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Jack Frost & Rainha Elsa — A nossa eternidade (+16)


Jack Frost & Rainha Elsa – Jelsa

A nossa eternidade

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A noite era fria por causa da época do ano, mas nem tanto para duas figuras debruçadas sobre o gradil de uma varanda, admiravam a neve branca sobre as ruas de Arendelle, só os dois, sem pronunciarem nenhuma palavra. Deixariam ser acariciados pela brisa gelada nos respetivos rostos? Causando de vez em quando um arrepio na espinha? Para ela a eternidade.

Sim a eternidade. A rainha desviava o olhar para vê-lo, sentia um leve rubor nas bochechas fazendo isso, ele a deixava assim, sem saber como agir, via nos olhos tão azuis e intensos, assemelhando-se ao castelo de gelo, sua queda, desejava que durasse para todo o sempre…

O corpo dela não é mais como antes, nada é, estava ficando mais adulta, os seios mais volumosos, curvas mais largas e provocantes.

— Elsa?

O primeiro pronunciamento dele, desde que estavam na varanda do correspondente quarto, pode sentir a tristeza na voz, a rainha suspirou, encarando-o, ele sorriu, um sorriso com falha em transmitir o brilho de júbilo, ela revira o olhar voltando a atenção para as ruas desertas, as imagens do natal reluzente, tendo como nova tradição a enorme árvore de gelo, acompanhada pelos súditos e a família, fechou às pálpebras, o vento bagunçou os fios loiros.

Ambos tão parecidos, mas tão incompatíveis, o espirito do inverno que não pode ser visto, imortal, causador da diversão e do caos, enquanto ela é a rainha, cheia de responsabilidades e deveres.

— Jack... — o chamou, porém, mantém a mirada fixa a qualquer ponto qual não fosse coviniente do rosto dele. — Gostaria que ficasse ao meu lado.

— Estou ao seu lado. — brincou com as palavras, mesmo nessas horas ainda mantém o espirito brincalhão, a criança interior.

— Sem brincadeiras, por favor. — Os lábios rosados se contorceram. Ela ouviu a resposta sarcástica quando virou o semblante.

O sotaque norueguês não foi difícil de compreender, ele falava a maioria das línguas.

Sentando-se no chão, Jack apoiou as costas contra a cerca de madeira, sorriu de modo quase imperceptível, encara o quarto da majestade, observa os móveis e as prateleiras de livros, uma ideia iluminou sua mente.

— Quer escutar uma história?

Houve silêncio.

— Há muito tempo existia uma garota, qual adorava contar histórias, ouvi-las e escrevê-las, ela tinha vários amigos, um deles você conhece bem, o Papai Noel, ele a amava como se fosse uma filha, Katherine.

Elsa desviou o olhar para vê-lo, percebeu os flocos de neve rodeando-o, decidiu sentar-se, mantendo distância, colocou os joelhos contra o peito, o vestido feito especialmente para o natal, de cor azul-cobalto, esconde suas pernas.

A noite ficou mais escura. Um ruído suave de corujas causa um curto sorriso em ambos, relembram quando ela era criança, trancada em um quarto, para assim não machucar ninguém. Certo dia uma coruja lhe fez companhia, fazendo-a gritar, ele livrou-se da ave, encantando pela pelagem alva, contrariando a temosia da pequena princesa.

Durou dois ou três segundos de silêncio, sem falar e trocar olhares, pareciam estar congelados.

— Lembro do primeiro dia que falei com você… — sussurrou a rainha, ignorando brevemente a narrativa que ele contara. — Foi um dia após o acidente. — Aquela lembrança causou-lhe uma sensação amarga. — Sempre tive muito pavor do escuro, por isso meu quarto está em frente a uma enorme janela, onde a aurora boreal o ilumina, talvez fosse porque os monstros se escondem em meio a escuridão, eu era o monstro.

Vislumbra a fisionomia da mulher, confuso devido sua fala.

— Eu deveria lhe agradecer. — acrescentou a majestade, olhando diretamente nos olhos azuis.

— Pelo quê? — questionou.

— Por ter me salvando.

A língua de Jack se torceu inutilmente em sua boca, com todas as coisas que ele precisava dizer, surpreendido por tais palavras. Balançou ligeiramente a cabeça, sorrindo.

— Está enganada. — disse — Todo esse tempo, sozinho, sendo invisível, acreditei que a eternidade seria uma droga. As vezes ficava por horas pensando, porque o Homem na Lua jamais contou quem eu era, por muito tempo deixei ser levado por esse vazio, contudo, quando te conheci, foi como se houvesse uma razão afinal, ser guardião. — pausou a fala analisando-a, ela mantinha a face surpresa. — Rainha Elsa de Arendelle, você salvou-me da minha própria solidão e sou grato por isso.

Ela esperou que ele dissesse algo mais, mas o espírito estava mudo, a soberba virou a cabeça devagar, um fio de cabelo loiro se deslocando suavemente por cima do ombro, sua expressão visivelmente pensativa.

Considerou as palavras do amigo, verdadeiras, desse modo apertou o lábio inferior, estando em uma linha tênue entre continuar o que começara no início do diálogo, confessar-lhe os sentimentos, todavia sentira algo apertar no peito, em seguida cair pesadamente no estômago.

Decediu mudar de assunto.

— Como o enrendo contínua? — indagou, torcendo os próprios dedos, encarando novamente o quarto.

— O quê? — disse distraindo.

— O conto, Jack, sobre Katherine.

— Oh! era isso. — Deixou cair os ombros, decepcionado.

O silêncio instalou brevemente.

— Ela tinha um amigo, Noite Luz, qual emanava luz do corpo, usava um cajado e não era de falar muito. — A viu sorrir, repetiu o gesto. — Em uma batalha contra o rei dos pesadelos, a guardiã das histórias ficou enfeitiçada, caindo em um sono profundo, então ele a beijou, o beijo da vida, custando-lhe sua imortalidade.

Olhando para o chão, a estranheza nubla as feições da soberana, se antes queria dizer-lhe a verdade, a raiva conduziu suas ações. Abruptamente ergueu-se, apertou os punhos fortemente, as unhas, ferido levemente a pele da palma.

— Então é isso, você julga que roubarei sua eternidade, como Katherine fez com o Noite Luz. — Não foi um questionamento, mas ele entendeu como.

— Ei, não, não é isso. — gaguejou, levantando-se rapidamente. Levou o cajado para a mão esquerda, tomando tempo.

— Diga-me o que é. — o tom de voz sairá mais alto do qual ela pretendia, e antes de ser interrompida: — Quer saber Jack Frost deixa pra lá, daqui a pouco o senhor consegue deixar por toda sua vida.

A neve a rodeava igual a uma espiral, o espírito deu dois passos a frente, ela retrocedeu bastante irritada, encarando-o, a pele pálida, como se tivesse sido mergulhado num balde de geada, a lua agora iluminando os fios platinados, dando-lhe o aspecto espectral.

— Elsa acalma-se. — pediu, estendendo as mãos a sua frente. Duas estacas de gelo pontiagudas surgiram, quase atingindo-o, conquanto jamais teve temor.

Recuou o olhar de íris azuis em si própria, suspirou suavemente, concentrado-se para eliminar a tempestade, após breves segundos, apenas o gelo derretido estava ali.

Ele suspirou, passando a mão no cabelo.

A prensencia girar nos calcanhares, com o intuito de deixá-lo sozinho, rapidamente agarrou o braço dela, coberto por aquela camada de tecido azul-escuro, ela apertou a mandíbula, captando sua feição de súplica.

Elsa estava mais zangada consigo mesma por não manter suas emoções sob controle, afastou o braço do aperto.

Dizem que os olhos são a janela da alma. Naquela ocasião ele se encolheu com a intensidade no olhar da rainha, pois, teve preocupação que ela pudesse enxergar a verdade. Não a impediu de devencilhar do toque e ir para o quarto, pôs a voar dali, mas algo no interior da alma turbilhou, remorso, incapaz de raciocinar fez a coisa idiota qual o coração implorava.

Avançou com passos largos, o movimento pegou a majestade de surpresa, agora olha fixamente na direção dele, sua determinação termina quando subitamente lábios atingem os dela, assustando-a.

No minuto seguinte, a mulher fechou as pálpebras, poderia dizer não, empurra-lo, no entanto, retribuiu o beijo, movendo a boca, os dentes colidiram-se algumas vezes devido à inexperiência de ambos, as costas dela bateram contra a instante de livros, derrubando-os, está consciente do calor avassalador no peito, que rastejou através do corpo todo, suspira extasiada, levou a mão direita atrás da nunca de Jack, puxando as mechas de cabelo, encorajado-o a aprofundar a ação, freneticamente um contra o outro, sabia que logo imploria por ar.

Apaixonado, a empurrou ao lado da parede, deixou o cajado cair no tapete, de modo a posicionar as mãos na cintura, quando um gemido escapou de Elsa e vibrou na garganta, um arrepio percorreu a espinha, de repente aflição de ser rejeitado, morreu ali mesmo.

As pernas enroscaram-se na cintura dele, implorando por mais, ele sorriu entre os beijos e suspiros mordendo-a no lábio inferior, esse é o cerne, a diversão, diante disso, ela depositou os braços em volta do pescoço, fazendo um movimento torturante para frente e para trás, a mão descansou abaixo da orelha, o polegar acariciando sua bochecha enquanto ofegavam.

Sua língua invade a boca do espírito, surpreendendo-o, enviando tremores selvagens ao longo dos nervos.

São como um só, em sonhos e desejos, imaginando a eternidade, capazes de atravessar todas as barreiras, todos os sentimentos quietamente contidos são finalmente liberados, é um redemoinho de ventos fortes, embora não precisasse respirar como Elsa, foi o primeiro a ceder, acabando com aquele contato tão íntimo, deletando-se ao vê-la em caos, de pálpebras fechadas, principalmente por ser o motivo; por meio das pontas dos dedos acariciou a bochecha de tom rosado, o toque provocou rastros de geada, presenteando-o por fim, olhos azuis dilatados, sua visão periférica enxerga a neve que ambos causaram.

— Eu estava com medo, Elsa. — sussurrou. — Quem gostaria de estar comigo? Me assemelho mais a um cadáver congelado, pensei se eu te amasse realmente deixaria o caminho livre para alguém melhor, como os príncipes dos livros de Anna. — pausando a voz, suspirou. Sentiu as pernas em torno da cintura afroxarem, e antes de ser interrompido continuou: — Por que realmente ainda estou aqui? Talvez fosse para vê-la uma última vez, eu te amo tanto.

Silêcio, os dois tornaram-se quietos.

É uma sensação estranha, quando ela põe os olhoz nele.

Cada palavra dita por ele atingiu a face de Elsa igual o ar rarefeito de uma montanha, martelando o coração em batidas curtas, o tempo parou, a confissão, os beijos, os detalhes que dizem respeito a esse momento lhe fazem sorrir, um sorriso verdadeiro.

— A primeira vez que te vi, eu estava envolta de lanças de gelo, sentada perto da porta, o medo era meu único amigo, então eu vi uma borboleta azul, ela voou até mim, pousando no meu nariz, causando-me uma risada, através da janela, você aproximou-se e não teve horror, eu tinha dez anos. — Esfregando os polegares nos ombros do guardião, fractais viajando pelo pocho marrom. — De todas as pessoas o único que trouxe diversão a minha vida, quando todos tinham pânico de mim, foi você, eu te amo por isso.

Antes de respondê-la ela o beijou suavemente, depois sorriram.

Duas batidas na porta interromperam os dois, a voz animada de Anna chamou a irmã, para as duas se encontrarem na biblioteca para jogos de adivinhações, reclamou que Olaf estava ganhando todas as partidas, principalmente quando o boneco imitou o príncipe expulso de Arendelle, Hans, trazendo raiva a ela, agora seriam meninas contra meninos.

Após a confirmação, ouve silêncio, Elsa imaginou estar sozinha com Jack novamente, e suspirou, seria complicado explicar.

— Quer juntar a nós? — indagou a rainha. Liberada do toque do guardião caminhou até a penteadeira, olhou para o espelho, o cabelo loiro todo bagunçado.

Ele sentou-se na beirada da cama, olhando-a.

— Sou invisível lembra? Vou ficar aqui te esperando. — Apoiou o cajado, vislumbrando os detalhes da aparência jeitosa, se fosse produzido de gelo teria deterrido por causa da intensidade dos dois, sorriu, mostrando a primeira fileira de dentes brancos.

— Seria divertido. — comentou Elsa, escovando o cabelo.

— Na outra vez sua irmã considerou que você tinha um amigo imaginário ou de fato estava louca.

— Não posso culpa-la, ficaria desconfiada se eu a visse conversando sozinha. — Dedos refaziam a trança lateral, dando um toque de flocos cristalinos.

Ambos riram.

No instante qual se virou, ficaram-se olhando, incerta se deveria sair, dessarte apreensão dele ir embora.

— Ei, o que foi? — perguntou, sorriu, um sorriso travesso.

— Estará aqui depois? — indagou receosa.

— Sempre. — Ergueu-se, abraçando-a, sendo retribuindo.

A viu em seguida ir até à porta, girou a maçaneta dourada, virou brevemente o rosto.

— Por toda a eternidade?

— A nossa eternidade. — respondeu.

— A nossa eternidade…