ZAYN

Havia apenas uma luz ligada na grande casa rosa, a luz do quarto dela. Senti aquela eletricidade, agora já familiar, percorrer todo o meu corpo deixando por onde passava a sensação de formigamento tão prazerosa. Cerrei os punhos, antes de contornar o carro, para que a coragem viesse até mim.

Em um momento todas as mensagens de voz deixadas por ela em minha caixa de mensagens veio a tona. Sua voz tremula de nervosismo e magoa, talvez até um pouco de raiva, o que seria perfeitamente aceitável devido as circunstâncias.

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Senti aquele nó se formar em minha garganta. O que eu diria a ela? Oi Jay, desculpa meu sumiço, eu só pensei que me afastando de você poderia te esquecer o que foi impossível já que nos conectamos então vamos ficar juntos para sempre.

Não, com toda a certeza isso estava fora de cogitação. A melhor opção é apenas responder as perguntas que ela venha a fazer e tentar explicar as coisas de uma maneira fácil. Nada de anjos e demônios, nada de maldições, pactos, rituais, duplicatas. Apenas eu, ela e a verdade.

Fechei os olhos mais uma vez, inspirando fundo antes de subir o primeiro degrau, os outros foram ainda mais complicados, meus pés simplesmente pareciam colar no chão.

Em frente a porta as coisas complicaram ainda mais, com uma escala de um a dez seria razoável considerar um nove vírgula noventa e cinco. Mas o impulso era ainda mais forte do que meu medo. Quando me dei por conta já havia batido na porta e apenas esperava ela ser aberta, o que não aconteceu.

Bati mais uma vez e nada. Então uma pequena faixa de luz chamou minha atenção, empurrei a porta e ela se abriu com facilidade. A casa estava extremamente silenciosa.

– Olá? – minha voz soou ainda mais esganiçada e estranha dentro daquele silencio assustador. Nenhuma resposta foi obtida, não que eu ainda esperasse receber uma.

Subi as escadas em direção ao quarto, mas parei no penúltimo degrau. A temperatura estava mais baixa ali, não de um modo que humanos perceberiam, mas de modo que anjos sentem.

Continuei subindo com muito cuidado desta vez, prestando atenção em cada detalhe, em cada movimento e barulho. Perto do quarto ficava mais frio e o ar de um modo mais complicado de respirar.

A luz da cabeceira da cama estava ligada, mas não iluminava todo o quarto, de forma que deixava algumas partes com tons escuros.

Uma pequena falha, um movimento quase imperceptível denunciou suas presenças e suas posições. Criei uma bola de energia brilhante em minha mão e lancei em direção a escuridão onde antes uma capa preta havia cintilado.

Não demorou e três Bazters pularam de seus esconderijos parando logo em minha frente.

– Pensei que os Bazters haviam sido extintos. – falei confuso enquanto encarava as três figuras em minha frente. Um deles, o do meio, endireitou os ombros antes de falar.

– Então nosso plano deu certo. – ele caminhou para frente e para minha direção. Uma pequena seta dourada cintilando em sua mão. Ah não! Eu sabia perfeitamente o que era aquilo e o que poderia fazer. – Acredito que nosso pequeno príncipe está surpreso em nos ver. Correto?

– Confesso que estou um pouco confuso. – confessei observando seus passos estrategicamente pensados. – Porque estão aqui?

– Digamos de Safira tenha reencarnado em sua duplicata e como você e todos em qualquer um dos quatro cantos sabem não existe comparação entre Safira e sua amável Selena. – ele girou a seta entre os dedos e depois levantou os olhos de encontro aos meus, desafiando. – O Criador ficaria tão feliz. Ah! Só de pensar em sua satisfação já sinto água na boca. Sem contar que em forma de agradecimento ele irá devolver aos Bazters seu devido lugar.

– Será que nunca irão entender que seu lugar é junto ao lixo? – minha voz saiu mais desesperada do que eu imaginava. – E para que saibam, Safira não está aqui, não está reencarnada na garota. – respirei fundo antes de continuar, minhas palavras deviam soar verdadeiras. – Safira é uma lenda, das mais antigas, ela não existe. Assim como seus poderes.

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– Pobre príncipe tão cego a ponto de não perceber o que está acontecendo em baixo de seus olhos. – desta vez ele apertou a seta em sua mão com força. – Você e eu sabemos muito bem que ela existe e que existem muitas outras forças que viram atrás dela caso acreditassem em sua existência.

– Como podem ser tão estúpidos? – suspirei. – Isso é ridículo! Como safira pode existir? Se ela existisse tenho certeza de que o trono já teria a pego com suas próprias mãos.

– Então explique isso. – ele estendeu a mão para um dos homens mais atrás que colocou em sua mão algo enrolado em um pesado pano preto. O homem segurou o embrulho à frente de seu corpo enquanto abria cuidadosamente uma luz tão forte capaz de cegar inundou o quarto. Não era possível. – Essa é uma pena da asa de Safira.

– Como conseguiram isso? – dei um passo a frente boquiaberto.

– Digamos que Safira nos deu algumas durante seus colapsos explosivos de sua personalidade reprimida. – ele disse calmamente colocando a pena em um bolso interno em seu casaco. – O interessante, meu caro príncipe, é que ela anula qualquer poder em sua presença. O que quer dizer que mesmo que tente não será capaz de nos ferir com seus lindos poderes brilhantes.

– Quanta bobagem... – tentei formar uma bola de eletricidade em minha mão, mas nada aconteceu. – O que?

– Jeffrey, Clark coloquem-no contra essa parede. – ele apontou para a parede que estava limpa. – Sabe príncipe, andamos criando novos brinquedinhos, como esse que Clark irá utilizar.

O homem me largou enquanto o outro passava os braços por trás me segurando com força, de uma forma que eu não conseguia me soltar. Vi um brilho dourado reluzir em suas luvas antes do impacto contra minha barriga. O grito foi incontrolável.

– Luva com pigmentos de brilho estelar. – o outro continuou sua explicação enquanto Clark depositava em mim uma série de golpes bem distribuídos entre meu rosto e meu estomago.

A raiva dentro de mim só crescia. Porque eu não conseguia me mexer? Porque meus poderes não funcionavam? Senti algo explodir e logo minhas asas haviam se aberto tomando uma parte do espaço ao redor e colocando o homem atrás de mim para o chão.

– Perfeito. – o outro murmurou. – Segurem-no na parede desta vez.

– O que está fazendo? – perguntei enquanto ele esticava minha asa direita contra minha vontade.

– Deixando um recadinho para Safira. – ele pegou a flecha dourada e cravou em minha asa. A dor foi imediata e um grito mais forte do que eu escapou pelos meus dentes. Tentei me mexer, mas nada acontecia. – Ela está bloqueando seus movimentos agora, é como se fosse comandada por mim, incrível, não?

Então ele cravou mais uma flecha na outra asa, amarrou meus pés e braços, colocou uma mordaça em minha boça e uma flecha dourada entre minhas mãos.

– Vou deixar a escolha em suas mãos, meu príncipe, caso queira se matar use essa. – ele apontou para a flecha em minhas mãos. – Ou você pode ficar vivo e dizer a Safira para se entregar meio que, hmmmm, logo. Adeus príncipe Zayn, foi uma honra reencontra-lo.

Ele fez uma reverencia de deboche enquanto saia com seus comparsas voando pela janela da sacada aberta. Que merda eu me meti! Podia ter ficado em meu pequeno apartamento no norte do Canadá, mas não eu tive que correr atrás dela e do que eu sinto no peito. Agora tudo que eu sinto é dor e um medo incontrolável de que eles a machuquem, eu nunca me perdoaria se isso acontecesse.