Obliviate

Capítulo 42 - You need to be unrecognizable


Capítulo 42 - You need to be unrecognizable

CAMILLA SCHMIDT



Era o dia do casamento de Fleur Delacour e Gui Weasley, a Toca estava uma bagunça enquanto os Weasley davam o seu máximo organizando a cerimônia. Todos estavam animados com a festança, e bem, não podia negar que a felicidade deles não tenha me contaminado também.

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Me sentei próxima a janela do quarto de Gina, abracei o meu próprio corpo enquanto olhava para o horizonte. Se tinha algo que eu odiava com todas as minhas forças, esse algo era sentir inveja de alguém. Contudo, eu não conseguia evitar pensar em como Gui e Fleur eram privilegiados.

Não que eu quisesse casar com alguém, muito pelo contrário, eu não tinha pretensões de se casar desde que tinha percebido o quão problemático era o relacionamento da minha mãe com o meu pai. Meu irmão do meio, Charles, estava noivo e eu sabia que ele mal iria esperar para poder se casar com Daphne Greengrass. Estava feliz por ele, mas não conseguia me ver fazendo a mesma coisa.

Aquela guerra tinha me traumatizado tanto com relacionamentos que eu sinceramente não esperava muita coisa da ruína que eu chamava de vida amorosa. Eu tinha um fraco por mentirosos, e talvez fosse por isso que eu devesse largar de mão desse tipo de coisa. O mais irônico de tudo era que minha mãe tinha me dito claramente para me afastar do Malfoy, e eu fiz justamente o contrário. Eu me perguntava se ela me olhava me repreendendo, ou com pena.

Eu odiava a forma como eu e Draco se atraímos quase que naturalmente, como se fosse óbvio que aquilo iria acontecer. Também odiava a forma em que era extremamente previsível a Marca no braço dele. Odiava a forma como eu tinha acreditado que ele era bom, e que não iria se aliar ao homem que eu mais temia e desprezava no mundo.

Sentia que eu era a patética da história, afinal quem tinha depositado falsas esperanças em Draco Malfoy?

Era óbvio que ele iria seguir o caminho do pai dele, da mesma forma que Harry seguiu o caminho de seus pais se aliando a Ordem da Fênix.

Era óbvio!

As lágrimas já desciam pelo meu rosto sem que eu me desse conta, tudo em mim doía. Me lembrava claramente da minha mãe me falar que lágrimas serviam para aliviar a dor que estávamos sentindo, pois bem, eu não estava me sentindo aliviada, na verdade estava me sentindo asfixiada.

Acho que a pior parte de toda essa história era reconhecer que havia um sentimento, e que ele ainda existia e queimava no meu peito.

— Camille, está tudo bem? Oh, clarro que não está tudo bem — quase me engasguei quando percebi que Fleur estava no quarto, observando o ápice da minha miséria.

— Fleur, ah está tudo bem. — menti, secando as lágrimas com as mangas do meu pijama. — Não quero tomar o seu tempo, você tem que se arrum-

— Non, claro que non. — a loira sentou-se na minha frente me observando atentamente — O que está te fazendo chorrar?

Por um momento eu até pensei em falar o que estava no meu peito, mas antes que um som sequer saísse da minha boca eu tornei a chorar. Era tão humilhante desmoronar a frente de alguém, mas mesmo assim Fleur me abraçou e esperou a minha crise passar.

— Foi um garroto, não foi?

Assenti, soltando um soluço logo em seguida.

— Oh, querrida, esse tipo de coisa acontece. Uma horra ou outra vamos nos machucar, se não, qual seria o sentido?

Queria dizer para Fleur que ela não entendia a minha situação, que eu era uma completa idiota e merecia estar chorando sozinha.

— Nós éramos amigos. — foi tudo o que eu consegui falar sem ser interrompida pelos meus soluços. A francesa sorriu para mim.

— Oh, eu já me apaixonei por um dos meus amigos, não foi recíproco e eu tive de superar. Acredito que se a amizade de vocês for forte o bastante, nada irá destruí-la.

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Fiquei surpresa com as palavras de Fleur, embora eu não achasse que a minha amizade com Draco existisse (não depois do obliviate), não esperava que ela me desse aquele conselho.

— A família dele não apoia a nossa amizade. — forcei um sorriso, não sabia o porque estava me sentindo confortável para se abrir com ela, mas resolvi que não faria mal contar parte da história que era mais longa do que eu esperava.

O sorriso de Fleur se desmanchou e ela ficou séria por alguns momentos, senti minha consciência pesar quando me lembrei que eu a chamei de Fleuma pelas costas por causa de Gina. Quem diria que eu estaria na mesma situação que Fleur, só que pior? Acho que o nome disso era carma.

— Sei que você não vai levarr isso muito a sério, mas eu acredito que se o sentimento de vocês um pelo outro for forte o suficiente, não há nada que irá impedi-los. Veja eu e Gui, nossas diferenças não nos impediu de noivar. — ela me ofereceu um sorriso angelical e passou sua mão em meu rosto limpando as lágrimas — Agorra, quero ver a senhorrita com um sorriso no rosto e um vestido maravilhoso. Por hoje se divirta e esqueça esse garroto.

Sorri, assentindo.



[...]



— Fred, você está vendo o que eu acho que estou vendo?

— Não sei Jorge, você está vendo o que acho que estou vendo?

Dei um sorriso tímido enquanto me aproximava dos gêmeos.

— ...Uma deusa…

— ...Holandesa…

— Não sabia que a Holanda tinha deusas. — dei risada olhando para os meninos. — Vocês não quiseram dizer grega/romana?

Os gêmeos se entreolharam e começaram a discutir baixinho.

— Na verdade nenhum de nós fez aula de Estudo dos Trouxas, mas acho que deve ser deusa grega. — Jorge resmungou dando de ombros — A questão é, você está linda.

— Obrigada. — tornei a sorrir.

Naquele dia, eu usava um vestido rosa bebê rodado que possuía detalhes de rosas delineadas por uma renda delicada, calçava um salto alto preto e usava uma pequena bolsa transversal da mesma cor que o salto. Não podia negar que com a ajuda de um pouco de maquiagem, que eu estava impecável. Quando me olhei no espelho pude finalmente ver a famosa semelhança que me apontavam com a minha mãe, nós duas ficávamos extremamente parecidas com um vestido de gala e um batom vermelho.

Me afastei dos gêmeos enquanto andava em direção a Hermione.

— Você está maravilhosa. — disse indo abraçá-la, minha amiga riu um tanto envergonhada, mas claramente feliz com o elogio.

— Obrigada. — ela sorriu.

Olhei para trás de Mione e pude ver Rony de braços cruzados com uma carranca enorme.

— Qual o problema do Ron?

— Viktor Krum está aqui.

Mordi os lábios para não dar risada já que Hermione me repreendia com o olhar, ergui minhas mãos em sinal de rendição.

— Ah Mione, tenho que admitir que eu adoraria ter ido ao baile junto do Krum. Isso porque eu não fazia parte daquele fã clube maluco dele no quarto ano, só acho que ele é…

— Por quê você não vai conversar com ele então? — ela cruzou os braços, provavelmente tentando disfarçar o rubor em suas bochechas. — Talvez assim Ronald parasse de me olhar com cara de quem quer morrer.

Abri a minha boca surpresa.

— Eu falar com Vítor Krum? Mione eu quero distância de homens. — fiz uma careta, negando veemente com a cabeça. Iria fazer justamente o que Fleur tinha me aconselhado de manhã cedinho, aquele dia serviria para me divertir e esquecer que meu coração estava em pedaços.

— Ele não parece mais ridículo agora que está com aquela barbicha? — ouvi Rony comentar com Harry, que estava disfarçado graças a um pouco de poção polissuco que eu tinha ajudado a produzir.

Balancei a minha cabeça sem conseguir acreditar naqueles dois.

— Vocês dois com ciúmes um do outro é tão irritante, sabia? — murmurei para ela enquanto arranjávamos um lugar para se sentar. — Mas eu tenho certeza que um dia eu vou ver vocês dois namorarem.

O rosto de Hermione ficou vermelho, e eu acho que ela só não retrucou porque ela era uma boa amiga que não iria jogar na minha cara que eu estava apaixonada por um comensal da morte.

Enquanto a cerimônia ocorria, eu não podia negar o como achava tudo aquilo muito bonito. Sempre me mantive neutra em relação ao relacionamento de Fleur e Gui, mas depois de ter conversado com a francesa mais cedo, eu consegui vê-la com outros olhos. Poucos foram os membros da família Weasley que apoiaram aquele casamento, acredito que eles não esperavam que Gui fosse levar aquilo tão longe, mas eu não podia deixar de me orgulhar dos dois. Olhando para eles agora, no altar, era meio óbvio que os dois se amavam.

Meu coração apertou ao ver como os dois sorriam um para o outro. Por um momento, só por um pequeno momento, eles me fizeram ter esperança de que ganharíamos aquela guerra e que eu os veria casados no futuro, em paz.

Se casar não estava nas minhas pretensões para o futuro, na verdade eu não tinha pensado muito sobre como seria a minha vida caso ganhássemos a guerra. Parando para pensar agora, eu gostaria de continuar estudando, queria seguir medibruxaria e talvez...lutar pela causa dos nascidos trouxas.

— Deveríamos ir parabenizá-los. — Hermione disse ficando nas pontas dos pés para poder ver o casal em meio a multidão.

Por um momento fiquei perdida em meu mundo, distraída demais para perceber que Vítor Krum estava sentado em nossa mesa conversando com Harry enquanto os Lovegood dançavam de uma forma bem...inusitada.

Senti meu braço ser puxado por alguém, fazendo com que eu quase caísse da cadeira.

— Como eu senti sua falta! — uma figura loira me abraçava, quase que quebrando as minhas costelas.

— Sabrina. — falei dando uma risada baixa — Não sabia que você tinha sido convidada para o casamento.

— Meu pai já trabalhou junto com o Sr. Weasley no Departamento de… — ela começou a tagarelar enquanto me arrastava até uma mesa para pegar comida — hidromel! Pegue um pouco!

Dei risada enquanto me servia.

— Uau, já falei o quão linda você está hoje? — ela sorriu.

— Obrigada, você está maravilhosa.

Sabrina piscou, ela parecia se conter em fazer milhares de perguntas se eu estava bem e como estava aguentando toda aquela situação, mas acabou apenas sorrindo e me levantando até a pista para dançarmos.

Não sei quanto tempo fiquei na pista dançando e rindo com meus amigos, me lembro claramente de dançar alguma música lenta com um primo de Fleur e rir das piadas que ele fazia.

O Ministério caiu. Scrimgeour está morto. Eles estão chegando.

A voz de Kingsley ecoou por todo o local enquanto seu patrono falava lentamente.

Como que um reflexo eu peguei minha varinha, não sabia o certo o que fazer. Procurar Hermione ou fazer feitiços de proteção? Sentia que minha mente iria explodir enquanto os convidados corriam em todos as direções desaparatando. Minha respiração vacilou ao perceber figuras negras, não era hora de ter uma ataque de pânico.

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Todas as palavras de Hermione ecoaram na minha cabeça, agora tudo me parecia muito perigoso. Eu sentia medo como nunca, porque sabia que meu pai estava entre aqueles homens encapuzados, e eu temia o que poderia acontecer comigo caso fosse capturada.

— Hermione! — gritei correndo, empurrando os convidados com meus braços. — Hermione!

Desviei de uma senhora de idade, fazendo o possível para não derrubá-la.

Sentia a minha vista começar a embaçar.

O que meu pai ia fazer quando me encontrasse? Ia me entregar como presente para Voldemort?

Só percebi que estava chorando quando senti meu rosto molhado. Tudo estava ficando embaçado e eu não conseguia encontrar ninguém, Gina, Luna, Sabrina, Harry, ninguém. Minha cabeça começou a latejar e eu parei no meio da multidão, estava paralisada.

Era isso, eu ia morrer, ali. Nas mãos do meu pai e do meu irmão mais velho.

— Camilla! — ouvi um grito, era muito distante, tão distante que eu não conseguia assimilar quem estava gritando.

Abracei meu próprio corpo, sentindo que eu iria enlouquecer caso ficasse naquela confusão por mais um momento.

Senti uma mão agarrar o meu pulso com força, senti uma sensação nauseante como se estivesse sendo dobrada ao meio, e quando abri os meus olhos acabei caindo de surpresa no chão.

— Onde estamos? — era a voz de Rony.

Me engasguei enquanto Harry me oferecia a mão para se levantar.

— Você está bem? — ele perguntou preocupado e eu apenas acenei com a cabeça positivamente, me sentia melhor agora que estava longe da Toca, mas sentia que ia morrer de preocupação com os que ficaram lá.

— Estamos na entrada da Corte Tottenham. — ouvia Hermione dizer enquanto tirava o pó do meu vestido — Andem, precisamos achar um lugar para vocês se trocarem.

Enquanto eles conversavam baixinho, eu os segui ainda visivelmente perturbada mas aos poucos conseguia voltar ao normal. Hermione nos levou para um beco escuro e começou a revirar sua bolsa.

— Eu coloquei algumas coisinhas na sua bolsa também Cam, caso você não se importe.

Franzi meu cenho e um pequeno sorriso se formou no meu rosto ao ouvir sua explicação.

— Harry coloque a Capa da Invisibilidade, e Cam, nós vamos precisar mexer na sua aparência se quiser passar despercebida. — Hermione me olhou enquanto franzi as sobrancelhas.

— Como assim? — questionei.

— Seu pai vai te caçar, colocar cartazes por todo lugar. Precisamos te deixar irreconhecível, já basta Harry com uma cicatriz em forma de raio na testa.

— Ei! — Harry protestou.

— Tudo bem. — concordei vasculhando minha bolsa transversal preta, com um elástico prendi meus fios de cabelo em um rabo de cavalo — Se Harry me emprestar a capa por um momento eu consigo me trocar.

Hermione abriu a boca mas acabou concordando, não demorou mais que cinco minutos e eu devolvi a capa. Agora eu vestia uma calça jeans e uma camiseta de mangas cinza sem estampa, coloquei um boné de um time de beisebol por cima do cabelo, e pronto.

— Ótimo.

Fomos andando até um café, onde sentamos e Hermione pediu três cappuccinos, Ron e Hermione começaram a discutir enquanto eu procurava pensar, olhando distraída para a porta. Me sentia sortuda por ter conseguido sobreviver a aquele ataque, mas ao mesmo tempo me sentia fraca por ter surtado tão rapidamente, eu precisava mudar esse detalhe.

— Vamos então, eu não quero mais beber essa porcaria. — ouvi Rony falar, me surpreendi ao perceber que eu não tinha dado sequer um gole na bebida.

Peguei o café e comecei a beber, no exato momento em que dois homens entraram no estabelecimento.

— Não é tão ruim quanto pensa, Ron. — respondi com simplismo enquanto terminava o copo, eu adorava bebidas que continham cafeína.

Estupefaça. — Harry gritou antes que eu sequer pudesse reagir, estuporando um dos homens que para meu espanto tinham varinhas empunhadas.

Protego — gritei antes que o feitiço do comensal chicoteasse contra nós, nos dando tempo o suficiente para termos noção do que estava acontecendo, me abaixei desviando de um feitiço enquanto Ron era atado pelo comensal que ainda estava acordado.

Ofeguei.

Expulso! — o comensal gritou fazendo a mesa explodir, senti minhas costas se chocarem contra a parede gelada e meu corpo rapidamente cair em cima de uma outra mesa. Tentei me recuperar enquanto rolei em direção ao chão, o comensal olhava fixamente para mim com um sorrisinho, seu olhar oscilava entre eu e Harry que estava descoberto. Ele sorria, devia achar que aquele era seu dia de sorte, iria capturar Camilla Schmidt e Harry Potter ao mesmo tempo, não era brilhante?

Não iria lhe dar aquele gostinho.

Mordi meu lábio nervosa quando percebi que minha varinha estava no chão, muito longe de mim. Impulsivamente eu peguei um pote de ketchup e com força o acertei no rosto do comensal, a tempo de Hermione utilizar o feitiço Petrificus Totalus.

Me levantei com um pouco de dificuldade, sem prestar atenção no que falavam ao meu redor. Andei em direção a minha varinha, me sentindo mais segura com ela em minhas mãos.

— Tranquem a porta e desliguem as luzes.

Colloportus. — murmurei apontando a varinha para a tranca da porta da lanchonete enquanto Rony utilizava o apagueiro que Dumbledore tinha lhe cedido por meio do testamento.

— O quê iremos fazer? Dolohov e Rowle claramente iam nos matar, quer dizer, menos a Cam, eu acho. — Ron olhou confuso para mim enquanto eu suspirava — Aliás, belo lançamento artilheira.

Revirei meus olhos, sem paciência para fazer algum tipo de brincadeira.

— Nós temos apenas que apagar suas memórias — disse Harry. — É melhor desse jeito, nós tiramos eles de cena. Se nós os matarmos, vai ficar óbvio que estivemos aqui.

Olhei para Hermione e nós concordamos com um aceno.

— Eu fico com Dolohov.

— Tudo bem. — falei me dirigindo ao outro comensal sentindo meu estômago embrulhar. — Obliviate.

Mordi meus lábios desconfortável quando que os olhos do homem ficaram fora de foco, era estranho pensar que eu já tinha passado por aquilo, todavia aplicar um obliviate não me parecia tão difícil, você apenas precisava se focar em exatamente o quê você queria apagar da memória da vítima.

— Nós precisamos de um lugar seguro para nos esconder. — Rony disse assim que eu tive a total certeza de ter terminado meu trabalho com Rowle, me senti tentada a pisar em cima do nariz daquele homem mas me contive.

— Grimmauld Place.

— Perdão? — franzi o cenho e Hermione sorriu como se estivesse um tanto orgulhosa de mim.

— Você pediu para Gina apagar suas memórias sobre Grimmauld, você lembra que esteve lá mas não se recorda de onde fica.

É, parecia algo que eu faria para proteger a localização da Ordem.

— Acho que deveria ser mantido assim então.

— Eu altero sua memória mais tarde. — Hermione garantiu — Mas não acho que lá seja seguro, Snape pode estar lá.

— O que são milhares de comensais comparados com Snape? — Harry retrucou e eu engoli em seco, sentia um medo avassalador de Snape desde que tinha o visto carregando a Marca Negra.

— Tudo bem que nós somos quatro, mas não acho que seja- — comecei a falar, contudo logo fui interrompida.

— O pai do Rony disse que eles colocaram feitiços no lugar contra o Snape e mesmo que eles não funcionem... — ele falou correndo quando Hermione parecia querer discutir — E aí? Eu juro, não tem nada que eu queira mais do que encontrar Snape!

— Eu vou, contanto que alguém altere as minhas memórias. Se meu pai conseguir me achar, ao menos não irei poder ceder informação nem com uma gota do soro da verdade.

Os três se entreolharam e como se não tivessem outra opção, acabaram concordando.

— Mas antes, — acrescentei — eu queria passar na farmácia.



[...]



— Eu acho que alguém esteve aqui. — Hermione sussurrou apontando para a perna de um trasgo enquanto caminhávamos dentro da casa de Sirius.

— Mas não haviam feitiços Anti-Snape? — perguntei, sentindo minha voz vacilar enquanto segurava minha varinha com força.

— Talvez só funcione com a presença de Snape? — Ron disse em voz baixa.

Severo Snape? — era a voz assustadora de Alastor Moody.

Recuei alguns passos muito assustada e quase gritei quando percebi que tropecei na perna do trasgo, fazendo com que eu caísse no chão de olhos arregalados. Continuei segurando minha varinha enquanto Hermione gaguejava, estava tão nervosa que podia jurar sentir a varinha escapar das minhas mãos suadas.

— Não fomos nós! Não matamos você! — era a voz de Harry.

Soltei um suspiro de alívio quando a figura explodiu em diversas partículas de poeira. Apoiei a minha cabeça na parede, querendo poder chorar de alívio, só naquele dia aquela era a terceira vez que eu achava que iria morrer.

Pude ouvir não muito distante a Sra. Black gritar ofensas contra sangue-ruins e mestiços. De todas as vezes que eu estive naquela casa nunca me importei com as ofensas que ela soltava, mas agora...Agora a dor tinha se tornado real, porque as ofensas dela serviam para mim também.

Me levantei do chão enquanto Rony ajudava Mione a se levantar. Estava muito desnorteada para falar, então apenas fiquei em silêncio segurando meu medalhão como se este fosse me proteger de qualquer coisa, era um reflexo, eu fazia aquilo desde criança.

—...Antes de irmos mais longe, é melhor checar. — ouvi Hermione dizer, ela ergueu a varinha e disse — Homenum Revelio!

Nada.

Engoli em seco, ainda sem coragem o suficiente para guardar a minha varinha.

Olhei para trás, o corredor escuro me dava arrepios, não pude fazer nada além de seguir os três para cima enquanto continuava a segurar meu medalhão.

— O que foi Harry? — Hermione perguntou preocupada enquanto se sentava no sofá empoeirado.

— Você viu alguma coisa? — Rony perguntou.

— Não, eu só senti raiva. Ele está com raiva. — Harry murmurou enquanto eu me aproximava deles, sentei no chão ao lado de Hermione, me sentindo cansada demais para sequer dar uma palavra, apenas ouvi atentamente a discussão deles.

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— Eu concordo com a Mione, você deveria fechar a sua mente. Sabe-se lá o que Voldemort pode fazer! — exclamei sem disfarçar o meu olhar de preocupação.

Harry respondeu Hermione e se virou para nós, suspirei sentindo a minha cabeça doer.

Fomos surpreendidos por um patrono, era uma doninha, entrando na sala que possuía a voz de Arthur Weasley.

Família salva, não responda. Nós estamos sendo observados.



Sorri aliviada para os três, sentindo um enorme peso sair do meu coração, esperava que ninguém tivesse se ferido naquela confusão.

— Camilla, o que você ia fazer com aquela tinta de cabelo que você comprou na farmácia? — Hermione perguntou assim que os meninos tinham terminado de comemorar.

— Ah é, — falei com um tom desanimado, eu particularmente amava o meu cabelo natural — preciso ficar irreconhecível lembra? Vou ir pintar o meu cabelo antes que eu me arrependa.