O que é Amor?

I - Eu Odeio Isso...


Mac saiu da sala de interrogatório claramente irritado, ele odiava quando os assassinos conseguiam mexer com ele. Aquele que havia acabado de interrogar, mesmo que o agente não demonstrasse, havia conseguido - e muito. Eram 11:00 horas de uma segunda feira e o agente já contava as horas para chegar em casa - que ótima forma de começar a semana.

~POV - Interrogatório ON~

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MT: “Eu não entendo! Realmente não entendo. Você é formado em biologia, física, química, psicologia e filosofia, já tem 54 anos, tem uma família... Para que matar alguém? Todos esses anos de estudos não colocaram nem um pouco de juízo na sua cabeça?!”

O assassino riu e, com uma expressão um tanto quanto cética nos olhos amendoados, respondeu:

XX: “Humpt. Pois é, eu estudei todos esses anos em busca de respostas... Esse mundo é engraçado! Consegui várias respostas. Pode-se dizer que entendo como o mundo funciona, como as pessoas funcionam, como elas pensam, o que pensam, por que certas coisas ocorrem, como muitas coisas funcionam. E do que me adianta? Em meio a tantas respostas, me encontro perdido. Tenho ainda mais perguntas, minha mente não para. Algo que me atormenta bastante, ultimamente, é pensar sobre o amor... O que ele é, como ele é, como ocorre... O que você chama de assassinato, eu chamo de mais belo ato de amor.”

Após uma pequena pausa, ele continuou:

XX: “Sabe, conhecendo a sua vida, eu sei que você tem uma ideia do que seja o amor, eu também tive, também amei uma mulher. Me casei com ela, tivemos filhos... Ela me traiu, me deixou, me esnobou... Então eu a matei... É o fim. Dessa forma, ela morreu com meu amor, durante toda a vida dela a amei, estive com ela, do início ao fim. Se o fiz, o fiz por amor, amor próprio! O amor que ela devia a mim! Como eu disse, eu apenas puis um fim. No meu caso, em especial, era o fim do meu sofrimento. E não pense que você é tão diferente de mim... O seu ceticismo é palpável, assim como o meu. Eu sei que a sua mente também não para. Você é viciado em achar as respostas, e cada crime sem solução te atormenta, tanto pelas famílias que querem justiça quanto pelo enigma sem resposta. O seu vício é o mesmo que o meu, não seja tão duro comigo, não seja tão duro consigo mesmo.”

Mac não respondeu nada, apenas pegou a pasta que se encontrava sobre a mesa e se retirou muito incomodado, deixando que os policiais prendessem o assassino insano.

~POV - Interrogatório OFF~

Durante todo o resto do dia aquele pensamento voltava à sua cabeça. As palavras do infeliz assassino pareciam ter grudado em seu cérebro. Ele não aguentava mais pensar a respeito. A pensar sobre o amor. Por incrível que pareça, o seu vício por resposta não era o que o incomodava. Um sentimento tão belo sendo usado como justificativa de um assassinato brutal.

Após terminar seu relatório, percebeu que, da equipe, só restavam ele e Stella no laboratório. Decidiu ir até a sala dela para mandá-la para casa, já estava bem tarde. Não é saudável trabalhar tanto assim.

~POV – Sala da Stella ON~

Stella trabalhava no último relatório que precisava terminar quando Mac bateu à sua porta, não importava até que horas se ficassem no lab., ele estaria ali. Olhando para o relógio, ela percebeu estar adquirindo o mesmo hábito. Com um sorriso no rosto, ela convidou o amigo a entrar:

SB: “Você já viu que horas são? Entra aí.”

O detetive entrou na sala sorrindo.

MT: “Já vi, sim, por isso vim aqui te mandar para casa. Você precisa dormir, mocinha, está com uma cara horrível!”

Stella riu do comentário do chefe.

SB: “Sabe, essa não é o tipo de frase que as mulheres ficam felizes em ouvir! E se eu estou cansada, imagina você.”

MT: “Você está com uma cara horrível por causa do cansaço, você sabe disso. E por que eu estaria mais cansado que você?”

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SB: “Bem, depois da sua conversa com o filósofo-assassino-nas-horas-vagas, não parou de pensar no que ele te disse... Isso deve estar te deixando maluco.”

Mac suspirou. Não adiantava tentar negar, ela sempre sabia o que ele pensava. Se jogando no sofá da sala da amiga, respondeu:

MT: “Odeio admitir, mas ele conseguiu mexer comigo... Ficou muito óbvio? Não gosto de demonstrar esse tipo de fraqueza.”

Ela sorriu, ele era como um livro aberto para a grega.

SB: “Quase todos os seus pensamentos são um tanto quanto óbvios para mim. Os poucos que não ficam claros são verdadeiros enigmas, para o mundo todo, acho. É isso não é fraqueza.”

Agora foi a vez dele de sorrir. Era bom ter alguém que o entendesse tão bem.

Após conversarem durante alguns minutos, Mac concordou em esperar que Stella terminasse e foram embora. Dessa vez, não para casa (cada um a sua), foram para um bar, já que tinham o dia seguinte de folga.

Depois de algumas bebidas, o assunto dos pensamentos de Mac surgiu novamente.

SB: “Você chegou a alguma resposta, sobre ao que é o amor?”

Ele suspirou, não estava nem perto de chegar a alguma.

MT: “Não... Mas estou aberto a sugestões.”

Stella franziu o cenho. Após pensar durante alguns segundos, respondeu:

SB: “Eu acho o amor um sentimento nobre, e ele se mostra nos pequenos atos. Ele não é algo fácil de se classificar, existe de inúmeras formas em inúmeras intensidades. Justificar um assassinato brutal com esse sentimento nobre já é um crime por si só.”

Mac pensou um pouco no que a amiga disse antes de continuar.

MT: “Deve ser por isso que nos machucamos tanto... Por tentarmo definir e ter como concreto algo tão mutável. Que vem e vai tão fácil e, quando fica, pode ser tirado de nós por uma ironia do destino.”

Stella pegou a mão do amigo, odiava vê-lo assim. Mesmo após tanto tempo, ele ainda sofria com a morte da mulher.

SB: “Normalmente, agora seria o momento em que alguém diria ‘pense pelo lado positivo, ao menos você conheceu o amor verdadeiro’, mas eu sei que essa frase é uma bosta. Eu também já estive no paraíso, apenas para que o tirassem de mim. O pior foi que eu tive que tirá-lo de mim mesma.”

Mac sorriu, decidiu mudar de assunto, aquela conversa já estava pendendo demais para o lado depressivo.

MT: “Eu não sei quanto a você, mas eu tive a sorte de encontrar uma mulher que me entendesse melhor do que ninguém, para tornar minha vida pós-paraíso vivível. Na verdade, ela tornou minha vida amável de novo.”

Ela sorriu ao reponder:

SB: “Eu também tenho muita sorte, também temos isso em comum.”

MT: (Rindo) "Quer dizer então que a Bonasera encontrou uma mulher?"

SB: (Rindo) "Quando eu concordei, estava me referindo a um homem, naturalmente. Mas e se fosse uma mulher, qual seria o problema?!"

MT: (Em tom brincalhão) "Problema nenhum, contando que eu pudesse fazer um test-drive para averiguar se ela serve para você ou não!"

Os amigos riram e continuaram bebendo e conversando por mais algumas horas. Eles estavam realmente se divertindo. É claro que se referiam à amizade que construindo naquelas palavras de amor. O relacionamento dos dois foi crucial para que se mantivessem fortes depois de tudo que já havia ocorrido com cada um deles. Era um sentimento lindo, sendo concretizado a cada preocupação, a cada pequeno ato. Que mesmo após 10 anos, continuava em crescimento.