Mais uma vez o tique-taque do relógio foi soando apressado, o correr dos dias veio por entre as noites do Rio de Janeiro.

Para Luna, estava tudo bom demais para ser verdade. Sempre que dava, se encontrava com Draco, e quando não podia, sua incrível mãe tinha a súbita ideia de visitar os Malfoys - o que já estava sendo estranho pelo fato de Luna não fazer um drama enorme se opondo à ideia -. Desde que voltou de Angra, Luna só viu sua amiga Ginny duas vezes. A primeira, na sorveteria próxima ao apartamento da amiga; a segunda, há algumas horas quando Ginny havia visitado a casa dos Lovegood.

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O relacionamento de Ginny e Harry estava indo bem, pra Ginny, melhor do que poderia imaginar. Porque se já não imaginava se quer um dia envolver-se com Harry Potter, imaginaria menos ainda ter um bom relacionamento com ele. Não estavam namorando. Estavam se conhecendo. E estavam gostando do que descobriam.

Luna já havia parado para pensar na faculdade que iria fazer. Até porque, precisava pensar sobre isso. Já era maior de idade, tinha que dar um rumo à sua vida. Mas ainda não tinha chegado em nenhuma conclusão. Luna era excêntrica com relação à gostos e todos sabiam disso.

O que Megan estranhava era o gosto de Luna por comida e pudins estar acabando nos últimos dias.

– Luna, você não vai comer? - Indagava a mulher, uma expressão preocupada no rosto. Estavam as duas sentadas à mesa, Luna segurava o garfo que estava espetado no pudim de leite condensado que sua mãe havia feito. - Luna? - A mulher a chamou novamente, a loira parecia estar viajando longe dali.

– Draco. - Um ofego escapou dos lábios de Luna quando sentiu sua pele do pescoço ser chupada. Luna inclinou a cabeça para trás, ainda mantinha as mãos firmes nos cabelos do loiro, suas pernas passadas em volta da cintura de Draco.

– Tava com muita saudade. - Draco confessou, a voz rouca de excitação. O loiro se remexia dentro do corpo da loira com lentidão, à fim de provocá-la. E conseguia.

– Eu também. - Ela trouxe o rosto do loiro para olhar o seu. O olhar de Draco rutilava de desejo. - Ohh. - Luna gemeu, mordendo o lábio em seguida, quando recebeu uma estocada forte. O sorriso nos lábios de Draco fizeram a loira perder completamente os sentidos.

– Você é linda. - Ele disse, antes de vê-la sorrir com tesão, e capturou os lábios de Luna com os seus.

– Terra chamando Luna! - Megan estalava os dedos frente ao rosto da filha, que piscou várias e vezes e voltou a si. O sorriso nos lábios com o pensamento de há poucos foi inevitável.

– Oi mãe. - Luna olhou o prato com pudim.

– Você não vai comer? - Insistiu Megan, vendo Luna a olhar. Luna parecia diferente. Não estranha, diferente. Havia emagrecido um pouco.

– Não tô com muita fome. - Luna falou, tirando o garfo de dentro do pudim e repousando-o deitado sobre o prato, empurrando-o para longe.

– Eu tô ficando preocupada com você. - Megan disse, séria.

– Por quê? - Luna se desentendeu.

– Faz dias que você "não está com muita fome". - A mulher fez aspas e Luna deu de ombros. - E eu fiz pudim! Luna, você nunca ignora os meus pudins.

– Eu só não tô com fome, tá? - A loira foi gentil, tentou tranquilizar a mãe.

– Como você se sente? - Indagou Megan, contraindo as sobrancelhas.

– Bem. - Luna se levantou da cadeira com certa lentidão. A loira sentiu sua visão rodar um pouco, se apoiou na mesa imediatamente. Megan se levantou e foi até a loira.

– Você não tá bem. - Megan segurou Luna pelo braço.

– Mãe, eu tô legal. - Luna revirou os olhos. - Foi só uma tontura.

– Você tem que comer, anda. - Megan fez Luna sentar de novo na cadeira, a loira bufou.

– Mas eu não quero. - Retrucou Luna, feito uma criança emburrada.

– Mas vai comer. - Megan pegou o garfo do prato de vidro, trouxe-o com as mãos para perto do corpo de Luna, e entregou à filha o garfo de prata. - Anda, é pudim, você gosta.

– Mãe.. - Luna bufou novamente.

– Nada de mãe. - Retrucou Megan. - Não saio daqui enquanto você não limpar esse prato. - A mulher cruzou os braços e viu Luna rolar os olhos, a loira não conteve uma risada. Foi uma cena patética, a loira não podia negar. Olhou para o pudim, encarou-o como se fosse uma pessoa. Sentiu o estômago embrulhar, respirou fundo. Não seria tão ruim comer o pudim assim. Não podia ser. Era pudim.

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Com certeza estava enganada.

– Esse pudim não gostou de mim. - Luna pragrejou, sozinha, no banheiro de seu quarto-suíte. Estava agachada sobre o vaso sanitário, segurava alguns fios de cabelo com uma das mãos. Sua garganta ainda queimava em consequência do líquido ácido que saíra dela sem permissão há alguns minutos. Havia vomitado mais uma vez.

~~ ~~ ~~ ~~ ~~ ~~ ~~ ~~ ~~ ~~

– Draco. - Narcisa apareceu séria na porta do quarto do loiro, que estava jogado sobre a cama e encarava o teto, aparentemente sorria. Draco girou a cabeça e viu a mãe adentrar o quarto. - Precisamos conversar. - Disse ela, determinada. O loiro assentiu, não questionou, apenas se sentou na cama. Um leve pensamento lhe passou pela cabeça, lembrando-o de como havia mudado desde que se apaixonara por Luna. Antes era um babaca, agora ele conseguia ver.

– Aconteceu alguma coisa? - Ele indagou, também sério.

– É sobre você. - Narcisa se sentou ao lado do filho, o olhou.

– Sobre mim? - Draco a viu assentir.

– Draco, era Astoria no telefone comigo agora à pouco. - Narcisa viu Draco suspirar. - Já faz dias que ela está ligando.

– Não quero saber dela, mãe. - Argumentou o loiro, prontamente.

– Vocês eram namorado até a gente ir pra Angra, pelo o que eu saiba. - Narcisa continuou.

– Nunca namorei Astoria. - Draco contrapôs, viu a mãe arquear as sobrancelhas. - O que nós dois tivemos foi um erro.

– Erro ou não, você precisa falar com ela. - Adicionou a mulher, seriamente. - Ela parece bastante aflita quando diz precisar muito falar com você, filho.

– Provavelmente quer fazer drama pra voltar a ter algo comigo. - Supôs o loiro, displicentemente.

– Eu posso saber por que você não quer mais nada com ela? - Indagou Narcisa, de súbito. Draco olhou a mãe nos olhos.

– Ela não faz meu tipo. - O loiro respondeu.

– Ela não faz seu tipo? - Narcisa arqueou novamente as sobrancelhas, Draco assentiu. - Por acaso que garota faz seu tipo? Luna? - Narcisa pôde ver o filho entreabrir a boca, sem resposta. - Eu não sou burra, Draco. Sou sua mãe. - Argumentou. - Sei que você e Luna estão tendo algo.

– Mas isso não é da conta da Astoria nem de ninguém. - Draco se defendeu, sabia que não teria como inventar uma mentira e convencer a mãe de que aquela ideia dela sobre ele e Luna era absurda. Já estava tudo estampado na cara e Draco não tinha vontade nenhuma de esconder.

– Eu sei que não. - Narcisa pegou na mão do filho, sorriu. - Eu não tenho nada contra. De verdade. - Ela tranquilizou-o, o viu assentir e sorrir fracamente. - Mas você teve uma história com Astoria, querendo você ou não. Precisa falar com a moça.

– Não agora, tudo bem? - Pediu Draco. Narcisa suspirou, vencida. A mulher assentiu e se levantou da cama.

– Tudo bem. Mas olha.. - Ela se virou para o loiro quando já estava na porta. - A garota mandou te avisar que se você não falar com ela, ela vai vir até aqui fazer barraco.

– Que barraco? - O loiro revirou os olhos. - Aquela ali é doida. Não liga pra isso não.

– Tá legal. - Narcisa voltou a sorrir, se dando por vencida. Saiu do quarto do filho e fechou a porta.

Draco realmente não estava interessado em conversar qualquer coisa que fosse com Astoria. Ele estava tentando se envolver amorosamente pela primeira vez na vida, ainda por cima com Luna, e não queria ninguém atrapalhando. Só conseguia pensar na loira.

– Tá vendo aquela ali? - Draco apontou para uma estrela grande e brilhante no céu. Luna olhou do loiro para a estrela.

– Sim. - A loira falou, sorria. Sentados próximos à um lago no parque Quinta da Boa Vista, os dois observavam os céus daquela noite serena.

– Ela está torcendo por nosso namoro. - O loiro falou, ainda apontava para cima.

– Como sabe disso? - Luna indagou com um tom maroto na voz, seus olhos azuis cintilantes brilhavam.

– Na verdade.. - Draco olhou Luna e sorriu. - Aquela estrela quer que a gente tenha filhos juntos.

– Draco. - Luna riu, parecia surpresa. - Você pensando em ter filhos?

– Com você. - Retrucou ele, olhando-a nos olhos.

– O quê? - A loira se perdeu por um momento no olhar dele.

– Pensando em ter filhos com você. - Explicou o loiro, envolvendo o rosto da loira com uma mão, acariciando a bochecha macia com os dedos.

– Você é maluco. - Luna piscou várias vezes, sorria. - Sério, uma hora você é completamente irritante e ridículo, e em outra você tá falando coisas fofas e pensando em ter filhos.

– Você me deixou maluco. - Draco sorriu, tocando a pele dela com os dedos. - A culpa é toda sua.

– Para de falar e vem cá.- Ela mandou, puxando-o pela gola da blusa e capturando os lábios do loiro com os seus.

~~ ~~ ~~ ~~ ~~ ~~ ~~ ~~ ~~ ~~ ~~ ~~

Era uma tarde fria de sexta-feira. Megan resolveu visitar Narcisa aquele dia, seu marido chegaria de viagem no sábado, estava extremamente animada. Apesar da preocupação com Luna ainda ser grande. Sua filha mal estava se alimentando, já havia pegado-a vomitando e as tonturas estavam mais frequentes. Tentava não enxergar o quase óbvio, que aos olhos de uma mãe, não era tão óbvio assim.

– Eles estão mesmo juntos? - Indagou Megan, a voz um pouco baixa. Ela e Narcisa conversavam na sala de estar dos Malfoy, Luna havia inventado algo sobre a escolha da faculdade para conversar com Draco.

– Parece que sim. - Narcisa falou. - Dois malucos. Diziam que se odiavam.

– Na verdade, a gente sabia bem que isso poderia se transformar em amor. - Megan argumentou, marotamente.

– Era o mais provável de acontecer. - Narcisa riu. - Espero que eles se acertem de vez.

– É, eu também. - Megan suspirou. - Estou um pouco preocupada com Luna.

– Ela continua sem comer? - Narcisa perguntou, seriamente.

– Ela come. - Megan argumentou. - Mas pouco, e anda vomitando.

– Olha, talvez seja só uma virose. - Supôs a mulher, sorrindo fraco, tentando tranquilizar a amiga.

– Tomara que seja só isso mesmo. - A loira falou, preocupante.

Luna brincava com o trilho de uma leve barba pelo rosto de Draco. A loira corria os dedos pelos pelinhos, observava-o com atenção. Estavam deitados na cama do loiro, Draco com o corpo reto, Luna de lado, as pernas sobre as dele, um braço repousado sobre o peitoral dele, que subia e descia calmamente.

– Foi uma desculpa ridícula. - Comentou Draco, marotamente, e percebeu Luna rir.

– É, eu sei. - A loira falou. - Mas não foi uma completa mentira. - Draco virou o rosto para olhá-la, era bom tê-la tão perto assim.

– Eu começo a faculdade daqui há duas semanas. - Draco falou, aproveitou e virou seu corpo, ficando frente a frente com ela. Desceu as mãos pelas pernas de Luna, que sorriu com o toque, e colocou as coxas da garota por entre suas pernas.

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– Eu sei. - Ela levou a mão até um fio loiro-platinado, brincando com ele. - Vou ficar orgulhosa de você.

– É completamente estranho isso, não acha? - Draco sorriu e viu Luna contrair as sobrancelhas. - Nós dois. Assim.

– Em paz? - Ela indagou, sorria fracamente, mas o suficiente para Draco sorrir junto.

– Nunca estamos em paz. - O loiro contrapôs. - Somos um caos juntos.

– Eu gosto do nosso caos. - Ela sentiu as mãos do loiro subir por seu corpo, agarrá-la pela cintura e puxá-la para cima do corpo do garoto. Luna sorriu quando se deitou sobre ele e encarou-o nos lábios intensamente.

– Sem a guerra não haveria o amor. - Luna falou, vendo Draco abrir um sorriso. O loiro a beijou sem pressa. Aquele beijo lento, intenso e gostoso. Podiam desfrutar daquela troca de sentimentos com calma e com precisão.

– Ei. - Draco se separou dela, presenteando-a com mais um selinho demorado. - Já pensou no que vai cursar?

– Ainda não decidi. - Luna disse. - Você sabe.. eu queria ser veterinária mas também pensei em meio ambiente.. ainda não sei. - Luna falou entre um suspiro pesado.

– Tudo bem. - Draco alisou o rosto da loira com uma mão, assim que subiu-a da cintura da loira. - Você ainda tem tempo pra escolher.

– É. - Luna beijou os lábios do loiro mais uma vez. Olhou-o nos olhos e sorriu. - Meu namorado vai ser um biomédico. Que importante. - Ela brincou.

– Eu sou importante. - Draco se gabou, Luna riu e revirou os olhos.

– Seu ego nunca pára de crescer. - Retrucou a loira.

– Você gosta de mim e do meu ego. - Ele envolveu a garota pela nuca.

– Tá vendo, acabou de crescer mais um pouquinho. - Luna riu antes de ser novamente tomada pelos lábios dele.

Se sentia completamente bem ao lado de Draco, aquilo ia totalmente contra a razão de Luna. Ainda era alertada que poderia sofrer, de que poderia estar entrando em um caminho sem volta. Mas Luna já não ligava mais. Era a presença dele que a fazia bem, era ele que ela queria, e seus conceitos sobre "como odiar Draco Malfoy" haviam todos ido buraco abaixo.

Draco era fogo e Luna paixão.

– Draco! - Uma batida na porta fez Luna se separar abruptamente de Draco, um tanto assustada. O loiro colocou um dedo sobre o lábio da loira.

– Tá tudo bem. - Ele a acalmou, tocando os lábios da namorada. - Ela já sabe.

– Como? - Luna arqueou as sobrancelhas, saindo de cima do corpo de Draco.

– Draco, você tá aí? - A voz de Narcisa novamente adentrou o cômodo.

– Tô, mãe. - O loiro se levantou da cama e foi até a porta, Luna fez o mesmo e foi para um canto do quarto. - Que aconteceu? - Ele indagou, estranhando a expressão nervosa de Narcisa. A mulher correu os olhos por dentro do quarto e avistou Luna.

– Astoria tá lá embaixo. - Avisou a mulher. Luna sentiu sua respiração parar por um momento, trocou olhares rápidos com Draco.

– O que ela veio fazer aqui? - Ele perguntou, sem interesse.

– Ela parece bem revoltada. - A mulher alertou. - É melhor vocês virem.

Draco assentiu em concordância depois de olhar Luna novamente. A loira suspirou fundo ao descer as escadas, não tinha a mínima intenção de encontrar aquela infeliz de novo. Odiava Astoria, e ainda mais pelo fato de ter tido algo com Draco.

– O que você quer, Astoria? - Draco chegava à sala acompanhando de Luna e Narcisa. Astoria tinha a aparência de sempre, só os cabelos morenos com leves cachos cobrindo suas costas que haviam crescido um pouco. E ela parecia ter engordado. Mas Draco não reparou nisso.

– O que ela tá fazendo com você? - A garota perguntou, com irritação. Luna revirou os olhos, não suportava ouvir aquela voz.

– Ela.. - Draco procurou a mão de Luna e ao encontrá-la, entrelaçou seus dedos nos dela. Megan, em pé ao lado do sofá, arqueou as sobrancelhas. - É a minha namorada, se quer saber.

– Ela o quê? - Astoria entreabriu a boca, a fúria nas palavras estava presente.

– É isso mesmo, Astoria. Eu não tô a fim de mentir, de ficar de enrolação. - Draco foi firme, apertou a mão de Luna. A loira, com tamanha surpresa, sorriu de lado. - Eu gosto dela e estamos juntos.

– Você gosta dela? - Astoria debochou, cuspindo as palavras. - Vocês se odeiam.

– É, e parece que esse ódio ajudou um pouco. - Draco trocou olhares com Luna, viu que ela sorria. Ele sorriu junto, em meio ao imã.

– Você só pode estar brincando. - Astoria parecia enojada.

– Alguém parece estar brincando aqui, sua sonsa? - Retrucou Luna, vendo a expressão de indignação no rosto de Astoria. Narcisa arregalou os olhos no canto da sala.

– Olha como fala comigo! - Astoria avançou contra Luna, mas Draco se enfiou entre as duas quando viu que Luna partiria para cima.

– Vou perguntar de novo, Astoria. - Draco olhou a garota nos olhos. - O que veio fazer aqui?

– Vim trazer boas notícias. - Astoria conseguiu sorrir, agora parecia vitoriosa.

– Boas notícias? - De repente, Draco ficou sério. - Do que você tá falando?

– Isso mesmo, Draquinho. - Astoria sorriu, viu a raiva nos olhos de Luna. - Você e ela podem até estar juntos. Mas é comigo que você vai ter um filho.

– O quê? - A voz de Luna se sobressaltou.

– Eu tô grávida, Draco Malfoy. - Astoria encarou a expressão paralisada de Draco à sua frente.

E eles tiveram ali, a certeza de que o inferno estava abrindo suas portas.