OMG! Meu Pai é um deus - 2a. Temporada

Capítulo XXVIII - Caos


Um clima de tensão tomava conta da S.H.I.E.L.D. O caos estava formado. As autoridades do país não paravam de ligar para o local e a imprensa estava enlouquecida. Não se falava em outra coisa, senão o ataque de Evie. Todos cobravam respostas e soluções para o caso. Ninguém sabia exatamente o que fazer.

Loki invadiu a sala onde agentes estavam reunidos com os Vingadores, na base da S.H.I.E.L.D, sendo seguido como uma sombra por Thor. O deus entrou no local em passos largos, furioso. Natasha e Maria Hill se assustaram de leve, enquanto os outros pareciam já estar esperando pela invasão.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

—Liberte a Evie agora! - Ordenou com os olhos brilhando de raiva. Natasha cruzou os braços, sem expressão, e outros agentes enrijeceram a postura, em alerta. Peter nem sequer se moveu de seu lugar, completamente inerte e exausto. Um corte cobria a lateral de sua testa e ele mal havia lembrado de trocar de roupa.

—Acalme-se, Loki! - Thor pediu sério.

— Eu não vou me acalmar. - Respondeu áspero. - Eu matá-los se não a soltarem agora mesmo! - Loki cerrou o punho, emitindo uma onda de magia Asgardiana ao redor, pronto para atacar a qualquer momento. Thor ficou perto, se preparando para parar o irmão, caso fosse necessário.

— Loki, não piore as coisas, por favor. - Disse Natasha baixo e cansada. O deus não cedeu.

— Loki, a Evie matou três pessoas. - Maria respondeu cautelosamente. - Dois agentes, agente Harrison e Nolan, e o Capitão George Stacy, da polícia de Nova York. - Continuou. - A mídia não fala de outra coisa. Eu sinto muito, mas a Evie vai ficar presa. - O deus fechou a cara numa expressão sombria.

—Mas a Evie está infectada por um vírus. - Interveio Bruce. - É ele que está causando isso. Ela não tem culpa de nada.

—Sim. - Um dos agentes assentiu. - E a responsabilidade do que aconteceu também é de vocês. - Acusou. Loki revirou os olhos. - Não deveriam ter escondido uma informação dessas da S.H.I.E.L.D. Não deveriam tê-la deixado chegar tão longe. Agora, três pessoas estão mortas e temos dezenas de feridos por causa da irresponsabilidade de vocês!

Tony cruzou os braços.

—Nós só estávamos tentando protegê-la. - Wanda defendeu. - E o que a S.H.I.E.L.D vai fazer? - Perguntou seca.

— Ela vai ficar detida por enquanto. - Maria respondeu. - O governo está em cima de nós, estão convocando um julgamento de emergência para decidir o que vão fazer com a Evie.

— Como assim o que vão fazer com a Evie? - Loki perguntou irritado. - Não vou permitir que façam nada! - Rosnou.

—Quais são as chances dela se safar? - Stark encarou Maria, ignorando a ameaça de Loki. Ela suspirou.

—Honestamente, não muitas. Não vai dar para abafar o que aconteceu pois todo mundo viu o que a Evie fez. E teve vítimas. - Pausou. - Além disso, a opinião popular conta muito. - Maria franziu os lábios. - É provável que seja condenada, eu sinto muito.

—Não há nada que possamos fazer? - Tony insistiu. Ela negou com a cabeça.

—Mas minha sobrinha está com um vírus mortal. - Thor franziu o cenho. - Ela precisa de um antídoto. Ficar presa só vai piorar o estado de saúde dela.

— Talvez a comprovação que há um vírus no corpo dela ajude em sua defesa. Mas, vocês precisam encontrar a solução para isso. Precisam de uma garantia que ela não vai mais atacar.

— Isso é impossível. - Rhodey disse baixo. - Não conseguimos nada até agora. Não temos a menor ideia de como tirar isso dela.

— Desse jeito, vai ficar muito difícil da Evie ser absolvida. - Suspirou.

— E se nós a levarmos embora de Midgard? - Thor sugeriu. - Como um exílio. - Loki encarou o irmão, com o cenho franzido. - Posso levá-la para Asgard.

— Não é tão simples assim, Thor. Evie é uma cidadã americana, portanto, ela deve ser julgada e cumprir pena aqui. - Explicou.

— E qual seria a pena? - Tony perguntou.

— Sinceramente, num caso extremo como essa, se houver intervenção federal… - Hesitou. - a pena máxima.

— Que seria? - Thor arqueou uma sobrancelha.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

— Prisão perpétua ou pena de morte.

Peter encolheu os ombros, apoiando a cabeça nas mãos e escondendo o rosto.

Loki trincou o maxilar e saiu da sala com brutalidade. Se antes o deus tinha um trabalho à fazer, agora ele tinha dois - encontrar um antídoto para o vírus e libertar a Evie. Estava decidido. Ele ia tirar a filha dali de um jeito ou de outro. Ele já sabia bem o que ia fazer. E, pouco se importava se era certo ou não.

Evie

Eu matei três pessoas. Dois conhecidos meus. De uma vez só. Eu machuquei dezenas de pessoas. Todos inocentes. Em um só golpe. Várias pessoas afetadas. Várias famílias. Tudo por minha culpa. Se eu não era um monstro, tinha um monstro dentro de mim. E, esse monstro ou iria me matar, ou matar todos ao meu redor. Era provável que fosse os dois. Parte de mim queria pensar positivo. Queria me fazer levantar e lutar como sempre. Não queria me fazer desistir. A minha outra parte estava, no entanto, morta. Como aqueles que eu matei. Parecia que tudo havia desmoronado na minha cabeça de uma vez só. Primeiro, eu havia descoberto que estava possivelmente doente. Depois, descobri que tinha um vírus mortal em mim. Logo em seguida, que, por causa deste vírus, eu estava atacando a cidade como misterioso encapuzado. E, agora, eu era uma assassina e prisioneira da S.H.I.E.L.D. Estava condenada à morte de qualquer jeito. Não haveria saída nenhuma para mim. Porque, por mais que meu pai encontrasse um antídoto para a praga que estava em mim, a justiça não me deixaria ficar impune depois do caos que eu causara.

Rolei no chão gelado e tentei me sentar. Estava em uma espécie de cápsula. Uma pequena prisão especial. Não havia nada lá, além das câmeras que me monitoravam o tempo inteiro. Meu corpo estava cansado e dolorido. Haviam cortes em minhas mãos e os nós dos meus dedos estavam roxos. Durante o descontrole, eu provavelmente devia ter acertado o vidro blindado da minha cela com socos. Em meus pulsos e tornozelos haviam pulseiras eletromagnéticas. Elas garantiam choques em todo meu corpo toda vez que eu ameaçasse perder o controle novamente. Era uma dor insuportável. Só não mais insuportável que a dor da culpa. O choro estava preso em minha garganta como uma adaga atravessada, mas, a minha mente esgotada não permitia que eu o liberasse. Eu também estava em choque ainda. Não acreditava que aquilo era mesmo real. Parecia mais um pesadelo sem fim.

Escutei uma porta se abrindo e me levantei imediatamente, sentindo-me zonza por causa dos sedativos que eles tinham injetado em mim. A porta se abriu, revelando um rosto feminino familiar. Natasha aproximou-se da cela, mantendo a distância exigida. Ela deu um suspiro fraco ao me ver e segurou os próprios braços.

—Nat. - Minha voz saiu fraca. Ela deu um suspiro fraco, penalizada. - O meu pai, eu posso falar com ele? - Ela negou com a cabeça.

— Eu sinto muito, querida. Não pode receber visitas ainda. Só consegui vir aqui porque faço parte da S.H.I.E.L.D.

Eu assenti com a cabeça, encolhendo meus ombros.

—Nós estamos fazendo o possível para tirar você daqui. - Disse baixo. - Tente não se culpar pelo que aconteceu. Não foi culpa sua. Você é tão vítima quanto eles.- Senti meus olhos arderem.

— Eu matei três pessoas. - Consegui dizer.

—Foi um acidente. - Nat respirou fundo. - A S.H.I.E.L.D, junto com outras autoridades vão convocar uma corte para um julgamento de emergência. Isso deve acontecer em poucos dias. - Engoliu seco. - Para decidir…

—Se vou ser condenada à morte? - Interrompi. - Bem, acho que eu já estou de um jeito ou de outro. Talvez o vírus me mate primeiro. - Acrescentei baixinho. Ela assentiu, mordendo o lábio inferior. Seus olhos brilharam com algumas lágrimas.

— Eu sinto muito. - Respondeu por fim. - Eu tenho que ir agora. Eu prometo que volto depois com mais notícias. - Deu um longo suspiro. - Ainda não acabou, Evie. Estamos todos empenhados a encontrar uma solução. Mas, preciso que não desista, entendeu? - Assenti devagar. - Posso imaginar um pouco o que está sentindo, mas você precisa ser forte. - Natasha deu um sorriso fraco. - Até depois. - Ela se afastou vagarosamente e eu vi sua silhueta desaparecendo do ambiente. Estava sozinha de novo. E, eu finalmente consegui chorar.

***

Naquela noite, eu acordei sobressaltada. O pânico tomava conta de mim de uma forma sobrenatural. Eu não conseguia respirar e meu coração acelerado parecia querer saltar da minha boca. Estava acontecendo mais uma vez. Uma necessidade de sair correndo fazia meu corpo se agitar. Olhei para os lados, e, de repente, a cápsula onde eu estava pareceu pequena demais. Sufocante. Eu precisava sair dali, ou eu iria morrer. Eu precisava pedir ajuda. Consegui me levantar e bati no vidro com meus punhos cerrados o mais forte que eu consegui.

— Me tirem daqui! - Gritei com todo o ar que ainda restava em meus pulmões. - Por favor! - Bati ainda mais forte no vidro, mas não havia sinal de resposta. - Por favor! - Implorei. - Não consigo respirar! Por favor! - Minha voz falhou e perdi as forças em minhas pernas e tive que me sentar no chão novamente.

Meus gritos se transformaram em apenas balbucios de “por favor”. Ninguém viria. Fechei meus olhos, tentando dizer a mim mesma para respirar fundo. Abracei minhas pernas, encostando minha cabeça no vidro. Minhas mãos estavam trêmulas e meu peito subia e descia numa respiração muito irregular. Depois de muitos minutos seguidos de sofrimento e medo, senti um choque fraco em meu corpo e algo espetou meu braço. Mais sedativos. Não demorou muito a meu corpo ficar mole e pesado e eu ficar zonza novamente. Apenas deitei de bruço no chão frio, ainda abraçando minhas pernas de forma fetal. Passei a piscar mais devagar e meu coração se acalmou, apesar do medo não ter passado.

Eu não dormi de novo, no entanto. Minhas pálpebras ficaram pesadas pelas horas seguintes, e eu mal conseguia me mover, mas eu não dormi. Minha cabeça girava, e às vezes, eu não sabia o que era realidade ou alucinação. Estava tonta e cansada. Eu não tinha ideia de que horas eram, mas acreditava ser ainda de madrugada. O tempo parecia se arrastar. Por um momento, tive um vislumbre de ver algo se movendo nas sombras, do lado de fora da cápsula. Consegui esticar uma mão e tocar o vidro, tentando forçar minha visão. Consegui ver seu rosto primeiro. Meu pai não se aproximou muito mais. Provavelmente, porque não queria que as câmeras o vissem. Eu sabia que era uma de suas ilusões. Mas, ele estava ali de um jeito ou de outro.

— Pai. - Minha voz saiu fraca por causa do efeito dos sedativos. Eu estava sendo vigiada por câmeras, mas não acreditava que alguém fosse se importar com o fato de eu estar falando com as sombras. Eles, com certeza, pensariam que eu estava tendo alucinações ou sonhando. Eu era uma louca para eles de qualquer forma. - Pai, você pode me tirar daqui? - Chorei baixinho. - Por favor.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

Sssssh! - Ele levou um dedo aos lábios. - Não chore, criança tola. - Sussurrou. Ao vê-lo, senti meu desespero aumentando. - Vai ficar tudo bem.

— Por favor, me tira daqui. - Senti as lágrimas escorrerem pelo meu rosto. Se eu já estava descontrolada antes, à base de remédios eu ficava bem pior.

— Eu vou tirar. Não se preocupe. - Respondeu baixo. - Mas, precisa aguentar um pouquinho mais. - Consegui ver sua expressão tranquila, apesar de tudo. - Preciso que você suporte só um pouco mais. Você pode fazer isso? - Perguntou cautelosamente. Assenti. - Você confia em mim, não é? - Assenti mais uma vez.

— Por favor, não me deixa aqui. - Choraminguei, tocando o vidro com a minha outra mão, como se eu pudesse sair de alguma forma.

— Não vou. - Ele se abaixou, e eu pude vê-lo melhor. Sua expressão era firme. Como sempre que queria esconder o que estava sentindo de verdade. - Vou tirar você daqui, filha. - Disse sério. - E aqueles que fizeram isso com você vão pagar muito caro. Eu prometo. - Completou sombriamente.

Então, meus olhos finalmente se fecharam, fazendo me apagar completamente. Sonhos e lembranças começaram a se misturar na minha mente, como um filme confuso. Mas, ainda assim, melhor que a realidade.

A pequena eu, de uns três anos, estava no jardim de infância. Era a hora do intervalo quando ela escapou da professora e fugiu por baixo da cerca dos fundos da escola. Ela correu animada pelo pequeno campo que havia do lado de fora da escola e parou perto de uma árvore, esticando-se nas pontas dos pés para tentar se aproximar do céu. A Evie criança apertou os olhos por causa da claridade e respirou fundo antes de gritar.

— PAPAI! - Sua expressão era cheia de expectativa, olhando para todos os lados na espera que alguém aparecesse. - PAPAI! - Gritou de novo, olhando para o céu. Ela fez uma careta, impaciente. Ninguém havia aparecido ainda. Ela deu um suspiro desanimado, quase desistindo. Quando se virou, alguém grande demais gritou com as mãos levantadas, fazendo-a soltar um gritinho agudo de susto. Loki colocou a mão na própria barriga, rindo da reação da criança. Ela abriu a boca, com a respiração entrecortada por causa do choque, e segundos depois fechou a cara numa expressão de choro.

Loki arregalou os olhos, sem reação, enquanto ela começava a chorar.

— Não, não! - Disse rápido e quase sem jeito, acenando com as mãos. - Não chore, criança tola. Eu estava brincando. - Ela chorou ainda mais, esfregando os olhos cheios de lágrimas. Loki olhou para os lados, temendo que alguém escutasse e aparecesse. - Sssssh! Era só um sustinho bobo. Não precisa chorar. - Ele a pegou no colo, apressado, e correu dali, tentando acalmá-la.

Evie não parava de chorar, com a cabeça deitada em seu ombro, e o deus seguiu em direção à cidade, tentando parecer o mais humano possível. Quando passaram por uma banca de brinquedos, ela esticou seu braço curto, tentando agarrar um pequeno elefante de pelúcia. Loki percebeu a ação e parou. Ele arqueou uma sobrancelha e pegou o brinquedo, segurando-o perto da menina. Ela parou de chorar imediatamente e ele semicerrou os olhos. Ele afastou o brinquedo dela, que ameaçou começar a chorar novamente. Loki aproximou o brinquedo dela de novo e o choro cessou.

— Você já não está mais com medo. - Afirmou calmamente. - Agora, você está tentando arrancar um presente de mim. - Continuou, pasmo. Ela mordeu o lábio inferior, exibindo os pequenos dentes da frente, e soltou uma risadinha - Acabou de completar três míseros anos midgardianos e já está trapaceando desse jeito? - Ele sorriu. - Se continuar assim, vai dar um golpe em um reino antes dos dezesseis. - Concluiu. Ela agarrou o elefante de pelúcia contra o corpo.

— Eu fiz um desenho, papai. - Ela tirou um papel um pouco amassado do bolso da jardineira. Loki desdobrou o papel com a mão livre, encarando o desenho infantil, com uma menininha de vestido e um homem de pernas muito longas e chifres. Ele franziu o cenho.

— Por que eu tenho chifres aqui, pareço uma rena e sou alto como um poste? - Perguntou curioso, sem tirar os olhos do desenho.

— Porque você é alto como um poste, papai!

Loki fez uma careta, mas acabou rindo.

— Sabe por que a mamãe não está aqui? - Ele negou com a cabeça. - Porque ela não pode saber. - Loki deu um sorriso fraco.

— Isso! Ela não pode saber. - Repetiu. Ela sorriu.

— Eu te amo, papai!

— Também te amo, criança tola! - Respondeu por fim.