OMG! Meu Pai é um deus

Capítulo XIII - O passeio - parte I


Mount Sinai Hospital, Nova York - 00:30 a.m.

O relógio marcava mais da meia-noite no hospital. Mary se virou na cama desconfortável pela milésima vez. Não conseguia pregar os olhos e tudo que desejava era ir embora para casa. Já se sentia recuperada e em seu rosto quase não haviam mais marcas da queimadura provocada pelo gelo de Evie. Quando Mary fez aquilo não poderia imaginar as consequências que teria e que ela iria parar no hospital. Porém, seu ódio a tinha cegado completamente, ao ponto de atacar alguém inocente. Ela pegou seu espelho para dar mais uma conferida. Só havia uma pequena vermelhidão na parte direita, mas nada que bons hidratantes não resolvessem.

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—Ah! - Mary deu um longo suspiro. A noite parecia se arrastar para ela, que estava irritada por não conseguir dormir. Um barulho vindo da porta a fez se assustar. Uma sombra preta invadiu seu quarto vagarosamente. - Quem é você? - Perguntou ao ser que se aproximava cada vez mais de sua cama. A criatura de rosto cavernoso e vermelho não respondeu. - O que você quer? - Insistiu.

— Olá, querida! - Ele respondeu cordialmente enquanto se aproximava ainda mais da jovem. - Eu sou Jöhann! - Se apresentou. Mary conteve um grito apavorado quando viu seu rosto.

— Saia daqui! - Exigiu assustada. - Eu vou chamar a enfermeira! - Ameaçou. Jöhann riu da ameaça da menina, sabendo que uma mera enfermeira nunca seria capaz de parar alguém como ele. Mary pressionou a campainha ao lado de sua cama diversas vezes para chamar por alguém, mas nada aconteceu.

— Não tenha medo, criança. Não vou te machucar. Estou aqui para lhe ajudar. - Jöhann deu um sorriso assustador. Mary se encolheu mais ainda na cama. - Você vem comigo! - Disse por fim.

Evie

O barulho do despertador me fez dar um pulo de susto. Quando tentei desligá-lo, acabei derrubando o copo de água do criado mudo, que caiu no chão se quebrando em muitos pedaços e fazendo um grande barulho. Ótimo. Eu nem tinha levantado e já estava causando a maior confusão. Bem a minha cara mesmo. Me levantei um pouco desanimada para arrumar toda a bagunça e senti uma ponta afiada entrando na sola do meu pé. Soltei um grito estridente por causa da dor e sentei na cama no automático. Um caco de vidro tinha entrado no meu pé e ficado agarrado.

—O que houve? - Ouvi Loki gritar antes de aparecer na porta do quarto com uma cara assustada. Apenas apontei para o meu pé, que a essa altura já estava ensanguentado. - Por Odin, por Midgard, por Asgard, por todos os reinos do universo! - Exclamou.- Será que você não pode passar um dia sem aprontar alguma coisa? - Perguntou incrédulo enquanto se sentava do meu lado. Apenas neguei com a cabeça. Se isso acontecesse algum dia, não seria eu. - Deixe-me ver isso! - Disse por fim. Ele pegou meu pé e o analisou calmamente. Suas mãos eram mais geladas do que eu imaginava. - Hmm… Vou ter que arrancar seu pé!

—O QUÊ? - Gritei tentando puxar meu pé de suas mãos, o fazendo doer ainda mais.

—É brincadeira! - Ele riu da minha cara de espanto. Suspirei aliviada. - É só tirar esses negócios daqui… - Murmurou enquanto puxava o caco maior de uma vez só, sem aviso prévio. Soltei um grito agudo de dor. - Tá, tá! Humanos são tão dramáticos… - Revirou os olhos. Ele jogou o caco grande que tirou do meu pé no chão.

—Já acabou? - Perguntei por fim. Ele apenas negou com a cabeça, antes de cutucar mais ainda o meu pé para tirar outros caquinhos. - Ai! - Resmunguei. Ele bufou, impaciente.

—Não seja dramática, Evie! - Respondeu. Eu não era dramática. Ok. Às vezes eu exagerava um pouco em algumas coisas. Desde criança sempre me machucava e ia correndo para minha mãe, mesmo que fosse só um pequeno arranhão bobo.

—Sou dramática igual ao meu pai! - Murmurei comigo mesma. Minha mãe não era nem um pouco dramática e, conhecendo o Loki melhor, dava para perceber que ele gostava de exagerar um pouco também, às vezes. Ele me encarou com uma carranca e os olhos semicerrados.

—A-ha! Eu ouvi isso, criança tola! - Respondeu. Loki tirou o resto dos estilhaços de vidro com bastante facilidade. - Pronto! - Completou. Senti ele fazer algo no meu pé, como cócegas, até que meu pé parou de doer.

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— O que você fez? - Procurei o corte na sola do meu pé mas não encontrei nem uma mísera cicatriz, e nem mesmo sangue.

— Curei o seu pé. - Deu de ombros. - Agora, vê se fica longe do perigo… Você não é imortal, vai acabar morrendo e eu é quem vai levar a culpa! - Disse por fim, indo em direção a porta.

— Obrigada. - Agradeci. Ele deu um sorriso fraco. - Ah, Loki! - O chamei antes que ele saísse.

— Sim? - Me encarou.

— Hoje tem um passeio na escola, então talvez eu chegue mais tarde. - Avisei.

— Um passeio? - Perguntou curioso. - Posso saber para onde?

— Para o museu. - Dei de ombros. Ele fez uma careta.

— Que entediante! - Murmurou. Realmente. Museus não eram meus locais preferidos para visitar, mas aquele passeio provavelmente valeria algum ponto e na situação que eu estava não poderia me dar ao desfrute de rejeitar alguns pontinhos extras. - Sabe, você é uma Lokidóttir! Não precisa disso!

— Preciso sim. O passeio pode valer ponto, e eu preciso de ponto! - Respondi por fim.

— E por que você não hipnotiza seus professores midgardianos e os obriga a dar esses pontos? - Perguntou como se fosse óbvio.

— Porque isso é errado! - Loki revirou os olhos, com desgosto pelo meu senso de ética que provavelmente ele não tinha.

— Se você quiser, eu mesmo posso persuadi-los! - Ofereceu. Já imaginava o tipo de “persuasão” que ele usaria com os pobres professores.

— Não, obrigada! - Respondi por fim.

— Você quem sabe! - Deu de ombros.

***

O Museu de História Natural era realmente enorme e estava lotado de gente de todos os tipos.O museu era bem mais interessante do que eu pensava também. Fomos recebidos pelo guia do local, que estava muito animado com a nossa visita.

— Esse lugar é incrível! - Disse Ned boquiaberto. Eu apenas assenti com a cabeça, enquanto observava a altura esplêndida do lugar. Peter estava distraído no celular, lendo alguma coisa.

— Hey, vocês não sabem o que aconteceu! - Peter falou pela primeira vez. Ele estava assustado. - O hospital onde a Mary estava foi atacado ontem a noite. - Ele disse afoito. - E, muitas pessoas desapareceram… - Ele hesitou. - Inclusive a Mary. - Completou.

— Mas que coisa horrível! - Foi só o que consegui responder. Apesar de tudo que a Mary tinha me feito, aquilo não era desejável para ninguém. Ela já estava doente, por minha culpa, e ainda tinha sido sequestrada por sabe lá quem.

— Ela não estava lá por sua culpa, Evie… - Peter disse como se tivesse lido meus pensamentos. Não exatamente, ele tinha razão. Mas, ela provavelmente não estaria lá se eu tivesse conseguido controlar melhor os meus poderes. - Aquilo foi um acidente e se ela não tivesse te atacado não teria ido para o hospital! - Completou.

— Vamos dividir os alunos em alguns grupos. Assim fica mais fácil, para ninguém se perder. - A voz da nossa professora de biologia ecoou por todo o salão principal, me desviando de meus pensamentos de culpa. Não podia começar a me culpar por aquilo também, apesar de ser difícil.

O passeio nem tinha começado e a professora já parecia estressada por ter que vigiar tantos adolescentes ao mesmo tempo. Ela estava agitada e não parava de gritar para os alunos calarem a boca.

— Muito bem, muito bem! - Disse o professor Santiago com a voz mais tranquila. Ele tentava controlar o falatório dos alunos. - Vamos fazer o seguinte, quem tem aula comigo às segundas vem comigo! - Pediu. Peter, Ned, eu e mais uns oito alunos o seguiram. - Vamos começar por aqui, me sigam! - Pediu.

Nós os seguimos por alguns corredores até chegarmos onde ele queria. Um salão enorme, colorido e repleto de espécies de animais.

— Aqui é o Salão dos Mamíferos Norte-Americanos. - Explicou o professor. Escutei alguns alunos soltando um “uau” e todos nos dispersamos pelo grande salão para olhar cada mamífero.

— Olha só esse coiote! - Disse Ned apontando para a réplica de um pequeno coiote de pelo marrom-avermelhado. Aquele bichinho tinha o olhar assustador e hipnotizante, como se fosse nos atacar. Como se algo fosse nos atacar a qualquer momento. Senti Peter tento um calafrio do meu lado. - O que aconteceu com vocês dois? O coiote comeu a língua de vocês? - Perguntou rindo. Peter e eu apenas nos entreolhamos. O que quer que fosse que eu tinha sentido, Peter também sentiu.

— Olha, aquele urso! - Peter disfarçou apontando um grande urso negro, de boca aberta, com as presas à mostra. Os dois se aproximaram do grande urso, mas eu fiquei encarando o coiote esquisito. Olhei ao redor. Todos os alunos estavam tranquilos e animados. Mas havia uma tensão estranha no ar que ninguém estava percebendo.

Pude notar, então, que o professor Santiago estava afastado dos alunos. Dando passos lentos e curtos, se afastando de todos silenciosamente, como se estivesse fugindo. Ele deixou o salão de forma muito esquisita. E, eu resolvi seguí-lo. Eu não conseguia tirar da cabeça a reação que o professor teve quando vi sua pesquisa sobre genética humana. Ele estava escondendo algo, eu tinha certeza. E, eu precisava descobrir o que.

Tentei não fazer barulho para não chamar a atenção dele e o vi virando um corredor rapidamente. Ele estava com muita pressa. Apertei meus passos também para não o perder de vista.

— Aonde você vai professor? - Falei comigo mesma.

Ele virou rápido mais um corredor e por pouco eu não o perdi de vista. Meu coração estava acelerado. Continuei apertando os passos pelos corredores do museu. De repente, as lâmpadas do teto falharam e se apagaram, deixando todo o museu no escuro. Com a distração, acabei perdendo o professor Santiago de vista.

—Droga! - Resmunguei. Peguei meu celular na mochila para iluminar um pouco o corredor. Apesar de ser cedo, o ambiente tinha ficado escuro com a falta de energia repentina.

Não demorou muito para gritos histéricos vindos do lado oposto de onde eu estava começarem. Não eram gritos de desânimo pela falta de energia, no entanto. Pareciam gritos de pavor. Corri na direção de onde vinha o barulho. Eu estava perdida. Literalmente. Não sabia em que parte do museu eu estava e precisava encontrar uma saída. Os gritos só aumentavam a cada segundo e pude ouvir um barulho de vidro sendo estilhaçado. Alguma coisa grave estava acontecendo e sentia que tinha a ver com a falta de luz e a pressa do professor.

Procurei nos contatos do meu celular o número de alguém da minha escola e o primeiro que eu encontrei foi o do Ned.

—Atende, atende! - O telefone chamou várias vezes, até que a ligação caiu. Bufei. Estava com a sensação de estar dentro de um filme de terror. Tive uma ligeira impressão de ouvir passos se aproximando.

Senti uma respiração pesada e quente nas minhas costas e me virei bruscamente. Dei de cara com alguém vestido em uma armadura preta que cobria até mesmo o seu rosto e segurava uma espécie de arma grande em uma mão. Senti um calafrio percorrer por todo o meu corpo enquanto aquele ser me encarava de forma demoníaca. Não pensei duas vezes antes de tentar atacá-lo com magia, mas ele foi mais rápido que eu, e antes que fizesse alguma coisa, ele segurou meu braço firmemente.

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Em um movimento rápido, ele injetou, com uma seringa, alguma substância em meu pescoço. Aquele seria um ótimo momento para usar meus poderes, mas eu mal conseguia me mover.

Meu corpo paralisou e minhas pernas fraquejaram, me fazendo cair de joelhos no chão. Apesar da máscara, pude ver aquele ser esboçar um sorriso assustador. Minha visão ficou turva e vi tudo ao meu redor girar. Seria esse o meu fim?