– CARA-DE-LESMA! – berrei. Com um movimento quase invisível de tão rápido, Cristopher pegou sua varinha e berrou:

–PROTEGO! – vicamos com as varinhas apontadas um para o outro, nos encarando, sérios, até que eu abri um sorriso enorme. Ele imitou o gesto. Em um movimento exato, guardamos as varinhas. Sem hesitar, corri até ele e pulei em seus braços (bem musculosos, devo acrescentar). Ele era alto, 1,85, sim, vinte centímetros mais alto que eu.

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Enquanto ele me levantava e me girava como se eu pesasse gramas, eu afundei meu rosto na curva do seu pescoço, sentindo seu cheiro inebriante. Ele parou de girar, porém não me soltou. Levantei a cabeça e olhei as pessoas que se aglomeraram para assistir a cena. Pude perceber Julie ao fundo, olhando do Draccon, que estava ao seu lado, para o Cris, com o queixo caído. Nesse momento, minha ficha caiu. Ela provavelmente viu o nosso beijo-não-beijo no corredor dias atrás, e pensou que ficando com ele me atingiria. Tolinha. Pisquei para ela, que ficou vermelha e saiu pisando duro. O Draccon seguiu-a com olhar por poucos segundos, depois voltou a olhar para mim. Ele parecia extremamente confuso, e deixava apenas uma pequena parte desse sentimento transparecer. Uma parte que desapareceu instantaneamente quando ele percebeu que eu o encarava, e tédio brotou em seu lugar. Uma estranha sensação de culpa surgiu em meu peito. Pedi que Cris me soltasse, e assim ele fez. Fiquei em pé na sua frente, encarando sua face perfeitamente linda. Seus olhos negros me encaravam. Varri o Draccon para algum canto obscuro dos meus pensamentos. Ele não estragaria meu reencontro com meu melhor amigo.

– Pourquoi ne pas écrire moi? – perguntei em francês. (Dicionário Granger de francês: Por que você não me escreveu?)

– De faibles résultats à un matériel. Ce était ma punition. Aucune lettre à personne. (Dicionário Granger de francês: Notas baixas em umas matérias. Esse foi o meu castigo. Sem cartas pra inguém.)

– Droite. Que faites-vous à Hogwarts? (Dicionário Granger de francês: Certo. O que você está fazendo em Hogwarts?)

– Vous savez la nuit.- (Dicionário Granger de francês: Você saberá pela noite.)

– Chato. Vamos, temos um ano e meio de conversa atrasada. – disse e peguei propositalmente sua mão. Ele não estranha e vem andando ao meu lado, seu braço encostando no meu ombro. Levei-o até os jardins e sentamo-nos abaixo de um carvalho antigo que se situava a uns cinqüenta metros do caminho para a casa do guarda caças Hagrid. Ela fora restaurada e aumentada depois da Guerra, assim podendo ser uma moradia decente para o meio gigante. Começamos a conversar sobre o que havia acontecido no tempo em que não nos falávamos.

Conversamos por um tempo indefinido. Chris fora proibido de me mandar cartas porque suas notas estavam realmente baixas e achavam que eu, uma aluna tão exemplar, pudesse ser um mau exemplo. Conta outra. Sua família estava bem, e o meu irmão continuava o pateta de sempre, e ainda o melhor amigo do cara que estava sentado ao meu lado. Eu relatei como estava sendo meu ano até agora, mas deixei de fora a parte de possivelmente ter um deus egípcio do mal dentro de mim. Algo na minha cabeça me dizia que era para tomar cuidado. Eu estava perdida em pensamentos desconexos quando ouvi a voz de Chris me chamando de volta para a Terra.

– Você não me falou nada sobre namorados. – disse. Arqueei uma sobrancelha e virei-me para encará-lo.

– Por que deveria? Não vejo no que isso influenciaria.

– Eu não me sentiria plenamente bem fazendo isso se soubesse que você está namorando. – e colou seus lábios nos meus. Senti seu cheiro de musgo e carvalho ao inspirar o ar. Ele pediu passagem, e eu cedi instantaneamente. A sensação de ter seus lábios cálidos por cima dos meus era enlouquecedora. Levei minhas mãos até seus cabelos macios e deixei-as lá, vagando da nuca para os ombros, e de volta para os cabelos. Cristopher colocou as mãos na minha cintura e fez leves caricias que me arrepiaram até a raiz dos cabelos. Ele me puxou mais para perto e colou nossos corpos. Claro que foi meio difícil, já que estávamos sentados lado a lado, mas arrumamos um jeito. Um de seus dedos encostou na pele por baixo da camisa e eu estremeci. A sensação de tê-lo tão perto era a melhor que eu já havia provado na vida.

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O beijo foi ficando cada vez mais voraz, e eu já não me lembrava onde estávamos. Fui puxada de volta para a realidade quando o maldito oxigênio acabou. Eu estava ofegante, os cabelos levemente bagunçados, lábios e face vermelhos. Então imagine só a minha reação quando percebi que Julie e o Draccon estavam a apenas alguns metros. Eu levantei-me em um pulo, porém meu pé se prendeu em uma raiz e eu caí para trás. A minha sorte foi o braço do Chris me segurando, senão o meu uniforme teria ficado imundo. Levantei-me e me ajeitei como pude. Julie soltava uma risadinha aguda e chata. Parecia uma hiena com a perna quebrada.

– O que, diabos, vocês estão fazendo aqui?- perguntei, tentando, falhamente, esconder o ódio que borbulhava dentro de mim.

– Indo para a aula de Trato de Criaturas Mágicas. A mesma coisa que você deveria estar fazendo. – respondeu o Potter, com a cara vermelha de raiva.

– Aula, essa, que começa daqui a meia hora. Sei. – eu disse, olhando no meu relógio de pulso. – Estavam mesmo é indo se pegar onde ninguém pode ver.

– Olá, Julie. – Chris ignora o Draccon com habilidade.

– Chris! Eu fiquei triste quando você não veio falar comigo! Me trocando pela Rosier? – ela fez biquinho. A minha vontade era de atacá-la pela moda trouxa mesmo, mas eu era uma dama e não faria isso. Não com testemunhas.

– Esse é o seu novo brinquedinho? – ele apontou para o Draccon como se apontasse para uma árvore pouco interessante ou coisa do gênero. O Potter se irritou.

– Eu estou aqui, obrigado. E creio que não sou o brinquedo de ninguém, visto que é a coisa mais normal do mundo casais virem para cá se pegarem. – ele olhou diretamente para mim ao falar.

– Eu sei que você está aqui, não sou cego, mas também não me importo.E não falte com respeito com a minha garota. – meu coração deu um mortal de costas ao ouvir o final da frase.

– Primeiro: Você deveria começar a me respeitar. Segundo: Sua garota? – Draccon estava descrente e MUITO irritado.

– É. Algo contra?- o búlgaro retrucou.

– Está mais para vadia sem dono.- ai. Isso doeu. Porém, antes que eu pudesse sacar a varinha e estuporá-lo, Chris já estava com a sua em mãos.

– Retire o que disse.- sua mandíbula estava rígida. Ele estava realmente enfurecido.

– Meninos, vamos deixar isso para a aula de duelos. – uma vez na vida Julie abriu a boca para falar algo útil. Concordei com a cabeça e segurei o cotovelo de Cristopher. Ele guardou a varinha e saiu andando em direção ao castelo, não sem antes esbarrar com o ombro no Draccon.

– Seu idiota! O que tem na cabeça? Minhocas, só pode. Nunca mais chegue perto de mim e do Cristopher – disse no tom mais ameaçador que conseguia e saí atrás do meu amigo. Ou seja lá o que formos agora. Pude ouvir o Potter murmurando alguma coisa, porém eu não entendi e também não me esforcei para o tal. Tudo o que eu queria era esganar aquela peste.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.