, deixando escapar uma enorme torrente de lágrimas.

— Eu sabia que voltarias, minha querida. – Sussurrou Elisabeth em tom sufocante, apelando às suas últimas forças, pois apesar de não vislumbrar o lindo rosto da sua borboleta sabia perfeitamente quem se ocultava por debaixo do capuz marinho, finalmente as asas da morte vieram ao seu encontro levando-a através da luz divina.

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— Nããããão! – Gritou Diana apavorada, caindo de joelhos no mar vermelho que inundava a divisão.

Alguém nas sombras sangrentas e gritantes avançava furtivamente sobre a destruída Vingadora. Um fato amarelo e alaranjado cobria o corpo forte daquele homem cruel e impiedoso, libertando das suas mãos afiadas garras egoístas que provavelmente cortaria em mil pedaços o destino de Diana.

— Não devias ter vindo aqui. – Avisou o sujeito em voz selvagem e ameaçadora que mais se parecia com um terrível e indomável rugido animal.

O homem selvagem lançou-se furtivamente sobre o frágil corpo da morena, rasgando-a, mutilando-a, inundando-a de sangue quente escarlate. O choque da morte da sua única família impossibilitara-a de utilizar os seus poderes, as suas capacidades, a sua coragem, apenas se deixou ficar ali imóvel no chão, sentindo a sua pele ser mortalmente ferida, sentindo todos os ossos do seu corpo serem partidos com prazer e malvadez, ficou ali imóvel esperando a certa e indubitável morte.

— Pára com isso! – Berrou uma voz grosseira, atirando-se sobre o fatal agressor empurrando-o para longe.

Quem é este feroz atacante? Quem é o salvador da Vingadora? Quais serão as brechas ou luzes que este tenebroso ataque plantará na vida da morena? Conseguirá ela sobreviver?