Sentada no balanço do parque, observo as estrelas tão distantes. Elas sempre estão lá, iluminando a noite da forma mais bonita que existe. Adoro ficar aqui, onde as pessoas não estão perto de mim, me importunando com piadinhas sem graça ou quando me fazem ficar triste e preocupada.

Aqui, eu posso relaxar e simplesmente esquecer os problemas.

À mais ou menos um metro de distancia, sentado no escorrega vermelho, estava Bob, o meu espírito favorito. Ele está sempre distante e calado. Assim como eu, é tímido e não gosta de contato. Ele e os espíritos do dia são os melhores, não ficam te perturbando e sussurrando frases desmotivadoras no seu ouvido. Venenosa é uma delas, está sempre gritando palavras horríveis com aquela sua voz áspera e tenebrosa, além de ser totalmente assustadora.

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Volto para a minha casa cantando uma música bem calma porque é assim que eu quero me sentir todos os dias. Pelo menos é o que eu queria.

"– Karine, você não entendeu! Melanie é maluca! Temos que interná-la em algum hospício, um colega meu lá do trabalho disse que internou sua esposa...

– Chega! Eu não quero ouvir mais o que você tem pra dizer! Nossa filha é normal, ela é apenas uma criança, que precisa de atenção e não um pai como você!

– Pai como eu? Como assim? Você acha que eu faço pouco para a nossa filha? Quem traz o dinheiro para essa casa? Quem compra o pão que ela come? Quem compra a roupa que ela veste? E eu que sou o pai o ruim? Oh, coitadinha, nossa filha é carente...

– Cala a sua boca Armando! Eu estou cansada das suas reclamações. Eu não vou internar a nossa filha por nada nesse mundo.

– Vai sim e eu que mando nessa casa! Não quero ninguém da nossa família dizendo coisas estúpidas e idiotas...

E a partir daí eu só consigo escutar o som da mão da minha mãe estalando no rosto do papai e a porta batendo atrás de mim.

Fomos então para a casa da vovó. Ela nos acolheu e ouviu a minha mãe chorar por horas, até que cansada, fui para a minha cama dormir e ainda triste, mamãe foi me dar boa noite:

– Durma bem pequena!

E eu ainda pude ouvir ela falar bem baixinho, tão baixo que eu acredito que nem ela escutou:

– A única coisa que eu queria era que você fosse normal...

Mas eu escutei e aquilo feriu meu coração da pior forma possível. Tudo bem os colegas da classe, os professores, meu pai, mas minha mãe?

Eu estava realmente sendo odiada por todos. Até mesmo por mim."