Assim que Felicity saiu do banheiro seu coração deu um salto ao ver Oliver sentado no sofá. Sabia que as dores que ele sentia eram intensas e sentar não era a coisa mais fácil a se fazer com tantas costelas quebradas.

— Você não deveria estar sentado. – dando a volta no sofá e ficando de frente a ele.
— E você não deveria estar com esses olhos lindos inchados.

O sorriso que recebeu dele fez com que mais lágrimas viessem a seus olhos.

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— A culpa é sua. – se aproximando e sentando a seu lado.
— Eu sei.
— Temos alguns minutos antes de minha mãe sair do banheiro, por isso quero que me escute.

A culpa que Oliver sentia era imensa, mas ver o quanto Felicity estava abatida só piorou a situação. Há meses ela lidava com sua condição da melhor maneira possível, mas Oliver sabia que nada estava sendo um mar de rosas para ela que sempre foi independente e agora tinha que pensar por dois e a gravidez era somente o começo.

— Eu amo você. Tenho tanto medo do que sinto que às vezes me pergunto se não estou exagerando. Minha mãe sempre se deixou levar por muitos homens que prometiam o mundo para ela e no final das contas não estavam tão dispostos assim. – olhando para ele, mas desviando o olhar para suas mãos sobre o colo. – E eu fugi dos que se colocaram em minha vida e provocavam alguma inquietação em mim. Foram poucos, mas suficientes para que eu não quisesse ter o mesmo que minha mãe teve.

Oliver não estava feliz com aquela conversa e precisou encostar o corpo no encosto do sofá para que suas dores dessem uma trégua antes de entender onde ela queria chegar.

— Só que quando te conheci tudo foi tão intenso que eu não tive tempo de fugir como das outras vezes. Quando eu dei por mim já estava apaixonada e tentei encontrar no Ray uma saída para isso. E olha no que fui me meter. – alisando a barriga.
— Eu amo esse bebê, mesmo que não tenha meu sangue.
— Eu sei, nunca tive duvidas disso.
— Então porque está me dizendo tudo isso.
— Porque você colocou sua vida em risco de uma maneira que eu pensei por um momento que tinha desistido a gente. – a voz falhando. – Eu via você seguir em frente pelos monitores mesmo quando eu e o Diggle implorávamos para você recuar. E eu pensei que quando você nos ignorou era porque não queria mais essa vida. – olhando para ele e as lágrimas escorrendo pelo rosto. – Achei que a partir daquele momento eu estava sozinha com a pequena.

O choque que as palavras provocaram em Oliver se misturaram com a raiva que sentia de si mesmo por coloca-la em uma situação como aquela.

— Felicity, jamais pense que eu desistiria de vocês. – fazendo esforço para se aproximar, pegando sua mão. – Jamais abriria mão do que temos por nada nesse mundo.
— Então porque você quase nos abandonou? – desabando no choro. – Porque você continuou quando eu pedia para você parar?

Nenhuma dor no mundo impediria Oliver de envolver sua namorada em seu braço bom e consolar seu choro. Os soluços vieram como das outras vezes em que ela se deixou levar pelo emocional, mas dessa vez a dor que ela sentia era maior e não somente provocada pelos hormônios.

— Me perdoa? Por ser idiota e não abrir o jogo com você ao invés de deixar a adrenalina falar por mim?
— Abrir o jogo sobre o que? – se soltando de seus braços e limpando o rosto.
— Eu estou frustrado, amor. Estou vendo minha empresa caminhar sem minha ajuda e a cada dia que passa sou mais inútil lá. Sinto como se só meu nome tivesse algum valor nisso e tudo por conta daquele imbecil do seu ex.
— Sei o quanto tudo isso é difícil, ainda com ele sempre presente.
— Nada justifica o que fiz e vou entender se você quiser me tirar da sua vida. Agi como um adolescente e você precisa de alguém para cuidar de você e não lhe trazer mais problemas. – respirando fundo ao sentir uma pontada no braço imobilizado.
— Não comece com isso. Eu preciso de você e você de mim. – o encarando com o rosto sério. – Só que você tem que lembrar que não está mais sozinho, que eu e a pequena estamos com você agora.
— Pequena?

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Não tinha percebido da primeira vez que ela se referiu ao bebê como pequena, mas agora ele a encarada com os olhos arregalados. Surpreso por ter a confirmação do que esperava durante esses meses.

— É uma menina?
— Sim, é. – sorrindo apesar de tudo. – Eu descobri no dia em que você se machucou. Iria te contar quando voltasse, mas não tive essa oportunidade. – desviando o olhar de novo.
— Escuta. – levantando seu rosto com a mão espalmada em seu rosto. – Eu te amo e amo essa menina com se fosse minha. Me perdoa por colocar tudo a perder? E se você me der mais uma oportunidade nunca mais vou deixar meu orgulho ferido falar mais alto do que tudo o que sinto por vocês.

A voz dele falhou tanto pela emoção quanto pelas dores. Felicity sabia que as coisas nunca seriam fáceis quando o assunto era Oliver Queen, mas ele estava se esforçando e isso ela não podia negar.

— Eu sempre te perdoo. – se aproximando e dando um selinho nele.

Estavam prestes a aprofundar o beijo quando ouviram a porta do banheiro abrir e o som dos saltos de Donna ecoar pela sala.

— Eu disse, mãe sempre chega quando não deve chegar.
— Ainda mais a minha mãe. – Felicity deu um beijo rápido em Oliver antes e se afastar. – Está na hora dos remédios. – levantando e indo até a bancada da cozinha.
— Sente muita dor, Oliver?
— Sim, principalmente nas costelas.
— Onde já se viu andar nessa coisa de duas rodas. Da próxima vez eu mesmo te quebro.
— Mãe. – voltando para perto com os remédios e um copo de água.
— Ele tem que se acostumar.
— Obrigado pela preocupação, Donna. – bebendo os remédios.
— Quer deitar?
— Quero.

Com cuidado, Felicity ajudou Oliver a deitar, estava arrumando o travesseiro atrás de sua cabeça quando sentiu a mão dele em sua barriga.

— Ela está com saudades de mim. – sentindo a pequena mexer.
— Está, porque está se mexendo como nunca esses dias. – sentando ao lado dele.
— É uma menina?
— Sim, mãe.

Os olhos de Donna já estavam cheios de lágrimas quando ela se ajoelhou na frente da filha e beijou sua barriga.

— Minha princesinha vai ter tudo do bom e do melhor. Vou ser a vó mais grudenta que ela já pensou em ter. – beijando a barriga de novo.
— Posso até imaginar minha filha pedindo socorro quando a senhora chegar com as roupinhas de oncinha cor de rosa para ela. – rindo.
— Ela vai amar tudo que eu comprar. Diferente de você que nunca me deixava colocar nem um lacinho em você. – alisando a barriga saliente.
— Viu onde você se meteu? – falando para Oliver.
— Eu não podia ter uma sogra melhor. – sorrindo, mesmo sentindo muita dor.
— Ai meu querido. – se aproximando e beijando sua testa. – Vou cuidar de você também, minhas meninas precisam de você inteiro de novo.
— A senhora veio para ficar? – o pânico já tomando conta de Felicity.
— Claro, pensa que vou deixar aquele grandão ficar de graça com você só porque o Oliver está mal? – levantando e ajeitando o vestido. – Sei bem que esse homem vai usar essa oportunidade para se aproximar.
— Mais? – Oliver resmungou pensando que não seria ouvido.
— Podem parar.

Não era a primeira vez que os dois se uniam contra Ray e mesmo não sendo seu papel defende-lo era por conta dele que ela estava grávida.

— Não esqueçam que se não fosse minha gravidez eu e o senhor. – apontando para Oliver. – Não estaríamos juntos.
— Claro que estaríamos.
— Antes ou depois dos 50 anos, Oliver?
— Talvez até os 40. – sorrindo.
— Esse bebê só está aqui por conta do Ray e por mais pegajoso que ele seja tem seus direitos. – vendo o rosto do namorado se fechar, como sempre. – E outra coisa, ele está saindo com outra pessoa.
— Está? – Oliver perguntou surpreso.
— Sim, está.
— Graças a Deus, quem sabe assim ele desgruda de você.
— Ele não está grudado em mim, mãe.
— O bebê está dentro de você. Então... – desdenhando.
— Desisto. – se aproximando de Oliver. – Preciso avisar a todos que você está bem. – o beijando. – Vai sobreviver alguns minutos sozinho com sua sogra? – torcendo para que ele não voltasse ao assunto da nova namorada de Ray.
— Claro que ele vai. – Donna puxou a filha e sentou ao lado do genro. – Vou colocar a conversa em dia e nosso planejamento para o nascimento da pequena. – batendo palmas.

Felicity revirou os olhos e se afastou dos dois que começaram uma conversa sobre as cores que poderiam colocar no quarto da bebê. Pegou seu celular e foi para o segundo andar. Nunca tinha entrado no quarto de Oliver antes de vir cuidar dele, uma vez que ele quase morava em sua casa, mas ali se sentia em segurança por ser o lugar dele.

— Iris?
— Oi gravida, como está?
— Enlouquecendo com minha mãe na casa do Oliver.
— Ainda estão apedrejando o Ray? – rindo.
— Sempre, mas agora sabem que ele está com alguém e pode ser que a coisa melhore.
— Assim espero.
— Quando você vem para Starling?
— Hoje à noite, o Ray vem me buscar no fim da tarde.
— Como o Barry recebeu a notícia?
— Melhor do que eu esperava, mas não imaginava que eu iria embora tão cedo.
— Então termine de arrumar suas coisas, teremos muito tempo para conversar.
— Obrigada por todo apoio, Felicity. Não imaginei que nossa amizade cresceria tanto depois de começar a sair com o Ray.
— Ele é uma pessoa maravilhosa e precisa de alguém tão maravilhosa quanto.
— Obrigada... de coração.
— E venha preparada porque a coisa aqui está tensa. – rindo.
— Pode deixar.

Ainda se lembrava de quando Ray veio contar a ela sobre a nova namorada, o que a espantou foi se deparar com a irmã de Barry e por ver o quanto as coisas estavam sérias sendo que eles estavam juntos a menos de um mês. Abriu a janela da varanda e saiu para sentir o ar do fim da tarde.

— Diggle? – ligando para o amigo.
— Oi Fel, já estava ficando preocupado.
— Minha mãe chegou e eu não consegui te ligar antes.
— Oliver e Donna na mesma casa, tenho pena de você. – rindo.
— Pois é.
— E como está seu namorado?
— Está com dor, mas bem.
— Vou esperar uns dias para dar o sermão que ele merece.
— Já conversamos um pouco, mas ele também precisa ouvir o que você tem a dizer.
— Tenha certeza de que ele vai ouvir. Bom, tenho que resolver algumas coisas por aqui, precisando é só me ligar.
— Obrigada amigo.

Guardou o celular no bolso da calça e apoiou os braços no beiral da varanda. Sentiu o ar frio, mas não entrou. Precisava daquele momento sozinha para colocar os pensamentos em ordem.

A barriga já saliente trazia a Felicity a realidade que precisava para enfrentar o que estava por vir. A ameaça que Slade trazia a cidade era maior do que qualquer outra que já enfrentaram. Ele mexia com o emocional das pessoas e a preocupação de Felicity pela filha só crescia à medida que o tempo passava.

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— Posso interromper seu silêncio?
— Oi mãe. – olhando sobre o ombro e a vendo na porta do quarto.
— Claro mãe. – esperando ela se aproximar.
— Vou preparar o jantar de vocês, o que você quer comer?
— Qualquer coisa mãe, estou sem com fome.

Donna sentia a tristeza da filha e não precisou perguntar nada para saber o que a preocupava.

— Ele ama você. – disse parando ao lado dela.
— Eu sei.
— Então porque está com essa carinha aflita?

Olhando para o lado, Felicity viu a mãe do jeito que a muito não via. Com a distância que colocou entre elas com sua mudança para Starling nunca mais se viu precisando dos conselhos de Donna.

— Eu tenho medo de não dar conta.
— Do que? Da gravidez?
— Não só disso, de tudo. Enquanto ela está dentro da minha barriga tudo bem, mas e quando sair? Como vou lidar com ela, com os dois pais que tem e tudo que vem junto?
— Do mesmo jeito que você sempre soube lidar com minha bagunça quando adolescente, depois com os problemas da empresa. Você é uma pessoa prática filha, só precisar usar isso para os obstáculos que virão por ai.
— Mexer em computador é fácil, mas com um bebê dependendo de mim é outra história. – sentindo os olhos cheios de lágrimas. – E agora com esse acidente do Oliver eu me sinto ainda menos preparada para isso, mãe.

Envolvendo a filha em seus braços, Donna viu sua vida voltando a ter o mesmo sentido de quando elas moravam juntas. Beijou os cabelos da filha e deixou que ela chorasse toda a angústia que sentia.

— Tudo vai se ajeitar e você jamais vai estar sozinha. Esse acidente foi somente um dos muitos obstáculos que você terá que enfrentar a partir de agora. E eu confio em você. Se tem alguém capaz de lidar com isso esse alguém é você.

Os soluços de Felicity tomaram conta da conversa, mas Donna sabia que a filha só estava se dando conta de que estava se tornando mãe. Ainda conseguia lembrar-se de quando descobriu que estava grávida e ao contrário da filha, não tinha um ombro para desabafar seu desespero. Enquanto sua filha tinha muitos ombros e braços para consola-la qualquer que fosse os problemas que ela teria para enfrentar.